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Quinta-feira,
23/4/2015
Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
ANDRÉ LUIZ ALVEZ
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A PRIMEIRA VEZ QUE VI O MAR
Quando eu era pequeno, meu maior desejo era ver o mar. Na minha mente infantil, o mar era um lugar mágico, no qual as canoas ganhavam asas e pássaros dos bicos enormes desfilavam em busca de alimentos, os enormes peixes que já nascem salgados. E pensei em canoas e não em navios porque sou daqui, de perto do Pantanal, e já tinha visto um velho pescador singrar numa canoa pelas águas do Rio Paraguai, o suor escorrendo pela testa, escapando pelo chapéu e fazendo brilhar os braços fortes presos ao remo, numa daquelas cenas que a gente vê uma única vez e não se esquece jamais. Aquela imagem só fez aumentar o meu desejo de ver o mar. Na ingenuidade de criança, julguei que seria impossível o mar ser tão maior que o Rio Paraguai. Certa vez, na escola, a professora questionou a todos se havia mais terra ou água no planeta. Apressei na resposta, que dei num sorriso de certeza: respondi terra. Quando ela explicou que havia no planeta muito mais água, fiquei impressionadíssimo. Era uma época sem internet e de pouco acesso às informações e eu nem desconfiei que no desenho do mapa, grudado no quadro negro, a terra era azul. O tempo foi passando e o mar prosseguiu sendo objeto de meus desejos. Certo dia, um amigo me falou sobre uma excursão ao Rio de Janeiro e que ele daria um jeito de me colocar na lista dos viajantes. Economizei durante dois meses, juntei o dinheiro suficiente para as passagens e a sobra de algum trocado para a alimentação de uma semana. A viagem foi bastante cansativa. Naqueles tempos, de avião só viajavam os endinheirados, o que, definitivamente, não era o nosso caso. Mas eu era jovem, tinha disposição de sobra e o desejo por aventura jorrando pelos poros, levado pela alegria indescritível da realização de um sonho: finalmente ver o mar. No final daquele dia, apertei os olhos para enxergar melhor, hipnotizado enquanto o coletivo atravessava a ponte que liga o Rio de Janeiro a Niterói, e no mesmo instante que o azul do mar preenchia meus olhos perplexos, me deixei cair no espaldar da poltrona do ônibus, indiferente à algazarra dos amigos, num transe completo, como se agora eu fosse aquele velho pescador numa pequena canoa. O azul do mar pairando nas minhas retinas, invadindo meu rosto, e o cheiro de maresia que fez meu nariz estranhar aquele gosto novo, eu, pobre de mim, que jamais suspeitei que existisse algo tão belo. Ao colocar meus pés nas areias quentes da praia, percebi que era realidade, o momento em que tudo se consumava, o sonho de menino ganhando forma, enquanto eu avançava rumo ao desconhecido oceano, aos poucos molhando meu corpo, o mergulho sem jeito, as conchas que ficaram grudadas entre os dedos das minhas mãos, tudo tão novo e perfeito que se torna difícil descrever como consegui apagar todos os outros sons do mundo, pra ouvir apenas o barulho da onda quebrando na praia e observar o vôo misterioso das gaivotas acima da minha cabeça.
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Postado por ANDRÉ LUIZ ALVEZ
23/4/2015 às 10h05
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QUANDO O VENTO DE OUTONO COMEÇAR A BATER...
