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Terça-feira,
8/9/2015
Blog do Carvalhal
Guilherme Carvalhal
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Costa-Gavras ataca o capitalismo novamente
O cineasta grego (cujas produções são francesas, além dele ter a nacionalidade desse país) Constantin Costa-Gavras vive no limiar entre arte e política. Dos realizadores de cinema, ele foi quem melhor encontrou o equilíbrio entre a ideologia e a estética, com filmes que são inovadores artisticamente e ao mesmo tempo capazes de levar o espectador a reflexões.
Costa-Gavras atacou muitas instâncias do mundo ao longo de sua obra. Em Paraíso à Oeste (2009), ele retrata a atualíssima questão de imigrantes na Europa. Em O Corte, a abordagem é sobre um homem desempregado e sua jornada violenta para tentar reingressar no mercado de trabalho. Em O Quarto Poder, seu foco é nos métodos pouco éticos da imprensa sensacionalista.
Dois de seus trabalhos chamaram mais atenção. Um deles foi Z, sua obra mais premiada, vencedora do Prêmio do Júri do Festival de Cannes de 1969 e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1970. Nessa obra, o assassinato de um político desencadeia uma investigação que mostra toda a falsidade por trás do jogo político. O outro é Desaparecido - Um Grande Mistério. Nessa obra, o cenário é o Chile na época da ditadura de Pinochet. Um rapaz dos Estados Unidos é dado como desaparecido e seu pai vai ao país, descobrindo toda a tragédia por trás do regime militar.
O filme mais recente de Costa-Gavras foi O Capital. Obra que, como o título já sugere, se passa no metiê de grandes corporações e do mercado financeiro, fazendo eco da crise de 2008.
O filme inicia com Jack Marmand, presidente do banco Phenix, acossado por uma crise devido ao seu problema de câncer nos testículos, que vem escondendo. Impossibilitado de continuar no cargo, ele se reúne aos acionistas e sugere o nome de Marc Tourneuil para assumir seu lugar. A diretoria reluta por considerá-lo incapaz, mas aceita planejando tirá-lo do posto quando Marmand morrer.
Marc Tourneuil é uma figura um tanto quanto dúbia. Assume a presidência querendo reduzir créditos aos pequenos empresários, mas usa como slogan a ideia de prezar por uma empresa ética. Inicia uma campanha para redução de pessoal, que ultrapassa as 10 mil demissões pelo mundo inteiro, utilizando um discurso de ouvir os funcionários da base para demitir as chefias (estratégia que absorveu de um livro de Mao Tsé-Tung).
De fantoche posto à frente da empresa, Tourneuil se torna uma figura popular após aumentar o valor do Phenix nas bolsas de valores. E logo começa a ser assediado por Dittmar Rigule, um acionista norte-americano que deseja converter o banco para o seu país. Rigule começa a sugerir uma série de ações por parte do novo presidente, de modo que pouco a pouco ele e seu grupo assumam o controle, ação que coloca em cheque a posição de Tourneuil.
Essa trama consegue abarcar inúmeras questões do mercado financeiro sob uma visão bastante crítica, marca registada do cineasta. As movimentações realizadas para enriquecer os especuladores acabam gerando consequências na população, o que é frisado por um tio de Tourneuil, que diz que a conta do enriquecimento deles é paga pelos contribuintes franceses. E isso se soma às negociatas por baixo do pano, como acintosamente desvalorizar as ações da Phenix para conseguir comprá-las e aumentar sua influência dentro dela.
O presidente passa por uma espécie de jornada a partir do momento em que é alçado a esse posto. Suas pretensões de deixar a vida corporativa e retomar às salas de aula se perdem e ele se vê cada vez mais envolvido pelo poder concedido a ele. E essa jornada se vê cercada por todas as provações: ele precisa agir contra Marmand, que era uma espécie de mentor seu; se sente atraído por uma modelo que o arrasta em um jogo de interesses no qual dinheiro está sempre presente; e transforma sua esposa em mais um objeto de decoração junto a seus ternos caros. Ao fim das contas ele começa a ser chamado de Robin Hood dos ricos, que rouba dos pobres para dar a eles.
O enredo desse filme pode soar um tanto quanto caricato demais. Obras como O Lobo de Wall Street, Wall Street - Poder e Cobiça e Trabalho Interno já bateram nessa tecla, incluindo os danos causados pela especulação. O detalhe em Costa-Gavras é sua capacidade de fugir do óbvio, principalmente ao ocular as reais aspirações de Tourneuil. Se no filme de Scorcese o personagem principal não possui nenhum valor moral e no de Oliver Stone fica evidente o quanto ele se posiciona contra as corporações, em O Capital sempre há algo a ocultar as reais pretensões do presidente, que com uma visão bastante cínica deixa claro que sabe das consequências negativas de seu trabalho, mas não há outra forma de proceder.
