Blog de Aden Leonardo Camargos

busca | avançada
62484 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Show de Renato Teixeira em SCS
>>> Bora Pro Baile: Gafieira das Américas
>>> Ícone da percussão no mundo, Pascoal Meirelles homenageia Tom Jobim com show em Penedo
>>> Victor Biglione e Marcos Ariel celebram 30 anos de parceria em show no Palácio da Música
>>> Hospital Geral do Grajaú recebe orquestra em iniciativa da Associação Paulista de Medicina
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lisboa, Mendes e Pessôa (2024)
>>> Michael Sandel sobre a vitória de Trump (2024)
>>> All-In sobre a vitória de Trump (2024)
>>> Henrique Meirelles conta sua história (2024)
>>> Mustafa Suleyman e Reid Hoffman sobre A.I. (2024)
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
Últimos Posts
>>> Escritor resgata a história da Cultura Popular
>>> Arte Urbana ganha guia prático na Amazon
>>> E-books para driblar a ansiedade e a solidão
>>> Livro mostra o poder e a beleza do Sagrado
>>> Conheça os mistérios que envolvem a arte tumular
>>> Ideias em Ação: guia impulsiona potencial criativo
>>> Arteterapia: livro inédito inspira autocuidado
>>> Conheça as principais teorias sociológicas
>>> "Fanzine: A Voz do Underground" chega na Amazon
>>> E-books trazem uso das IAs no teatro e na educação
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Chicas de Bolsillo e o fetiche editorial
>>> As alucinações do milênio: 30 e poucos anos e...
>>> Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
>>> Vida e morte do Correio da Manhã
>>> O centenário de Contos Gauchescos
>>> Suassuna no Digestivo
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Neruda, oportunista fantasiado de santo
>>> Lauro Machado Coelho
>>> Tchekhov, o cirurgião da alma
Mais Recentes
>>> Mentes Insaciáveis - Anorexia , Bulimia E Compulsão Alimentar de Ana Beatriz Barbosa Silva pela Ediouro (2005)
>>> Como Rezar Pela Cura Entre As Gerações de Alberto Gambarini pela Ágape (2014)
>>> O mês de São José de Padre Oliveiros de Jesus Reis pela Ágape (2010)
>>> Mês Do Coração De Jesus de Padre Oliveiros de Jesus Reis pela Ágape (2010)
>>> O santíssimo nome de Jesus de Padre Paulo O' Sullivan pela Agape (2010)
>>> O santíssimo nome de Jesus de Padre Paulo O' Sullivan pela Agape (2024)
>>> Caravaggio. A Morte Da Virgem (capa dura) de Milo Manara pela Veneta (2015)
>>> Física 1 - Mecânica - Sears & Zemansky (12º edição) de Young & Freedman pela Pearson (2008)
>>> Gatilhos Mentais de Gustavo Ferreira pela Dvs Editora (2019)
>>> O Visconde Que Me Amava - Os Bridgertons 2 de Julia Quinn pela Arqueiro (2013)
>>> Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça de Maria augusta Trindade Ferreira/ Jorge Custódio e outros pela Intituto Camões (2001)
>>> Estado e partidos pol[iticos no Brasil de Maria do Carmo Campello de Souza pela Alfa-Omega (1976)
>>> Os Instrumentos Mortais - Cidade Do Fogo Celestial (edição do colecionador) de Cassandra Clare pela Galera Record (2014)
>>> Escrita Autora - Ruas de nossa vida de Cremilda de araújo Medina pela Portal Edições (2024)
>>> O Menino Do Pijama Listrado (40º reimpressão) de John Boyne pela Companhia das Letras (2013)
>>> Samico - do Desenho à Gravura de Ronaldo Correia Brito pela Museu Oscar Niemeyer (2004)
>>> Ideologia curupira de Gilberto Vasconcelos pela Brasilense (1979)
>>> O Sonho Do Cartógrafo de James Cowan pela Rocco (1999)
>>> Atores E Poderes Na Nova Ordem Global de Gilberto Dupas pela Fundação Editora Da Unesp (2005)
>>> O Palácio Da Memória De Matteo Ricci de Jonathan Spence pela Companhia Das Letras (1986)
>>> Zona morta de Stephen King pela Abril Cultural - Best Sellers (1985)
>>> Formação Social Da Mente de L S Vigotski pela Martins Fontes (2010)
>>> A Invenção Da América de Edmundo O'gorman pela Unesp (1992)
>>> Slewfoot: A Fábula das Bruxas de Brom pela Darkside (2024)
>>> Do Fordismo À Produção Flexível de Adriano Botelho pela Annablume (2009)
BLOGS

Segunda-feira, 22/6/2015
Blog de Aden Leonardo Camargos
Aden Leonardo Camargos
 
Uma ordem secreta determinou que as folhas caíssem


Imagem: Jorge Pinheiro



Eu te esperei todos os dias. Limpei nossa rua. Varri certas loucuras à noite. Saiba que ainda venta muito sem você. Fico de sombra em sombra. Dá um azar danado pisar no pedaço iluminado. De sol.

Tento sair de todo fim. Mas é muito tarde no fim da tarde. É cansaço, roupas da nossa casa, farelos do café que te esperei ouvindo uma notícia de outro lado. Do outro lado B.

Finjo que ouço. Finjo que vivo.

Quando o portão bate é só o vento. Ainda. Insisto em sustos. