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Terça-feira, 13/6/2006
Em Cena: Um Casal Admirável
Marcelo Miranda

Primeiro filme de uma trilogia criada pelo cineasta belga Lucas Belvaux, Um Casal Admirável ainda pode ser visto no circuito de cinemas brasileiro. Apesar de realizada em 2002, apenas nos últimos meses que a trilogia vem percorrendo o país. O que torna a empreitada de Belvaux interessante é a pretensão de brincar com gêneros em três filmes que dialogam entre si. Um é comédia; o outro é suspense policial; e o último é melodrama. Gostando-se ou não da proposta, é no mínimo um exercício de como abordar o mesmo universo por óticas distintas.

Não necessariamente a mesma história. Não é o que fez Woody Allen em Melinda e Melinda, em que o espectador vê o mesmo enredo sob prismas cômicos e dramáticos. Lucas Belvaux simplesmente localiza os três roteiros na mesma cidade (Grenoble) e desenvolve uma série de personagens que esbarram entre si. A ordem importa pouco, mas vá lá: Um Casal Admirável, Em Fuga e Acordo Quebrado.

A idéia não é novidade. O polonês Krzysztof Kieslowski montou a aclamada e magnífica Trilogia das Cores nos anos 90. Eram A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha, todos pequenas obras-primas que marcaram época. Belvaux dificilmente atingiria tamanha força, mas ver suas criações se esbarrando pode soar curioso.

Um Casal Admirável
Um Casal Admirável: primeira parte da trilogia de Belvaux

A começar por Um Casal Admirável, que oficialmente abre a trilogia. A história de um casal aparentemente feliz que começa a desconfiar um do outro guarda bons momentos de humor, focados no ritmo, na montagem excelente e no carisma do elenco - em especial o jeito atrapalhado e neurótico de François Morel e a beleza de Ornella Muti, ambos protagonistas. Depois de situações singelamente simples, que beiram o pastiche e a crítica de uma sociedade maldosa, fica a noção de que, acima de tudo, a comunicação ainda é a solução para tudo. Afinal, o casal do título passa por angústias e apreensões sentimentais por um motivo banal: eles não se falam sobre o que os aflige. E com isso, é dado o estopim para a série de constrangimentos aos quais eles se obrigam a passar.

(Aguarde para breve comentários dos outros dois filmes da trilogia de Belvaux.)

Marcelo Miranda
13/6/2006 às 17h38

 

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