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Segunda-feira, 31/7/2006
A aridez de Beckett
Guilherme Conte

Em meio às comemorações pelo centenário de nascimento do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), o Teatro Moira leva ao palco do Centro Cultural São Paulo um dos textos mais geniais de todos os tempos: Fim de Partida.

Em cena, quatro personagens e o caminho inexorável para o fim. Por meio de diálogos aparentemente banais, Beckett nos leva a um mergulho pela desolação e pela absoluta falta de perspectivas. Um terreno onde a esperança não acha solo para se firmar.

Clov, Hamm, Nagg e Nell criam para si afazeres banais e se perdem em conversas que não chegam a lugar nenhum, com o puro intuito de passar o tempo, à espera do fim - a única certeza que parece perpassá-los.

Mutilados, cegos, paraplégicos - estes são os materiais de Beckett em um mundo árido, morto, desabitado. Tudo na peça está escasso e se acabando. Uma representação cética e desesperançada da humanidade. Nada mais atual.

Um humor cruel e cáustico transparece nos diálogos. O diretor René Piazentin conseguiu com razoável êxito manter os jogos entre as personagens, tão caros ao dramaturgo. As interpretações soam um tanto quanto excessivas, embora certo equilíbrio seja alcançado. Destaque para o ator Mário Zanca.

Complementam o elenco as atrizes Natália Grisi, Perla Frenda e Vanja Poty. Preste atenção na inteligente economia cenográfica: nada ali sobra, nada está fora de lugar.

Para ir além
Fim de Partida - Centro Cultural São Paulo - Sala Paulo Emílio Salles Gomes - Rua Vergueiro, 1.000 - Paraíso - Tel. (11) 3383-3402 - R$ 12,00 - Até 03/08

Guilherme Conte
31/7/2006 às 18h39

 

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