Cresci escutando a Coleção Disquinho, da gravadora Continental.
Eram pequenos discos coloridos que escutava numa vitrolinha bem rudimentar, até adormecer.
No quarto de criança, iluminado somente pela fraca luz do abajur, eu dava asas à imaginação.
Os anos passaram e quando tenho um texto enroscado, é antes de adormecer que a solução vem.
Foi uma infância rica, sem a necessidade de televisão.
Computador então era coisa de ficção científica.
Ainda hoje, toda vez que escuto falar em feijoada, me lembro da Dona Baratinha.
E do coro cantando: João Ratão caiu na panela do feijão...
Acho que por isso também nunca sonhei em casar-me tradicionalmente.
Outros discos que escutei bastante foram:
A cigarra e a formiga - A festa no céu - O patinho feio - João e Maria - Pedro e o lobo (era o meu favorito, mesmo atualmente parecendo tão politicamente incorreto)
Algumas vezes me pergunto: Por que é que determinada lenda ou conto se perpetua? O que a difere de tantas outras escritas ao longo dos anos e séculos? Eu mesma não explico minha atração por temas relacionados à Avalon, Camelot ou Bretanha. E é de lá, daquele rico universo, que destaco o poema que deu origem à lenda da Senhora de Shalott, escrito por Lord Tennyson e publicado em 1842, que se passa durante o período de Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. A senhora está presa em um pequeno castelo por uma feiticeira que lhe diz que se ela lançar seu olhar sobre Camelot, uma maldição cairá sobre ela, só que não revela qual a maldição. Na torre do castelo Lady Shalott contenta-se em observar Camelot através de um espelho.Um dia a senhora vê o cavaleiro Lancelot através do espelho e se apaixona perdidamente. Decide então deixar Shalott e encontrar seu amor. Ao sair do castelo, o espelho se despedaça e ela sabe que a maldição caiu sobre ela. Corre para a água, para um pequeno barco, e segue para Camelot. Infelizmente morre pouco antes de alcançá-la. Seu corpo é encontrado inerte no barco que flutua na costa de Camelot, com seu nome escrito na proa.
As primeiras quatro estrofes descrevem o ambiente de Lady of Shalott, que vive numa ilha próxima a um rio que flui para Camelot, mas pouco se sabe sobre ela.
"And by the moon the reaper weary, Piling sheaves in uplands airy, Listening, whispers, 'Tis the fairy The Lady of Shalott."
Entre a quinta e oitava estrofe é descrita a vida da dama. Amaldiçoada, vê tudo o que acontece em Camelot através de um espelho.E assim tece constantemente uma rede mágica sem olhar diretamente para fora, o mundo.
"She knows not what the curse may be, And so she weaveth steadily, And little other care hath she, The Lady of Shalott." Da estrofe nove à décima segunda descreve o "ousado sir Lancelot" em seus passeios por Camelot, sendo, sem saber, observado pela dama.
"All in the blue unclouded weather Thick-jewell'd shone the saddle-leather, The helmet and the helmet-feather Burn'd like one burning flame together, As he rode down to Camelot. "
As sete estrofes restantes falam do efeito que Sir Lancelot provoca na Senhora de Shalott; ela pára de tecer e olha pela sua janela em direção à Camelot, atraiando para si a maldição.
"Out flew the web and floated wide- The mirror crack'd from side to side; "The curse is come upon me," cried The Lady of Shalott. "
Ela deixa a torre, encontra um barco no qual escreve seu nome, e desce o rio em direção à Camelot. Ela morre antes de chegar ao palácio, e é aí que Lancelot a vê.
"Who is this? And what is here?" And in the lighted palace near Died the sound of royal cheer; And they crossed themselves for fear, All the Knights at Camelot; But Lancelot mused a little space He said, "She has a lovely face; God in his mercy lend her grace, The Lady of Shalott."
Penso que li muito mais em criança e quando adolescente do que agora.
O tempo parece que corria de uma forma diferente.Eu lia tudo que me chegasse às mãos.
Comecei com os quadrinhos da Turma da Mônica, o suplemento infantil "Folhinha" publicado pela Folha de S. Paulo e livros infantis.
