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Quinta-feira, 12/1/2006 Cinema em Atibaia (I) Marcelo Miranda A pequena Atibaia (120 mil habitantes, 53 km de São Paulo) se tornou ontem a cidade que abre o calendário oficial de festivais de cinema no Brasil. Começou a primeira edição do Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual, que toma o município até o próximo domingo, dia 15. Na tentativa de se diferenciar de tantos outros eventos semelhantes espalhados no país, a proposta é exibir o que de melhor se fez no formato curta-metragem ao longo de 2005 - sendo, na definição dos organizadores, um "festival dos festivais", dando espaço a realizadores que saíram premiados das principais mostras nacionais. Há filmes que foram laureados nos festivais de Brasília, Recife, Rio e São Paulo, no Anima Mundi, no É Tudo Verdade e em outros mais. São quase 40 curtas em formato 35mm, 16mm e vídeo, a serem apresentados no Centro de Convenções. A programação inclui ainda alguns longas-metragens (sendo Cafundó, de Paulo Betti e Clóvis Bueno, o único inédito) e uma mostra paralela de curtas franceses, graças a uma parceria com o Festival de Contis - o que permitiu a prefeitura de Atibaia, promotora do evento, de trazer diversos filmes do país europeu e viabilizar o envio dos trabalhos brasileiros para serem exibidos por lá. A abertura do festival, na noite de quarta-feira, foi naquele tradicional esquema: palco, mestre de cerimônias, políticos e autoridades falando e anfiteatro lotado de gente que depois nem deve aparecer mais pra conferir os filmes de fato ao longo dos próximos dias. Um barulhento curto-circuito causou susto na platéia logo no começo, quase iniciando uma debandada porta afora. A homenageada da noite foi a cineasta Tizuka Yamazaki, que viveu em Atibaia dos dois anos de idade até a adolescência. No palco, ela falou sobre a família, a infância na cidade e a descoberta da magia do cinema ao assistir em tela grande O Pagador de Promessas, grande clássico de Anselmo Duarte lançado em 1962. Tizuka começou a dirigir longas em 1980, com o delicado Gaijin - Caminhos da Liberdade, inspirado em acontecimentos reais sobre a imigração japonesa para o Brasil no começo do século XX. Seguiu na linha autoral com Parahyba Mulher Macho e Patriamada. Depois de passagens pela TV, entregou-se ao mercado ao dirigir Xuxa e Sérgio Mallandro em Lua de Cristal, depois Renato Aragão em O Noviço Rebelde e novamente a "rainha" em Xuxa Requebra e Popstar. Quem disse que cineasta não pode tentar sobreviver a qualquer custo? Tizuka voltou ao cinema pessoal no ano passado, na superprodução de R$ 10 milhões Gaijin - Ama-me como Sou, espécie de ampliação de seu primeiro filme. Saiu premiadíssima do Festival de Gramado, provocando críticas duras da imprensa contra o júri, por reconhecer um projeto de grande porte e qualidade artística questionável, em detrimento de Carreiras, experimento de Domingos Oliveira que causou frisson no mesmo evento e custou meros R$ 35 mil. O segundo Gaijin teve exibição de gala em Atibaia. O festival da cidade paulista segue hoje com a primeira sessão competitiva de curtas-metragens. Nos destaques, Da Janela do Meu Quarto, do documentarista Cão Guimarães, Eu Te Darei o Céu, de Afonso Poyart, e O Último Raio de Sol, de Bruno Torres. Tudo com entrada franca. Informações e outros detalhes podem ser checados no site oficial. Marcelo Miranda |
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