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Sábado, 1/8/2015
Blog de Sonia Regina Rocha Rodrigues
Sonia Regina Rocha Rodrigues
 
A segunda vida, de Machado de Assis

Este conto instigante por sua própria temática, o é ainda mais por tratar-se de um palimpsesto.
No sentido literal, palimpsesto designa um pergaminho (ou papiro) cujo texto era raspado para permitir a reutilização, e através do qual se percebe o texto anterior. No sentido literário, é uma obra que remete a uma obra anterior. No atual estágio de nossa civilização é quase que inevitável que cada novo texto remeta a outro texto anterior. Palimpsesto é diferente da intertextualidade, pois nesta, se repetem literalmente as palavras do primeiro texto; já no palimpsesto, o que se repete é a ideia em si.

Este conto tem por trás de sua estrutura dois textos antigos: o mito de Er e a Voz do silêncio.
Para entender o conto, não é necessário conhecer os textos de base, mas este conhecimento enriquece o entendimento do conto. Por isso acrescentarei um resumo deles ao final, e o leitor poderá pesquisar mais profundamente por conta própria, pois são textos bem longos.

A segunda vida começa, de maneira bem atual, pelo meio: (era inovador, nosso Machado):

"Monsenhor Caldas interrompeu a narração do desconhecido:
- Dá licença? é só um instante.
Levantou-se, foi ao interior da casa, chamou o preto velho que o servia, e disse-lhe em voz baixa:
- João, vai ali à estação de urbanos, fala da minha parte ao comandante, e pede-lhe que venha cá com um ou dois homens, para livrar-me de um sujeito doido."

Aí já tem o leitor duas informações: a primeira é que há um personagem supostamente doido; a segunda é que o monsenhor chamou a polícia, e isto surpreende, pois seria mais lógico, sendo a maioria dos loucos, louco mansos, chamar um médico!
Também somos logo informados de que o clérigo estava assustado:

"Monsenhor Caldas fez um gesto de assentimento, sem perder de vista a bengala que José Maria conservava atravessada sobre as pernas".

O autor passa a palavra ao personagem louco, enquanto deixa na sombra a história do pároco, secundária ou principal cabe ao leitor decidir ao final.
Vamos ao discurso do doido, aliás, José Maria:

"Como ia dizendo a Vossa Reverendíssima, morri no dia vinte de março de 1860, às cinco horas e quarenta e três minutos da manhã. Tinha então sessenta e oito anos de idade."

E aí o texto nos remete ao mito de Er, pois também ao personagem do conto foi imposta a volta, e teve ele a oportunidade de escolher, e escolheu voltar como alma experiente, que se lembrasse, pois aludia ao ditado "ah, quem me dera ter aos vinte anos a experi6encia da velhice!"
Vai daí ter o personagem uma infância e adolescência insípida, permeadas pelo medo de tudo - e Machado desenvolve aí a teoria de que a inexperi6encia da juventude dá a vida uma certa graça e prazer próprios da ignorância das consequências. De forma engraçada, o personagem afirma recusar o amor, pois infalivelmente fracassa, ou por que alguém morre, ou por se desentenderem, ou por terem muitos filhos e passarem necessidades ou por não terem filho nenhum e se sentirem frustrados etc...O fato é que o instinto é mais forte, e o personagem casa.
Seguem-se várias reflexões e peripécias, até chegarmos ao trecho que nos remete ao segundo texto:

"Sonhei que o Diabo lia-me o Evangelho. Chegando ao ponto em que Jesus fala dos lírios do campo, o Diabo colheu alguns e deu-mos. ..Fitei-os encantado; eram lindos como não imagina... Não lhe digo nada; no momento de os chegar ao nariz, vi sair de dentro um réptil fedorento e torpe, dei um grito, e arrojei para longe as flores".

Ao acordar, refere o moço,
" viu a mulher diante dele aflita e desgrenhada. Os olhos de Clemência eram doces, mas ele disse-lhe que os olhos doces também fazem mal."

Chega-se aqui ao clímax e ao fim do conto, para surpresa e esclarecimento do leitor: "Neste ponto a fisionomia de José Maria estava tão transtornada que o padre, também de pé, começou a recuar, trêmulo e pálido.
"Não, miserável! não! tu não me fugirás!" bradava José Maria investindo para ele. Tinha os olhos esbugalhados, as têmporas latejantes; o padre ia recuando... recuando... Pela escada acima ouvia-se um rumor de espadas e de pés."

Acredito que aqui, ao contrário do que ocorre em Dom Casmurro, importem menos os motivos do enciumado que as ações do suspeito...cabe ao leitor ler o conto na íntegra e decidir por si.

