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Quinta-feira, 11/2/2016
Blog de Marco Garcia
Marco Garcia
 
Para que serve um violino?

Um artigo pela manhã me incomodou. Ousado, o texto me chicoteou com "jogue fora uma coisa por dia e sinta-se melhor”.

Percorrendo os parágrafos, as frases estavam lá com o intuito de modificar a realidade de 9 em cada 10 pessoas atualmente: o acúmulo de itens supérfluos.

Lendo, veio a negação (no filme ‘Antes de partir’, Jack Nicholson afirma que a negação é o primeiro sintoma de um potencial suicida. Negar apenas mascara o ato já decidido).

O que este autor matinal sabe da minha vida? Nunca acumulei nada (frustrações não contam), nem espaço para tal desfrute tenho, reclamei.

Outro dia ouvi o diretor da ONG Akatu, instituição que combate – dentre tantas coisas – o consumo desenfreado, dizer que iniciou no ativismo minimalista ao se deparar com um violino em cima do armário. Instrumento clássico adquirido não sabe onde, por quê e por quanto.

“O dom de tocar não tenho”, dizia ele, “desconheço quem o faça, então qual a razão para ocupar um minúsculo cômodo com algo tão irrelevante? Apenas para fim decorativo?”.

Se desfazer dos eteceteras da vida requer habilidade. Difícil fugir do exercício ‘bem me quer, mal me quer’. O que acaba por priorizar coisas com base no sentimentalismo e recordações.

O ideal é fechar os olhos e apontar. Ou então repetir o gesto circular do capitão Nascimento antes de subir o morro. Corre-se risco menor.

Feito o solilóquio, relato que fechei os olhos e apontei para os ‘meus violinos’. Acertei em coisas do arco da velha.

Numa tacada só saíram a coleção de copos da Coca-Cola, álbum de figurinhas da Copa de 98 (incompleto, faltaram Zidane, Taffarel e Barthez); carregadores de celulares que nem existem mais e canetas que não funcionam.

Usando uma expressão cearense, "rebolei" ainda controles remotos sem TV; capas de CD’s vazias e a edição da Folha de S.Paulo de 12 de setembro de 2001, já com o Bin Laden como autor do ataque às Torres Gêmeas.

Pulei os livros, ainda não mergulhei na insanidade, mas não pude deixar de chutar dois:

'Manifesto do nada na terra do nunca' de, pasmem, Lobão, sim, o cantor (queria saber quando esse entorpecente entrou em casa e pelas mãos de quem), e ‘Alimentação de A a Z', um tijolo de quase 600 páginas que prometia salvar a minha vida com folhas, frutas e sucos, um engodo só. Vá de retro.

Prometo retomar essa terapia.

*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.

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Postado por Marco Garcia
11/2/2016 às 09h48

 
Quimeras

Dormiu por horas, dias e anos... Um dia acordou. Ainda sonolento e muito confuso...

Deu bom dia. Andou nas ruas. Pegou um táxi. Comeu pastel na feira. Soltou pipa. Ouviu blues. Leu Mário Bortolotto. Assoviou Filosofia de Noel Rosa. Gargalhou com Tiririca. Leu Patativa do Assaré. Celebrou Zé Ramalho e seu Avôhai. Tentou tocar sanfona. Chorou com o rap de Sabotage.

Deu milho aos pombos. Atravessou rio de balsa. Chamou Roberto Carlos de rei. Conspirou com Planet Hemp. Visitou a Taubaté de Mazzaropi. Perdeu dinheiro no bicho. Estourou plástico bolha. Leu o mineirinho de Lispector. Se desculpou com um indígena.

Comprou doces no Largo do Arouche. Cantarolou Halo de Beyonce. Votou em branco. Citou versos de Edi Rock. Criticou o pai de Kafka. Visitou a feira de Caruaru. Procurou Padre Cícero em Juazeiro. Estendeu roupa no varal. Pegou carona para o interior.

Foi na padaria. Assistiu Miguel Falabella. Sentiu o som do baixo de Champignon. Tentou outra religião. Trabalhou no buffet de Criolo. Experimentou siriguela. Dormiu em rede. Botou o CD do Jorge Ben. Baixou aquela do Seu Jorge. Cantou Que Beleza de Tim Maia.

Descobriu a literatura marginal de Ferréz. Borbulhou de amor com Fagner. Fez seu próprio café. Reviu fotografias. Escreveu e enviou cartas. Leu escritores russos. Lutou pela Palestina. Foi ao cinema. Fez tatuagem. Dançou ritmos desconhecidos.

Acenou para porteiros. Ouviu rádio AM. Se embriagou. Fritou ovos. Visitou cemitérios. Contou segredo. Acampou. Comeu pão com carne moída. Assistiu Tarantino. Jogou pedra na Geni. Deu esmolas. Visitou o açude do Cedro. Cruzou a Ipiranga com a São João. Levou drible do Messi.

Tocou tamborim. Leu Machado de Assis misturado com Jack Kerouac. Pegou filas. Comprou temperos. Bebeu destilados. Admirou a chuva. Torceu para o paraquedas abrir. Debateu a camada de ozônio. Jogou bola na rua.

Cansado, deitou e dormiu novamente...

*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.

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Postado por Marco Garcia
4/2/2016 às 13h44

 
Cegueira

por Angela Veloso*

Recentemente o cenário musical perdeu mais um dos seus grandes ícones. A morte do cantor inglês, David Bowie, abalou os fãs e até mesmo aqueles que mal conheciam sua trajetória musical.

Confesso que não era sua fã e muitas vezes não associei sua música ao seu nome, mas conhecia e até cantarolava algumas delas, por total influência de uma amiga que é sua profunda admiradora.

Fato é que a morte de Bowie e as inúmeras notícias publicadas sobre o assunto, em todos os veículos de comunicação, me levaram a conhecer sua última canção, apresentada em um videoclipe semanas antes de sua morte, o que muitos apontaram como uma despedida em vida.

A canção que encerra sua carreira chama-se Lazarus, uma menção ao personagem bíblico Lázaro, segundo a Bíblia, um homem que estava morto e foi ressuscitado por Jesus depois de quatro dias de sua morte.

O clipe é angustiante, o músico está em um quarto sombrio, preso numa cama. Seus olhos estão vendados com uma faixa de curativos e demarcados por círculos negros. A cena é de um sofrimento que nos prende a respiração e me fez pensar durante dias a respeito da dor que cada um de nós esconde sob nossas frágeis ataduras e sobre a cegueira que nos abate e imobiliza.

Sentimento igual tive apenas em outras duas oportunidades. Há algum tempo li um livro de José Saramago “Ensaio sobre a cegueira”, que relata a história de uma cidade tomada por uma doença que contamina todos os moradores levando-os à cegueira total, porém, apenas um deles continua a enxergar.

Sofreram muito os que estavam cegos, porém sofria mais ainda aquele que continuou ver o que acontecia ao seu redor: a miséria humana que impregnou aquele lugar, levando as pessoas a um comportamento quase que animal. O ver quando ninguém mais o podia fazer era o tormento diário do personagem de Saramago.

Tão sombria e assustadora quanto a cegueira descrita por Saramago era também a da personagem do filme de Lars Von Trier “Dançando no Escuro”. Selma, interpretada por Bjork, sofria de uma doença hereditária que a fez perder a visão, mesmo destino que teria seu filho caso não fosse submetido à uma cirurgia.

A busca da personagem pela cura para o filho e os desdobramentos dessa história denunciaram uma cegueira, não a da personagem, mas uma cegueira social, daqueles que a julgaram e a condenaram levando-a à morte.

E é aí que Saramago, Bowie e Von Trier se entrelaçam e me faz pensar na cegueira de cada um de nós. Quando não estamos enxergando além das nossas próprias feridas, quando deixamos de enxergar pelos olhos do outro, quando perdemos a visão de nós mesmos.

Quando não agimos diante do que acreditamos tornamo-nos Bowie na cama de um hospital, provavelmente instalado na cidade descrita por Saramago e nos deixamos julgar pelo mesmo júri que sentenciou a morte de Selma.

Em dado momento de sua música David Bowie desabafa: “Tenho cicatrizes que não podem ser vistas” e José Saramago nos arrebata: “Só num mundo de cegos as coisas serão o que verdadeiramente são”, porém é e a personagem de Lars Von Trier que no auge de seu sofrimento nos comove de maneira esperançosa: "They say it's the last song; They don't know us, you see; It's only the last song; If we let it be" (em português, Eles dizem que essa é a última canção, eles não nos conhecem, sabe. É apenas a última canção, se deixarmos que seja”.

O desejo de hoje é que a cegueira não nos contamine e que tenhamos tempo para mais uma canção.

*Texto gentilmente cedido pela autora. Angela Veloso é jornalista, mora em São Paulo.

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Postado por Marco Garcia
27/1/2016 às 22h27

 
Fortaleza e suas pedras no caminho

Falar sobre o crack. Estar disposto a abrir o leque de dependências, abstinências, neuroses, perdas, doenças e outro punhado de nuances que conferem uma espinha dorsal a uma das drogas mais letais que existem.

Descrever sua trágica história pelo viés de quem padece com tamanha agressividade física e mental: os usuários. Traçar diretrizes do caminho até a pedra. O que permeou o conjunto de coisas para atingir esse cenário do caos.

Desvendar o nefasto enredo – sem equivalência moral – ao qual submetem o cotidiano. Visitar as paranoias, fissuras e impactos. A dor brutal da família. A luta sem fim para sair desse corredor da morte invisível, obstáculo quase sempre inescapável.

Isso tudo sem apontar os culpados e nem querer ser o solucionador de problemas. Mas, também, longe de entregar a alma à teoria, trazendo ao debate doses reais desse submundo, as fraturas raciais e sociais de uma cidade como Fortaleza, que todos sabem que existem, mas se esquivam de ultrapassar tal fronteira.

Essa é a proposta do livro ‘Selva de Pedra – a Fortaleza Noiada’, de José Pereira Lima, o Preto Zezé, presidente da Cufa Global, lançado em 2013.

Inspirada no livro ‘Cabeça de Porco’, escrito por Celso Athayde e MV Bill (recorte do documentário ‘Falcão Meninos do Tráfico’) e sobreposta ao discurso político rasteiro, a obra estapeia a face da sociedade e do poder público com depoimentos chocantes de pessoas que chegaram ao fundo do poço por meio do perpétuo movimento entre a lata, o cachimbo e muitas “pauladas”.

Suicídio

Sob uma narrativa sucinta, de fácil leitura, o autor dá voz aos que sofrem, ou sofreram, com o terrível vício da pedra. Expõe o estado de desumanização dos personagens que, diante de uma situação extrema, o suicídio surge como a única saída que encontram para dar cabo ao sofrimento de anos, delineado pelo crack.

‘Selva de Pedra’ apresenta a democracia do vício. A pedra não faz distinção, não escolhe seus adoradores. Eles saem do asfalto de bairros chiques e das ruas de terras de comunidades fora do alcance da vista do Estado. Este é um assunto sem rivalidade.

São jovens, adultos, homens, mulheres, casados, solteiros, com filhos, sem filhos, empresários, sem teto, católicos, evangélicos, umbandistas, ateus, budistas – todos envoltos numa sistêmica redoma da seita chamada crack.

Chegar à última página deixa a sensação de proximidade com os envolvidos. Tanto com quem passou dias sem dormir e arriscou a vida para se embrenhar em ambientes nervosos e alucinantes, em que o grito “a casa caiu” era a senha para correr, fugir sem olhar para trás – quanto dos dependentes e suas inaudíveis angústias.

Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.

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Postado por Marco Garcia
21/1/2016 às 22h41

