Ainda no rescaldo da vitória de Obama, diversos sites aproveitam para revelar bastidores da campanha. A revista Newsweek preparou um enorme dossiê sobre o assunto. Segundo o artigo, uma verdadeira guerra de crackers aconteceu por baixo dos panos.
A revista Fast Company montou um slide de fotos ― Como construir uma marca semelhante à do Obama.
E, por sua vez, o site Beet.TV, especializado em vídeos, republicou uma entrevista com Chris Hughes, co-fundador da rede social Facebook, contratado pelo partido democrata para coordenar parte da campanha on-line de Obama. A meu ver, um dos personagens mais interessantes dessa corrida presidencial.
Primeiro, a campanha democrata contratou como diretor de novas mídias Joe Rospars, responsável pela campanha on-line de Howard Dean em 2004, e depois finalmente conseguiu convencer Hughes a participar da equipe ― ele estava meio com o pé atrás. Política não combinaria com a mentalidade opensource. No final, tornou-se um dos principais personagens dos bastidores da campanha vitoriosa de Obama.
Não será surpresa se o Valleywag, blog sobre fofocas do Vale do Silício, começar a vasculhar a vida pessoal dele, assim como já fizeram com o seu colega Mark Zuckerberg, também fundador do Facebook.
Todo o trabalho de Hughes era feito em Chicago, onde ficava o QG da campanha democrata. O americano de 24 anos passava, em média, 14 horas por dia no local, que, segundo o NYTimes, parecia mais um escritório de uma empresa de internet do que um comitê de campanha.
Formado em Literatura e História por Harvard (ele não é programador), e descrito como uma pessoa tímida e muito inteligente, Hughes foi responsável pelo MyBarackObama.com, a plataforma de rede social que centralizou as atividades da campanha on-line, também chamada de MyBO.
Quando criou o site, teve uma preocupação central ― aplicar os mesmos conceitos do Facebook. Ou seja, a rede social deveria reforçar o local. Indicar quais pessoas perto de você vão votar no Obama ou ainda estão indecisas, quando vai acontecer a festa, o comício mais próximo etc. E ainda ajudar as pessoas a manterem os relacionamentos que já possuem no "mundo off-line" do que a criar novos contatos. Reforçar laços.
Assim como a Facebook, o site foi ganhando diversas novas funcionalidades até o último dia de campanha, numa dinâmica "work in progress".
Nessa história toda, é interessante notar que a escolha de Hughes foi bem espontânea, ele havia dado suporte por e-mail para um assessor de Obama que queria criar um perfil do candidato na Facebook.
Conversa vai, conversa vem, e uma hora surgiu o convite para trabalhar na campanha do democrata. Isso em fevereiro de 2007.
Hoje, o futuro de Hughes é incerto. Trabalhará no governo de Obama? Voltará para a Facebook? Vai virar consultor? Vai escrever um livro? Eu torço para que ele trabalhe no governo e realmente ajude a construir um "Mandato 2.0″. Uma coisa é você fazer "Política 2.0″ durante a campanha eleitoral. Outra coisa é quando está no poder.
Para fechar, segue uma entrevista rápida com Hughes feita há algum tempo pelo pessoal do blog Jack and Jill Politics.
Tiago Dória, sempre em cima da pinta, no seu blog.