Anexos:
1 - O mito de Er - é narrado por Platão em A República
"Esta é a história de um guerreiro, morto na guerra, que levantou-se em sua pira e contou o que havia visto no outro mundo. Disseram-lhe que, como milésimo morto, ele deveria voltar à terra, não lhe sendo possível recusar o retorno. Dois juízes disseram-lhe que seria mensageiro entre os homens de tudo o que ali ocorria, e que prestasse atenção.
Algumas almas eram encaminhadas para reencarnar perante as moiras, deusas do destino. Após escolher como queriam renascer, eram levadas para a planície do Esquecimento. Eram advertidas: "Elegereis vós mesmas a vossa sorte, e permanecereis irrevogavelmente unidas; como a virtude não tem dono, cada uma a possuirá conforme a honre. A divindade é inocente".
O perigo era grande; necessitava-se de discrição e conhecimento para escolher bem.
- Mesmo para a última alma que escolher haverá boa fortuna se for sensata.
Pois após escolher, a alma confronta-se com as decorr6encias da própria escolha. A primeira alma precipitou-se e optou por ser tirano; seu destino incluía devorar os próprios filhos e ser linchado por uma centena de revoltosos. Já o famoso Ulisses, com a lembrança das fadigas passadas, escolheu renascer como um homem simples.
Er foi reenviado a seu próprio corpo, ergueu os olhos para o céu, viu que era madrugada e encontrou-se sobre sua pira, de onde desceu para contar aos outros homens o que presenciara.
Assim, sabedores do que ocorre após a morte, pode o homem salvar-se de dissabores futuros, escolhendo com sabedoria."

2 - A voz do silêncio - tradução por Helena Petrovna Blavatsky do texto tibetano "O Livro dos Preceitos de Ouro" , que relata de forma poética a evolução da alma humana.
"Na Sala da Aprendizagem, a tua Alma encontrará as flores da vida, mas debaixo de cada flor uma serpente enrolada. Se queres atravessar seguramente a segunda, não pares a aspirar o perfume das suas flores embriagantes.
O perigo desta parte da jornada da vida, é que a pessoa fique tão inebriada pelo perfume das flores que se recuse a continuar a jornada. Se fixar-se no prazer este mesmo prazer transformar-se-á em sofrimento."

fonte: A segunda vida

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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
1/8/2015 às 11h50

 
Farmácia popular

- Por favor, escreva aqui o nome de sua mãe.
- Não tenho mãe.
- Nasceu de um ovo abandonado ao sol...É hoje...
- Hein?
- Coloca aí o nome da sua mãe adotiva.
- Fui adotado, não. Minha mãe me criou.
- Então coloca aí o nome de sua mãe.
- Minha mãe morreu.
- Essa sua mãe que morreu tinha nome?
- Claro que sim.
- E qual era?
- Mas o remédio é para mim.
- Eu preciso cadastrar seus dados no computador.
- Não tenho dados, sou crente. Não jogo.
- Posso ver seu documento?
- Na carteira não tem o nome do remédio. A receita tá aqui.
- Certo. Primeiro, a receita. Agora, sua carteira de identidade.
- Pra que? Eu já entreguei a receita.
- Na carteira de identidade tem o nome de sua mãe.
- A senhora tá complicando. Eu vou chamar a TV.
- Chama a TV, o jornal, a polícia, o Papa, mas informa o nome da sua mãe.
- Quero meu remédio. Porque a TV diz que todo cidadão tem direito de pegar remédio aqui sem pagar nada.
- Desde que preencha o formulário.
- Tá aqui.
- Falta o nome da mãe.
- Minha mãe morreu.
- E o nome morreu com ela?
- Vixe, fala assim não que até ofende.
- Minha paciência acabou. Saia da fila. Próximo!
- De jeito nenhum! Só saio daqui com meu remédio.
- Ai, ai, meu Pai...
- Agora entrou o pai no meio também? Não basta a mãe?
- E qual é o nome da mãe?
- A senhora é muito da curiosa, quer saber o nome da minha mãe por que?
- Não estou nem aí para sua mãe.
- Então por que pergunta?
- Porque eu preciso ganhar o meu salário. Porque não sou mulher de presidiário. Porque meu filho não recebe bolsa escola. O dinheiro lá em casa vem deste suado e honesto empreguinho de balconista que ainda por cima tem de perder tempo com um filho da mãe como você.
- Filho da mãe uma ova! Filho da Dona Maria da Silva Santos, com muito orgulho.
- Obrigada.

Parte integrante do livro Coisas de médicos, poetas, doidos e afins.