 
Benção, mãe

Numa sonolência profunda ouço vozes
Muito longe, desconexas
Identifico uma fala
É a minha mãe
Que sono, me deixa dormir
Estou com dificuldade para respirar
Minha camisa tá me sufocando
Tem uma mão forte me puxando
Que sono, me deixa dormir
Estou sendo arrastado
Daqui, consigo ver uma mão e uma arma
O que está acontecendo?
Meus calcanhares já se esfolaram no chão duro do corredor
Cuidado, minha cabeça vai bater no portão
Ouço vozes
Agora, mais desesperadas
É minha mãe
Sinto um puxão no braço esquerdo
Vejo ela cair com um empurrão
Estou na rua
Conheço as casas
Vejo o tuti, cachorro do dono do bar
Veio até mim
Latiu, latiu
Foi enxotado
Já estamos no meio da rua
Olho pra cima, tento me soltar
Estou com sono, me deixa dormir
Vejo a figura do homem que me arrasta, encapuzado
Reparo no buraco do revólver
Está mais perto do meu rosto
Ai, que dor no olho
Tô sangrando
Por quê?
Sinto agora um desconforto no pescoço
Meu peito arde
Sinto o sangue escorrer
A mão que me segurava me soltou
Bati minha cabeça no chão
De rosto no cascalho
Consigo sentir um afago na nuca
Mãe?
Pega minha coberta, tô com frio
Minha sonolência aumentou
É como se eu tivesse tomado remédio
Desses que relaxam os músculos
Sinto meu corpo inteiro ficando inerte
Tento falar, não consigo
Meus olhos querem fechar
Vejo a luz do poste perdendo o brilho
O rosto da minha mãe é apenas um borrão agora
A sensação de dormência é até confortável
Tá ficando escuro
Minha respiração tá difícil
Não tem jeito
Vou dormir de novo
Mas por que eu tô sangrando?
Quem é esse homem que me arrastou?
Mãe, não briga comigo
Mas quero dormir aqui
Essa poça de sangue tá tão quentinha
A luz se apagou
Mãe, a senhora me acorda às sete?
Benção, mãe

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Postado por Marco Garcia
9/12/2015 às 10h33

 
Melhores três minutos de Moacyr Franco

Após um inexplicável intervalo de quase três anos, assisti pela segunda vez o filme "O palhaço", essa espetacular e impactante narrativa que Selton Mello levou às telonas em parceria com Marcelo Vindicatto, em 2011. A pretensa inocência da trama seguiu me cativando.

O que me arrebatou, novamente, foi a minúscula - quase mística - cena, talvez, sem muita importância para o roteiro, mas bem fundamentada, protagonizada pelo delegado Justo, vivido de maneira sensacional por Moacyr Franco.

Lá pelas tantas, Benjamim e cinco profissionais do circo, após uma apresentação no vilarejo chamado Montes Claros, se dirigem a um boteco local para uma merecedora desintoxicação cênica, regada a generosos goles de cachaça e partidas de sinuca.

O dono do bar, de espreita, ouve uma conversa sobre o ato de "enterrar o morto", que se traduzia em fincar estacas em terrenos arenosos a fim de dar maior sustentação à lona do circo. Desconfiado de que estaria diante de uma quadrilha de homicidas, o homem resolve ligar para a polícia.

A cena é cortada para o interior de uma delegacia, na qual o desengonçado sexteto encontra-se olho a olho com o representante da Lei.

Daí em diante, desenrola-se uma passagem com pouco mais de três minutos de duração, sob um diálogo antológico em formato de interrogatório por parte do delegado.

A curta, simples e densa participação de Franco proporcionou uma intensidade ao filme e revelou sua vasta capacidade de interpretação, ao costurar entrecortes trágicos de uma brasilidade que ainda hoje permeia o modus-operandi de alguns espaços públicos - que têm o vezo de contaminar o cotidiano de cidades nos rincões do país -, no caso, o suborno.

O teor do diálogo é inteligente e instigante, pelo fato de ser extremamente cínico. Deixando transparecer uma contrariedade por estar ali naquele momento, interrogando-os (alegando que deixara uma reunião de 'queijos e vinhos', por ocasião do aniversário da mulher e, principalmente, por ter deixado o seu gato Lincoln sozinho em casa, ainda convalescendo de uma cirurgia que retirara do estômago felino uma bola de pelo), o delegado busca a todo custo desvendar o mistério do defunto que aquele estranho grupo, em algum lugar, havia enterrado. Ao saber que tudo não passou de uma má interpretação de significados, o delegado encara os presos e indaga: "E como é que fica o tempo que vocês me privaram da companhia do Lincoln?".

O que se segue é um tal de 'coçar' os bolsos para juntar uns trocados, montante com o qual a fiança seria paga. Quando o escolhido para efetuar o pagamento se levanta e vai em direção à mesa, Justo - precavido -, antes de receber o dinheiro, olha para o lado e sussurra para um invisível ajudante: "Nicodemos, fecha a porta".