Se por um lado o diretor trabalha um tema que tem sido desgastado nos últimos anos, por outro sua abordagem é bem detalhada e consegue inserir o espectador em momentos de dúvida sobre o que vai acontecer. Não é uma das melhores obras de Costa-Gavras, mas é mais uma peça no enorme mural de críticas que ele construiu ao longo dos anos.
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Postado por Guilherme Carvalhal
8/9/2015 às 19h27
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Cartografia de uma terra imaginária
Italo Calvino deixou em seu trabalho literário uma das mais belas fantasias do século XX, o livro As Cidades Invisíveis. Esse é um livro que prima pelo formato como a história é conduzida e pela alta criatividade com que é apresentado ao leitor.
O livro gira em torno das viagens de Marco Polo e de seu encontro com o imperador Kublai Khan, neto de Gengis Khan. Desconhecendo a própria vastidão de seu reino, o imperador recebe do viajante a descrição das muitas cidades que o compõem.
Cada capítulo do livro é a descrição de uma dessas cidades. Marco Polo vai descrevendo a arquitetura, a geografia e as pessoas que formam cada uma delas, em uma rica profusão de detalhes variados. É nesse ponto que está o brilhantismo de Calvino, por conseguir elaborar uma ampla rede de locais, cada um com suas particularidades, assemelhando a um livro de viagens por uma terra imaginária.
A descrição das cidades se divide em alguns temas, como As Cidades Contínuas, As Cidades e o Céu, As Cidades Ocultas. Cada um desses temas aglutina cidades com características específicas: nos capítulos As Cidades e a Memória, o tempo tem relevância. Nos capítulos As Cidades e o Desejo, a exuberância e os atrativos da cidade são mais evidentes.
Além de ser uma obra de imensa criatividade, esse trabalho de Italo Calvino é de um profundo senso humano. Ao longo da descrição das cidades, Calvino acaba abordando aspectos variados das pessoas. Por exemplo, na cidade de Ercília as relações são feitas através de fios entrelaçados entre as casas, definindo parentesco, autoridade, etc. Quando os fios se tornam volumosos, as pessoas reconstroem a cidade em outro lugar, deixando um rastro de moradias abandonadas. Esse pequeno trecho dá muitas oportunidades de interpretação, como o inchaço de relações que levam as pessoas a abandonarem o panorama anterior ou alguma referência a revoluções, mudando completamente a sociedade.
Na cidade de Melânia, existem papéis que são interpretados pelas pessoas, com diálogos fixos. Quando as pessoas morrem, outras assumem o papel deixado, perpetuando ao longo dos tempos uma mesmice existencial que muda com muita vagareza. Em Eudóxia, um grande tapete se estende ao longo da cidade e sua urdidura representa toda a própria cidade. Mais além do que a cidade, ele demonstra toda a estrutura e as pessoas podem até ver a si mesmas ali, entendendo sua vida e seu futuro nele. A cada cidade algo concernente à existência é discutido.
A leitura de As Cidades Invisíveis é interessante por esses dois vieses, um o da suprema criatividade em elaborar todo esse universo e outro pelos questionamentos que ele leva ao leitor. Foi um verdadeiro serviço de cartografia não apenas geográfica, mas também humana, o que o escritor produziu.
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Postado por Guilherme Carvalhal
2/9/2015 às 22h03
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É para ter medo de Virginia Woolf
Um dos filmes mais perturbadores já realizados, Quem Tem Medo de Virginia Woolf (1966) é uma obra pesada dirigida pelo então estreante Mike Nichols, baseada na peça do dramaturgo Edward Albee. É um filme de apenas quatro personagens, que com um mínimo de cenas consegue passar uma mensagem demolidora e incomodar o espectador.
O nome da peça é uma alusão a Os Três Porquinhos e à frase Quem tem medo do lobo mau? (Who's Afraid Of The Big Bad Wolf?, no original). Ele retrata a temática do filme, a de pessoas que se afrontam com presunção querendo mostrar às demais sua superioridade.
O filme começa mostrando o casal Martha (Elizabeth Taylor) e George (Richard Burton), ambos em espetacular atuação. A maneira como os dois dialogam, cheios de agressividade, desrespeito e sarcasmo, mostra o nível disfuncional da relação. Martha conta que receberão a visita do casal Nick e Honey, com quem seu pai possui contatos, durante a noite e essa presença inesperada causa desconforto em seu marido, que aceita a contragosto.
Essa primeira cena já é fundamental para o desenrolar do filme. Martha é mostrada como uma mulher controladora e obsessiva, enquanto George é submisso, apesar de em vários momentos se defender à altura dos desmandos dela. O casal é de classe média alta, levando um estilo boêmio parecido com o das histórias de F. Scott Fitzgerald. Além disso, a discrepância financeira dá a tônica: George é professor universitário em uma universidade em que o pai de Martha é diretor. O estilo de vida deles é bancado pela família rica dela e George precisa agir de maneira servil para manter seu padrão.