Foto copiada do site que primeiro publicou o texto acima: LeioEu

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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
30/7/2015 às 16h50

 
A freira



Vim a Santos para trabalhar na Santa Casa de Misericórdia, um hospital antigo, esparramado ao sopé de um morro. A história que vou-lhes contar aconteceu no primeiro plantão em que ali trabalhei como médico clínico. .
.
Passava um pouco da meia-noite. As enfermarias estavam silenciosas, o Pronto Socorro tranqüilo. Dirigia-me à lanchonete para um café, quando ouvi passinhos urgentes atrás de mim. Uma voz cantante e firme sussurrou-me: .
"Ah, doutor! O paciente do 708 da ala C acaba de ter uma parada cárdio-respiratória. Precisamos do senhor!" .
Voltei-me. Quem assim me falava era uma freira. E eu acabava de deixar a ala C! .
"Aconteceu assim que o senhor deixou a enfermaria. Corra! É uma emergência!" .
Galguei aos pulos a escada para a ala C, atravessei correndo o corredor, entrei no 708 e encontrei o doente roxo, os braços estendidos para a campainha que não conseguira alcançar a tempo. O acompanhante, adormecido no sofá, ressonava. .
Puxei com força o cordão do alarme, gritei, coloquei o paciente no chão e iniciei o socorro. Depois de resolvida a situação, o paciente encaminhada à CTI e o acompanhante tranqüilizado, questionei a enfermagem: .
"Por que não havia ninguém no quarto? Por que não estavam sendo tomadas as primeiras providências? .
"Como, doutor? Nós nem sabíamos... o senhor nos chamou e viemos." .
"Quem me chamou?" .
Aparentemente ninguém me chamara. Mencionei a freira e um desconforto pairou no ambiente. Há vários anos não havia freiras trabalhando na Santa Casa. .
Voltei à lanchonete, disposto a tomar o desejado café, quando a mesma freira surgiu-me à frente, dizendo em tom que não admite demora: .
"Doutor, o paciente que vai colocar marca-passo amanhã, o do 504, parou neste instante!" - assim falando, ela conduziu-me à porta do 2º A e eu já via, pelo vidro da porta, a enfermagem empurrando uma maca para a sala de emergência da Cardiologia. Ao ver-me, exclamaram: .
"Graças! O senhor chegou na hora exata!" .
Repetiu-se o fato: resolvida a urgência, constatei de que não haviam tido tempo de chamar-me. Eu simplesmente aparecera por ali na hora certa e, é claro, ninguém sabia de freira nenhuma. .
Se o ambiente fosse outro, se a situação não implicasse em tamanha responsabilidade. Eu até pensaria tratar-se de algum trote para novatos. Não era este o caso, todavia, e eu estava furioso com os olhares enviesados que os funcionários trocavam entre si. Nisto surgiu Ronaldo: .
"E aí, Nelson? Já tomou seu café? Posso ir agora tomar um lanche enquanto você assume a "porta"? Você afinal demorou uma eternidade com este café! Caiu dentro da xícara?" .
"Café? Pois eu lhe digo o que fiz desde que saí de meu consultório: atendi a duas paradas, um na ala C e outra no 2º A .... .
"Como? Não recebemos nenhum chamado lá na porta..." .
"Foi uma freira que me encontrou no corredor." .
"Uma freira?" .
"Uma freira, sim, senhor, uma freira das antigas, com hábito até o chão e véu e não me venha você também me dizer que aqui não existem freiras!" .
Ele olhou-me estupefato: .
"Bem, há uma freira..." - ele hesitou por um momento e então levou-me por um silencioso corredor até uma porta de mogno entalhada, que se abria para um salão de conferências luxuosamente decorado, em cujas paredes haviam fileiras de retratos. .
"Reconheça a freira, Nelson." .
Olhei os retratos e entre diversas religiosas, lá estava ela, com seu olhar de eficiência tranqüila. .
"É esta, com certeza." .
Então reparei nas datas abaixo do retrato. Duas datas - o ano de nascimento e o de ... falecimento. .
"Não se assuste, amigo. É nosso fantasma particular. Mais dia, menos dia, todo médico a encontra. Dizem os sensitivos que ela circula pelos corredores, inclina-se à cabeceira dos doentes, a assombrar a Casa. Mas nós, médicos, só a vemos quando ela precisa de nós." .
"Não é possível! Não existem fantasmas." .
"Alguém chamou você? Chamou de verdade, pelo interfone, pelo telefone, pelo bip?" .
"Não... não houve tempo, eu apareci antes..." .
"Então?" .
A madrugada ficou subitamente muito fria a perdi a vontade de tomar café. Um tremor desagradável percorreu-me a espinha. Ronaldo animou-me: .
"Duas vidas foram salvas. É o que importa." .
Não tornei a ver a freira. Encontrar-me com o fantasma da casa duas vezes na mesma noite foi o que se pode chamar, com um pouco de humor, de sorte de principiante. .
Apesar das manhãs nebulosas e dos dias à la Van Gogh, Santos não combina bem com fantasmas desfilando por sombrios corredores a gemer e a arrastar correntes enferrujadas. Esta terra abençoada, onde gente de todas as raças se irmana, combina melhor com as almas luminosas. Em nosso clima tropical, no mais dos dias ensolarado e quente, até os fantasmas são diferentes. .
.
Parte integrante do livro É suave a noite

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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
29/7/2015 às 20h24

 
O sonho de um árabe



Seu povo morava em tendas, andava de camelos e ele acordou milionário.
Em 1971, Sheik Zayed bin Sultan Al - Nahyan, muçulmano piedoso, primeiro presidente dos Emirados Árabes Unidos , desejou que Saint- Exupéry estivesse vivo para reescrever o capítulo de Terra dos Homens em que um árabe, olhando uma fonte perene, pergunta "porque o deus dos franceses ama mais os franceses do que o deus dos árabes ama os árabes".

