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Terça-feira, 27/9/2005
Casa do Saber: Cinema Clássico
Fabio Silvestre Cardoso

Nas últimas seis semanas, além de atuar como crítico de cinema da Folha de S.Paulo e da TV UOL, Sérgio Rizzo tem ministrado o curso "Para Conhecer os Clássicos: dos primórdios ao Cinema Moderno", na Casa do Saber. E o que à primeira vista parecia complicado em 17 de agosto (data de início das aulas) agora não poderia fazer mais sentido. Em outras palavras, o professor Sérgio Rizzo deu conta, em cinco aulas (a sexta e última será nesta quarta-feira, 28, às 12h30), dos primeiros movimentos, lá com os irmãos Lumière e com Georges Meliès, até a Época de Ouro do cinema norte-americano, com David Selznick e E o Vento Levou.

Da forma como está escrito pode parecer que a tarefa foi simples para Rizzo. Afinal, como jornalista e crítico de cinema, ele precisa dominar o assunto como ninguém. Este raciocínio procede, mas não é tão comum assim encontrar especialistas que consigam transmitir de maneira tão clara o desenvolvimento de um meio de expressão artística tão peculiar e abrangente como o Cinema. A razão para isso, aprende-se depois, é que Sérgio Rizzo não entende apenas da sétima arte. Pois, ainda que esta seja sua especialidade, ao logo do curso ele trouxe para os alunos comparações fundamentais para o entendimento da evolução do cinema. Exemplo disso foram as conexões entre a produção cinematográfica e a produção industrial, elemento que foi um dos responsáveis pela supremacia americana em relação aos franceses já nas primeiras décadas do século XX. Ou então como o cinema americano, em certa medida, espelha os ideais do individualismo, o que é diferente, por exemplo, do cinema soviético, quando a experiência coletiva também obedece a um raciocínio (também) ideológico.

Já do ponto de vista teórico, Sergio Rizzo conseguiu explicar ainda o que era a linguagem cinematográfica (câmera e montagem). E a partir disso enveredou para a interpretação de cada marco cinematográfico, pela ordem: O Nascimento de uma Nação, de D.W.Griffith (o marco inicial do cinema narrativo clássico); A General, de Buster Keaton ("eminentemente cinematográfico, graças ao movimento"); Encouraçado Potenkim, do russo Serguei Einsenstei (com a surpreendente organização de imagens e a mudança do estilo narrativo americano) e M, o Vampiro de Düsseldorf, de Fritz Lang ("o expressionismo alemão e a leitura enviesada da realidade"). Poderia citar tantos outros, cujos trechos foram passados em sala, mas a lista ficaria cansativa.

Em síntese, é correto afirmar que, a partir do curso, se os clássicos do cinema, como O Picolino (estrelado por Fred Astaire e Ginger Rogers [imagem acima]), não ficaram mais clássicos, ao menos agora os alunos podem compreender o motivo de toda essa distinção e reverência feitas a esses filmes.

Fabio Silvestre Cardoso
27/9/2005 às 10h45

 

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