Depois passei para as coletâneas de contos, principalmente os russos, que faziam par com os livros que eu tinha que ler para a escola, como os de Dickens, sendo que o que mais me marcou naquela época foi "David Copperfield".Eu lia e chorava.
Foi na escola também que li praticamente toda a obra de Francisco Marins, autor de uma série que se passava no sítio de Taquara-Póca (um tipo de minifúndio paulista da primeira metade do Séc.XX) aonde três meninos viviam suas aventuras na mata.
Nessa mesma época desenvolvi o gosto pela obra de José Mauro de Vasconcelos, li diversos livros dele, de uma só vez, um após o outro, numas férias de Julho. Ou seja, minha iniciação literária foi um drama só.Nem "Pollyanna", de Eleanor Porter, me escapou.
O que fugia um pouco disso eram os contos orientais.Enquanto em casa eu lia contos, na escola líamos Crônicas de uma série intitulada Para Gostar de Ler, que trazia o trabalho de gente competente como Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade e Graciliano Ramos, entre outros.
Todo bom livro que li tornou-se meu favorito pelo período de tempo que antecedia o final da leitura de um outro tão bom quanto o anterior.
Tudo começou com "O Morro dos Ventos Uivantes", de Emily Bronte.Não tenho certeza, mas acredito que seu substituto tenha sido "A Casa dos Espíritos", de Isabel Allende.
Novamente nas férias, principalmente as de julho, enquanto meus primos preferiam as leituras policiais, eu, com forte tendência aos romances, mergulhava nas sagas do tipo "Pássaros Feridos, de Collen McCullough.
Um pouco mais crescida e bem antes de Tolkien, devorei tudo o que Marion Zimmer Bradley escreveu, começando pelas "Brumas de Avalon", passando por toda Darkover, Tróia e alguns menos importantes. Me encantei também com a obra de Nagib Mahfuz.
Foi nessa fase ainda que devorei quase tudo que Érico Veríssimo colocou no papel para depois entrar no universo de Jorge Amado e inclusive no de Zélia Gattai.
Na minha lista não faltaram os clássicos Machado de Assis, José de Alencar, José Lins do Rego, Aluísio Azevedo e o Eça de Queiroz. Gosto muito das biografias escritas por Fernando Morais.
Nos últimos tempos me encantei com a escrita de Amos Oz, que conheci através da fábula "De repente nas profundezas do bosque". Arrisquei um do Neil Gaiman, Lugar Nenhum, e gostei.
Ainda quero ler "A Divina Comédia" de Dante.
Esta semana, aguardo ansiosamente a chegada, pelo correio, de "Ressurreição" de Tolstói.
Se eu tenho uma "cena final" inesquecível, marcante? Não, desde criança tenho por hábito parar umas páginas antes dos desfechos e ficar tentando desvendar os possíveis finais para cada livro que leio.
Sim, eu era aquela criança irritante, que ao final de uma leitura em sala de aula, levantava e mão e perguntava logo: - E se...
"Enquanto o trem deixava a estação, numa dolorosa e lenta partida, eu me lembrava do que me disseram os seus olhos. Certamente que falaram comigo e foram muito mais honestos que você. Não seria muito mais fácil ter confessado que o amor acabou, que era somente uma ilusão adolescente que desmoronou diante da cruel realidade?
Minhas mãos, já um tanto trêmulas, procuram agora um lenço de papel para enxugar as lágrimas que eu pensei que nem tivesse mais. Sei que você sorriu aos nos despedirmos na plataforma.Mas seus olhos tinham pressa, queriam logo sair dalí. Mesmo assim, quando o trem partiu, coloquei a cabeça para fora da janela na tentativa de um último adeus. Quem estava lá, naquele trem, não era mais uma senhora de sessenta anos, com as inúmeras marcas que a idade fora lhe deixando, mas sim aquela menina doce e meiga que você conheceu um dia. Era aquela adolescente cheia de sonhos e tanto amor.
