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Quarta-feira,
20/7/2005
O FIT começou bem!
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Amigos internautas, depois de apanhar um pouco do computador trago-lhes as primeiras notícias do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto. Na correria, tentando perder o mínimo possível, pois assistir tudo é impossível.
Cheguei ontem à tarde, seguro de que poderia deixar as blusas no armário. Afinal de contas, é Rio Preto, a cidade mais quente do mundo. Doce ilusão: 14 graus. Tão frio quanto aí em SP. Tudo bem. Tomei o rumo do hotel, e logo de cara trombei o Luís Melo, uma das estrelas do FIT. A maioria dos artistas e da imprensa está aqui. Legal, vira e mexe encontro alguém. Clima de festival. Amaldiçoei o fato de ter perdido os chilenos da Compañía Gran Reyneta, unanimidade entre o pessoal que viu, além da peça Só as gordas são felizes. Acontece.
Tomei o rumo do SESC Rio Preto, com a expectativa lá em cima. Afinal de contas, eu iria estrear com o CPT e o Antunes Filho, com Foi Carmem Miranda. Cheguei cedo, aproveitando uma carona, e aproveitei para dar uma passada na exposição J.C. Serroni e o Espaço Cenográfico, comemorativa de seus 30 anos de carreira. Muito bem montada, completíssima, com cenários, maquetes, desenhos, projetos, figurinos, fotos e até uma curiosidade: uma camisa da equipe infantil do Juventus aqui de Rio Preto, equipe defendida por ele em sua infância. Serroni é brilhante, e a exposição faz jus a ele e sua obra. Ficam os votos de que ela vá para SP...
A peça não contrariou minhas expectativas. Nas mãos de quatro competentes atrizes (Emily Sugai, Arieta Corrêa, Juliana Galdino e Paula Arruda), a leitura particular de Antunes para a Carmem é de encher os olhos. Carregada de sutilezas e expressividade, economiza nas palavras e esbanja nos movimentos. Uma Carmem diferente; ou várias Carmens. A mais marcante tem seu rosto envolto em negro e solenemente, ritualística, espalha seus adereços pelo palco. Paula rouba a cena desde o início, prendendo a atenção. A bela Arieta, numa cena que evoca o Candomblé, inquieta.
Quem brilha mesmo, porém, é Juliana Galdino, que encarna Antígona em São Paulo. Com uma força e uma atuação impressionantes, firma-se cada vez mais como uma das atrizes mais consistentes dos nossos palcos. O amigo Jefferson Del Rios, da Bravo!, deu a melhor definição para Juliana, ao vê-la na tragédia: "É de um talento assustador".
O público, por sua vez, parece não ter digerido (desculpem, o trocadilho foi inevitável!) a montagem. Aplaudiu timidamente, meio atônito. Não pude deixar de me lembrar de Denise Weinberg quando ouvi um rapaz soltar um suspiro nostálgico: "Saudade das peças que tinham começo, meio e fim...".
Hoje pela manhã, animado por um sol tímido, lutei contra o frio para conferir Manchete de mambembes [detalhe acima], do Grupo de Pesquisa Teatral Sala 50, aqui de Rio Preto, na Praça Rui Barbosa. Com ares de trupe medieval, as atrizes alardeavam manchetes sensacionalistas concebidas a partir de peças de Shakespeare (algo como "Coxo caiu num mau negócio. Trocou reino por um cavalo"). Curta - apenas 15 minutos - e grossa, chamou a atenção do povo e divertiu, mas sem encantar. As crianças gostaram, principalmente de um dragão colorido que dançava (apesar de um bebê, ao meu lado, chorar aterrorizado...).
A apresentação faz parte do projeto "Ser ou não sertão", com espetáculos nas ruas, praças e calçadões. Uma idéia interessante, resgatando o teatro de rua, com longa e importante tradição no Brasil. Deu para animar e criar curiosidade. Amanhã tem mais.
Postado por Guilherme Conte
Em
20/7/2005 às 12h55
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