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Terça-feira,
16/1/2024
Blog de Marco Garcia
Marco Garcia
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Um verdadeiro romântico nunca se cala
Esta é uma carta de amor escrita por um homem que ainda acredita no romantismo mesmo vivendo em um período de caos. Convido você, leitor (a), a se deliciar com este estilo carinhoso de literatura.
São Paulo, 16 de janeiro de 2024.
Como iniciar a primeira carta de 2024? Este ano que já intitulamos como o ano do nosso verdadeiro recomeço.
A folha em branco sempre foi um desafio para mim.
A frase inicial é sempre a mais instigante e que dá o sentido e o caminho para o restante do texto.
E abrir o Word para falar sobre você amplia o meu senso de responsabilidade.
Porque a pessoa para quem esta carta se destina, merece uma frase inicial que fixe na memória.
Começarei assim:
“Como escrever uma carta para a mulher por quem me apaixono todos os dias?”
Quando falo de paixão, não me refiro aquela fugaz, que derruba tudo, mas vira cinzas em pouco tempo.
Não.
A minha paixão por você, princesa, é alimentada todos os dias.
Ela se perpetuou na minha alma.
Deposito nela a cada segundo todos os ingredientes que o meu coração exige.
Em minha receita imaginária, recorro ao afeto, carinho, cuidado, sorriso, respeito, cumplicidade, lealdade, ternura, ombro amigo, parceria, alegria de viver, olhar doce, sorriso amplo e sincero, e o que é mais importante: o arrepio na espinha dorsal toda vez que ouço sua voz.
Eu reúno tudo em minha mente, sobretudo, na minha vida, e o resultado é um poder incrível de me apaixonar por você todos os dias.
E isso se traduz em amor. Amor verdadeiro e eterno, que acertou na minha veia.
Me conquistou.
Sou um homem feliz, porque estou ao lado e vivendo um sonho maravilhoso com a mulher que sabia que existia, e que Deus me mostrou.
Você é a responsável pela guinada de 360 graus na minha história.
Linda.
Pele macia.
Olhar cativante.
Cabelos que definem sua personalidade.
Voz que acalma.
E um corpo que maltrata meu juízo.
Minha princesa, minha garota surreal.
Desde que te conheci, vivo um conto de fadas, com pitadas de romance.
Você tem o dom de me chacoalhar e mover o meu eixo-central.
Sou um homem feliz.
E extremamente apaixonado.
Estou contando as horas, os minutos e os segundos para te reencontrar.
Viver tudo o que Deus preparou e que merecemos.
Realizar o meu desejo de pegar na sua mão novamente. Sentir a sua pele. Passar a mão nos seus cabelos. Te cercar de carinho e te envolver nos meus braços.
Sorrir com você.
Te amar de maneira louca e sem limites, como estamos acostumados.
Ter de volta a nossa vibe na vida e a nossa intensidade entre quatro paredes.
Sonho com você toda noite.
Estou longe, mas minha vida está aí ao seu lado.
Movimento meu ser e estou me preparando para te encontrar.
Vai ser lindo e memorável como sempre foi, porque a chama do nosso amor ganha contornos especiais a todo momento.
Vivo por você e para você.
Essa mulher especial. Pessoa que sabe me fazer feliz e me deixar doido em todos os sentidos.
Te amo.
Sempre vou te amar.
Saudades.
Muita saudade.
É questão de tempo para que possamos viver de verdade.
Com nossa família em redor.
Vamos viver o que Deus está preparando nos céus.
Merecemos.
Te amo, minha garota surreal.
Deste seu preto, que não faz outra coisa nesta vida a não ser te amar.
Me espere.
Marco Garcia é jornalista paulistano.
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Postado por Marco Garcia
16/1/2024 às 17h06
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E no comércio da vida...
Vendo medo
Compro esperança
Vendo insatisfação
Compro coerência
Vendo ódio
Compro tolerância
Vendo vingança
Compro compaixão
Vendo intelectualidade
Compro inocência
Vendo conhecidos
Compro amigos
Vendo religião
Compro liberdade de credo
Vendo fuzis
Compro aperto de mão
Vendo discursos
Compro poemas
Vendo guerra
Compro diálogo
Vendo certeza
Compro talvez
Vendo sanidade
Compro loucura
Vendo rancor
Compro sorriso
Vendo opinião formada
Compro dúvidas
Vendo bocas
Compro ouvidos
Vendo prisão
Compro liberdade
Vendo jornais
Compro livros
Vendo escritório
Compro cadeira de praia
Vendo tv
Compro rádio
Vendo sapato
Compro chinelo
Vendo shopping
Compro litoral
Vendo agenda
Compro bilhetes
Vendo ensaio
Compro improviso
Vendo Paulo Coelho
Compro Patativa do Assaré
Vendo sabedoria
Compro curiosidade
Vendo igreja
Compro fé
Vendo barulho
Compro silêncio
Vendo caneta
Compro lápis
Vendo liso
Compro cacheado
Vendo singular
Compro plural
Vendo vogal
Compro consoante
Vendo ditadura
Compro democracia
*Marco Garcia é jornalista paulistano.