Quando Nick e Honey chegam, os atritos entre George e Martha começam a se tornar mais evidentes. O nível de humilhação com o qual Martha trata seu marido vai criando uma atmosfera tensa, sendo que muitas vezes ele a responde. Então surge um detalhe fundamental que se permeia ao longo da história, um filho do casal sobre o qual nenhum dos dois falam em consenso.
Se Nick e Honey no começo surgem como um casal equilibrado, aos poucos suas idiossincrasias vão aparecendo, envolvidos pela loucura dos outros dois. Assim como George, Nick também é casado com uma esposa de família rica. Já Honey passou por uma gravidez psicológica, alimentando a mesma fantasia de Martha, a de possuir um filho que não existe. Ou seja, Nick e Honey surgem como uma versão mais nova de George e Martha.
Toda a história se desenrola em uma série de jogos e discussões, no qual humilhar o outro significa sair ganhando. Cada um dos personagens vai sendo revelado aos poucos nesse embate, envolvendo flertes não com um objetivo sexual, mas de causar danos ao outro. O próprio George levanta a sugestão de jogarem um jogo, mostrando como a relação entre eles é sustentada pela necessidade de se sair vitorioso.
A existência de um filho é um ponto central da história. As informações dadas sobre George e Martha a respeito do garoto são continuamente conflitantes, deixando uma brecha se ele existe de fato ou não. Esse ponto é uma das principais ideias do filme, a das relações humanas baseadas em ilusões, não havendo de fato um elo entre as pessoas. É isso o que sustenta a relação entre George e Martha e o que acaba resvalando em Nick e Honey, uma série de interesses e fantasias, relações tão frágeis em que mentiras e quimeras servem para preenchê-las.
O diretor Mike Nichols conseguiu reproduzir nas telas uma estética muito parecida com a do teatro. O filme conta com poucos cenários, se passando majoritariamente na sala de estar da casa de Martha e George. A estrutura baseada plenamente nos diálogos e nas interações entre os personagens ressoa muito à dramaturgia.
Quem Tem Medo de Virginia Woolf? foi um filme bastante premiado, levando cinco estatuetas do Oscar, incluindo o de melhor atriz para Elizabeth Taylor. Mike Nichols iniciou uma carreira produtiva, que deixaria outros filmes conhecidos como A Primeira Noite de Um Homem e Closer — Perto Demais. E logo de cara brindou o mundo com uma obra crua sobre relações humanas e sobre sua existência.
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Postado por Guilherme Carvalhal
30/8/2015 às 15h48
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Quinta Sinfonia de Sibelius
A Quinta Sinfonia de Sibelius é considerada a maior obra desse compositor finlandês e é um clássico da música de câmara do século XX. Encomendada como parte da comemoração pelo aniversário de 50 anos do governo da Finlâdia, essa peça é um marco do modernismo musical.
Jean Sibelius teve uma travessia um tanto quando demorada para o modernismo. Nascido em 1865, produziu quatro sinfonias até 1911. Recebeu muitas críticas pelo seu estilo conservador (ou arcaico, se quisermos sermos mais claros), tendo em vista a revolução musical provocada por nomes como Igor Stravinski e Arnold Schoenberg.
Passando por um período de crise por causa dessas críticas, ele produziu sua Quinta Sinfonia, que teve um cunho mais modernista e obteve grande fama, garantindo seu espaço no rol dos grandes compositores.
Nessa obra, Sibelius conseguiu combinar elementos diversos em uma única obra. Ele consegue mesclar suavidade com tensão, em um estilo modernista em que elementos diferentes fluem ao mesmo momento. Além disso, sendo uma composição de certo cunho patriota, ela possui seus momentos de grandiosidade. Isso sem falar na beleza auditiva e na originalidade apresentada, sendo uma composição marcante.
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Postado por Guilherme Carvalhal
26/8/2015 às 13h25
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Continua no Próximo Episódio
Uma curiosidade do mercado editorial atualmente está no lançamento de séries de livro. Obras como Harry Potter e As Crônicas de Gelo e Fogo tem como característica serem histórias que não acabam em um único livro, gerando grandes grupos de fãs que ficam à espera da próxima publicação.
É complexo compreender se esse estender das histórias obedece a questões artísticas, práticas ou simplesmente de mercado. Pela primeira, podemos pensar se essa sequência de títulos faz parte de um todo maior, estrategicamente elaborado para construir uma obra de arte maior. No segundo caso, pensa-se pela dificuldades em colocar de uma única vez um tomo de 9 mil páginas para o leitor. E no terceiro caso, essa subdivisão de séries acontece obedecendo a questões de marketing, que vai influenciando nos desfechos e deixando o leitor ávido pela próxima obra, garantindo clientes para alavancar as vendas.
Aparentemente, o que mais tem definido esse modelo de publicações em série é a questão de mercado. Obviamente que querer criar uma obra imensa e com muitas variações requer lançamentos em séries. É o caso do Senhor dos Anéis, obra que já entrou para os anais da grande literatura e é representada por vários volumes interligados. Porém, é notório que há obras que não são finalizadas apenas para manter o leitor preso e ansioso por saber qual o desfecho da história em uma obra posterior.
Basta pegar algumas das obras que figuraram recentemente entre os mais vendidos. Crepúsculo, Divergente e 50 Tons, além das obras citadas anteriormente, mostram que estender uma obra ao longo de outros títulos é uma maneira de garantir clientes. 50 Tons chegou ao ponto de recontar a mesma história sob a perspectiva de um outro personagem. Difícil crer que essa nova história foi concebida unicamente sob uma visão artística; mais parece que foi escrita para atender a um desejo do leitor.
A sociedade midiática e sua propensão a gerar ídolos colabora para esse esquema. Assim como esportistas, músicos e atores se tornam captadores de fãs, escritores também o fazem. No Brasil são poucos nesse patamar, mas nomes internacionais como Nicholas Sparks, Kiera Cass e John Green conseguem obter vendagens independentemente do livro. É um filão excelente para se publicar obras que es estendem a perder de vista.
É interessante notar também como esse modelo de publicações está intimamente ligado com TV e cinema. Da mesma maneira como nessas duas mídias é corriqueiro haver o intervalo no meio da sequência de uma obra, no livro tem ocorrido o mesmo. Se houve um tempo em que o cinema foi influenciado pela literatura, agora o movimento inverso vem ocorrendo. Há publicações atuais em que se deve questionar se o autor se propôs a fazer literatura ou roteiro de cinema (sem contar a tentação que muitos devem ficar de conseguir transformar sua obra em filme).
Esse recurso está bastante presente na literatura. Proust leva o leitor ao longo de sete livros em seu monumental Em Busca do Tempo Perdido. Machado de Assis utilizou personagens de uma obra em outra, caso do Comendador Aires e de Quincas Borba. James Joyce utilizou Stephan Dedalus, personagem de Retrato do Artista Quando Jovem, em Ulisses. Até mesmo Dom Quixote foi publicado em dois volumes. Nesses casos, é notório que o transitar de uma obra para outra segue questões estéticas.
Não há problema algum nessas histórias que se desenrolam ao longo de muitas obras. O que podemos considerar um problema é quando ocorre desonestidade intelectual do autor para com o leitor. Se uma história pode ser encerrada em um único volume, querer levá-la adiante para garantir vendas é enganar quem gosta da obra. Esse modelo se torna referencial, e quando olhamos para aquelas obras nitidamente sem qualidade e que só existem para atender a segmentos de mercado (caso das Cinderelas pornográficas que vem se multiplicado) notamos que essa é uma tendência bastante presente.
Cada vez mais vemos essa mescla entre mídias, até porque começamos a ter gerações nascidas em um ambiente altamente midiatizado chegando à vida adulta. E é óbvio que as linguagens narrativas vão cada vez mais fazer parte do trabalho literário. Talvez chegamos a um momento em que livros tenham ao final um aviso de Continua no Próximo Episódio.
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Postado por Guilherme Carvalhal
24/8/2015 às 13h11
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El Topo, de Jodorowsky
O filme El Topo é claramente fruto de seu tempo. Lançado em 1970, época de psicodelia, revolta juvenil e questionamentos, esse longa traz toda a cara da contracultura. Não é à toa que John Lennon é um de seus mais conhecidos admiradores. El Topo (O Toupeira, em espanhol) é dirigido, roteirizado e atuado por Alejandro Jodorowsky, um autor altamente criativo e contestador. Trata-se de um filme de faroeste com um roteiro complexo e altamente instigante, repleto de metáforas e simbologias.
A história retrata El Topo, um pistoleiro ao melhor estilo dos filmes de faroeste. Ele atravessa uma longa jornada, dividida em três partes diferentes, em busca de iluminação. É essa a ideia do filme, que já é sugerida pelo seu título, já que toupeira é um animal que escava em busca da luz, mas que se cega quando encontra o sol.
Na primeira parte, um grupo de bandidos está torturando de todas as maneiras padres franciscanos. El Topo aparece com seu filho montado a cavalo para salvá-los, sendo que antes disso faz o garoto enterrar seus brinquedos, referência a um rito de passagem à maturidade. El Topo mata os bandidos e parte, deixando para trás seu filho junto aos Franciscanos.
A segunda parte, considerada a melhor do filme, retrata a busca de El Topo para tentar derrotar quatro mestres pistoleiros, desafio incentivado por Mara, mulher do Coronel que liderava os bandidos e que El Topo leva consigo. Nessa jornada ele se depara com pessoas bem melhores que ele no tiro e ele apenas consegue vencer à base de trapaça, aprendendo lições com cada um deles.
