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Quinta-feira,
25/9/2014
O candidato do 'PSDB' é outro
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Assim como o camelô, já ferido de morte, corre um pouco, cambaleia e finalmente cai, agonizante, nesta eleição Guido Mantega não é o único "dead man walking".
Assim como o camelô no vídeo, muita gente observa a agonia de perto, se comove, emite um grito, mas o socorro não chega a tempo e o corpo se esvai em sangue, em plena luz do dia, na calçada, com os homens da lei bem ali ao lado.
Aécio Neves não parece que foi escolhido "para perder", como Geraldo Alckmin em 2006, mas parece, sim, abandonado à própria sorte.
Os mais conformistas dirão que seu destino já estava selado, junto com o de Eduardo Campos: enquanto um morria de fato, o outro morria como candidato. Mas essa explicação não é o bastante.
Seu partido também não ajudou. Aliás, que partido? Ou: o que sobrou dele? Fernando Henrique Cardoso é o único que ainda dá "suporte", pela imprensa ― porque suas sugestões não parecem chegar ao "núcleo duro" da campanha.
José Serra só comenta a eleição presidencial quando nega seu apoio a Marina Silva logo no primeiro turno. Nega afirmando. E Geraldo Alckmin tem, igualmente, uma desculpa para se ocupar: sua própria reeleição (que, afinal, já está ganha). Derrota, como presidenciável, cada um deles teve a sua. Que Aécio tenha a sua também ― parecem, na sua indiferença, afirmar...
O melhor quadro do PSDB nesta campanha é, ironicamente, um ex-quadro: Walter Feldman. Percebendo que o barco iria afundar, pulou fora antes, e se reinventou como mentor de Marina Silva. Acusou, recentemente, João Santana, o marqueteiro, de ser o verdadeiro candidato, no lugar de Dilma. Mas o mesmo poderia ser dito sobre ele, Feldman. Até as socialites paulistanas já sacaram: é ele quem "traduz" Marina.
E Feldman bate em Dilma como Aécio deveria ter batido. Ele diz, por exemplo, que a "presidenta" é um "equívoco" na História do Brasil (no mínimo, um erro de português), e que o que aconteceu na Petrobrás ― no suposto escândalo do "Petrolão" ― foi um "crime histórico". Por que Aécio nunca disse assim?
Feldman abraçou, oportunamente, o legado de Eduardo Campos, o da "terceira via". Quando explica que a disputa PT-PSDB está superada, como Campos fazia, nos convencemos em definitivo. E joga-se o bebê Aécio fora, junto com a água suja do banho, como naquela história.
Dilma teve Lula em 2010; Marina tem Feldman em 2014. Aécio não tem ninguém; achou que ele próprio se bastava.
O PSDB está abandonado à própria sorte agora.
Feldman, pelo seu lado, faz um pouco de charme. Quando perguntado se ocuparia o cargo de Ministro Chefe da Casa Civil ― num possível governo Marina ―, resiste mas sorri para a câmera: "Se ela me convocar..."
Assim como outros "conselheiros" de Marina ― Giannetti e "Neca" à frente ―, não parece ser de bom tom aceitar um ministério ou sequer considerar essa hipótese.
Muitas vezes prestamos atenção nos candidatos. Mas, às vezes, não é nos candidatos que devemos prestar atenção. Esta eleição é uma eleição de bastidores.
Para ir além
Walter Feldman fala à Veja
Postado por Julio Daio Borges
Em
25/9/2014 às 09h42
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
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