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Sexta-feira, 16/6/2006 Rio das Ostras (II) Fabio Silvestre Cardoso Estava tudo pronto para o show. Na Praia da Tartaruga, um público bastante razoável já aguardava a apresentação do baixista camaronês Richard Bona, mas até as 17h15 só os outros músicos do grupo se encontravam presentes. Bona (pronuncia-se Boná) esperava o término da passagem de som, imaginem vocês, ouvindo música com uma vista privilegiada: da extremidade do palco, contemplando o choque das águas com as rochas. De certa forma, também o seu público ficaria assim, mas por um período muito maior. Às 17h26, com uma jazz ouverture, Bona e seu grupo começaram de vez a apresentação. Desde o início, cabe destacar que o contrabaixo do camaronês logo se transformou no destaque do espetáculo. Desse modo, a música instrumental foi o grande eixo de todo o show, mesmo levando em consideração as músicas cantadas no dialeto africano. Notava-se, aliás, uma preferência dele, Bona, por essas faixas, enquanto o público se mostrava um tanto reticente. Entretanto, o baixista de tempos em tempos improvisava e, com isso, dava novo fôlego à empolgação do público, que reagia muito bem à performance tal como aconteceu no fim da apresentação. Nesse momento, o grupo enveredou para outro ritmo, numa espécie de citação à música cubana (mais tarde, este repórter viria saber que o baterista do conjunto é cubano). Dos teclados à percussão, tudo remontava às músicas de Ibrahim Ferrer e companhia. E o sol se pôs, pela primeira vez neste Festival, com trilha sonora. Se os leitores estão lembrados do último post, há uma menção, lá no final, que diz respeito às minhas apostas para a noite de apresentações de ontem. Além de Richard Bona, outro destaque era o James Carter trio. Pois o conjunto não decepcionou. Muito pelo contrário. Executando um jazz de altíssima qualidade no palco de Costazul, sem dúvida o de melhor estrutura desse Festival. Ao longo da apresentação, o público pôde conferir os limites do improviso com alto rigor técnico. Assim, o virtuosismo do trio não se tornou chato; antes, estilisticamente bem elaborado, de modo a conquistar o público a cada frase musical. Com repertório bem escolhido, Carter justificou a escolha dos críticos com uma apresentação simples no formato (jazz trio, sem artifícios eletrônicos), mas contundente na performance - era comum, por exemplo, a seqüência de uma música a outra com intervalos preenchidos por solos de sax (alto, tenor), bateria (por Leonard King) e teclado (por Gerard Gibbs). O outro destaque da noite foi a presença de Eddy (the chief) Clearwater. Vale a pena ressaltar que, antes de sua entrada no palco, o seu conjunto formado por Mark Wydra (guitarra), Shoji Naito (baixo) e Merle Perkins (bateria) já arrebatava o público com o Twelve-bar-blues tradicional. Era, contudo, apenas uma introdução. Quando Clearwater subiu ao palco deu não somente voz, mas uma outra feição ao conjunto, que foi, a partir de daí, liderado por ele. A contraprova: a brisa do mar já havia se transformado em frio às 23h45 e o público, festivo, não arredava pé. Para tanto, o Clearwater não fez apenas o tradicional, mas trouxe um cardápio variado - do blues de Alabama ao blues de Chicago, passando pelo rockabilly. Ao final do espetáculo, Eddy the chief deu canja com guitarra nas costas. Um grand finale para uma grande apresentação. Programação de hoje O Festival continua hoje com as reprises de James Carter na Lagoa do Iriry (14h); Eddy Clearwater (17h); e com a esperada apresentação de T.S. Monk em Costazul (20h). Fabio Silvestre Cardoso |
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