Fiquei imaginando este árabe sonhando:

"- Como se vê - comentou o arcanjo Gabriel, servindo-se de uma tâmara - a riqueza sempre esteve embaixo de seus pés o tempo todo.
- Com esta riqueza vou comprar mais do que água - riu Zayed, feliz - Vou comprar os serviços dos maiores especialistas do mundo. Construir prédios com ar condicionado para o povo. Abrir escolas. Até o filho do mais humilde tratador de camelos desta terra receberá instrução. Vou abrir as portas do mundo árabe para os estrangeiros. Será bom para outros países, também. Muitos desempregados ficarão felizes em limpar nossas ruas e esfregar nossas vidraças. Os árabes todos serão patrões.
Gabriel engasgou-se com sua tâmara. Sheik Zayed apressou-se em oferecer-lhe outra xícara de café com cardamomo.
- Aquele outro profeta, Jesus, disse que "quem não está contra mim...". Somos todos descendentes de Lucy, não é mesmo, arcanjo?
Gabriel riu.
- Zayed, você é sábio. Um visionário.
- Todos os povos podem viver pacificamente respeitando-se uns aos outros. Eu não quebrei nenhuma imagem de Buda e espero que eles não entrem em minha mesquita sem os trajes adequados.
- Que mesquita?
- A Grande Mesquita que vou construir, tão bela quanto o Taj Mahal.
- E como vai chamar a mesquita? - gaguejou Gabriel.
- A Grande Mesquita, simplesmente. Isso diz tudo, não?
"Ele é generoso sem ser vaidoso"- pensou Gabriel.
- Unidos seremos uma forte nação. Jogaremos os jogo das nações conforme as regras ocidentais. Nada temos a perder. São eles que precisam de nosso petróleo. Todos ganharemos com o que eles chamam de "progresso".
- Sheik, senti uma ponta de ironia em seu discurso. Como quando falou de Lucy, o fóssil que muitos antropólogos consideram ser o ancestral comum da humanidade.
- O progresso nunca esteve em coisas materiais, Paz e amor são tão valiosos hoje como nos tempos do profeta Mahommed. Allah seja louvado.
Distraído, o arcanjo Gabriel quase exclamou Shalom ao invés de Salam.
A hora da prece se aproximava. Sheik Zayed acordaria e Gabriel deixaria seu sono.
- Antes de partir, Gabriel, leve os meus agradecimentos a Allah e peça-lhe que ilumine meu entendimento para a realização do mais caro sonho de meu coração.
- A Grande Mesquita, sei.
- Não, Gabriel! Meu grande sonho é transformar o deserto em um jardim. Se tirarmos o sal da água do mar e estendermos quilômetros de canos gotejando sobre o solo..."


O muezim chamava, o sheik acordou e Gabriel começou a preocupar-se com as consequências geradas no planeta pela dessalinização do mar - como isso afetaria o clima global, as correntes oceânicas, a fauna e a flora do golfo de Oman? Como se não bastasse a trapalhada que era ser intermediário do Altíssimo para três diferentes credos...

Os sonhos de Sheik Zayed hoje são realidade.
Mais do que um árabe a mais no deserto, Sheik Zayed foi um homem no planeta Terra, o lar comum de todos nós.
O grande feito do sheik, a meu ver, foi a capacidade de enxergar, para além do mundo árabe, o ser humano, merecedor de respeito, qualquer que seja sua fé, sua língua, seus costumes.



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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
26/7/2015 às 07h59

 
Do outro lado do mundo



Japão é mais do que eletrônicos, sashimi, amuletos shintoístas e templos budistas. Não vi por lá mangás nem animês nem haikus. Em compensação andei no piso rouxinol em um dos palácios do shogun Togugawa!
Viajei no mês passado com uma dezena de sanseis, esses "apátridas" que no Brasil são japoneses e que no Japão são brasileiros.

No segundo dia eu estava indo ao ofurô coletivo com a naturalidade de quem via à praia; no terceiro dia comer arroz com nabo no café da manhã parecia o correto. No terceiro dia eu estava comendo peixe cru e afirmando ser oishi (gostoso).

