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Segunda-feira, 30/5/2005 Prólogo Julio Daio Borges Minha cabeça roda roda e roda e parece que roda sem muito rumo, sem muito propósito, sem muita noção de porque está rodando. Tudo parece preparação pra outra coisa, e não the actual thing. Não parece muito bem vida, talvez uma pré-vida. Uma espera para alguma coisa maior que vai acontecer, como se tudo isso que acontece agora fosse só um jeito de fazer o tempo passar mais rápido, como se nada disso importasse assim, de verdade. Como se a minha vida fosse começar logo logo, daqui a pouquinho, só mais um minuto, mas não agora, não, agora não é o momento. Agora é a musiquinha de espera do telefone, ou aquela falação irritante de quando você liga pro Terra ou pro Speedy e eles te deixam aguardando na linha com aquela voz fazendo propagandas. O momento do download de uma música que eu quero ouvir muito, mas tem que esperar, porque ainda tá fazendo o download. Nada me parece assim, muito estável. Em construção. Permanente estado de construção, sem previsões pra damn thing ficar pronta. Diabo. E agora? Quando é que é a minha vez? Quando é que eu vou de fato subir ali no palco e fazer o que eu tenho que fazer, quando é que a minha vida começa e, céus, se a minha vida já começou e é isso aqui mesmo, por que é que eu me sinto como se estivesse esperando, ainda. Esqueceram de me avisar? Oh, Deus, mas eu não sou assim tão boa em improvisar, por que diabos ninguém me falou nada? O que, exatamente, eu estou esperando? Por que, exatamente, eu estou esperando? Por que eu fico matando tempo ao invés de fazer alguma coisa de útil? Tá tudo meio errado, tudo meio sem sentido, tudo rodando e indo pra... Onde? Minha cabeça é incapaz de me fazer concentrar em uma só coisa por mais de quinze minutos, porque tudo que dura mais de quinze minutos parece um exagero, uma perda de tempo, uma coisa pra se fazer daqui a pouco, quando eu estiver com cabeça pra isso. Mas essa cabeça pra isso nunca vem, nunca, nunca. Da Olivia (porque a DaniCast tinha razão). Julio Daio Borges |
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