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Postado por Marco Garcia
25/12/2023 às 09h55
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Sempre há uma próxima vez
Na próxima vez que sentir medo, lembre-se de tudo o que já viveu, dos obstáculos que superou, e encontrará um porto seguro para seguir em frente.
Na próxima vez que sentir insegurança, lembre-se de que a incerteza é uma característica natural do ser humano.
Tudo é válido.
Na pior das hipóteses, opte pela dúvida. Não carregue o peso da certeza. Ter razão demais gera uma sobrecarga desnecessária. Viva suave.
A vida é simples.
Na próxima vez que tentarem te diminuir, lembre-se que a sua força vem de dentro e só você tem a dimensão dela.
Não tente se adequar ao mundo. Você é um ser único. Siga o seu coração e estimule o mundo a se adequar a você.
Reviva o que vale a pena.
Despeje sua ansiedade no Universo. Não sofra com o ontem nem com o amanhã, viva o hoje, que é palpável.
Cuide de quem te ama.
Lembre-se, a vida não é sempre um espetáculo. Valorize os pequenos momentos ao lado de quem te ama.
Intensifique o seu sorriso.
E quando se sentir sem força, estarei sempre aqui ao seu lado.
Lembre-se disso.
Lembre-se disso
Ame a vida, ame todos os momentos.
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Postado por Marco Garcia
13/12/2021 às 13h42
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A cor da tarja é de livre escolha
Oi, Edson. Tranquilo?
Dentro do possível, seu Douglas.
Algum problema, filho?
Os de sempre, mas tem um assunto aí consumindo as ideias.
Se quiser compartilhar, tenho tempo. Mas, antes, me serve um pretinho curto sem açúcar.
Fica em paz, seu Douglas. Vou incomodar o senhor com as minhas pirações não.
Como de costume, Edson abriu o bar às 5h30 da manhã.
Fez café, ajeitou os salgados na vitrine e conferiu os trocados do dia anterior.
Naquele momento, enquanto atendia no balcão o dono da loja de artigos religiosos, estava resignado.
Por muito pouco não ligara para o proprietário do "Vem quem quer", o bar onde trabalha, para pedir folga naquele dia.
Estava moído. A noite havia sido cansativa demais, dessas preparadas por espíritos sem luz.
Passara a madrugada numa via crucis pelos cemitérios da cidade, procurando por sua mãe, esquizofrênica.
Quando está em surto, dona Lurdes adota a alcunha "Menininha", uma mensageira espiritual com a missão de visitar túmulos e contar histórias para ninar os mortos.
Passou pelo Quarta Parada, Vila Alpina, São Luiz e, após rápida procura pelos cemitérios da Saudade e do Araçá, encontrou sua genitora no Campo Grande.
Junto ao túmulo do rapper Sabotage, toda de branco e com uma rosa vermelha na mão, ela declamava 'O Homem na Estrada', dos Racionais.
Ele sente falta dos palcos, Edson.
Terminou, mãe? Deixa o Sabota descansar. Ele dorme faz tempo.
"A gente sonha a vida inteira e só acorda no fim"... Tenha uma boa noite, Maurinho.
Agora podemos ir. Ainda tenho uma reunião com o Daime. Ele ficou de me passar as coordenadas de amanhã.
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Postado por Marco Garcia
30/11/2021 às 20h03
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Morreu de véspera
Foi assaltar mães e filhos na porta da escola. Uma viu e avisou. Outra puxou a filha e correu. A policial, mais esperta, se aproximou e disparou. Ele, alvejado, caiu. Socorrido, não resistiu.
Naquele momento, o clima era tenso. Não tinha como prever as consequências. Como tudo acabaria. O risco era geral. Prevaleceu a experiência e a audácia da mãe-policial.
Ela foi aplaudida e, no Dia das Mães, condecorada. Ele, vinte e poucos anos e vários inquéritos policiais, foi-se. Como tantos outros têm ido. Homens, jovens, adolescentes e meninos.
