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Sexta-feira,
18/9/2015
Julio Daio Bløg
Julio Daio Borges
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Eu sou a favor do impeachment, mas eu acho triste
Eu acho triste que a gente tenha de arrancar uma louca, da cadeira, com camisa de força
Porque o impeachment é isso
Eu acho triste que ela não se convença de que deu errado, de que seu governo foi um desastre - e que essa pessoa seja, justamente, a presidente do Brasil
É triste você ter de convencer o supremo mandatário da Nação de que ele errou, e de que ele tem de sair - à força (porque não teve outro jeito)
O Collor foi tão triste quanto
Porque não é só a tristeza de tirar a pessoa - à força (porque ela resiste) - mas a sensação, inescapável, de que o País errou em elegê-la (e, no caso, em reelegê-la)
Erramos todos. Mesmo os que não votaram nessa pessoa
Porque falhamos em não convencer os outros. Porque falhamos em deixar a pessoa - que não deveria ganhar - ganhar
Independente de quem falhou - seja votando, seja não fazendo oposição direito, seja não fiscalizando as urnas eletrônicas -, falhamos como Nação
Quando você olha um país, de fora, e os problemas que esse país enfrenta por ter um supremo mandatário que não deveria estar lá, a quem você culpa?
Ao povo
E você, imediatamente, se pergunta:
"Por que o povo não faz nada? Por que o povo deixa? Por que o povo elegeu essa pessoa?"
É a mesma coisa - para quem nos olha de fora...
"Essa mulher é a presidente? E vocês não fazem nada? E você elegeram ela? E vocês deixaram ela ganhar? De novo?"
"Ela é péssima - mas vocês não são muito melhores que ela", um estrangeiro poderia, facilmente, argumentar
E teríamos de engolir em seco - porque é verdade
Então a gente percebe, como diz aquele expressão não muito bonita, que o buraco é bem mais embaixo
Porque a presidente e o seu impeachment são apenas um símbolo
Um símbolo, eloquente, de que o Brasil errou - e feio
Porque o PT nasceu e cresceu aqui. Essa excrescência fomos nós que parimos, como País. Os petistas não são alienígenas. Eles são humanos
E eles são brasileiros...
Olha que tristeza
E fica a ameaça - permanente - de que pode acontecer de novo
Outro PT. Com outro nome. Com outras pessoas. Com outros Lulas. Com outras Dilmas. Tudo de novo
Podemos, sim, enclausurar os criminosos na nossa prisão de segurança máxima (se é que ela existe). Mas não podemos evitar o fato de que o crime nasceu - e frutificou - no seio da nossa sociedade...
O PT é triste, mas o Brasil é tristíssimo - porque deu ensejo... ao PT!
Nós temos, sim, como trocar de presidente. Que ótimo, não é mesmo?
Mas nós não temos como trocar de País. (Quer dizer: alguns até trocam; mas não trocam, no fundo...)
E nem temos como trocar de povo. Só se nascermos de novo
Vocês já pensaram nisso?
Pensaram de verdade?
Pensaram com carinho?
Enfim: mais para dizer que eu fiquei contente que o pedido de impeachment teve a sua entrega, formal, ontem
Mas eu fiquei, igualmente, triste
Triste pelo Brasil
Triste pela gente
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Postado por Julio Daio Borges
18/9/2015 às 12h33
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Querem proibir as palavras
Outro dia, escrevi, num texto, que o Mino Carta tinha ido "para o lado negro da força".
O que você entende por essa expressão?
"Lado negro da força" é uma expressão de Guerra nas Estrelas, originalmente a trilogia de George Lucas.
Designa o lado "mau" - o lado de Darth Vader, que, não por acaso, se vestia de preto.
E se contrapõe, obviamente, ao outro lado da força - ao lado "bom", de Luke Skywalker, o Jedi, que salva a galáxia.
Pois bem, teve gente me acusando de racismo.
Sim, racismo. Porque, lendo mal, me disseram que eu não deveria usar a expressão "lado negro".
Eu não usei a expressão "lado negro". Eu usei a expressão "lado negro da força". Que é uma expressão de Star Wars blablablá.