Lá fora ameaça cair outro temporal, desses que duram poucos minutos, mas encharcam as ruas da cidade. Ouço os trovões e me aquieto, já dá para ouvir as primeiras gotas socando o telhado. Não gosto de chuva. "São as águas de março fechando o verão", penso, sentindo alívio. Não gosto do verão, muito calor e chuva, gosto menos ainda do inverno, que o frio me inquieta e corta meus lábios, que prosseguem feridos quando chega a primavera e por isso nem percebo o perfume, nem as cores das flores da estação. Não gosto de não gostar, mas sentimento é coisa que não consigo esconder e acabo me transformando num rabugento. Então vou contar que gosto do outono do mesmo tanto que gosto de escrever, como se uma coisa fosse ligada à outra. O ato de escrever requer isolamento, sentir dor, saudades e uma boa dose de tristeza, tudo que combina com o outono, que vigora no silêncio, apenas cortado pelas rajadas do vento. Ah, o vento, esse velho e bom companheiro. Mas não é só o vento que me une ao outono. Talvez seja culpa de uma jaqueta jeans que comprei quando completei vinte anos e adorava usar; quente para o verão e fina para o inverno, que ofuscava as cores da primavera, mas combinava perfeitamente com o frescor de outono. Ou talvez seja porque as folhas secas das árvores da rua caem mostrando algo incognoscível, que me remete ao fim, ao mesmo tempo em que me traz a certeza que tudo se renova e uma vontade de voar junto do vento de outono me invade, sentimento que recuso com medo de não conseguir encontrar terra firme ao voltar. E quando foi que me declarei ao outono? A pergunta partiu de uma querida professora, dona Zilda, no colégio Oswaldo Cruz, nos anos oitenta: "qual estação do ano você mais gosta? Escrevam!", ordenou nas palavras que escapavam de seus lábios repletos de batom, armada pelos olhos grandes que enfeitavam seu rosto rosado, enquanto ajeitava a peruca ruiva presa na cabeça por um lenço de cetim que combinava com o longo vestido. Como é bom recordar de pessoas tão marcantes! Ainda hoje posso perceber a imagem da inesquecível mestra caminhando pela sala, recolhendo as primeiras folhas, balançando a cabeça negativamente diante das respostas óbvias: a maioria respondeu primavera - por causa das flores, disseram - enquanto eu, um tanto acanhado, tentava rabiscar minha resposta, a letra tosca que revelava minha predileção, fui o único que respondeu outono. A mestra quis saber o motivo da minha escolha, que respondi colocando culpa no vento de outono, esse mesmo vento que há pouco percorreu cada centímetro da minha sala, trazendo o cheiro de antes, me estremunhando de volta à realidade, tanto tempo se passou e tudo ainda parece tão real, como se o vento desmentisse o poeta: outono não é o fim, é o recomeço. As águas da chuva desabam e o vento insiste tocar em meu ombro. Metade de mim quer voar junto dele. A outra metade, embora relutante, também.
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Postado por ANDRÉ LUIZ ALVEZ
26/3/2015 às 15h02
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O VELHO DO CHAPÉU COCO AZUL
O velho caminha apressado, descendo por uma calçada no Bairro Taveirópolis. É um senhor magrinho da pele bem clara, os olhos pequenos e redondos e a boca sem carne que parece um risco. Usa roupa tão antiga quanto ele, que certamente retirou de um daqueles guarda-roupas de outrora, cujas madeiras apodreceram e aos poucos foram devoradas pelos cupins. Trás a camisa de algodão bem passada, a calça de linho puro perfeitamente alinhada e os sapatos marrons engraxados com esmero. Mas o que realmente chama a atenção é o chapéu coco azul escuro, tornando a sua figura uma espécie de personagem de Pirandello. No outro dia ele aparece novamente, a calça e a camisa são outras, os sapatos e o chapéu azul permanecem os mesmos. Aonde ele vai com tanta pressa? Um dia resolvi estacionar e observá-lo de dentro do carro. Ele para diante de uma velha Kombi que o dono faz de quitanda, apanha pedaços de abacaxi que leva rapidamente à boca e seu rosto se abre num sorriso. Depois retorna pelo mesmo caminho. A cena se repete todos os dias pela manhã. Sofro dos males da curiosidade e a custo controlo a vontade de lhe perguntar o nome e onde comprou aquele magnífico chapéu azul. Eu sou colecionador de chapéus. Compro todos que vejo e não uso nenhum. Então resolvo dar-lhe um nome em meus pensamentos. Como ele deve ter mais de oitenta anos, se fez necessário um nome antigo: Euclides. E um belo dia Euclides não apareceu, no outro também não e eu já imaginei aquele corpo magro, sem o chapéu coco, estirado num caixão. No terceiro dia, satisfeito, percebi que ele descia a Rua na pressa de sempre, as mesmas vestimentas, o chapéu azul escuro em destaque, se dirigindo até a velha Kombi estacionada. E eu já não me lembrava do nome que lhe dei. Detesto quando isso acontece, a resposta está na ponta da língua, mas o cérebro insiste escondê-la. Dou-lhe outro nome: Pacífico, que logo desisto, lembra oceano e aquele senhor merece algo que simbolize com clareza a serenidade dos seus gestos. E fico estalando os dedos na busca de outro nome de velho, que logo surge: Abelardo sorri enquanto come uma banana e eu fico perdido em pensamentos, a imaginar que aquele senhor já foi jovem algum dia, que se perdeu em aventuras inesquecíveis, conheceu os caprichos do destino, o bom sabor de algumas glórias, assim como o gosto amargo da traição. E quando dou por mim, estou me aproximando da Kombi, ansioso ao me perceber ao lado do divino chapéu coco azul. Não falo nada, descasco uma mexerica e fico com os olhos de tocaia enquanto busco na mente uma forma de confrontá-lo. Súbito o vendedor de frutas se aproxima de Abelardo, que enxuga com um lenço a testa encharcada de suor, e dele se despede com um "até mais, Fernando", e eu fico chateado ao ouvir o nome de gente nova. Talvez aquele senhor não fosse tão velho como pensei, e agora já nem sei se o chapéu era realmente azul. Volto para o carro sobraçando dúvidas.