E o que eu vi, ao longe, foi somente a sombra de um homem que um dia amei. Sei que esta carta nunca lhe chegará às mãos, mas preciso escrevê-la para tirar do peito a dor do não amor. Finalmente estás vingado. A menina que um dia lhe abandonou não abandonará mais ninguém. A vida tirou-me a pressa e arrancou-me as asas. E estou exatamente aonde sempre deveria ter estado, esquecida lá no fundo dos seus olhos."
O livro foi presente de uma amiga lisboeta. Até então, não fazia a mínima idéia de quem era Vitorino Nemésio.
O que hoje eu vejo é que é quase uma ofensa à literatura portuguesa não o conhecermos e não termos lido por aqui o "Mau Tempo no Canal".
Infelizmente nossas políticas públicas educacionais não incentivam o intercâmbio literário entre esses dois países tão irmãos.É uma pena!
A rede de televisão portuguesa RTP produziu uma minissérie sobre o livro. Mas eu afirmo com total segurança que é impossível encontrar imagens que representem toda a complexidade e riqueza da obra.
O livro é fascinante!
À princípio, a leitura pode parecer um pouco difícil por conta do vocabulário.Mas isso em nada atrapalha a leitura, pelo contrário, torna-a mais atraente.
Demorei um pouco para chegar ao final do livro, parei por alguns instantes em algumas páginas para observar melhor a paisagem.
Valeu a pena cada linha e minha retina está transbordando de tantas imagens carregadas de conteúdo
Mas nem sempre Vitorino Nemésio foi tão desconhecido assim por aqui.
Houve um tempo em que era um nome corrente
nos meios literários brasileiros. Inclusive deu aulas como professor visitante e participou de conferências por aqui entre 1952 e 1977.
Na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi
titular de Literatura Brasileira e diretor do Instituto de Cultura Brasileira.
Mais informações sobre sua produção poética podem ser encontradas aqui: http://www.todasasmusas.org/02Carlos_Francisco.pdf
Cada obra, cada texto, cria um ponto de ligação/identificação com o leitor(a). Todos temos preferências, e por conta das experiências pessoais de cada um, diferentes umas das outras. Em Alice, do Lewis Carroll, este é o meu trecho favorito:
"Uma grande roseira imperava na entrada do jardim: as rosas que nela cresciam eram brancas, mas havia três jardineiros que se ocupavam em pintá-las de vermelho. Alice achou que aquilo era uma coisa estranha e aproximou-se para ver melhor. Justamente na hora que chegou perto deles, ouviu um dos jardineiros dizer:
"Cuidado, Cinco! Não jogue tinta em mim!"
"Eu não tive culpa", disse o Cinco em um tom aborrecido. "O Sete empurrou meu cotovelo."
Nisso o Sete olhou para cima e retrucou:
"Muito bem, Cinco! Sempre colocando a culpa nos outros!"
"É melhor você não falar nada!", disse o Cinco. "Ontem mesmo eu ouvi a Rainha dizer que você merecia ser decapitado!"
"Por quê?", disse aquele que tinha falado primeiro.
"Não é de sua conta, Dois!", disse o Sete.
"É sim, é da conta dele!", disse o Cinco. "E eu vou dizer pra ele... é porque você levou raízes de tulipa ao invés de cebolas para a cozinheira."
O Sete jogou o pincel fora, e estava começando a falar "Bem, de todas as injustiças...", quando seus olhos caíram sobre Alice, que os estava observando. Ele calou-se subitamente: os outros olharam ao redor e todos curvaram-se em respeitosa reverência.
"Vocês poderiam dizer-me, por favor", disse Alice, um pouco timidamente, "por que estão pintando estas rosas?"
O Cinco e o Sete não disseram nada, mas olharam para o Dois. O Dois começou, em um tom baixo:
"Porque, de fato, você vê, Senhorita, esta deveria ser uma roseira vermelha, e nós plantamos uma roseira branca por engano, e, se a Rainha descobrir, nós todos seremos decapitados, sabe. Portanto, você vê, Senhorita, estamos fazendo o melhor possível, antes que ela chegue para..."
Neste exato momento, o Cinco, que estivera todo o tempo olhando ansiosamente para o jardim, gritou: "A Rainha! A Rainha!"
E os três jardineiros atiraram-se instantaneamente de bruços no chão. Havia o som de muitas passadas, e Alice olhava ao redor, doida para ver a Rainha.