E houve gente que, mesmo eu justificando isso, ainda teve a cara de pau de me dizer que "isso era nos Estados Unidos". Que eu não deveria usar uma expressão norte-americana, para descrever a realidade brasileira. Porque lá o racismo era diferente...
O quê??? Essas pessoas estão falando sério? Ou é pra rir?
A oposição entre escuro e claro é milenar. Entre o obscuro e a luz... Está na Bíblia!
Jesus não era ariano - não que eu saiba -, mas todas as imagens que se tem dele é de muita claridade. Em oposição às trevas, de você-sabe-quem.
Agora: se alguém quer usar isso para se fazer de vítima - de perseguição racista - realmente, eu não tenho o quê argumentar com essa pessoa. Que ela lute contra toda a história da humanidade. E boa sorte.
O politicamente correto atingiu as raias do absurdo. Ao ponto de, daqui a pouco, começarem a proibir as palavras.
Não vai mais se poder usar "negro". Nem preto. Nem escuro. Nem qualquer coisa remotamente próxima.
Meus amigos, o universo já existia antes da humanidade e vai continuar existindo depois de nós. Não tenhamos a pretensão de ideologizar o que é anterior - e posterior - a nós.
Ontem - outro exemplo - eu escrevi sobre o Stephen Hawking... Qualquer pessoa sabe da importância dos "buracos negros" para sua teoria sobre a origem, e o fim, do universo.
A expressão, em inglês, é blackhole. Agora vocês vão dar uma de Malcolm X e perseguir o maior físico desde Einstein, para que ele mude a expressão "buraco negro" também?
Porque, para os negros, não é bom, vejam bem: o buraco negro, como o próprio nome já diz, é o fim do mundo! Ele suga tudo. Até a luz. Para depois explodir. E nascer como uma nova estrela. De luz...!
Como vamos fazer agora? Vamos proibir os próprios buracos negros - pois eles são escuros? E as estrelas, vamos proibir também - porque elas não claras, luminosas, quentes, brilham e ficam impondo o seu padrão de beleza para o resto da galáxia?
O Sérgio Vaz, meu amigo de Facebook, fez uma excelente piada - e acho que ele tem razão: "Que tal buraco afrodescendente?"
Pois, como disse o Sérgio, a situação não está preta, está afrodescendente...
E, nesse ritmo da correção política, só tende a piorar...
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Postado por Julio Daio Borges
17/9/2015 às 18h18
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A Teoria de Tudo
Uma das primeiras vezes em que ouvi falar de "Uma Breve História do Tempo" foi em 1988, num "vestibulinho", do colégio Santa Cruz.
Lembro que saí de uma das provas e uma menina que sentava perto de mim, e com quem eu flertava, veio me dizer que a resposta para uma das questões era: "Uma Breve História do Tempo", de Stephen Hawking.
Confesso que achei "avançado" para a época. Imagine, um "vestibulinho" citando uma obra contemporânea, que tinha acabado de sair... E uma menina de 14 anos (bonita) sabendo do que se tratava...
A imagem que eu tinha dele, Hawking, era a do cientista entrevado, naquela cadeira de rodas - se comunicando eletronicamente, graças alguns parcos movimentos de um dos dedos...
Mas eu não imaginava que ele tivesse escrito *o livro inteiro* desse jeito... Me lembrou "O Escafandro e a Borboleta", em que ao protagonista só resta o "piscar" de um único olho. (E ele, também, escreve um livro inteiro desse jeito...)
"A Teoria de Tudo", o filme, é lindo (a Carol já havia me dito). E o contraste entre um cérebro tão poderoso e um corpo tão frágil é um drama humano e tanto.
Stephen Hawking não nasceu paralítico. Foi perdendo os movimentos progressivamente. Foi sentenciado a dois anos de vida, apenas. Mas vive, assim, há mais de cinquenta...
A mulher dele, Jane Hawking, também é um colosso. Sem ela, ele não teria sobrevivido. A força de vontade da mulher, em alguns momentos, é maior do que a dele. Maior do que a dos pais dele, do que a da própria família dele...
