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Terça-feira, 17/1/2006 Cinema em Atibaia (V) Marcelo Miranda Pernambuco dominou a premiação do Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual. Na cerimônia de encerramento do evento, no último domingo, o estado nordestino ficou com quatro dos oito prêmios distribuídos por um júri formado pelo diretor Hermano Penna, pelas produtoras Eliane Bandeira e Ruth Albuquerque, pelo crítico Luiz Zanin Oricchio e pelo técnico Pedro Pablo Lazzarini. Outros dois foram para São Paulo, um para o Rio Grande do Sul e outro para Minas Gerais. O grande vencedor do Troféu Sapuari foi Entre Paredes (PE), de Eric Laurence, premiado nas categorias de melhor filme em 35mm e melhor ator (Servílio de Holanda). Já na direção se sobressaiu o gaúcho Gustavo Spolidoro, com Início do Fim. Em 16mm, O Homem da Mata (PE), de Antônio de Souza Leão, ficou na frente, assim como a animação Bequadro, do mineiro Simon Pedro Brethé, na categoria de vídeo. Nany di Lima foi a melhor atriz pelo papel da senhora de meia-idade em Eu Te Darei o Céu (SP), e Curupira (SP) teve reconhecida a fotografia de Marcelo Durst. Houve ainda o Prêmio Especial do Júri para o documentário Mais um Domingo (PE), de Daniel de Barros.
Gritante no resultado final em 35mm foi a não premiação do já mítico Vinil Verde, de Kleber Mendonça Filho. Seria algo perdoável para o júri, não fosse o troféu meio que inexplicável para Spolidoro pela direção de Início do Fim. Pode até ser que os jurados quiseram reconhecer o experimento de Spolidoro em colocar um homem parado às voltas com algo parecido com o fim do mundo, mas é difícil achar a produção melhor do que a ironia, o humor negro e o estilo todo particular e autoral do filme de Kleber Mendonça, fábula infantil de horror que assusta e diverte platéias por onde é exibida. Se Entre Paredes iria ficar com o prêmio principal, que a melhor direção fosse para Vinil Verde, fazendo justiça a dois dos trabalhos mais indispensáveis exibidos nesta categoria em Atibaia. Ao menos em vídeo e 16mm, não havia muito para onde correr. No primeiro caso, Bequadros só disputava para valer com o incrível documentário Bitola Cabeça Super 8 - talvez ainda sobrasse "espaço" na briga para Entretecidas e Mais um Domingo, este que acabou pegando prêmio especial. Já no 16mm, era barbada disparada: não havia concorrente de peso para o delicioso O Homem da Mata, ode assumida à cultura popular e a uma figura do povo (o canavieiro José Borba) fundamental para o sucesso do projeto.
Em quatro dias de exibições de curtas, longas e vídeos, o Festival de Atibaia teve público estimado em seis mil espectadores, com todas as sessões lotadas no Centro de Convenções (capacidade para 450 pessoas) e na Praça da Matriz (público passando de 300). Os ganhadores nas três categorias da Mostra Competitiva levaram, além do troféu, prêmios em dinheiro, aluguel de equipamentos e a oportunidade de exibirem seus trabalhos no Festival de Contis (França), parceiro do evento em Atibaia. A pequena cidade de 120 mil habitantes e próxima a São Paulo termina seu primeiro festival de cinema com fôlego para uma nova edição em 2007, visto o interesse da população de dentro e fora do município e de vários veículos de comunicação. Se bem trabalhada, a proposta de ser vitrine para "o melhor dos melhores" curtas exibidos no Brasil no ano anterior tem potencial para ir longe. Mais sobre o assunto, numa coluna em breve, aqui mesmo no Digestivo. Para ir além Parte I Parte II Parte III Parte IV Marcelo Miranda |
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