BLOG
>>> Posts
Quarta-feira,
22/4/2009
Sobre o prazer da leitura
+ de 1800 Acessos
"Acho a frase 'leitura obrigatória' um contra-senso. A leitura não deve ser obrigatória. Devemos falar de prazer obrigatório? Por quê? O prazer não é obrigatório, o prazer é algo buscado. Felicidade obrigatória! A felicidade, nós também buscamos. Fui professor de literatura inglesa durante vinte anos na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires e sempre aconselhei a meus alunos: se um livro os aborrecem, larguem-no; não o leiam porque é famoso, não leiam um livro porque é moderno, não leiam um livro porque é antigo. Se um livro for maçante para vocês, larguem-no; mesmo que esse livro seja Paraíso perdido ― para mim não é maçante ― ou Quixote ― que para mim também não é maçante. Mas, se há um livro maçante para vocês, não o leiam: esse livro não foi escrito para vocês. A leitura deve ser uma das formas de felicidade, de modo que eu aconselharia a esses possíveis leitores do meu testamento ― que não penso escrever ―, eu lhes aconselharia que lessem muito, que não se deixassem assustar pela reputação dos autores, que continuassem a buscar uma felicidade pessoal, um gozo pessoal. É o único modo de ler."
Trecho de entrevista de Jorge Luis Borges, feita na Biblioteca Nacional, e epílogo do livro Curso de Literatura Inglesa (Martins Fontes, 2003, 442 págs.), obra organizada de forma competente por Martín Arias e Martín Hadis a partir de aulas proferidas por Borges na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires, em 1966. Disponível em português, tradução de Eduardo Brandão, pela editora Martins Fontes.
Postado por Vicente Escudero
Em
22/4/2009 às 11h55
Quem leu este, também leu esse(s):
01.
Deleter de Julio Daio Borges
02.
Mehmari e Edu Lobo de Julio Daio Borges
03.
Isaacson sobre Jobs de Julio Daio Borges
04.
Gay Talese na Flip 2009 de Julio Daio Borges
05.
Mundo ingovernável de Elisa Andrade Buzzo
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|