E o inusitado do filme é um triângulo que surge, quando um professor de música resolve "ajudar" Jane a cuidar de Stephen Hawking. Mas, como todo o triângulo amoroso, não é tão simples. E, aparentemente, Hawking "consente"...
Outro triângulo surge, mais pra frente. Quando aparece uma "cuidadora" (mulher) para o próprio Hawking. Aí a coisa se inverte. E é tocante quando ele confessa o "romance" para Jane, todo paralisado, através daquela voz robótica... (Acabam se separando, mas são amigos até hoje.)
Um dos aspectos mais impressionantes de Hawking, além do seu gênio, e da sua capacidade de adaptação, é o seu senso de humor. Que permanece intacto, à medida que a paralisia avança. E que permanece até hoje, em entrevistas que ele dá...
Até hoje não li "Uma Breve História do Tempo". Mas recebi, recentemente, a edição da Intrínseca - e fiquei com vontade de ler. No prefácio, Hawking brinca que vendeu mais livros sobre Física do que Madonna sobre sexo...
Não acho que ele vá chegar à sua "teoria de tudo". Hoje tem mais de 70 anos. Einstein, igualmente, procurou a sua, ao longo da vida. Mas morreu sem entender direito a física quântica. "Deus não joga dados" é sua frase célebre a respeito, citada, inclusive, no filme...
É aflitivo pensar que o tempo tem um "começo" e, mais ainda, um "fim". E que seremos "implodidos", em algum momento, como num buraco negro. Qual o sentido do que estamos fazendo agora? Sobra algum sentido?
Talvez por isso a questão do ateísmo de Hawking seja permanente. Porque a "vacuidade" de um universo que se expande e se contrai indefinidamente é algo para além da nossa capacidade... Pois temos consciência e não temos para onde "fugir"...
Acabei não passando no "vestibulinho" do Santa Cruz. E aquela menina acabou passando, acreditam? No ano do vestibular, avistei ela num evento musical do colégio... Devia ter perguntado: "Você leu mesmo aquele livro? Ou só estava tentando me impressionar com seus conhecimentos de Física?"
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Postado por Julio Daio Borges
16/9/2015 às 11h07
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Vamos sentir saudades
Não da Dilma. Nem do PT. Nem do Lula.
Mas do momento que estamos vivendo.
Não da crise econômica. Nem da política.
Mas do momento cívico.
Eu acompanho a internet desde 1995 e acho que poucas vezes ela foi tão útil ao Brasil.
Quando a gente vê as pessoas se manifestando contra a CPMF, eu penso que isso nunca houve.
Não podemos perder isso, portanto.
Não falo só da indignação, dos palavrões, que até fazem parte (sem ofensas, por favor - e sem calúnia ou difamação)...
Mas falo da crítica. Da criatividade. Da capacidade, que só a internet tem, de contrapor o discurso oficial.
Seja resgatando declarações antigas do governo. Seja apontando contradições. Seja expondo os governantes ao ridículo.
A internet é a verdadeira oposição. E eu espero que a internet não perca isso. Esse protagonismo.
Nos anos 60, o pessoal do Pasquim dizia que "imprensa é oposição" e que "o resto é armazém de secos & molhados".
Mas imprensa não é mais isso. O mesmo Pasquim, quando Lula se elegeu, perdeu a razão de ser. (O próprio Ziraldo confessou isso numa Flip.)
A internet é, hoje, o quarto poder. E, não mais, a imprensa.
Ou não só a imprensa. Eu sei que a imprensa alimenta esse caldeirão que é a internet.
Apesar de todo o governismo de alguns órgãos de imprensa, eu reconheço o protagonismo de certos jornalistas e de certos veículos.
Só que a internet *potencializa*. A tal da "inteligência coletiva" realiza proezas que nenhum órgão de imprensa, sozinho, seria capaz de fazer.
O Mino Carta, que hoje está do lado negro da força, tinha como mandamentos (na sua conduta como jornalista):
Fidelidade canina aos fatos. Espírito crítico. E fiscalização do poder.