"O palhaço", cuja ideia nasceu de uma crise existencial vivida por Selton em 2009, acabou não concorrendo ao Oscar. Proporções guardadas, Moacyr correria sério risco de se igualar a Beatrice Straight - que levou a estatueta de 'Melhor atriz coadjuvante', em 1976, após aparecer em cena por apenas 5 minutos e 40 segundos no filme Network.

Porém, com mérito, o ator foi reconhecido no Festival de Cinema de Paulínia e recebeu o Troféu Menina de Ouro nessa mesma categoria.

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Postado por Marco Garcia
6/11/2015 às 09h24

 
Intervenção, como pedir o que já existe

Em um dos morros da cidade do Rio de Janeiro mora Geraldo, 34 anos, de cor parda, casado, três filhos. Duas casas mais à direita, reside Celso, 16 anos, negro, mamorando, sem filhos. Por coincidência, ambos saíram de suas residências ao mesmo tempo, naquele início de manhã de domingo, em agosto de 2015.

- Coé, Celso, na paz? - Geraldo cumprimenta o vizinho, filho de um de seus parceiros de sinuca no bar do seu Arlindo, que fica na esquina da Rua Getúlio Vargas.

- Tudo certo, Geraldão - respondeu ainda sonolento, tentando adivinhar o que o colega de bairro levava, todo santo dia, naquela mochila azul. E que chaveiro estranho, parece um passarinho, um galo, sabe-se lá. Não sabia o nome, mas de uns tempos para cá a figura daquele bicho surgira em cartazes e muros da comunidade. Tem um bico enorme e curvado.

Geraldo desceu o morro para esperar a bendita carona que o levaria ao trabalho; Celso dobrou na primeira viela, à esquerda, em direção à padaria onde marcara com os amigos, na noite anterior. Avistou apenas dois.

- Salve, rapaziada. O dia promete. Lelé, trouxe as ferramentas?

- Missão dada é missão cumprida, Celso. Já é, 'tá' tudo aqui.

- E tu, Félix, conseguiu tirar da cabeça da Belinha de nos acompanhar? Nosso rolê hoje vai ser pesado, a chapa é quente.

- Ela ficou desconfiada, Celsinho, mas depois aceitou. Também, dei 20 paus para ela arrumar o cabelo na Judite - disse Félix, com semblante de menino esperto.

- Fez bem. Caralh... Cadê a porra dos outros muleques? Os caras não têm disciplina, nunca chegam na hora marcada - reclamou um chateado Celso, depois de chutar uma lata vazia de cerveja, esquecida por um transeunte qualquer.

- Dá um dez, brou. Eles já chegam - minimizou Félix.

Dez minutos depois do esporro, o bonde de 20 garotos, faixa etária entre 14 e 17 anos, também desceu o morro e pegou o circular, seguindo para a Zona Sul.

- Puta ônibus zuado, 'mó' carroça. E 'tá' parecendo uma sauna. Ê condutor, dá para ir mais rápido não? - reclamou Celso, bolado e já impaciente.

- Ei, estou fazendo o favor de levar vocês no "meu ônibus". Fica de boa. Além disso, não dá para correr, tem uma blitz logo à frente - respondeu, bravo, o motorista, que desde às 4 da madrugada batia lata nas ruas.

- Mais essa, disse Félix. Não tem como desviar dos alemão não?

- Claro que não. Vixe, mandaram encostar.

- Bom dia, cidadão, como está essa força? Dá licença para eu conferir que tipo de contingente o senhor está levando para a praia, solicitou educadamente o policial ao motorista.

Sentado no último banco do ônibus, Celso não acreditou quando reconheceu o distinto PM.

- PQP! O Geraldão é alemão? Quer dizer que o misterioso volume que ele carrega na mochila é a farda da corporação? Caraca, que maluco estranho - pensou Celso.

Mesmo prestes a ser abordado, ao se deparar com o vizinho travestido de defensor da lei, ficou tranquilo.

- Deu ruim. Quero todos os vida loka fora do coletivo. Vamos, rala, e no sapatinho - ordenou um truculento Geraldo.

- Nossa, como o Geraldão é sangue ruim fora do morro, não conhecia esse lado dele não - se assustou Celso.

