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Quinta-feira, 9/6/2005 Sacumé? Julio Daio Borges Fugaz, ainda que recorrente; mais recorrente que fugaz, na verdade: desejo. Perturbador desejo que acomete e quase descontrola (é preciso muito esforço para não dizer bobagens e controlar ferozmente o rumo dos olhos). Mas tudo se confunde e não sei o que é certo, lícito, válido, limpo, moral e o que é errado, lascivo, libido, à flor-da-pele, obsceno - tudo ao contrário e de novo, invertido e somado. Desejo justo a ser saciado - compartilhado, melhor dizendo - ou instinto primitivo (primordial?) a ser sufocado? Acima de tudo não sei se é correto, pensar, fantasiar, desejar tão súbita e recorrentemente. Não sei se é puro - pudico, pior dizendo - ou um tipo nocivo de traição a tanta confiança, há tantos anos. O que sei é que é sinistro, muito sinistro. É a mais pura, doce, selvagem e humana tentação... pura tentação. É muito sinistro... Enquanto isso, divago, divago... Fazer uma resenha crítica do filme não é um desafio, é uma desventura. Digo isso por mim, claro, que sou fã declarado da saga de George Lucas e por conta disso sempre terei meu senso crítico absoluta e deliciosamente obliterado por esse fato. Assim, sigo adiante, previamente esclarecido junto a meu público de não-leitores, e digo de topete: o filme é passível de críticas - mas e daí? Muitas das críticas ranhetas que li estavam ligeiramente certas - mas e daí? Algumas diziam que George Lucas não dá atenção à interpretação e concordo - mas e daí? Outras falam outras coisas que também concordo - mas e daí? Que importância têm essas críticas diante da exuberância de um épico em seis episódios que arrebata gerações de fãs por quase 30 anos? Nenhuma. Não costumo ir muito ao teatro por um motivo muito simples: é caro pra caralho. Não que eu não seja uma pessoa sempre disposta a pagar o preço "de mercado" para ter arte e cultura ao meu deleite, mas acontece que no momento não estou podendo com o preço do teatro em São Paulo. É claro que sempre restam as opções a "preços populares" ou gratuitas, mas estas dificilmente coincidem, em dias e horários, com minha "agenda difícil". Exceções existem, felizmente, e minha "liberdade de domingo" - que não sei por quanto tempo durará - me permitiu (...) o prazer de ver Avenida Dropsie. Rogério de Moraes, no Obscenum, que linca pra nós. Julio Daio Borges |
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