Seguindo a trilha das cerejeiras , descobri o furoshiki, , uma espécie de origami de pano usado nos tecidos mais elaborados e com nós artísticos para finalidades diversas: embrulhar presentes, carregar comida quente, garrafas usadas como cantil e até como bolsa.
Como não admirar um povo que de arroz, chá verde e flores faz de tudo, de papel e doces?

O paladar ocidental se choca com a culinária japonesa. Ao fim de uma semana eu olhava disfarçadamente a procurar um pão de queijo...mas acabei por notar a diferença no corpo - mais disposição, melhor digestão, um sentido de plenitude e bem-estar. Essa dieta exótica não me fez correr ao supermercado em busca de ingredientes nem procurar por receitas no Google, mas me inspirou a caminhar, meditar e apreciar a beleza singular das montanhas cercadas pelo mar bravio.
O comentário mais engraçado ficou por conta de nossa guia. Ela nos contou dos japoneses centenários e do baixo índice de natalidade, menos de dois filhos por casal. No Japão tudo é de excelente qualidade e caro; o custo de criar um filho deve assustar. Aí a guia arremata o assunto:

- Japonês não morre mas também não nasce, né?

Para ser melhor, só mesmo com placas, mapas e folders em outras línguas. Eu não entendia o sotaque monossilábico do inglês deles, e meu acento francês não me ajudou a ser entendida por eles, porém japoneses são ótimos em mímica! Por gestos, cruzei duas ilhas conseguindo me entender com os comerciantes. Vou sugerir à ONU que engavete de vez o esperanto. Na minha opinião, a linguagem universal que poderá unir nossa Babel será a linguagem libra de sinais.
Uma advertência final: não acredite em quem lhe disser que poderá ver o monte Fuji de qualquer lugar de Tóquio e perfeitamente do alto do mirante Skytree. Mentira! Fuji-san, como é carinhosamente chamado, escondeu-se na poluição que circunda a capital. Virou monte Fugiu...
Os japoneses são na deles, eu sou na minha, por isso senti-me tão bem por lá. Pretendo voltar. O outono me aguarda... Dewa mata...



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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
21/7/2015 às 12h05

 
18 de julho, Dia do Trovador



A alegria, o companheirismo, a firme determinação de seguir a vida pelo lado mais ensolarado, otimismo e solidariedade. Eis o trovador típico. Quem conhecer o grupo, logo perceberá a diferença.
De acordo com Jorge Amado, a trova é "a criação literária que fala mais diretamente ao coração do povo".
Vinda de Portugal, onde é conhecida como quadra, esta forma poética tem quatro versos de sete sílabas com sentido completo e divide-se em três gêneros: lírica, filosófica e humorística.
A UBT (União Brasileira de Trovadores) foi fundada por Gilson de Castro, cujo pseudônimo era Luiz Otávio, que faleceu em 1977. A data de seu nascimento foi escolhida para homenagear os trovadores.

Citarei algumas trovas para o leitor poder apreciar sua evolução através dos tempos.

Portugal

Sem conta, peso ou medida
vivo no mundo, de sorte
que não sei, chegando a morte,
que contas darei da vida.
Nuno Marques Pereira (século XVII)

Tu és Maria da Graça.
mas a que graça é que vem
ser essa graça a desgraça
de quem a graça não tem?
Fernando Pessoa (1888-1935)

Brasil

As nuvens ajoelhadas,
nos claustros ermos e vãos,
passam as contas douradas
das estrelas pelas mãos.
Castro Alves ((1847-1871)

O amor que a teu lado levas
a que lugar te conduz,
que entras coberto de trevas
e sais coberto de luz?
Olavo Bilac(1865 -1918)

Atirei um limão doce
na janela de meu bem.
Quando as mulheres não amam,
que sono as mulheres têm!
Manuel Bandeira(1886-1968)

Teu sorriso é um jardineiro,
meu coração um jardim,
saudade, um imenso canteiro
que trago dentro de mim.
Mário de Andrade. (1893 - 1954)

Em barco de nuvens sigo
e o que vou pagando ao vento
para levar-te comigo
é suspiro e pensamento.
Cecília Meireles. (1901-1964)

Só por descuido é que Helena
acabou por se casar,
pois pensou que Cibalena
fosse pílula...Que azar!
Cláudio de Cápua

Era uma vez... e eu sorria
aos contos da Fada Bela...
e minha mãe não dizia
que a bela fada era ela!
Carolina Ramos

A data é comemorada pelo Brasil afora com várias festividades. Em Santos, por exemplo, Carolina Ramos proferirá uma palestra no dia 25 de julho na Biblioteca Mário Faria, às 18 horas, aberta ao público. Quem for da região, pode passar por lá e conferir.

Conheça mais em Trovadores de Santos .

