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Quinta-feira,
31/5/2007
A criação segundo Caetano
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No princípio, era a Bahia. E Caetano disse:
- Faça-se o Pelô!
E Gil argüiu:
- Enfim, sob o prisma transitório da protomatéria nasciva, enfim, tendo em mente as palavras de Arjuna a Krishna e toda a prosódia popular do cancioneiro, enfim, ademais considerando-se as premissas da Escola de Frankfurt e a biosfera como um todo, enfim...
E aquela discussão se arrastou por um bilhão, novecentos e trinta e quatro milhões, noventa mil, duzentos e trinta e sete anos. Um tempo tão dilatado que, nesse período, Caymmi chegou a descer da rede e fazer dois versos.
E enfim o Pelô ficou pronto e Caetano disse:
- O Pelô é lindo, Dona Canô é linda, eu sou muito mais lindo e a mulata não é a tal.
E Caetano criou a fauna e a flora: um leãozinho, uma camaleoa, uma vaca de divinas tetas, o capim rosa-chá e, sob a influência de Gil, um abacateiro. E Caetano achou odara. Mas o diabo não:
- Coisa insossa! O homem vai viver nesse paraíso sem se perturbar? Não! Vamo fazer trios elétricos e inventar a axé music, pô! Todo o mundo tem que sofrer um pouco!
Marconi Leal, no Ignorância Times (porque continua... e porque a minha irmã me mandou)
Postado por Julio Daio Borges
Em
31/5/2007 à 00h09
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