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Postado por ANDRÉ LUIZ ALVEZ
12/3/2015 às 15h52
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O VELHO DO CHAPÉU COCO AZUL
O velho caminha apressado, descendo por uma calçada no Bairro Taveirópolis. É um senhor magrinho da pele bem clara, os olhos pequenos e redondos e a boca sem carne que parece um risco. Usa roupa tão antiga quanto ele, que certamente retirou de um daqueles guarda-roupas de outrora, cujas madeiras apodreceram e aos poucos foram devoradas pelos cupins. Trás a camisa de algodão bem passada, a calça de linho puro perfeitamente alinhada e os sapatos marrons engraxados com esmero. Mas o que realmente chama a atenção é o chapéu coco azul escuro, tornando a sua figura uma espécie de personagem de Pirandello. No outro dia ele aparece novamente, a calça e a camisa são outras, os sapatos e o chapéu azul permanecem os mesmos. Aonde ele vai com tanta pressa? Um dia resolvi estacionar e observá-lo de dentro do carro. Ele para diante de uma velha Kombi que o dono faz de quitanda, apanha pedaços de abacaxi que leva rapidamente à boca e seu rosto se abre num sorriso. Depois retorna pelo mesmo caminho. A cena se repete todos os dias pela manhã. Sofro dos males da curiosidade e a custo controlo a vontade de lhe perguntar o nome e onde comprou aquele magnífico chapéu azul. Eu sou colecionador de chapéus. Compro todos que vejo e não uso nenhum. Então resolvo dar-lhe um nome em meus pensamentos. Como ele deve ter mais de oitenta anos, se fez necessário um nome antigo: Euclides. E um belo dia Euclides não apareceu, no outro também não e eu já imaginei aquele corpo magro, sem o chapéu coco, estirado num caixão. No terceiro dia, satisfeito, percebi que ele descia a Rua na pressa de sempre, as mesmas vestimentas, o chapéu azul escuro em destaque, se dirigindo até a velha Kombi estacionada. E eu já não me lembrava do nome que lhe dei. Detesto quando isso acontece, a resposta está na ponta da língua, mas o cérebro insiste escondê-la. Dou-lhe outro nome: Pacífico, que logo desisto, lembra oceano e aquele senhor merece algo que simbolize com clareza a serenidade dos seus gestos. E fico estalando os dedos na busca de outro nome de velho, que logo surge: Abelardo sorri enquanto come uma banana e eu fico perdido em pensamentos, a imaginar que aquele senhor já foi jovem algum dia, que se perdeu em aventuras inesquecíveis, conheceu os caprichos do destino, o bom sabor de algumas glórias, assim como o gosto amargo da traição. E quando dou por mim, estou me aproximando da Kombi, ansioso ao me perceber ao lado do divino chapéu coco azul. Não falo nada, descasco uma mexerica e fico com os olhos de tocaia enquanto busco na mente uma forma de confrontá-lo. Súbito o vendedor de frutas se aproxima de Abelardo, que enxuga com um lenço a testa encharcada de suor, e dele se despede com um "até mais, Fernando", e eu fico chateado ao ouvir o nome de gente nova. Talvez aquele senhor não fosse tão velho como pensei, e agora já nem sei se o chapéu era realmente azul. Volto para o carro sobraçando dúvidas.
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Postado por ANDRÉ LUIZ ALVEZ
12/3/2015 às 15h52
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...E TODOS OS AVIÕES CAÍRAM
O mega empresário vendia sonhos em forma de papéis que acabaram em nada, como devaneio de verão. O juiz que apreendeu seus bens, não resistiu diante da riqueza fácil e, entre outras atitudes estranhas, foi fotografado dirigindo o porsche do empresário. Essas notícias me trouxeram à memória uma música do Chico Buarque e me fizeram recordar dos tempos que eu trabalhava numa Autarquia do governo. Eu era bastante jovem, ganhava pouco e vivia sonhando que o destino promoveria alguma mudança na situação. Então aconteceu a revolução, quando alguém, com um estranho brilho no olhar, surgiu de repente na repartição carregado duma empolgação de general defronte à tropa esquálida, desejosa de boas novas. Falou sobre a possibilidade de se ganhar dinheiro ao aderir a um sistema de rendas que chamou de avião. Percebi que seria simples ficar rico, bastava investir um valor na base do papel que representava o tal avião e convidar amigos para embarcar na mesma viagem, e assim ir subindo de posição até voar feito um pássaro, carregando no bico o dinheiro ganho facilmente. Em uma semana ganhei bastante dinheiro, que usei pagando cerveja aos amigos e fiz com que muitos deles aderissem à ideia. A coisa se espalhou como se conduzida pelo som de uma banda de múltiplos instrumentos que a todos seduzia. Na repartição ninguém mais cumpria suas obrigações, atentos a cada movimento dos papéis, ansiosos para que o dinheiro fácil lhe caísse nos bolsos. As famílias se reuniam, amigos