Na terceira parte, ele está preso em uma caverna com várias pessoas com deformidades. Ele consegue sair e reencontra seu filho. Os moradores da vila que os aprisionavam matam todos os deformados que saíram pelo túnel escavado por El Topo. Ele então pega um revólver para enfrentá-los, sendo baleados. Porém, ele se torna invulnerável aos tiros, mata todos os habitantes da vila e morre queimado.
Essa sinopse mostra uma analogia básica: a de um homem cruel que aos poucos vai se convertendo em alguém mais purificado. É a saída das trevas para a iluminação, porém não a iluminação do mito da caverna, do Platão, mas uma iluminação que remete a conceitos mais orientais. Essa iluminação como conceito transcendental se dá pelo final: El Topo se torna invulnerável e morre queimado, como se seu corpo alcançasse uma etapa superior de existência na qual não permaneceria mais entre seus até então iguais.
Essa obra inteira abarca uma quantidade muito grande de simbologias que incluem uma pedra emanando água à semelhança de um pênis ejaculando, o fato de que quanto mais habilidosos os mestes, pior a qualidade de suas armas (a ponto do último não ter nada além de uma rede de borboletas), ou então Mara ser disputada por ele e por uma outra mulher que se veste igual a El Topo. A própria ideia de encontrar mestres remete a sagas orientais, referindo aos portadores de uma sabedoria antiga.
O espectador pode esperar uma longa viagem repleta de criatividade e ideias um tanto quanto amalucadas, ainda que reflexivas. Jodorowsky é o tipo de artista que não tem medo de meter o dedo nas feridas e abusa das polêmicas, como uma cena repleta de coelhos mortos que deixaria ambientalistas de cabelo em pé hoje em dia.
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Postado por Guilherme Carvalhal
19/8/2015 às 20h22
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Publicidade e formação política
Recentemente temos notado um fenômeno interessante na comunicação, a relevância do discurso publicitário dentro de uma proposta distinta da sua, que é sua participação em debates sobre questões públicas e até mesmo na formação de engajamento político. Uma propaganda da Boticário levantou um debate sobre homossexualidade e outra do Bombril levantou um sobre feminismo/machismo, mostrando como essa tendência é corrente nos tempos atuais.
Se voltarmos algumas décadas no tempo e perguntarmos a qualquer um, ouviremos que noticiar e gerar discussões é fruto do jornalismo e que a publicidade tem por meta vender o peixe dela, sendo que a última é o sustentáculo financeiro da primeira. Porém, as mudanças na sociedade tem dado uma conotação diferente a esse modelo.
Por princípio básico, a publicidade tem o objetivo de vender um produto, sendo que existe uma variedade imensa de técnicas para levar o consumidor a escolher entre X ou Y. Pode-se tentar gerar um vínculo afetivo, valorizar a marca e não necessariamente o produto (uma estratégia comum em bancos), mostrar ações de responsabilidade social, e segue uma lista infinita de possibilidades.
Compreender o discurso publicitário significa compreender a evolução do capitalismo ao longo do século XX. Podemos dividir esse processo histórico em três partes. No primeiro, remetemos à Segunda Revolução Industrial e aos processos que deram origem à produção em massa. Nesse momento, a publicidade é fria, porque os produtos não tem nenhuma customização e seguem um modelo plenamente padronizado. O carro é para andar, a roupa para vestir, sapato para calçar e ponto final.
O segundo momento remete a quando a ampla concorrência gera a necessidade de diferenciar os produtos para conquistar clientes. O carro ganha cor, a indústria da moda se desenvolve, a poltrona reclina. A empresas tentam ganhar um diferencial no mercado e a publicidade se torna fundamental ao gerar novos valores ao produto.
O terceiro momento é fruto das mudanças sociais que recebem nomes como pós-modernidade ou pós-industrialismo. É um momento muito próximo ao da Terceira Revolução Industrial, com a informatização e as novas tecnologias de comunicação inserindo-se no ambiente empresarial, quando a informação passou a se tornar um fator de produção tão importante - ou até mais importante - que o capital em si.
Esse processo industrial surgiu simultaneamente a uma maior fragmentação social, quando a sociedade se tornou mais heterogênea e grupos sem expressão começaram a ganhar voz ativa. Hoje em dia alguém pode se definir como hippie, hipster, surfista, vegan, patricinha. 100 anos atrás é pouco provável que tal pulverização de gostos e costumes ocorresse.
Nesse terceiro momento, o discurso publicitário se associou a uma estratégia de marketing que visa pulverizar os produtos conforme os muitos tipos de consumidores existentes. Tanto é que hoje é possível achar turismo para terceira idade, salão de cabeleireiro apenas para crianças, xampu para cabelos crespos, crédito para microempresários. Uma mesma empresa produz produtos e serviços diversificados conforme for a diversificação de seu público.