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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
17/7/2015 às 14h00

 
A arte de não ler



Engana-se quem pensa que os filósofos são sérios, tediosos, enfadonhos. Pelo contrário! Em alguns textos, como este de Schopenhauer, eles são engraçados, bem humorados e usam ironia fina para criticar os costumes.
Schopenhauer constata que em todos os tempos, a maioria das pessoas "lê, sempre, em vez dos melhores, a última novidade". Por isso, diz ele, "é tão importante a arte de não ler"!, constatando que "quem escreve para os tolos sempre encontra um grande público" e que "todo autor se torna um escritor ruim assim que escreve qualquer coisa em função do lucro".
O filósofo aconselha ao leitor que "é melhor comprar livros de segunda mão do que ler livros de segunda mão". (aqueles livros em que alguém diz sua opinião sobre o que ele acha que o autor quis dizer. Às vezes, até o próprio autor se surpreende... dos achismos do sujeito)
"Na república dos eruditos, cada um procura promover a si próprio para conquistar algum reconhecimento". Schopenhauer diferencia eruditos de pensadores. "Os eruditos são aqueles que leram coisas nos livros, mas os pensadores são aqueles que leram diretamente no livro do mundo".
"Usar muitas palavras para comunicar poucos pensamentos é sempre sinal inconfundível de mediocridade". Infelizmente, quem grita mais alto consegue seus cinco minutos de fama...
O autor ainda faz alguns comentários com seriedade. A respeito da poesia, por exemplo, afirma que poemas não podem ser traduzidos, apenas recriados. Também comenta que "a lei da simplicidade e da ingenuidade, já que essas qualidades combinam o que há de mais sublime, vale para todas as belas artes".
Todo grande leitor e cada aspirante a escritor aprenderá algo útil nesta obra não tão conhecida deste filósofo, A arte de escrever , e certamente passará algumas horas agradáveis na companhia deste livro interessante, ao qual não se aplica, a meu ver, a utilíssima "arte de não ler".

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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
10/7/2015 às 19h44

 
A doença como um convite para crescer

Uma visâo da medicina psicossomática



Cada pessoa, cada um de nós, é um conjunto mente-corpo. A medicina psicossomática é uma maneiro de ver as pessoas em sua totalidade. O nome psicossomática vem de psiche=alma e soma=corpo.
Cada coisa que pensamos, nossas atitudes perante a vida, reflete-se em nossas emoções, em nosso comportamento, em nosso corpo. Pensamentos corretos e emoções boas trazem saúde. Pensamento errados e emoções ruins provocam sintomas que, com o tempo, transformam-se em doença.
O período de luto, cerca de um ano após a morte de um ente querido, é um período especialmente vulnerável. Os médicos observam que neste período acontecem com muito mais frequência infarto, câncer e depressão, além de outras doenças menos graves. É grande o número de viúvos que falecem no primeiro ano de viuvez.
Por exemplo, uma pessoa muito ambiciosa e exigente, com mania de perfeição, desenvolve uma atitude mental que a mantém ocupada, tensa, crítica a lerta por tempo prolongado. Esta atitude promove ansiedade e desenvolve sintomas a princípio emocionais. A pessoa pode sentir dores no estômago, vai ao médico e descobre que 'os examos estão normais' e o que ela apresenta são apenas 'sintomas emocionais'. Se persistir em sua ansiedade, ambição e exigência exageradas, com o tempo apresentará uma úlcera, esta sim, uma doença física, concreta, necessitando dieta, remédios ou até cirugia. Ora, é mais simples tratar uma doença quando ela ainda não se manifesta na parte física, estando ainda no plano mental ou emocional. É desta forma que a medicina psicossomática nos apresenta a doença como um caminho para o crescimento pessoal, pois a doença mostra-nos nossas fraquezas e indica, de forma simbólica, qual é a atitude que devemos buscar para permanecer saudáveis.
Assim, cada um de nós é a causa de sua doença, mas também é a origem de sua própria cura. Jesus, no Evangelho, repete seguidamente aos doentes que o procuram: Seja feita a tua vontade.
Estar no mundo é encontrar desafios. No plano espiritual o desafio promove nosso crescimento quando encarado com coragem e determinação. A pessoa que se recusa a enfrentar seus desafios no plano espiritual vê-se obrigada a enfrentá-los no plano corporal sob a forma muito mais dolorosa e limitante de doença e morte. A doença tem, assim, um significado simbólico: é a manifestação física do conflito que a pessoa não quer enfrentar.

Toda experiência é um reflexo do pensamento.
Na saúde, também, nossa experiência é o reflexo de nosso pensamento.
A experiência é mantida por hábitos.
Preste atenção aos hábitos que você já possui e que pensamentos e sentimentos você vem reforçando.

A vida é feita de escolhas.
As escolhas que você faz.