São belos princípios - que ele, hoje, não aplica... Mas que a internet aplica!
Não é sonho, nem utopia, porque disso o Brasil está cheio - mas eu espero, sinceramente, que a internet continue:
Sendo fiel aos fatos. Cultivando o espírito crítico. E, sobretudo, fiscalizando o poder.
Qualquer poder.
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Postado por Julio Daio Borges
16/9/2015 às 09h48
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As pessoas estão revoltadas
Não sei se é a minha impressão, mas estou vendo a temperatura aumentar nas redes sociais. Mesmo com a perspectiva, cada vez mais iminente, de que o governo saia.
As pessoas estão, cada vez mais, sem paciência - e começam a descontar nos comentários e em cima de qualquer notícia, mesmo que boa.
Acho que as pessoas chegaram a um grau de inconformismo que o impeachment, só, não basta. Elas querem mais.
Eu entendo o sentimento. São tantos erros, são tantas notícias ruins, que a única saída parece ser: jogar tudo fora. "Passar tudo a limpo". Começar tudo "do zero". Ou algo assim.
Mas é difícil. Ainda mais em política.
Uma coisa que eu aprendi, acompanhando as notícias desde o ano passado, é que a impaciência não funciona. A não ser em regimes de exceção.
Eu sei que muitos gostariam de derrubar a Bastilha (ou Brasília), mas não é assim que as coisas funcionam - não, no Brasil.
E nem é preciso acompanhar política contemporânea, o dia a dia das notícias...
Apesar da tradição autoritária, de que o professor Marco Antonio Villa sempre lembra, e que permeou tantos regimes na História do Brasil, aqui foi o país em que a Independência foi nada mais, nada menos que... uma briga em família, entre pai e filho...
O mesmo pai que - na hora em que as coisas apertaram na Europa, com Napoleão fechando o cerco - veio "fugido" para o Brasil, e instalou a Corte aqui. E abriu os portos. Como se fosse um grande plano estratégico - mas não era...
O mesmo bisavô de uma princesa, que concedeu a libertação aos escravos... Onde já se viu "realeza" acabar com "privilégios"? Voluntariamente? Em que outro país você viu isso?
No mesmo Brasil onde, entre os que proclamaram a República, havia *monarquistas*... Onde o próprio Imperador abriu o caminho - porque era um homem de ideias, "avançado" para sua época, e estava se sentindo "fora de moda"...
Enfim, são só alguns exemplos, para lembrar que o País é cheio de contradições, desde a sua origem. "Não é um país sério", como naquela piada. E não vai obedecer à lógica - justo agora...
O impeachment já será um grande passo. Acreditem.
Se a Lava Jato chegar nos "chefes" do Mensalão e do Petrolão - como eu acho que já chegou - já terá sido outro grande passo. Basta pensar que nenhum presidente ou ex-presidente, no Brasil, foi investigado de fato...
O PT não precisa ter seu registro cassado. Já foi considerado uma "organização criminosa". Como sigla, está acabado. As eleições de 2016 vão mostrar... Cassação seria o ideal, mas ele já está "implodindo" sozinho...
Depois, não adianta querer tentar prender todos os outros políticos - de todos os outros partidos - "por decreto". As investigações vão continuar. As coisas vão continuar a acontecer. Eu não acho que o juiz Sérgio Moro vai se aposentar...
Eu sei, há toda a bagunça na economia: a inflação, o desemprego, a desvalorização do Real, o déficit, a "quebradeira", pública e privada - e alguém tem de pagar por isso...
Mas vale relembrar a primeira lição de Bill Gates - sim, Bill Gates - quando foi dar uma aula numa escola, nos Estados Unidos:
Primeira lição (repetindo): "A vida não é justa".
A vida *não é* justa. Escrevam isso na lousa. Anotem em seu espelho. Prendam um post-it...
E lidem com isso. Em outras palavras, conformem-se.
Se começarmos a arrumar a bagunça do Brasil, já será... um grande começo!
Não vamos resolver todos os problemas num passe de mágica. (Aliás, temos de fugir dos "magos" e das "magas"...)
Vamos nos focar no impeachment. O resto vem depois...