(...)"E quem são esses?", perguntou a Rainha, apontando para os três jardineiros que estavam ainda estendidos ao lado da roseira. Isso porque, vocês sabem, como eles estavam de bruços e a parte de trás do baralho era igual a todo o resto do baralho, ela não poderia dizer se eles eram jardineiros, ou soldados, ou cortesãos ou três das crianças reais. "Como é que eu poderia saber?", disse Alice surpreendida por sua coragem. "Não é da minha conta."
A Rainha ficou vermelha de raiva e depois de encará-la por um momento como uma fera selvagem, começou a gritar: "Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe..." "Besteira!", retrucou Alice, em tom alto e decidido, e a Rainha calou-se. O Rei pousou sua mão sobre o braço da esposa e disse timidamente:
"Deixe pra lá, minha querida: ela é apenas uma criança!" A Rainha afastou-se dele com raiva e disse para o Valete:
"Vire-os!" O Valete os virou, muito delicadamente, com um pé.
"Levantem-se!", disse a Rainha com uma voz estridente e alta, e os três jardineiros instantaneamente saltaram e começaram a fazer reverências para o Rei, a Rainha, as crianças reais e todo o resto do pessoal. "Parem com isso", gritou a Rainha. "Vocês me deixam tonta." Então, virando-se para a roseira, ela continuou falando: "O que vocês estavam fazendo aqui?" "Para servir à Sua Majestade", disse o Dois, humildemente, ficando sobre um joelho enquanto falava, "nós estávamos tentando..."
"Eu entendo!", disse a Rainha, enquanto examinava as rosas. "Cortem-lhes a cabeça!" e o cortejo prosseguiu, com três dos soldados ficando para trás para executar os desafortunados jardineiros, que correram na direção de Alice em busca de proteção.
"Vocês não serão decapitados!", disse Alice, colocando-os dentro de um grande jarro de flores que estava por perto. Os três soldados ficaram confusos por um minuto ou dois, procurando por eles e então voltaram para o final do cortejo. "As cabeças já foram cortadas?", berrou a Rainha. "Suas cabeças se foram, para servi-la, Majestade!", os soldados gritaram em resposta. "Muito bem!", gritou a Rainha. "Você sabe jogar críquete?"
Existem
diversos bons compositores ou arranjadores para cinema. Desde muito
cedo percebeu-se a necessidade de despertar ou intensificar a emoção
dos espectadores. Considero Chaplin o primeiro grande compositor de
cinema da história.
Até
1926, as músicas que acompanhavam as produções
cinematográficas eram tocadas ao vivo, geralmente, por um
pianista. Em algumas ocasiões até por orquestras, uma
vez que a a base destas trilhas era a música clássica.
Aliás, até hoje reconhecemos arranjos clássicos
nas composições modernas.
As
primeiras experiências de sonorização foram
feitas por Thomas Edison em 1889. Havia, no entanto, uma certa
dificuldade em sincronizar a imagem com o som. Em 1926, a Warner
Brothers adquiriu um aparelho, desenvolvido pelo americano Lee de
Forest que, utilizando-se de um sistema de gravação
magnética em película, permitia a reprodução
simultânea do som e da imagem.
O
filme "O Garoto", por exemplo, produzido em 1921, teve sua trilha
composta pelo próprio Chaplin e inserida numa nova edição
do filme somente em 1971.
De
lá prá cá o mercado cresceu e a profissão
de compositor de trilhas para cinema adquiriu seu mais
que merecido reconhecimento.
Temos
alguns temas famosos como o de "Psicose" composto por Bernard
Hermann, "Star Trek" de Jerry Goldsmith e ainda "Guerra nas
Estrelas", "Indiana Jones" e "Tubarão" do John
Willians.
Isso
sem falar do compositor grego Vangelis que criou obras maravilhosas
para os filmes "Carruagens de Fogo", "Blade Runner" e
"1492, a conquista do Paraíso".
Mas
falando em gregos, gosto mesmo dos italianos Nino Rota e Ennio
Morricone.
O
que mais me encanta no trabalho deles é a capacidade de
fazerem dobradinhas perfeitas com alguns diretores.