A atitude de uma pessoa em relação a si mesma se reflete em seu comportamento e gera consequências.
Como você se cuida?
Reserve alguns momentos AGORA para perceber como os seus hábitos influenciam a sua saúde.
Se você identificou bons hábitos... PARABÉNS.
Se você identificou maus hábitos... pode escolher AGORA mudar seu comportamento.
Para mudar conscientemente um hábito, primeiro você precisa saber que comportamentos você tem, onde, quando e com quem este hábito acontece.
A melhor maneira de mudar um hábito é substituí-lo por outro.
Quando você resolve mudar, um mundo de possibilidades abre-se para você.
A saúde tem muitos verbos:

RIR
DANÇAR
CANTAR
AMAR
ABRAÇAR
COMPARTILHAR
MEDITAR

Ter saúde é viver em equilíbrio.

A saúde começa com pensamentos saudáveis.

PENSE SAÚDE.

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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
9/7/2015 às 08h31

 
Receita de felicidade

"Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito." Assim começa a Carta sobre a felicidade, delicioso e precioso livreto de cinquenta páginas do filósofo grego Epicuro. Livreto porque tem dez por quatorze em e metade das páginas estão em grego, nas edição da editora UNESP.
Afirma o autor ser necessário "cuidar das coisas que trazem felicidade, já que, estando ela presente, tudo temos."
Bem humorado, esclarece o filósofo que "o mais terrível dos males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos"!
A carta esclarece que o prazer é ausência de sofrimento físico e de perturbações da alma. "Por prazer não nos referimos aos prazeres intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos". É realçado o fato de que "não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça, e que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade".
Como outros filósofos gregos, também afirma Epicuro que o homem feliz é o sábio, que discerne o bem supremo nas coisas simples e fáceis de obter. E aconselha o leitor a meditar, dia e noite, para "viver como um deus entre os homens".
No Jardim de Epicuro, em Atenas, vicejava a comunidade onde o mestre com seus discípulos vivia de modo simples, tomando água e alimentando-se de pão e das hortaliças que cultivavam.
O epicurismo sobreviveu por sete séculos e encontrou entre seus ilustres discípulos os virtuosos romanos Sêneca e Cícero.
Recomendo ao leitor a leitura desta carta já que "ninguém é demasiado jovem nem demasiado velho para alcançar a saúde do espírito".
Leia também Epicuro

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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
5/7/2015 às 08h32

 
Sinopse do livro A Dieta da Mente.