(E, por favor, não me xinguem...!)
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Postado por Julio Daio Borges
14/9/2015 às 10h12
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A Queda
Ontem assisti a "A Queda", filme de 2004, sobre os últimos dias de Hitler.
Como todo mundo sabe, Berlim estava sendo invadida pelo exército russo, enquanto continuava bombardeada pelos Aliados, mas Hitler insistia.
No final, não sobravam soldados e o Führer apelava para crianças, que tentavam conter os tanques russos, com pequenas bazucas. (Imagine a cena.)
Algumas reações de Hitler à derrota, que se instalava:
Primeiro, ele se dizia "traído". Cada um que decide abandonar o bunker, sem a sua autorização, é considerado traidor. A alguns, ele manda fuzilar (e consegue).
Depois, ele diz que suas ordens não foram cumpridas à risca. Se tivessem sido, a Alemanha teria vencido a guerra, e não o contrário.
Por último, além de desqualificar seus subordinados - e o exército como um todo -, ele conclui que o povo alemão é que não é digno de si (digno dele, Hitler).
São antológicas as suas explosões, no filme. São o grande momento do ator que encarna Hitler.
O Führer, obviamente, não admitia ser contestado. E nunca havia errado, naturalmente.
Numa determinada cena, os subordinados começam a discutir entre si. Quem vai informar o Führer da situação? Quem vai lhe contar toda a verdade? Quem, afinal de contas, vai suportar sua cólera diante dos fatos?
Mas os delírios não cessam. Hitler, volta e meia, ainda sonha com a vitória. Imagina exércitos (escondidos) que virão em seu resgate.
Dentro de uma câmara hermeticamente fechada - que não lhe permite ver o que se passa no mundo exterior -, refugia-se em mapas e traça planos para o Terceiro Reich...
São constantes os apelos para que abandone Berlim. Mas ele sempre se recusa. Na imagem de Albert Speer - o arquiteto do Reich -, "quando o pano descer, o Führer tem de estar no palco".
Também são constantes os apelos para que, ao menos, poupe a população civil. Hitler responde, entre outras coisas, que, se a Alemanha perdeu a guerra, seu povo não merece sobreviver.
"Os melhores já se foram", Hitler pondera. "Só restaram os fracos". E encerrando o assunto: "Eliminei a compaixão da minha vida há muito tempo. Não vou derramar sequer uma lágrima".
Num dado momento, alguém apela para a simples lógica: "Mein Führer, mas você é o *líder* deles!?"
Ao que Goebbels, mais pra frente, responde: "Ninguém obrigou o povo alemão a nada". (Como se dissesse: "A culpa não é nossa".)
E conclui: "Eles nos deram mandato. Nós o estamos exercendo".
Goebbels assume como chanceler, quando Hitler se suicida (junto com Eva Braun e sua cachorra, Blondi).
E uma das sequências mais impressionantes de "A Queda" é quando a senhora Goebbels envenena, pessoalmente, cada um dos seis filhos do casal. Todos crianças.
A justificativa da mãe, para o ato: "Eles não merecem viver num mundo onde não haverá mais o Nacional Socialismo".
"O nosso ideal morreu", a senhora Goebbels escreve numa carta. E termina executada pelo próprio marido (que, igualmente, se mata)...
Vale lembrar que a Europa quase acabou naqueles dias.
Mas o mundo sobreviveu, ao menos, para contar essa história.
"A Queda" é um filme muito elucidativo...
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Postado por Julio Daio Borges
12/9/2015 às 11h38
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Façam suas apostas
Tem para todos os gostos:
Dilma está mesmo caindo ou vai prevalecer o "acordão"?
Michel Temer foi mesmo para o lado do impeachment ou, daqui a pouco, ele aparece pedindo desculpas pelo que falou?
Levy está saindo ou não está mais e os empresários, do acordão, convenceram ele a ficar?
O governo vai corrigir o déficit do orçamento ou não dá mais para cortar e vai aumentar os impostos?
Levy vai cortar gastos, com a ajuda dos empresários do acordão, ou a Constituição de 1988 não vai deixar?