Vivem o jogo do mata-e-morre sem calcular as perdas, pois não há nada a perder. Era apenas mais um dia comum, dentre tantos.
O repórter explicou os fatos. A mãe-policial atribuiu a Deus e aos treinamentos na academia o sucesso da ação.
Tomando meu café num domingo à noite, apenas acompanhei as notícias. Na distância necessária, segura. Do lado de cá da tela, existe a emoção diante das imagens, mas sem a tensão do acontecido. Não há como tomar partido.
Como quantificar as dificuldades de vida que o levaram a empunhar um revólver e partir para o terror? Por outro lado, como frear o instinto de uma mãe na defesa do filho, amplificado pela farda e porte autorizado de arma?
Para ela, não há vítimas da sociedade quando se tem vidas em risco. Não pensa em Direitos Humanos quando há uma arma apontada para a sua cabeça. Teses acadêmicas e teoria de especialistas e ativistas não seguram o dedo que aperta o gatilho.
Também não peça ao que se sente excluído das benesses do Estado por anos, segundos de consciência e piedade pela vítima que, para ele, é uma das responsáveis por seus males desde o ventre da mãe. O pêndulo social leva a razão para os dois lados, tornando o convívio aterrorizante. Fica o espanto. O medo.
Mas a barbaridade não é algo novo. O mundo está e sempre foi muito violento. Não se engane. Para nós, espectadores dessa guerra sem vencedores, resta a insegurança ou a sensação dela – o que é muito pior.
Resta a prece diária ao Deus da crença de cada um, mesmo que seja um ser totalmente fora do convencional. Somos livres para acreditar naquilo que nos faz bem.
*Breve comentário sobre o caso da Policial Militar que, para defender mães e filhos em frente a escola, matou o assaltante no Dia das Mães
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Postado por Marco Garcia
27/8/2020 às 11h01
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Avesso a fim de semana
Existe coisa pior que um domingo à noite? Sensação estranha. Aliás, fim de semana é período de sensações distintas.
Um trabalhador deveria construir um altar para a santa chegada da sexta-feira, afinal foram cinco dias envolvido em tarefas das mais árduas.
Porém, o mecanismo de sua rotina é drástica. Infalível. E o ato de adorar folgas rápidas se perde entre obrigações, como colocar a casa em ordem e fugir dos alertas mentais da segunda-feira que fatalmente chegará.
É como as compras no cartão de crédito. Uma maravilha na hora - pagar daqui três meses? Meu Deus!!! -, mas um desespero quando os boletos chegam.
Alegria fugaz, para qual deveria existir tratatamento. Uma droga de efeito passageiro. E o pior: vicia.
Parei de celebrar os fins de semana e curtir a semana inteira. Em pílulas. Fazer na segunda o que o mundo deixaria para o sábado.
Como um amigo meu de São Paulo que diz: "Marcão, agora só bebo nos dias que terminam com feira". É correto? Quem sabe? Mas foi a maneira que ele encontrou para não se render aos ansiolíticos aos domingos à noite.
Diluo o fim de semana durante a semana. Leio livros na terça e ainda dá tempo para um açaí. Passeio com o cachorro e depois assisto à série favorita na quinta. Vejo o mar ou vou ao cinema na quarta.
E assim sigo, por enquanto, me dando bem. Como nem tudo são flores, uma situação típica de fim de semana que ainda não consegui transferir é dormir até tarde.
*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.
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Postado por Marco Garcia
8/1/2018 às 19h45
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A imponderável leveza do ser
Charles nasceu num lugar distante. Uma pequena vila de casas simples, separadas por extensos terrenos de terra batida, no interior de Alagoas.
Tudo que viveu até os 14 anos foi dificuldade. Seu pai era marchante, a mãe, de casa. As condições familiares haviam lhe privado de muitas coisas que um dia sonhou ter.
Por exemplo, sempre quis ter uma bicicleta, para desbravar as ruas de terra até o pé do Morro do Pneu – nunca soube a razão deste nome.
Por mais que implorasse, seu pai sempre lhe dissuadia da ideia de ganhar seu objeto de desejo sobre duas rodas. Mesmo quando o borracheiro do lugar, de tempos em tempos, lhe avisasse de uma bicicleta usada para vender.
Seus brinquedos se resumiam a coisas banais. Era uma caixa de sapatos com tampas de garrafas, bolinhas de frascos de desodorante e bumerangues de caixas de ovos.