O neurologista David Perlmutter especializou-se também em nutrição, empenhado em esclarecer suas observações sobre doença de Parkinson, mal de Alzheimer, DDAH, depressão e outros distúrbios cuja incidência ele percebeu aumentar do modo inesperado entre sua clientela. O diferencial deste livro é a grande bibliografia: dezenas de trabalhos recentes, pouco divulgados entre leigos, realizados por pesquisadores em centros universitários e instituições de pesquisa ao redor do mundo, incluindo o famoso Estudo para o Coração de Framingham. Fornece datas, nomes, endereços, publicações e sites. Maior credibilidade impossível.
O normal do ser humano é morrer de velhice, não de doença.
Desde Hipócrates, que sugeria que seu remédio seja um alimento, a relação entre saúde e estilo de vida é conhecida. É fato conhecido no meio médico ser a alimentação um poderoso modulador epigenético: um fator que regula a expressão de nossos genes, e pode mesmo modificar o nosso DNA. Nossos genes determinam a forma como processamos os alimentos e também a forma como reagimos a alimentos que ingerimos, o que inclui, nos dias atuais, substâncias para as quais não fomos programados geneticamente.
Até um século atrás a alimentação humana era rica em gordura, pobre em carboidratos e retirada da natureza; hoje é rico em açúcar e coisas químicas ou processadas e pobre em gorduras. Há dez mil anos nossos antepassados começaram a cultivar o trigo. Hoje começamos a entender as conseqüências danosas do consumo de um trigo geneticamente modificado, bem diferente do consumido por nossas ancestrais. A doença celíaca foi descrita já no século I d.C. por Areteu da Capadócia, médico que relacionava a doença a anomalias neurológicas, tais como dores de cabeça, vertigens, paralisias e epilepsia.
A doença celíaca é causada por alergia a uma proteína chamada glúten, presente no trigo e em outros grãos, conhecida na forma clássica por causar diarréia.
Os grãos atuais de trigo contem uma quantidade de glúten muito maior que as cepas selvagens. Ora, o glúten (cola, em grego)é uma exorfina, que adere aos receptores cerebrais de morfina produzindo bem estar. Em palavras simples: quanto mas se come, mais se deseja comer. (fato bem conhecido e explorado pela indústria de alimentos) É interesse da indústria de alimentos manter as pessoas viciadas em seus produtos, como é do interesse da indústria farmacêutica ativar, na outra ponta, o consumo de medicamentos para emagrecer (!) e curar toda sorte de doenças provocadas pelo obesidade.
Loucura? Ou a equação da ganância lhe soa familiar?
Quem controla a propaganda é quem tem poder econômico, e o autor não é gentil com essa gente sem ética. Escusos interesses políticos e econômicos incentivam uma abordagem de saúde voltada para a doença, onde médicos desempenham o papel de meros fornecedores de pílulas.
O livro inteiro pode ser resumido em sua frase: NOSSA ALIMENTAÇÃO ESTÁ NOS TORNANDO DOENTES.
A boa notícia é: a escolha é nossa. Nossas escolhas alimentares podem controlar processos inflamatórios provocados pelo glúten e pelo açúcar, ao mudar, na prática, a expressão de nossos genes.
Um numero cada vez maior de pesquisas confirma o elo entre sensibilidade ao glúten e disfunção neurológica. A correlação é estreita, já que 40% é sensível ao glúten, e, dentre esses, 50% é também desenvolve intolerância à lactose, o açúcar do leite. O homem não foi geneticamente programado para consumir açúcar, a não ser em pequenas quantidades, no período do ano em que houvesse frutas; nosso fígado fabrica a glicose da qual necessitamos mesmo com ingestão zero de carboidratos.
A partir de 2005 surgiram os primeiros estudos que descrevem o mal de Alzheimer como diabetes tipo 3. Nesta parte, o autor descreve minuciosamente em termos leigos o metabolismo paralelo de carboidratos e gorduras.
Ao invés de remédios, o autor sugere alimentação correta.
Alimentos naturais ativam os poderosos processos antioxidantes do corpo. Insiste em três frentes: exercícios, dieta e sono.
A obesidade é hoje um fator de risco bem documentado na gênese de problemas cerebrais. O triste fato a constatar é que milhões de pessoas sofrem desnecessariamente de condições que poderiam ter sido evitadas.
O Dr. George Mann, pesquisador do Estudo do Coração de Framingham, iniciado em 1948, afirma:
A hipótese da dieta cardíaca que sugere uma elevada ingestão de colesterol provoca problemas cardíacos mostrou-se diversas vezes falha. O público está sendo enganado pela maior fraude sanitária do século.
O colesterol alto está associado a melhor memória e a decréscimo no risco de mal de Parkinson. Em contrapartida níveis baixos de LDL colesterol eleva a 350% a chance de aparecimento de Parkinson.
A mídia difunde a idéia de que o homem necessita de uma dieta muito pobre em gorduras e a população fica mesmerizada com esta manipulação. A verdade é que apenas a gordura trans é tóxica. (a gordura trans não existe na natureza, é artificial) O uso de gorduras boas, entre elas o colesterol, é benéfico. Nosso cérebro concentra 25% do colesterol total do corpo, pois ele é o componente das membranas que envolvem as células cerebrais. O colesterol também é precursor do hormônio tireoidiano e é necessário para a síntese de vitamina D.
A hipótese lipídica dominou os círculos cardiovasculares durante décadas, apesar de estudos contraditórios excederem os estudos que lhe deram apoio, estudos esses que desconsideraram populações que não se encaixavam na hipótese, como a japonesa, finlandesa e mediterrânea. (sim, houve manipulação de dados, e o autor fornece o detalhe perturbador de que a gordura assassina do estudo inicial era a gordura trans!)
Das gorduras boas, cite-se o óleo de coco, eficiente na prevenção e tratamento do mal de Alzheimer, na dose de uma colher de sopa por dia. Gorduras boas insaturadas são encontradas nas nozes, azeitonas e abacates.
Em contrapartida, um efeito conhecido das estatinas é a disfunção de memória. É grande a lista de efeitos colaterais associados ao uso de estatinas.
As doenças que se observam hoje são provocadas em grande parte por nosso estilo de vida em desarmonia com nossa predisposição genética.
Após detalhar as pesquisas mais recentes sobre o metabolismo do corpo, em especial do cérebro, o Dr. David Perlmutter enumera os principais sintomas da sensibilidade ao glúten e da resistência à insulina. A seguir, recomenda um programa de exercícios aeróbios, sonos saudável e introduz, passo a passo, uma dieta saudável, reconhecendo a dificuldade que as pessoas encontram para alterar hábitos pessoais.
A supervisão médica é importante, pois há exames a serem realizados antes da mudança no estilo de vida.
A ultima parte do livro apresenta receitas balanceadas com o uso de gorduras do bem e suplementos alimentares.
O melhor desta dieta é o fato de ser auto-regulável. Não se preocupe em controlar a quantidade das porções, em contar calorias ou limitar gorduras. Sua meta será a de reduzir ao mínimo a ingestão de carboidratos.
Prevenir é melhor que sofrer, já que boa saúde física e mental garante uma velhice produtiva, compartilhando alegrias com seus entes queridos.

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Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
28/6/2015 às 20h26

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