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Segunda-feira, 26/8/2002
Jornalismo Cultural
Julio Daio Borges

Daniel Piza deu a dica na sua coluna de ontem. No site dele, os melhores momentos da recente mesa redonda sobre jornalismo cultural, envolvendo também Marcelo Coelho e Matinas Suzuki Jr.:

"O colunista da Ilustrada Marcelo Coelho começou criticando a 'subserviência' dos cadernos culturais à lógica do mercado, que os deixa presos demais à agenda dos eventos e das efemérides. Capas e páginas inteiras são dedicadas ao filme que promete ter a maior bilheteria, por exemplo, enquanto o papel do crítico é 'acuado' num texto curto e pouco visível. Também reclamou da falta de um olhar mais analítico e menos impressionista, que vá além do gosto/não gosto, que seja mais 'pedagógico' com o leitor. Lamentou a ausência de ensaístas ao estilo de Otto Maria Carpeaux nos jornais atuais.

"Daniel Piza disse que o grande mal do jornalismo cultural brasileiro são exatamente as polarizações entre mercado e conteúdo, jornalistas e acadêmicos, entretenimento e erudição. Os suplementos dominicais ou literários são escritos de forma fria e pouco acessível, enquanto os cadernos diários de 'variedades' são superficiais, feitos à base de press-releases. Esse hiato é nocivo porque as questões deixam de ser abordadas com originalidade e consistência, como se viu na recente polêmica sobre o ingresso de Paulo Coelho na ABL, que teve de um lado os que o justificam por seu sucesso de vendas e do outros os que o desprezam por esse mesmo sucesso.

"Matinas Suzuki Jr, presidente do Ig, disse que o jornalismo brasileiro pelo menos deveria desfrutar a vantagem de ser mais livre, mais ousado que os grandes jornais dos países ricos, e citou nomes como os de José Lino Grünewald e Sérgio Augusto para mostrar como é possível um jornalista conseguir atingir bom público com visões sofisticadas. Mas se queixou de que os recém-graduados que têm chegado às redações não estão preparados para desempenhar essa função seletiva, pois têm pouca cultura e compreensão. 'E como os brasileiros lêem pouco, os jornais têm pouca penetração e assim não podem pagar bons salários, gerando um ciclo vicioso.'"

Julio Daio Borges
26/8/2002 às 16h29

 

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