Junto a esse processo, a necessidade da publicidade em agregar valor aos produtos criou modelos variados de trabalho. São os slogans do tipo "Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?", que não geram nenhum valor objetivo a respeito do produto, mas criam um valor subjetivo. As empresas tentam agradar a seu público, chamar sua atenção, e muitas vezes é preciso um verdadeiro engajamento na causa para poder aumentar as vendas.
As empresas afetarem o comportamento das pessoas não é nenhuma novidade. A pílula anticoncepcional é um caso de produto que influenciou a revolução sexual. Os meios de transporte afetaram a relação das pessoas com tempo e espaço. Se há um século o trabalho precisava ser próximo devido às dificuldades de locomoção, hoje em dia um único funcionário pode percorrer várias cidades em uma única jornada. A indústria fonográfica e o cinema mexeram com o comportamento juvenil. Produtos como macarrão instantâneo, caneta esferográfica, celular, liquidificador e panela elétrica provocam pequenas mudanças que, somadas, geram uma total revolução no dia a dia.
A novidade nos tempos atuais é como o discurso publicitário tem se tornado não apenas uma ferramenta de vendas, mas também um formador de opiniões. Suas mensagens tem atravessado o mero intuito de vender e agregar valor e tem se misturado em debates públicos, como questões sociais e políticas.
O caso do Boticário recentemente foi exemplar. A propaganda faz referência a casais homossexuais e as discussões atravessaram a mera questão do produto e atingiram patamares mais altos, como o pensamento conservador que prefere não ver um casal de mesmo sexo encenando momentos de romance na TV. Obviamente que a intenção do Boticário foi atingir esse público LGBT, mas a repercussão atravessou a expectativa. Houve até lideranças religiosas sugerindo que os fiéis não deveriam comprar produtos dessa marca, sendo que a propaganda não afeta em nada o perfume em si, não havendo uma justificativa racional para comprar ou deixar de comprar mediante essa peça publicitária. Há mais de três milhões de visualizações do vídeo no Youtube, então é bem provável que a campanha seja considerada um sucesso.
Um caso bastante singular foi nas manifestações de 2013, nas quais adotaram-se as frases Vem Pra Rua e O Gigante Acordou como lemas. Essas duas frases são de propagandas, um marketing massivo que atingiu a muitas pessoas. Ou seja, uma expressão cunhada por uma equipe de publicidade para alavancar uma marca acaba se tornando lema para uma série de processos envolvendo a administração pública do país, algo completamente destoante da origem do texto.
O caso da Bombril é igualmente exemplar. Na propaganda, aquele púlpito clássico que é marca registrada de suas propagandas conta com a presença de Ivete Sangalo, Dani Calabresa e Mônica Iozzi. Elas falam sobre as mulheres serem divas, pois além de trabalhar elas também cuidam da casa, o que as difere dos homens, que são "devagar". Um grupo de homens entrou com uma representação no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) por considerá-la misógina e a internet virou palco de discussões. Algo que visava oferecer o produto às mulheres (aparentemente são quem majoritariamente definem quais produtos de limpeza devem ser comprados, então o lógico é direcionar a elas a publicidade) também ganha ares de discussão pública.
Esse efeito é fruto de uma sociedade cada vez mais conectada onde o mundo virtual se torna palco para discussões. Cabe aqui também uma citação de Hannah Arendt ao falar do homo faber, o homem fruto de um longo processo de construção do capitalismo que trabalha e produz (em oposição ao homo politicus, o ideal grego que se dedica à contemplação, à filosofia e à política e é avesso ao trabalho). Para ela, o homo politicus tem a ágora como seu espaço social. Já para o homo faber, o espaço social é o consumo de massa.
Quando falamos de politização nos tempos atuais, um ponto importante é pensar se os indivíduos são cidadãos ou se são consumidores. No Brasil essa discussão remete a Getúlio Vargas, que criou a ideia do Trabalhismo, associando as relações da pessoas com o poder público mediante o trabalho (no economês, trabalho=consumo), sendo que essa relação do indivíduo deveria se dar através da cidadania, que é o gozo de seus direitos e o que insere cada um no espaço público.
Ao ver o discurso publicitário formar o posicionamento político e alavancar discussões que tangem à sociedade, notamos como os conceitos se misturam. O discurso publicitário ganhou um espaço maior dentro da sociedade e virou um mobilizador social, mostrando como temos uma nova maneira de formar opiniões e conceitos sobre assuntos públicos. É uma mostra do quanto as ações empresariais influenciam as pessoas e leva à conclusão de que somos mais consumidores do que cidadãos.