Nino
Rota ficou famoso por seu trabalho em "O Poderoso Chefão"
, dirigido pelo Coppola e também pela trilha de "Romeu e
Julieta", do Zeffirelli. Eu mesma, adolescente, quis aprender a
tocar piano só por causa da música tema do filme. Meu
futuro como pianista não decolou, faltou talento.
Particularmente,
considero seus melhores trabalhos, aqueles que ele compôs para
os filmes do Fellini como: "Noites de Cabíria", com a
Giulietta Masina e aqueles seus olhos que alternam- se constantemente
entre a tristeza e a ilusão, "O Ensaio da orquestra", "8
e ½", "Julieta dos Espíritos", "La Strada"
(que é sensacional), "A Doce Vida" (que tem aquela cena
memorável da Anita Ekberg e o Marcello Mastroianni na fonte),
e o meu favorito, "Amarcord", uma história aparentemente
simples, que nos presenteia com formas, cores, sons e uma profusão
de personagens inesquecíveis.
Mas
meu compositor e arranjador favorito é Ennio Morricone.Ele
que começou seu sucesso com trilhas de western, como "Três
Homens em Conflito" do Sergio Leone, que nem é meu gênero
de filme favorito.
Aí
ele fez a trilha de "Era uma vez na America" (84), também
do Sergio Leone e em seguida "A missão" (86), do Roland
Joffé. Não teve jeito, tive que me apaixonar pelo seu
trabalho.
Trabalhou
também com Brian de Palma em "Os Intocáveis" (87).
Em
1988, ao lado do diretor Giuseppe Tornatore, cria a sensacional
trilha de "Cinema Paradiso".Daí em diante o sucesso da
dupla não parou mais. Morricone concorreu ao Oscar de melhor
trilha sonora original por "Malena", mas não ganhou,
posteriormente recebeu um prêmio honorário pelo conjunto
da obra.
Minha
trilha favorita? "A lenda do pianista do mar"...o filme é
do Tornatore, possui a estética própria dele, mas
percebemos um tom do Sergio Leone em relação aos sons
ambientes amplificados. Talvez seja a influência do próprio
Morricone, depois de anos de trabalho com o Leone.Vejo isso
claramente na cena em que o pianista que dá nome ao título
e o trompetista tocam piano durante uma tempestade. Morricone contou
ainda com a participação de Roger Waters e Amedeo
Tommasi no desenvolvimento da trilha.A música desta cena, de
autoria de Amedeo
Tommasi, é
entremeada pelos sons da tempestade e do salão. Facilmente
percebemos como a música embala os personagens.
Feriado é uma data ideal para se acomodar no sofá com um balde pipoca no colo e o controle remoto na mão. Mas não para ficar zapeando e sim para ver e rever alguns filmes.
Como hoje estamos em casa graças à Tiradentes, nada mais justo que escolher temas ligados à Liberdade.
E todo desejo de liberdade está fortemente atrelado à algum tipo de dominação, seja ela concreta ou subjetiva.
Deixo aqui algumas sugestões:
Ninotchka (1939) - Filme dirigido por Ernst Lubitsch, com roteiro de Billy Wilder, Walter Reisch, Charles Brackett. Uma divertida visão sobre o poder do consumismo sobre o comunismo da União Soviética na época.
A Missão (1986) - Direção de Roland Joffé com trilha sonora excepcional de Ennio Morricone.Uma viagem para os sentidos.Aqui vemos a radical transformação de um mercador de escravos espanhol depois de seu contato com índios e jesuítas.
Nas montanhas dos Gorilas - ( Gorillas in the Mist, 1988) O filme, dirigido por Michael Apted, vem em defesa da ciência e dos animais em liberdade, retratando a luta da antropóloga Dian Fossey .
Indochina - (Indochine, 1992) - produzido pelo cineasta Régis Wargnier, é também uma aula de história pois mostra as modificações políticas e sociais que derrubaram o colonialismo francês na região, dando origem ao atual Vietnã.
A Vida é Bela (La Vita Bella,1997) - Excelente filme para as pessoas que sabem bem o que foram os campos de concentração e também para aqueles que duvidam da existência deles.Considerado menos violento que "A Lista de Schindler", é tão contundente quanto.
Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera (2003) - Dirigido pelo sul coreano Kim Ki-duk. Através de um monge budista aprendemos lições significativas sobre o Yin, o Yang, o ciclo da vida e e a natureza.Aqui vemos retratado de forma poética o domínio de nossas emoções sobre nossa consciência.
Mandela - A luta pela Liberdade (Goodbye Bafana , 2007) - com direção de Billie August , o filme nos mostra o que é o preconceito racial e até onde ele pode chegar.Mas não como no filme "Mississipi em Chamas". O filme retrata aspectos políticos e sociais da questão, além do carisma transformador de Mandela.E de um lugar bem inusitado, de dentro de uma prisão.
Diamantes de Sangue - (Blood Diamond,2007) Dirigido por Edward Zwick é outra aula de História, agora em Serra Leoa.
Para os hebreus significava o fim da escravidão e o início da libertação do povo judeu , data marcada pela travessia do Mar Vermelho, que se tinha aberto para a passagem dos filhos de Israel, conduzidos por Móises, à Terra Prometida.
Para os cristãos, a Páscoa é a passagem de Jesus Cristo da morte à vida: a Ressurreição. A passagem de Deus entre nós e a nossa passagem para Deus.
Nas culturas pagãs, como a dos povos nórdicos, a celebração da páscoa era marcada pelo fim do inverno e o início da primavera. Tempo em que animais e plantas apareciam novamente. Os pastores e camponeses presenteavam-se uns aos outros com ovos.
Os chineses costumavam distribuir ovos coloridos entre amigos, na primavera, como referência à renovação da vida.
Ou seja, seu significado é universal, independente de credo e origem, tem relação com o fenômeno da vida.
Aproveito a data para sugerir reflexões pessoais.
Estamos precisando reviver sentimentos um tanto esquecidos, deixados prá lá talvez por conta desta pressa que nos esmaga diariamente feito um rolo compressor.
O que te incomoda? O que te faz feliz?
Permita-se refletir sobre suas respostas.
Estréio no blog com a frase de um autor desconhecido:
"O dia mais importante não é o dia em que conhecemos uma pessoa e sim quando ela passa a existir dentro de nós"
Alguns sites a creditam à Paulo Coelho.Não sei se a frase é dele, mas o que importa aqui não é a autoria e sim o conteúdo.
E é assim como quando lemos um livro, assistimos um filme, ficamos diante de um quadro ou mesmo quando escutamos uma música.O importante é quando a cultura passa a existir dentro de nós.
No meu caso este contato começou bem cedo, lá com os discos de 78 rpm do meu avó que eram tocados num velho gramofone.Logo aprendi que o músico, para tocar uma música tinha que primeiro lê-la.Ou seja, a música era antes escrita, composta por alguém.Eu ficava encantada com partituras mesmo sem compreendê-las.
Percebi, logo cedo, que tudo o que eu quisesse saber talvez alguém já tivesse escrito.Cresci lendo desde fábulas infantis até enciclopédias ilustradas e sempre com a orientação amorosa da minha mãe.Presença constante também nas minhas lições de casa.
Hoje me assusto com o volume de textos que podemos encontrar na internet. São tantos que fica difícil absorver até mesmo uma pequena parte destas informações.
Neste ponto volto no tempo e sugiro olharmos para o passado, para nossa infância, no início do nosso processo de alfabetização. Somos, atualmente, adultos muito mais informados do que nossos antecessores, mas como estamos lidando com o futuro? Como estamos auxiliando nossas crianças e jovens em seus processos individuais de aprendizado/crescimento? Estamos caminhando juntos ou separados?
Mesmo crianças e adolescentes que não gostam de ler se interessam por outras formas de expressão cultural.O ser humano é curioso por natureza.E com a orientação correta, cedo ou tarde, isso não importa, elas acabam tendo um contato prazeroso com a leitura.
Considero nossa função incentivar o contato com a cultura.Que daqui saiam palavras que possam ajudar na construção de um futuro melhor, que despertem a melhor parte do outro.
Que nossas palavras possam ecoar dentro de nossos leitores!