- Coé, Geraldão! - ele gritou lá do fundo, na esperança de ser bem tratado quando fosse reconhecido. Libera aí, temos hora para chegar.

Geraldo fuzilou Celso com o olhar e caminhou lentamente em sua direção. Quando viu a mão do garoto estendida para um cumprimento, deu-lhe um tapa de peso equivalente a 1 tonelada no seu rosto.

- Geraldão é o cacete, seu FDP. Para você eu sou o Tenente Geraldo Ramos. Vai, pega suas porcarias e desce com a sua quadrilha para fora da porra desse ônibus.

Sem acreditar na reação do até então pacato morador do morro, Celso pegou o saco com as camisas e a bola e saiu do ônibus, alisando a marca de dedos que o tapa lhe deixara entre a boca e o ouvido esquerdo.

- Seguinte, gritou Geraldo, a ordem do governador é barrar na fonte a ação da geral que desce o morro para tocar o terror nas praias, tirando o sossego dos cidadãos de bem que curtem o dia ensolar...

Antes de terminar seu raciocínio, o Tenente Geraldo Ramos ouviu aplausos e gritos de apoio vindos do interior do veículo.

- Isso mesmo, autoridade. Enjaula esses vagabundos - comemorou, com imensa satisfação, o motorista.

- Graças a Deus e a você seu polícia, que nos dá a devida proteção. Já estava com um medo enorme desses bandidos roubarem meu celular, minha marmita e meu vale transporte. Vou ligar para minha patroa e avisar que o atraso de hoje foi por motivo de segurança pública - balbuciou a senhora diarista.

De peito estufado e ego nas alturas, Geraldão - o pacato vizinho do morro, mas Tenente Geraldo Ramos no asfalto - olhou para a roda de garotos de pele escura, sentados na calçada.

- A geral será averiguada. Quem não deve nada será liberado e vai atravessar a rua e pegar o ônibus para voltar para o lugar de onde não deveria ter saído, entenderam?

Cabisbaixo, de orgulho ferido, mas já acostumado com esse tipo de repressão, Celso reparou no choro contido de Félix e ouviu do Lelé:

- Que merda, hein, Celso? Combinamos tanto esse futebol. Fizemos vaquinha por 15 dias na quebrada, compramos uniforme, bola, e agora somos tratados como lixo pelos representantes do estado? Tendo como o mais truculento o nosso vizinho de morro? O pior é que eu votei no FDP desse governador.

- Fazer o quê? Vamos voltar e deixar os ricos se divertirem em paz - se conformou Félix. Quem sabe ainda encontro a Belinha em casa, pois o trato no cabelo dela quem vai dar sou eu.

*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.

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Postado por Marco Garcia
14/9/2015 às 12h15

 
O medo do desconhecido

Marco Garcia
Fortaleza (CE)

O primeiro encontro foi casual. Claro que foi. Mas não deu para esquecer aquele rosto nos dias seguintes. Começou a ficar intenso. Pensava nela a todo instante. O que estaria fazendo agora? Onde mora? Tem namorado? Perguntas e mais perguntas o torturavam.

Conseguiu vê-la uma segunda vez. Nessa, não perdeu a oportunidade. Pediu o número do telefone e, dali em diante, a troca de mensagens seria a nova forma de contato.

A cada "bom dia, meu anjo" que ele lia no celular o coração apertava. Passou a escrever quase que ininterruptamente. Ficou obsessivo. Começou a chamá-la de "paixão, princesa, linda e amor". O sentimento cresceu de maneira assustadora. O que ela teria que o deixara assim, "com os quatro pneus arriados"?

Na abstinência diária, os pedidos de envio de fotos começaram. E que fotos. Cada uma mais linda que a outra. Que sorriso, que olhos negros, que lábios e que corpo! Depois, vieram os áudios, pelos quais podia apreciar sua doce voz.

As mãos geladas, o coração acelerado, um suor constante o obrigaram a tentar algo mais, coisa séria. Mas, quando ele passou a falar sobre a possibilidade de irem em frente, surgiram seguidos silêncios. Por quê? Será que de alguma maneira a teria ofendido? Estaria indo rápido demais? Ficou preocupado.

