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Terça-feira,
13/1/2009
eclipse
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tinha as mãos crispadas como se dentro estivesse o segredo da vida e do mundo, algo que se soltasse voaria feito nave espacial, a se explodir lá em cima entre luas eclipsadas, coisa estranha que choveria feito estrela cadente e ao cair estrondo tão grande faria que não mais se ouviria mozart ou beethoven, apenas o surdo lamentar de um maestro a perder a serventia. tinhas as pernas dobradas sobre a cama e as abraçava como quem agradece o que lhe resta de liberdade, olhava os pés frágeis que a levariam a alguma tênue emoção que fosse, fora do quarto de paredes brancas e cortinas amareladas, não queria mais muros, mas como fazer se eles estavam dentro dela, se a força que crispava as mãos e apertava as pernas contra o peito — respiração tão contida, lá no peito — era dela mesma, que fazer se o dia ia e ali na cama ela ainda estava a pensar em como começar o dia, agora já foi, o sol já nasceu, a rosa já abriu, o bonde passou, não, não era de bonde que ia, mas entende, é figurativo. o que fazer, o que pensar, o que vestir, o que sentir, o que sonhar, eram tantas decisões para aquela hora tão pouca da manhã, tantos caminhos a escolher e desescolher, e depois de tanta angústia descobrir que os dois davam no mesmo lugar, rio deságua tudo no mar, mas a paisagem de um é mais bela que a do outro. pode ser, mas agora o pensamento acalmava pra deixar o corpo se mover, agora respirava. de início o inspirar profundo, depois leve, sem perceber, vôo raso da consciência. sentia a tensão dos dedos diminuir, e aos poucos a chuva lá fora ia ofuscando a brancura das paredes. o que das mãos saiu, não soube, não viu. é que olhava a chuva, ouvia o trovão e sentia o vento.
carol miotto, no seu palavrear no alpendre, que linca pra nós.
Postado por Julio Daio Borges
Em
13/1/2009 à 00h04
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