A oposição lançou um movimento de impeachment no Congresso ou vai esperar o PMDB se decidir na convenção de 15 de Novembro?
Lula vai sair em campanha para 2018 ou ainda quer salvar o PT sugerindo uma autocrítica?
A Lava Jato vai continuar prendendo até chegar no "capo di tutti i capi" ou o Supremo vai anular a operação?
O TSE vai conseguir apontar as irregularidades na campanha de Dilma ou Janot vai continuar se recusando a investigar?
O TCU vai rejeitar as contas de 2014 no dia 11 de Setembro ou vai conceder ainda mais prazo?
A verdade é que tudo pode acontecer e nada pode acontecer.
Infelizmente, a maioria faz como naquela frase de Getulio Vargas: "deixar como está, pra ver como é que fica".
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Postado por Julio Daio Borges
5/9/2015 às 12h28
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O que mais falta acontecer?
Este governo me faz lembrar dos tempos em que eu trabalhava na controladoria, no banco ABN Real.
Agora, no meio do segundo semestre, era época de orçamento - e todas as áreas, do banco, tinham de apresentar o seu.
Na controladoria, a gente "consolidava" os números das diversas áreas - até chegar ao orçamento do banco como um todo. Não só do banco no Brasil, mas do banco na América Latina.
Outra função da controladoria era confrontar esses números - principalmente os das áreas de negócios - com a contabilidade. Em outras palavras, com a realidade.
No banco, não existia a hipótese de uma área não entregar seu orçamento - como o governo fez agora. Imagina um gestor - em qualquer empresa - chegar para seu superior direto com um orçamento pela metade?
"Olha, eu calculei todas as despesas. Mas, quanto às receitas, eu não sei o que fazer... As contas não fecham!"
Era obrigação de cada área de negócio - e deve ser assim em qualquer empresa - ter um plano para gerar receitas. E não só receitas para *cobrir* as despesas - mas receitas para *ter lucro*. No caso do governo, para gerar "superávit". E, no caso do governo brasileiro, para diminuir a relação dívida/PIB.
Infelizmente temos um governo - mais precisamente, uma equipe - que, apesar de um primeiro mandato inteiro, não aprendeu a fazer orçamento. E, mesmo que aprenda, isso vai ter um custo enorme para o País. (Não dá mais tempo.)
Uma gente que passou os últimos anos na Ilha da Fantasia, maquiando resultados, tirando receitas extraordinárias da cartola, pegando "emprestado" de onde não devia - e jogando a conta sempre mais pra frente (as famosas "pedaladas fiscais").
Só que - um dia - chega a hora de pagar. E esse dia chegou. Foi ontem.
Quer dizer: este governo já vem atrasando pagamentos - ou até deixando de pagar - com uma certa frequência. Ontem foi o dia de, finalmente, reconhecer: "As contas de 2016 são essas - e não temos dinheiro suficiente".
E agora?
O governo ainda tentou um último movimento - completamente desarticulado -, a recriação da CPMF (com outro nome).
Mas nem teve como disfarçar que estava passando a conta - dos seus erros - para a sociedade brasileira. E a sociedade, claro, não aceitou. E o governo - à beira do abismo, por tantos outros motivos - voltou atrás.
Como não dava mais tempo - como o prazo era ontem - o governo resolveu apresentar o orçamento "assim mesmo". Sem ter fechado a conta.
Ao contrário do que disseram - e o vice-presidente estava entre eles - não foi um gesto de maturidade reconhecer o rombo e apresentar um orçamento "realista".
Foi apenas o reconhecimento da própria incompetência. Eles não sabem mais o que fazer. E não há mais tempo...
"Tudo bem. Manda desse jeito. Na hora a gente vê..."
Quando isso acontece dentro de uma empresa ou organização, é a demonstração, mais eloquente, de que o gestor não sabe... como *gerir* - como administrar - o que está sob sua responsabilidade.
Se for um pequeno gestor, de uma área pequena, talvez ainda reste alguma chance de ele aprender... Contando com a enorme compreensão da alta gerência...