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Postado por Guilherme Carvalhal
14/8/2015 às 13h45
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O primeiro livro que li
Tenho um carinho especial pelo livro A Comédia Humana, de William Saroyan. Foi o primeiro livro que li, quando eu contava 14 anos. Não foi de fato o primeiro, mas é o que assim considero. Antes dele vieram os livros infantis e três livros que li na escola, O Bom Ladrão (Fernando Sabino), Dom Casmurro (dispensa comentar o autor) e O primeiro amor e outros perigos (obra adolescente do Marçal de Aquino, típico livro que professor de português adota no ensino fundamental para tentar fazer aluno pegar gosto pela leitura).
Considero a obra de Saroyan a primeira porque dali em diante eu nunca mais fiquei sem ler nada, engatando um livro atrás do outro. Foi o primeiro livro que li com interesse de leitor e não por obrigação estudantil. Era uma edição da Abril, parte de uma extensa coleção lançada pela editora, todos os livros com capa branca e identificáveis, do tipo que se coloca lado a lado na prateleira.
Assim como primeiro beijo, primeiro carro e primeiro emprego são coisas inesquecíveis, essa obra de Saroyan nunca me saiu da cabeça. É uma obra interiorana, com enfoque na infância, bem parecida com os trabalhos de Mark Twain. É com ares um tanto quanto autobiográficos que ele faz essa obra familiar e humana.
O núcleo da história gira ao redor dos irmãos Homero e Ulisses, que vivem na cidade de Ítaca enquanto do outro lado dos oceanos ocorre a Segunda Guerra Mundial. Homero é um adolescente que trabalha como estafeta - profissão hoje conhecida como office boy e que foi exercida pelo autor durante a adolescência - e aguarda o retorno de seu irmão mais velho Marcus que foi convocado.
Homero encara um processo de maturidade mostrado por diversas formas. A perda do pai e a necessidade de assumir responsabilidades quando o irmão mais velho parte para a guerra é um choque de realidade. Sua família de origem armênia como o autor é mais uma mostra do caráter um tanto quanto autobiográfico.
O livro retrata fatos do dia a dia de uma cidade pequena, como o trabalho, a escola e as expectativas diante do conflito na Europa, tudo isso com certa lição de humanismo como pano de fundo. A parte do vendedor de frutas e seu filho é um desses casos, sendo o personagem Ulisses com sua inocência juvenil o responsável pelo lado lírico do livro.
A Comédia Humana é o tipo de livro que tem como lição de moral a ideia de que, se o mundo está imerso em problemas, ainda assim é um lugar bom. É um clássico da literatura do Estados Unidos, adaptador para filme em 1943 e ganhador do Oscar de Roteiro Original, recebido por Saroyan.
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Postado por Guilherme Carvalhal
12/8/2015 às 20h29
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A figura do malandro
O malandro é uma das mais corriqueiras alegorias referentes ao povo brasileiro. É a representação carnal do conceito de malandragem, um fruto das complexas redes de poder no Brasil, como a forte hierarquia e o afastamento dos indivíduos do poder público, gerando uma zona cinzenta entre o lícito e o ilícito. Mesmo estando nos limiares da marginalidade, é uma figura romântica e simpática.
Enquanto um conceito de entendimento sociológico e uma prática corriqueira no dia a dia, alterada conforme as novas necessidades dos tempos (usar o wi-fi do vizinho sem sua autorização não seria uma malandragem pós-moderna?), a malandragem foi tema de obras artísticas e de grande mídia, cada uma dando sua contribuição na interpretação e na formação do conceito dessa figura.
Apesar da malandragem ser um conceito que ocorra dentro de todo território brasileiro, sua presença é mais referenciada ao Rio de Janeiro e, em alguma escala, à Bahia. Na Bahia, Jorge Amado foi um dos principais a colocá-los como personagens de suas obras, sendo o caso mais conhecido o do Vadinho, de Dona Flor e Seus Dois Maridos, homem que não gostava de trabalho e levava a vida entre golpes e ludibrio. Fora desse eixo, dentro da literatura e do folclore há inúmeras outras abordagens, como João Grilo e Pedro Malasartes.
No Rio de Janeiro é que achamos a principal fonte de referências ao malandro, até mesmo pela sua imagem clássica refletir a essa cidade na primeira metade do século XX, através da figura de terno e chapéu-panamá envolvida com samba e capoeira. Uma obra que aborda essa imagem é A Ópera do Malandro, peça teatral de Chico Buarque transformada em filme por Ruy Guerra.
Essa história é interessante enquanto retrato histórico, por mostrar uma ampla realidade carioca na década de 1940 e a vida do malandro: jogo de sinuca, capoeira, bebida, golpes, teatro de revista. O problema dessa narrativa é sua necessidade de se colocar como expressão histórica, o que torna a história menos um desenrolar natural de fatos e mais uma colagem de momentos diversos, precisando encaixar um pouco de tudo para recriar a atmosfera da época.