Quis saber. "Tenho medo", foi a resposta. "Medo de me apegar e sofrer". Dizia que ele era muito carinhoso e que o adorava, mas tinha medo. Medo de se apaixonar. Como assim? Qual seria a razão de tamanho receio? Um mundo novo, ainda que desconhecido, a assusta?

Não acreditou naquilo que leu na tela do celular. Sentiu-se estranho. Tem tentado de tudo para eliminar esse medo que lhe apavora, mas - ao que parece - sem sucesso. Entranto, está decidido, vai tentar um pouco mais. Prometeu não desistir assim tão fácil.

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Postado por Marco Garcia
10/7/2015 às 16h51

 
Obsessão, uma moléstia

Marco Garcia
Fortaleza (CE)

"Vou matar Isaura". Por muito tempo, a frase repercutiu no subconsciente do menino. Na falta do que fazer, ou sem brinquedos que o ajudassem a vencer as invariáveis horas do improdutivo cotidiano, ele professava a fé de sua mãe, devota incurável dos folhetins vespertinos.

Através da tela de 14 polegadas, 50% das tardes era preenchido com o remake do "maior sucesso de todos os tempos da teledramaturgia nacional", segundo a análise de audiência.

Da trama pouco absorveu, mas registrou o mantra. Qual a razão daquele homem de bigode querer tanto assassinar a escrava?

Na mesma época, assistiu a um filme, no qual um alienígena chega à terra e passa 1h50 dizendo: "Eu vim em paz". Também ouviu Lula repetir: "A luta continua, companheiro".

Trocou-se a década, ele cresceu. Novos mantras surgiram.

"Impeachment já", repetem os inconformados com o governo.
"Lula sabia", repetem as revistas semanais.
"Não há racionamento de água", repete o governador.
"É contra a lei de Deus", repete Silas Malafaia na direção dos homossexuais.
"Bandido bom é bandido morto", repetem os admiradores da Polícia Militar.
"Só Deus pode me julgar", repetem os que se sentem injustiçados pelo Sistema.
"Redução da maioridade penal", repetem os programas policialescos.
"Deus no comando", repetem os agraciados pelo favor divino.
"Hashtag fica a dica", repetem os redes-sociais-maníacos.
"Junte-se a nós", repetem ONGs e partidos políticos.

E por aí vai...

"Meu filho, você tem uma conversa que parece cantiga de igreja", disse a senhora ao neto que, insistentemente, lhe pediu dinheiro durante a manhã.

Tudo o que passa do limite tolerável vira obsessão. O dicionário desfaz quaisquer deslizes etimológicos. *

O mundo atual é uma bolha obsessiva. Tudo é compulsivo. De Pernambuco a Sumatra, existem pessoas obcecadas por alguma coisa.

Há um número incontável delas. Por emprego, dinheiro, mulher, homem, carro, casa, tablets, TVs, celulares, tênis, condecorações, elogios, likes, selfies, corpo perfeito, cabelo perfeito, vida alheia, jardim do vizinho, limpeza, filho da amiga, enfim, para tudo.

Há casos em que a obsessão gera a intolerância, que anda de mãos dadas com a violência. Alguns foram ao limite da crença e passaram a degolar adeptos de outras religiões. Outros, cegos por um time, matam o torcedor rival a pauladas. Hitler era um sujeito extremamente obsessivo. A História relata o resultado.

Num contraponto, a obsessão é a antessala do suicídio. Hábito fatal adquirido por jovens japoneses, que perdem o rumo ao perceberem que não atingirão a meta profissional traçada por familiares.

É preciso lutar por um ambiente livre desta moléstia. De qualquer espécie. Quem sabe viveríamos melhor. Ou não. Deve ser chato também estar num mundo abarrotado de conformados. Mas qual é a solução? Fica a pergunta.

*Obsessão
Preocupação exagerada com alguma coisa; apego excessivo a uma mesma ideia; ideia fixa. Compulsão; necessidade intensa para fazer algo ilógico ou insensato: a obsessão pelo dinheiro. Impertinência; ato de aborrecer alguém com solicitações insistentes. Psicologia. Neurose que se define pelos pensamentos, ou ações, repetitivos e compulsivos; neurose obsessivo-compulsiva.

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Postado por Marco Garcia
11/5/2015 às 20h38

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