Mas e se for um diretor de empresa? E se for um *presidente*? O que vocês acham que deveria acontecer com ele?
E se for a *presidente do Brasil*? O que vocês acham que deveria acontecer?
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Postado por Julio Daio Borges
1/9/2015 às 09h06
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Por que o Lula Inflado incomoda tanto
Em primeiro lugar, eu gostaria de dar os parabéns ao "artista desconhecido" que desenhou esse boneco.
O Lula Inflado não é nenhuma obra de arte, mas, para o que se propõe, é perfeito. Contém os principais elementos: provoca o reconhecimento imediato do ex-presidente; associa-o, indubitavelmente, aos escândalos de corrupção (revelados pela Lava Jato); e é uma demonstração, inequívoca, dos anseios dos manifestantes.
Porque, até então, o governo insistia na ideia de que as manifestações "não tinham foco", para tentar desqualificá-las. Como se dissessem: "esses manifestantes não sabem o que querem" - então devem ser ignorados.
E pegar alguns lunáticos no meio de uma manifestação qualquer, fazia parte da estratégia para ridicularizá-la. Como se dissessem: "Só tem gente esquisita contra o governo - eles não merecem respeito". (E parte da mídia, e alguns "jornalistas", trabalharam sistematicamente para fixar essa imagem...)
Só que, com o Lula Inflado, não tem como dizer que "não há foco", por exemplo. Os manifestantes representam Lula com uniforme de presidiário - portanto, querem ele preso!
Fora que não dá mais para dizer que é o desejo reprimido de "nostálgicos da ditadura"... O Lula Inflado surgiu no seio do povo, foi acolhido pelas massas e teve sua consagração nas redes...
Se antes o governo podia dizer que os manifestantes não queriam necessariamente a sua saída, não eram necessariamente contra o PT e não inviabilizavam, obrigatoriamente, um retorno do partido - e do ex-presidente -, agora isso não é mais possível!
O Lula Inflado tem o "13" estampado no peito. O Lula Inflado mostra que os manifestantes associam, sim, a corrupção ao governo (e ao PT). E o Lula Inflado mata qualquer esperança do "Volta, Lula". Se tem um lugar onde os entusiastas do Lula Inflado querem o ex-presidente... é na cadeia! Fora do convívio da sociedade e, não, ditando os rumos dela...
Mas acho que o que mais incomoda Dilma, Lula e os petistas todos é a imagem que se consolida *fora* do Brasil. Porque todas essas ditaduras - "bolivarianas" - vivem de abafar os protestos, de perseguir os opositores e de forjar uma imagem de "normalidade" - como tantas outras antes delas...
E o governo, e o PT e seus militantes achavam que poderiam fazer o mesmo. Por mais que houvesse gente na rua, por mais que houvesse gritos de "Fora, Dilma", por mais que as manifestações se repetissem, o governo poderia tentar contar sua versão:
"Ah, são uns malucos. Ah, não sabem o que querem. Ah, só querem fazer Carnaval fora de época. Ah, não são significativos. Ah, não representam os reais anseios da população. Ah, podemos fingir que eles não existem - e podemos continuar tocando a nossa vida...!"
Com o Lula Inflado, acabou tudo isso. Os manifestantes sabem *muito bem* de quem é a culpa - de qual partido, de qual governo e de qual governante. E os manifestantes não aceitam menos do que o encarceramento do ex-presidente. Para quem tem alguma dúvida, eis o que significa o "171" (igualmente estampado no peito do boneco, ao lado do "13"):
"Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento." (Artigo 171, do nosso Código Penal.)
O Lula Inflado brilha como a luz do dia. Furá-lo, como a um balão, não vai "resolver" o problema. Outros bonecos vão surgir. Outros políticos podem surgir - em forma de boneco... O Movimento Brasil Livre - responsável pela confecção do Lula Inflado - promete uma "surpresa" para o dia 7 de Setembro...
E o problema não é mais o boneco! Mesmo que ele fosse destruído; mesmo que ele fosse "interditado"; mesmo que seus registros desaparecessem (o que, depois da internet, é impossível)... Mesmo assim, não importaria.