No Brasil para exportação existe a clássica figura do Zé Carioca, criação de Walt Disney que mostrava o Rio de Janeiro ao Pato Donald. Nos tempos de sua criação ele era apresentado de terno e chapéu-panamá, além do guarda-chuva e o charuto na boca (em tempos em que se podia colocar fumo em uma publicação destinada a crianças). Com a modernidade ele mudou de visual, passou a usar boné e roupa esportiva, além de deixar o barraco na favela e ir morar em uma casa melhor estruturada.
A figura do Zé Carioca nasce de um período de trocas culturais entre Brasil e Estados Unidos. Nele é referido não apenas o esteriótipo do malandro, mas muitos dos lugares comuns do brasileiro estão presentes ali, como o gosto por futebol, por feijoada, as dificuldades financeiras. Sua figura soa não como um personagem feito pela Disney para homenagear o Brasil, mas para estereotipar o Brasil para o restante do mundo.
A música foi um extenso espaço para se referenciar a malandragem, principalmente o samba. De Conversa de Botequim, composta por Noel Rosa em 1935, até o disco Os 3 Malandros in Concert, gravado por Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró em 1995 em sátira aos Três Tenores (Placido Domingo, José Carreras, Luciano Pavarotti ), esse tema sempre foi explorado pelas composições. Jorge Aragão, João Nogueira e muitos outros fizeram do malandro inspiração para músicas.
Um dos principais artistas a retratar o malandro foi o ator e diretor Hugo Carvana. Em filmes como Vai trabalhar, vagabundo e Se segura, malandro, ele captou não uma figura pronta do imaginário, mas a ideia da malandragem. Tanto que esses filmes foram realizados na década de 1970, já sem a moda dos ternos e dos chapéus.
O universo criado por Carvana é mais moderno, sem saudosismos ou romantismos. O que ele apresenta é uma comédia com muito escracho envolvendo personagens que são avessos ao trabalho e levam a vida na conversa mole. Vai trabalhar, vagabundo começa apresentando essa relação entre lícito e ilícito, quando o personagem principal sai da cadeia.
Uma obra recente de Carvana, Casa da Mãe Joana, trouxe uma perspectiva diferente dessa figura, que é o malandro já com mais idade. É a filha fruta de um relacionamento casual que aparece, o amante profissional de meia idade, o jornalista intelectual bêbado e suas imagens de mulheres do passado. Uma das melhores comédias brasileiras dos últimos tempos.
Assim como o malandro faz parte do ideário nacional, sua presença se deu na literatura, na música, no teatro e no cinema. Do visual clássico que se estampou na memória coletiva até a aplicação do conceito de malandragem em histórias modernas, ele participou ao longo dos anos das narrativas da nação. Sua visão se transformou ao longo dos anos, sempre expressando um conjunto de valores frutos da complexidade da sociedade brasileira.
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Postado por Guilherme Carvalhal
9/8/2015 às 13h56
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Uma Obra-Prima Sertaneja
A música sertaneja brasileira tem como base o instrumental da viola caipira juntamente à cantoria, muitas vezes exercida por mais de um cantor. A temática de suas letras é a realidade camponesa, o dia a dia do trabalho, o distanciamento da cidade e toda a lógica rural do país.
Muitos nomes construíram esse estilo musical, como Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Sérgio Reis. No meio dessa estilo surgiu todo tipo de dupla, algumas com nomes sugestivos como Conde e Drácula ou Redator e Jornalista.
Essa tradição da música caipira conta com uma verdadeira obra de arte musical que é o disco Instrumental, de Almir Sater. Esse disco de 1985, que é um dos maiores do Brasil, eleva o estilo a um patamar bem mais alto, em direção oposta a duplas da época como Chitãozinho e Xororó que davam os primeiros passos rumo à sua decadência artística.
Em Instrumental, Almir Sater apresenta composições suas e de outros músicos, todas em um patamar muito elevado. O ritmo é inconfundível, composto basicamente para viola, apesar de conter instrumentos que não estão inseridos na tradição da música sertaneja, como o berimbau e a cítara. O mais interessante desse disco é a capacidade de Almir Sater em contar uma história através do violão, apresentando composições envolventes e criativas.
Todas as faixas são de muito virtuosismo, com três violões, um formando a base e os outros dois mais solos, além de percussões e outros instrumentos. As músicas vão do intimista ao ritmado, sendo a mais conhecida a faixa Luzeiro, tema do programa Globo Rural. Luzeiro é a que mais se afasta do estilo caipira, contando com elementos mais modernos.
Em um disco plenamente instrumental, Almir Sater conseguiu apresentar toda a grandeza do sertanejo do Brasil. Em tempos em que esse estilo se desconstrói continuamente e nada de bom surge, ouvir essa obra é um alento sobre a boa música brasileira.
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Postado por Guilherme Carvalhal
5/8/2015 às 20h23
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Julio Daio Borges
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