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Segunda-feira,
7/7/2008
Flip 2008 — IV (parte 2)
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(Continuação do post anterior).
Machado de Assis voltou ao palco quando do encontro entre a historiadora Lilia Schwarcz (mediadora), o diplomata Sérgio Paulo Rouanet, a escritora Ana Maria Machado e o cineasta Luiz Fernando Carvalho. De todas as mesas da Flip, essa, certamente, era uma das mais conceituadas, tendo em vista o gabarito dos convidados.
Talvez isso tenha causado certo temor em Lilia Schwarcz, visivelmente nervosa ao apresentar os convidados. Isso não a impediu, contudo, de realizar uma introdução que norteou o diálogo entre os autores. Ela falou a respeito da dualidade em Machado de Assis, especialmente tendo em perspectiva os livros Esaú e Jacó e Memorial de Aires. Na seqüência, Sérgio Paulo Rouanet esbanjou erudição e clareza ao analisar a obra do autor não tanto a partir de outras referências, como a psicanálise, quanto a partir da leitura atenta dos textos machadianos. Aqui, fez alusão a seu mais recente trabalho, o ensaio Riso e Melancolia, comentando de que maneira a obra machadiana diz aos leitores de que forma eles podem interpretar suas referências intelectuais, como Laurence Sterne, Xavier de Maistre, Diderot.
Ana Maria Machado levou o debate para uma seara menos densa, mas não menos importante. A autora questionou o ponto de vista adotado por Machado de Assis a propósito de mostrar Capitu como culpada da história. Ela obteve, ainda, aplausos mais efusivos quando disse que a obra de Machado de Assis deve ser lida no original, posto que é um clássico, além de ter dito que "o professor deve ler os livros indicados também".
Esse posicionamento de Ana Maria Machado reafirmou o ponto de vista do cineasta Luiz Fernando Carvalho. Em determinado momento, o diretor de TV responsável pela série Hoje é dia de Maria foi categórico ao afirmar que "não acredita na idéia de adaptação de uma obra". Para o cineasta, isso é um tipo de assassinato. A respeito de Machado de Assis, Carvalho contou alguns detalhes de seu projeto para apresentar Capitu, atração de TV que se baseia no romance Dom Casmurro e também assinalou a relação entre a obsessão machadiana e a idéia do doente imaginário, personagem de Molière. Além disso, Carvalho ressaltou que não assiste muito à televisão. Segundo ele, uma coisa é ser pago para fazer; outra coisa é assistir. Mesmo no fim da Flip, depois da capitulação dos autores em duas mesas, foi interessante que alguém ligado ao audiovisual tenha dito isso.
Encerramento
Mais de quinze mesas depois, a Flip 2008 chega ao final, assim como esta cobertura feita diretamente de Paraty. A todos, até a próxima!
Postado por Fabio Silvestre Cardoso
Em
7/7/2008 às 10h04
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