O que importa não é o boneco, em si. O que importa é o que ele representa! O Lula Inflado é só um símbolo...
E os petistas podem até destruir esse símbolo. Mas nunca o que ele simboliza...
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Postado por Julio Daio Borges
30/8/2015 às 11h35
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Duas crises: a nossa e a deles
Crise, quem já não teve a sua?
A externa, que vem de fora para dentro. E a interna, que vem de dentro para fora. Sendo que uma crise externa pode precipitar, exacerbar ou desnudar uma crise interna.
Para resolver uma crise, primeiro é preciso reconhecê-la. Depois, é preciso saber onde se quer chegar. E, em terceiro, é preciso executar o plano até lá.
Infelizmente, a nossa presidente não deu nem o primeiro passo direito.
Dilma não reconheceu a crise em toda a sua extensão. Por enquanto, apenas reconheceu que "não percebeu" a crise, ou a sua gravidade, há um ano. Não é suficiente para começar o processo...
Se quisesse mesmo resolver, Dilma procuraria saber o que está acontecendo de verdade. E ela não quer saber. Como é notório, evita as notícias "diuturna e noturnamente". E só é informada por um grupo que também não sabe como resolver.
Entre seus "homens de confiança" está Aloízio Mercadante, o "economista" do PT que disse, em 1994, que o Plano Real não daria certo. Como alguém capaz de uma avaliação tão equivocada, lá atrás, pode contribuir para um ajuste econômico neste momento?
Além de não terem como avaliar o que está acontecendo, essa gente não sabe onde quer chegar. Não tem um plano para o País. Seu único "plano" é se manter no poder. O único plano do governo Dilma, como já se disse, é "não cair".
E mesmo que tivessem um plano, para o Brasil, eles não saberiam como implementar. Além de ruins em planejamento, eles são ruins de execução. E, mais uma vez, péssimos em avaliação.
Não acredito, para completar, que tenha sido uma jogada de marketing "admitir" a crise agora. Ocorre que surge uma crise externa, de verdade, no horizonte. E não daria mais para mentir sobre o cenário externo: afirmando que a crise interna é resultado da crise externa... de 2008!
Dilma não é nada sincera. Nem honesta. Mentiu deslavadamente na campanha - e vai continuar mentindo, ou omitindo, o quanto puder. (Como FHC pode achar uma pessoa assim "honrada", eu não sei.)
Na melhor tradição bolivariana - o "socialismo do século XXI" -, este governo vai negar a realidade até o final. Basta olhar em volta. Inúmeros são os vídeos, na internet, sobre a situação na Venezuela. Falta comida, o dinheiro virou guardanapo de papel, a oposição é calada à força - mas o governo da Venezuela diz que está "tudo bem"...
Na Argentina, o promotor que investigava Cristina Kirchner foi "suicidado" (seria algo como "suicidar" o juiz Sérgio Moro). E na Bolívia, o presidente não consegue nem amarrar os próprios sapatos (mas ameaça invadir o Brasil com o seu pessoal)...
Esperar que essas pessoas reconheçam seus próprios erros? Voltem atrás? Corrijam sua rota? Alguém, realmente, espera isso deles?
Não à toa, Elio Gaspari evocou, recentemente, o bunker de Hitler. (Se fosse outro jornalista, seria, no mínimo, acusado de nazista...)
O fato é que Hitler negou a realidade enquanto pôde. E só quando os russos invadiram Berlim, e a segurança do bunker estava ameaçada, resolveu meter uma bala na cabeça. Não sem antes envenenar seu cachorro e sua amante, Eva Braun.
Chegamos a um ponto da nossa democracia em que evocar Hitler, e sua loucura que destruiu a Alemanha, não é exagero. Um dos maiores jornalistas do País faz isso, num dos maiores jornais, à luz do dia...
Crise, para essa gente, é perder o poder. E eles preferem *morrer* a perder o poder.
Para a nossa desgraça, contudo, vão lutar por ele. E teremos de estar preparados para combatê-los...
Para ir além
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Postado por Julio Daio Borges
27/8/2015 às 10h28
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