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Segunda-feira,
8/8/2005
Jabor e as muletas dos anos 60
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Na TV Arnaldo Jabor me parece um sujeito borbulhante, cheio de idéias e de tensão (não discuto as idéias, falo da forma). Transparece uma juventude vazia em seu discurso apressado.
Já no seu livro Amor é prosa, sexo é poesia, com um já explicativo subtítulo de "Crônicas afetivas", percebo um sujeito mais melancólico e intensamente saudosista. O olhar de Jabor sobre o nosso tempo só consegue perceber um enorme vazio que ele trata com o grande enfado do velho professor que depois de ensinar toda a matéria vê que o problema não é resolvido.
Depois de fugir da cachoeira adjetiva de Jabor não é difícil descobrir nas entrelinhas o homem perdido em seu tempo. Jabor é um observador que retalha os momentos históricos e com suas lembranças dos 60 produz uma sopa de letrinhas desconexas.
Pensando um pouco na geração de Jabor tenho que reconhecer que foi a última que tinha diante de si a possibilidade um mundo melhor, esperanças hoje esvaziadas mas abertas na época, tanto pelo lado político (ainda havia o sonho socialista) como pelo lado cultural (o movimento hippie fazia acreditar em uma vida fora do status quo) ou religioso (a descoberta das crenças hindus faziam crer em um homem introspectivamente melhor).
Hoje quando somente a religião ainda acena com possibilidades (apesar de que só em outra vida ou na necessidade da supremacia política da crença) a geração dos 60 tateia perdida pelo mundo. Mas não perdeu a pose nem as possibilidades financeiras embutidas na herança cultural, muito pelo contrário, vestem plenamente suas fantasias de idealistas e conseguem vender suas performances aos jornais e televisões.
O exemplo mais claro é o do próprio Jabor que desempenha bem seu papel de solitário defensor (ou exumador, dependendo da necessidade) das velhas esperanças. No fim das contas parece que nós vivemos em um presente calcado num passado que não conseguiu existir.
Axel no seu blog, que linca pra nós (porque parece o que disse o Milton Hatoum na Casa do Saber).
Postado por Julio Daio Borges
Em
8/8/2005 às 17h28
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