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Sábado, 1/11/2014
Quem somos nós?
Julio Daio Borges

Está engraçado.

Todo dia eu recebo uma solicitação nova de amizade. E quase todo dia alguém me inclui num novo grupo "fechado" no Facebook.

Brasil-alguma-coisa. Cores da Bandeira. Tico-tico no Fubá. Os nomes variam, mas tem sempre uma evocação nacionalista e/ou dos símbolos pátrios:

"Nós, do Tico-tico no Fubá, queremos resgatar a grandeza da nossa pátria, tão aviltada pelos recentes escândalos, subjugada por essa 'gente', reeleita inadvertidamente pelo nosso povo!"

Observo, em primeiro lugar, uma falência da nossa representação político-partidária. Como em Junho de 2013, os partidos não estão liderando esse processo. Nem os políticos. Nem mesmo Aécio Neves.

É contra um governo, OK. E é contra um partido; e contra uma presidente. Mas não é obrigatoriamente "a favor" de ninguém (do outro lado). Nem mesmo a favor da oposição. Porque a própria oposição está difusa...

Além do Aécio, o PSDB é oposição, certo? A Marina Silva continua sendo? E a Rede, é? E o PSB, "mezza mezza"? Até o PMDB? (Mezza mezza também?) Mesmo entre a esquerda, dizem, há dissidências... "Esquerda democrática"? Os "ex-PT"?

Todo mundo que não é governo, é oposição agora? Você é governo? "Eu, não". Então você é oposição?

Às vezes me lembra a época das Diretas Já. Era um "bloco" a favor da democratização. Lula e FHC, por exemplo, estavam lado a lado. E pensar que Sarney foi vice... de Tancredo (!)

Eu sei, está uma bagunça agora também. Quando se iria imaginar Collor ao lado de Lula? O PT ao lado de Maluf? Afif beijando a mão da Dilma? Kassab, que era tão próximo a Serra, sendo cogitado para um ministério... no novo governo?

Perdemos as referências... Se é que um dia tivemos... A História do Brasil está repleta de episódios políticos "contra" e "a favor" do governo.

A Inconfidência Mineira era contra a exploração da metrópole. Dom Pedro I proclamou a nossa independência... de Portugal. A Proclamação da República era contra... a monarquia. Getúlio fez sua revolução contra... a República Velha. Juscelino foi um refresco, Jânio, um fiasco, Jango... O militares eram contra... a ameaça comunista. Duas décadas e voltamos às Diretas Já.

O impeachment de Collor foi um movimento contra... a corrupção. Itamar, FHC, Lula, Dilma... 2013, 2014...

Entramos num novo período de convulsão social. Metade do Brasil que votou, agora, é "contra". Ou mais da metade - se se for considerar brancos, nulos e abstenções.

Vamos contestar as eleições? OK. Vamos encaminhar o impeachment. Pode ser. Mas, e depois? Vamos eleger Aécio? Vamos eleger o PSDB? Por falta de opção ou porque eles, efetivamente, nos representam?

Quem são os nossos representantes? (Porque não podemos nos representar o tempo todo...) Quem fala por nós?

A política brasileira está começando de novo?

Vamos montar um grupo "fechado" no Facebook???

Julio Daio Borges
1/11/2014 às 13h54

 

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