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Quarta-feira,
30/7/2008
Juliette, revista de cinema
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Ontem à noite (29/7), no sótão de uma bela casa antiga do centro histórico de Curitiba, foi lançado o número 001 da revista de cinema Juliette. O nome alude à personagem do Marquês de Sade, porque pretende ser tão safadinha quanto sua homônima literária. Safadinha, sim, já que vai ousar cutucar o contexto da produção cinematográfica de Curitiba e do Paraná e falar bem alto coisas que outros só comentam à boca pequena.
Em sua segunda aparição (houve uma edição 000), Juliette traz um artigo sobre duas revistas de cinema publicadas em Curitiba na década de 1970, pela Cinemateca da cidade. E se Juliette não é exatamente a pioneira absoluta, como se achava, é seguramente a primeira independente. Um exemplo de como a categorização pode ser importante para a personalidade de uma jovem revista (o que em marketing a gente chama de posicionamento). E se falo disso aqui e agora, é porque pouco antes de começar a escrever esse texto li no blog da Juliette uma entrevista com o co-editor e documentarista Eduardo Baggio, feita pela editora-chefe Josiane Orvatich. Em determinado momento, eles conversam justamente sobre isso: a relevância de se ter categorias.
Sim, Juliette também é legal porque seus bracinhos abarcam não apenas a edição impressa, mas também o conteúdo do blog e um evento no lançamento de cada número. Para o 001, os editores programaram exibição de filmes e debate sobre o documentarista paraibano Vladimir Carvalho, que mereceu verbete de Glauber Rocha no livro Revolução no Cinema Novo.
Vladimir estreou como co-roteirista e assistente no curta Aruanda, de 1960, do conterrâneo Linduarte Noronha. Foi expoente no Grupo da Paraíba, "importante momento da realização documental no estado em fins da década de 1950 e da próxima", contextualiza o também co-editor Rafael Urban na introdução para a entrevista que realizou com Vladimir — atração principal desta Juliette.
Além de falar sobre sua produção, da atuação entre as Ligas Camponesas durante o Golpe de 1964 e do presente e futuro do cinema documentário brasileiro, nesta entrevista Vladimir conta episódios vividos por ele e que se mesclam com a história do País. Um dos mais impressionantes, talvez, seja o retratado em Conterrâneos Velhos de Guerra, de 1992. Citado por Rafael na entrevista e comentado no debate, o documentário investiga a morte de centenas de operários durante a construção de Brasília. Para tentar desvendar a história escondida atrás da História, Vladimir conversou até com o arquiteto Oscar Niemeyer, que teria aconselhado o documentarista a "deixar essa merda pra lá".
A Juliette 001 traz ainda textos sobre Michael Moore, Brakhage e Pollock, Zé do Caixão e animação no cinema e uma bela arte de Lucía Alvarez. Como você pode ver, ela nasce em Curitiba mas quer abraçar o mundo. Curtinha e faceira, com sua capa pink e estilo zine de produção, pode ser adquirida por módicos R$ 2,00, também para quem não está na capital do Paraná. São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre já contam com ela em alguns pontos de venda. Para saber onde encontrar ou para receber a sua pelo correio, escreva: [email protected].
Postado por Adriana Baggio
Em
30/7/2008 às 16h04
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