A história será sempre a mesma: a história da vida, da morte, do amor, das carências, ilusões e desilusões, o medo da proximidade da morte, a esperança da felicidade e, principalmente atualmente, a esperança do sucesso profissional. Esta é uma questão do século XXI: a angústia de ganhar dinheiro, uma neurose, uma necessidade de vencer, ser maior que os outros e mostrar que é capaz. Nossas alternativas todas se resolvem com dinheiro. Isso pode ser tema para muita literatura daqui para frente.
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As ideologias estão um pouco doentes. Tivemos uma decepção, no século XX, do tamanho da União Soviética. A Revolução de 1917 cometeu muita injustiça, mas também criou muita coisa, um ideal de vida mais justa, como a Revolução Francesa. De repente, vimos que não era nada do que queríamos, porque ditadura não dá certo em lugar nenhum, não importa o lado do muro em que você esteja. Ditadura dá poder demais para uma pessoa só e isso é corrosivo, leva à corrupção, à falta de objetividade. Essa desilusão tem reflexos na literatura, para o bem e para o mal, porque o que instrumentaliza a literatura é a realidade, a gente sempre trabalha a partir da realidade. Há um filtro, escrevemos como somos, mas é a realidade que dá o peso ao que escrevemos.
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A maior parte deles [dos programas infantis na televisão] trata a criança como idiota, é uma porcaria. Acho muito prejudicial. Programas que fantasiam a criança como adultos são medíocres, não têm bom gosto, arte ou inteligência.(...) Quando se pensa em um programa infantil, tem que se considerar que a criança é a coisa mais importante do país e que é um ser que recebe influência muito fortemente. Mas há muito programa que quer apenas ganhar dinheiro. A culpa desses programas serem ruins é de quem patrocina, porque mantém a porcaria no ar. O que querem é que tenha um monte de gente comprando porcaria. São programas ligados apenas a produtos.