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Domingo,
23/11/2014
Para onde vai o governo?
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Um governo que não sabe para onde vai
Eu nunca vi um governo cujo ministro da Fazendo tivesse sido demitido do cargo e cujo próximo ministro demorasse tanto a ser confirmado...
Eu nunca vi um governo de esquerda, ou de extrema esquerda, convidar uma senadora de direita, ou de extrema direita, para um ministério tão delicado...
E eu nunca vi um governo envolvido em tantos escândalos de corrupção, em vez de afastar os políticos citados, de seus cargos, acusar a própria população, usando um ministro da Justiça para dizer que, no Brasil, a corrupção é "cultural"...
Além do "petrolão", que está na ordem do dia, existem, pelo menos, duas estratégias em conflito, na composição do novo ministério e na condução do próprio governo.
De um lado, o onipresente ex-presidente Lula, que, evocando seu pragmatismo em 2003, faz campanha para colocar a economia de volta "nos eixos". É dele a sugestão de Joaquim Levy, discípulo de Armínio Fraga, o ministro de Aécio Neves (!), para a Fazenda, e Nelson Barbosa, para o Planejamento. Nomes que, oportunamente "vazados", agradaram ao mercado.
De outro lado, está a ala mais radical do PT. Aquela que prega a tal "hegemonia". Em matéria de economia, mais alinhada com os acadêmicos da Unicamp. Com direito a muxoxo de Luiz Gonzaga Belluzzo, quando o nome de Levy foi "ventilado". E, até, "fogo amigo" do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante - que ambicionava a Fazenda para si, e que elabora, "diuturna e noturmanente", um dossiê - com críticas do próprio Levy à política-econômica do atual ex-Mantega.
Com a prestação de contas da campanha de Dilma na mão de Gilmar Mendes, o pretrolão supostamente abastecendo campanhas de senadores como Gleise Hoffmann e Humberto Costa, fora o "crime de responsabilidade" já caracterizado, inclusive por editorial do Estadão, e a "improbidade administrativa" logo ali na esquina, porque o TCU avisou e Paulo Roberto Costa ratificou via e-mail (está na Veja), o impeachment acena no horizonte...
Recrudesce, portanto, a batalha entre as duas estratégias em conflito dentro do governo...
Os radicais não querem nem saber. Não abrem mão das "conquistas": na sua visão, "emprego" e "renda". E querem "muito mais". Danem-se os que chamam o governo de "bolivariano". O Brasil nunca esteve tão perto... Vão acionar o braço armado do MST, e de outros movimentos sociais, se necessário, e vão implementar as "reformas", nem que ela seja "na marra". Para quem já pegou em armas, e já participou da luta armada, uma guerra civil não tem nada de mais. Fora que, faltando "tão pouco"... vão morrer na praia? Como já proclamaram via militância virtual: "Companheiros, às armas!".
Já Lula e os "moderados" não têm essa paixão toda pela "revolução". Têm, sim, pelo poder. A esquerda teórica ajudou muito Lula, na sua "caminhada", mas ele não quer ser nenhum "intelectual da USP", nenhum FHC. Está mais para Macunaíma, o herói de Mário de Andrade. Está mais para José Sarney. Collor. Até Maluf... Esse tipo de "sobrevivente" político. Lula não se importa em fazer um aceno para a economia de mercado, para o setor produtivo e até para a "direita", se necessário. Lula não acredita tanto assim em Marx, para querer extirpar o capitalismo da face da Terra. Fora que esse tal de capitalismo até que não é mal... O Lulinha não vai querer morar numa "Cuba", vai?
Enquanto isso, o governo, propriamente dito, luta contra o relógio. Dilma já adiou o anúncio da nova equipe econômica para segunda. Ou quinta. Na dúvida, quinta.
E, enquanto isso, quem não gostou de Levy e sua turma, tem até segunda para elaborar uma contestação. E até quinta para derrubar, de vez, a indicação.
O problema é que a Lava Jato não espera. E o juiz Sergio Moro, e os delegados da Polícia Federal, estão fazendo o diabo...
Mais um dia? Pode ser fatal.
Postado por Julio Daio Borges
Em
23/11/2014 às 17h05
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