Certo dia pela manhã, quando foi à venda comprar pão, viu um casal bem arrumado tentando se fazer entender com o dono da bodega. O velho comerciante, nervoso e suado, gesticulava, avisando que não entendia nada do que eles diziam.
Charles esqueceu que seus pais o aguardavam com o café na mesa e se encantou com aquelas frases enigmáticas. Parecia o homem de bigodinho engraçado do filme que havia assistido na casa do vizinho.
Quando, finalmente, o casal saiu da mercearia, ouviu o dono dizer:
- Sei pouco do Português, que dirá o Alemão, ora bolas?
Alemão.
Essa língua estranha passaria a ser a nova obsessão de Charles. Queria entender e falar bonito igual aos ‘loiros’ da bodega. Mas como, se nem uma bicicleta seu pai podia lhe dar?
Conversando com um amigo, soube de uma professora que dominava algumas palavras daquele idioma. Mas o lugar onde ela ensinava era longe e jamais seus pais permitiriam que se distanciasse mais que um quilômetro de casa.
E não adiantava resmungar.
Mesmo assim, bolou uma estratégia para chegar até a professora, que lhe incutiria na mente umas lindas frases da Alemanha.
Havia uma possível saída. Tinha o caminhão de entrega que passava sempre às quartas-feiras pela vila. Poderia pedir carona. Mas o motorista, certeza, recusaria. O mandaria ir para casa. Sem calcular os riscos que correria, Charles resolveu ir escondido.
Assim que os entregadores deixaram a última caixa de bebida na bodega, ele subiu e se acomodou entre os engradados. Ficou feliz e ao mesmo tempo amedrontado quando o motor roncou e o veículo arrancou. Quis descer, mas já era tarde.
Agora vou, pensou.
No caminho, foi imaginando como se apresentaria à professora e de que maneira tentaria convencê-la a lhe dar aulas de Alemão, já que não possuía nem uma moeda. Ia dizer que o Padre o enviara. Por certo ela não rejeitaria tão religioso pedido.
Quando avistou as primeiras casas, sentiu ser o momento ideal para desembarcar. De que jeito? O caminhão por certo não iria parar antes de chegar à fábrica, e ele precisava descer e rápido.
Se levantou e, no momento em que iria se apoiar na carroceria, o veículo deu um solavanco e Charles, desequilibrado, foi arremessado para fora. Caiu. Acidente feio. Bateu a cabeça no meio fio. Desacordou.
Uma ambulância o socorreu para o hospital e ele teve que ser operado às pressas. O estado era grave. Na queda, o impacto abriu-lhe uma fenda na testa, que fez escorrer parte da massa encefálica.
Operou. Foram horas e horas de cirurgias para salvar sua vida. Todas no cérebro. Poucos dias depois nova operação. Os médicos o reoperaram seguidas vezes. Tudo minucioso para restar o mínimo de sequelas. E tudo saiu dentro do esperado.
Da UTI, Charles partiu para uma área Semi-Intensiva e, dali, para o quarto. 15 dias após o acidente, chegou a vez das visitas. Seus pais, emocionados, entraram e sua mãe foi logo lhe dizendo:
- Meu filho, que bom que você está vivo!
Charles olhou para o pai, observou o semblante feliz da mãe, puxou a enfermeira pelo braço e perguntou:
Mädchen, die diese beiden Menschen und was soll ich in diesem Krankenhaus zu tun?
*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.
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Postado por Marco Garcia
15/12/2016 às 16h05
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Tem café?
Acordar, ir à cozinha e preparar um café forte para despertar o sistema. Um dos poucos prazeres para madrugadores. Logo, presume-se, que a bebida seja de fácil preparo.
Mas não é.
Sofro demais (e invejo quem consiga) por não conseguir tirar do enigmático pó algo equilibrado.
Sempre fica um líquido viscoso no fundo da xícara que me entristece, denunciando sua má feitura – a famosa borra.
Penso que o meu erro esteja na convergência da quantidade de água com o pó. A porção deste sempre ultrapassa o poder diluidor daquele.
Processo simples, acredito, para o resto do mundo, que me dá ódio.
Em alguma passagem da minha existência, sessões de tortura devem ter me deixado longos períodos sem café, ou me oferecido apenas água de batata.
O que desordenou a região mestre-cuca do meu cérebro, me obrigando a pesar a mão nas colheradas. E não há maneira de ser diferente.
*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.
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Postado por Marco Garcia
6/12/2016 às 11h50
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Seja bem-vindo, amigo 40 anos!