eram envolvidos em ternos abraços, até aquela senhora que nunca cumprimentou ninguém, agora dava ares da graça, já com papel e caneta nas mãos. O vizinho, dono da mercearia, sujeito que vivia escondido atrás do bigode, agora se mostrava faceiro, convidando a todos àquela viagem fantástica, o sorriso cada vez mais aberto e o mesmo brilho estranho do rosto do general. No auge do negócio pensei pedir demissão, empolgado ao constatar que receberia com um único avião o equivalente a cinco meses de salário. Por toda cidade era comum encontrar reuniões de grupos operando os primeiros aviões. "O dinheiro não traz felicidade" afirma o dito popular. Desconfio que não seja bem assim, nunca na vida visualizei tanta felicidade nos rostos das pessoas como naquele tempo. Não tardou para faltar combustível, as pessoas não queriam retornar à base do avião, outros não quiseram aderir, os sonhadores começaram a perder tudo o que haviam ganho e o desencanto se formou. A alegria acabou tão rápida quanto começou, assim que a banda passou. Logo todos voltaram aos seus devidos lugares: o dono da mercearia perdeu o brilho no olhar, amizades foram desfeitas, parentes brigaram entre si, a senhora retornou à casmurrice, o ambiente no local de trabalho tornou-se irrespirável e o que restou foi a lição de vida: o que se ganha fácil, se perde na mesma proporção, num castigo merecido, como o estrondo de aviões que se espatifam no chão .
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Postado por ANDRÉ LUIZ ALVEZ
12/3/2015 às 09h43
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REMÉDIOS, A BELA
Entre os tantos livros na minha estante, um deles se destaca: já sonhei que estava nessa história de Gabriel Garcia Marques, em cores de fim do dia, daqueles amarelados que aos poucos se transformam em cinza, perambulei pelas ruas de Macondo em cenas tão reais que acordei sentindo o cheiro de um rio de águas diáfanas. Hoje cedo, assim que olhei para o computador, resolvi fazer nessa crônica um relato sobre a construção de um bom texto, desses que ficam na memória e acabam se transformando em sonhos que parecem reais. Não que eu me considere especialista no assunto, são apenas observações, que ouso fazer, mesmo temendo que algum erudito me tome por fanfarrão. Sei que o bom texto depende inteiramente da inspiração, que se esconde em todos os lugares nos quais possa caminhar a imaginação. E como surgem as personagens? Dessa que quero falar, é provável que tenha acontecido num dia que começou nublado, naquelas primeiras horas da manhã, quando os olhos ainda não acordaram por completo, até o momento sublime no qual a moça, que de tão bela fazia os olhos arder, apareceu diante dele, dissipando o nevoeiro, trazendo a brisa suave, que atingiu gostosa a cabeça do poeta, esparramando os cabelos, abrindo espaço para que a inspiração se fizesse presente, percebendo os movimentos da rua abarrotada de gente, na qual os encantos da moça conseguiam se destacar. É provável que o poeta tenha segurado a respiração ao se dar de frente com aquele olhar de soslaio, saída de uma rua qualquer, espalhando pela calçada a chama de fogo que fere sem sentir e fez com que ele nem percebesse quando a beleza da dama divina invadiu-lhe a moldura dos olhos para nunca mais sair. Uma criatura assim — Gabo deve ter pensado - vai crescendo sem malícia, enfeitiçando a todos, embora o que ela realmente deseja é viver sossegada, comer, dormir e andar nua pela casa, achando graça dos homens, esses pobres coitados, errantes, possuídos pela fé inexata dos que desejam tocar o que não se pode alcançar. Quando enfim formulou o protótipo da perfeição, Gabo pensou em pedi-la em casamento, desejo do qual recuou, convencido que a moça era bela demais, perfeita demais, imprópria ao convívio humano. E como sequer fora notado, fez surgir um momento mágico e a eternizou em seu texto. A beleza da moça prosseguiu perseguindo os pensamentos do poeta, mas a indiferença foi tão visível que resolveu imaginar que ela juntara as pontas dos lençóis e ascendesse aos céus, completamente nua, levando embora todos os tormentos que provocara, enquanto ele, aqui debaixo, acompanhava a bela se perder no espaço infinito, armado com olhos complacentes de um pássaro sem asas, incapaz de voar, atormentado pelo desprezo de algo que sequer conseguiu provar. Resolveu chamá-la de Remédios, embora nunca tenha se curado da ferida que ela lhe causou, entregue num canto enquanto o tempo passava, bastante tempo, algo em torno de cem anos de solidão.
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Postado por ANDRÉ LUIZ ALVEZ
4/3/2015 às 19h23
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Julio Daio Borges
Editor
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