Prezado 40 anos, desde adolescente sabia de sua existência. Conhecidos e parentes ostentavam orgulhosos seu nome na agenda. Se deleitavam com sua amizade, organizando listas com as benesses de tê-lo por perto.
Contavam que seu jeito era garantia de experiência, que certas mulheres reparavam mais neles, que aprenderam a ver o mundo de forma diferente, descobriram o prazer de viajar, despertaram para a leitura, desenvolveram gosto pelas artes, educaram o paladar – com iguarias mais leves no cardápio –, começaram a caminhar, se matricularam em academias, passaram a ouvir mais do que falar, aprenderam a não entrar em discussões intermináveis por futebol, política e religião, e a dar valor a uma boa prosa com pessoas de mais idade.
Em suma, agradeciam por lhes ter incutido na mente a necessidade de desacelerar a vida. Passaram a citar menos a máxima: “tudo que gosto é ilegal, imoral e engorda” e a ouvir: “quem te viu e quem te vê, hein?”. Assumiram nova roupagem, linguagem, postura, quase que mudaram de identidade. Até os gestos eram diferentes.
Olha só, não que eu goste de fofoca, mas tinham os que reclamavam muito da sua companhia, tá? Sei lá, demonstravam um certo incômodo em ter que dividir a vida contigo. As desculpas eram variadas e uma em comum. Diziam que você causava medo e que se pudessem jamais o teriam como amigo. Infelizmente, você era como o voto: obrigatório.
Eu, particularmente, nunca entendi o porquê de tanto pavor. Sempre os questionei, e a resposta era sempre a mesma: “quando tiver o desprazer de conviver com ele, saberá”.
Achava engraçado quando diziam que, graças a Deus, tal afeição tinha data e hora para acabar, mas que, por infortúnio da natureza, estavam fadados a iniciar novo ciclo com um irmão seu muito pior, o 50 anos. Como a desgraça nunca vem desacompanhada, maldiziam sua mãe por haver gerado tão drástica prole. E praguejavam contra seus outros irmãos: o 60, o 70, o 80 e o 90 anos.
Meu caro, neste momento em que partimos da fase embrionária para nossa fortuita convivência, quero ceder espaço exclusivo para o seu lado bom. Por enquanto, me esquivo de saber dos malefícios que você e sua família podem me trazer. Nossa amizade ainda engatinha, por isso quero curtir sem reservas sua presença na minha vida.
Que possamos curtir o que Deus nos proporciona. Que você seja o parceiro de minhas melhores aventuras. Que me ensine as coisas do futuro, sem pular etapas. Seja benevolente comigo e deixe para seus irmãos a missão de maltratar o meu corpo. Que, daqui para frente, as virtudes superem os pecados. Que a guerra contra o tempo me seja amena. Nada asfixiante. Quero fôlego.
Vamos viver.
Seja bem-vindo, amigo 40 anos!
*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.
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Postado por Marco Garcia
11/10/2016 às 11h28
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Sólidos momentos
Venha, deixe eu sentir o seu amor uma vez mais. Sentir a ternura, que, mesmo com minha rebeldia, nunca se desfez.
Vai, segure a minha mão. Deixe eu sentir a temperatura do seu sentimento.
Diga-me novamente as doces palavras, que transbordam de confiança quando o sol escurece.
Mostre-me seu meigo semblante, seu olhar que penetra as víceras dos curiosos.
Por favor, quero um abraço. Daqueles bem apertados e carinhosos.
Que minha cabeça encontre repouso no seu colo.
Cante para mim. Qualquer coisa... O que importa é sentir a suave melodia que soltas do fundo da alma.
Quer alguma coisa? Vamos beber algo, falar sobre as questões da vida, mas apenas as profundas na superfície.
Lembremos da vida para esquecê-la. Que tal entrarmos em sintonia de pensamento? Vamos passear pelo mundo da consciência?
Quer olhar a rua? Repare naquela árvore se deslocando com a fúria do vento. Legal, né? As folhas, livres, vagando pelo espaço.
Se aproxime. Deixe no ar o tilintar aromático do seu perfume.
Sorria. Se possível gargalhe, mas deixe eu sentir a felicidade a brindo a porteira da sua face.
Está com fome? Pegue um chocolate, quantos desejar. São seus.
Esta noite sonhei angustiado. Agora estou calmo, com você ao meu lado.
Está ouvindo esta música que o rádio canta? Reconhece? Eu também.
Se 100 anos tiver, trarei à memória as inteligentes estrofes que agora me emocionam.
Obrigado por tudo.
*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.
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Postado por Marco Garcia
19/8/2016 às 11h54
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Editor
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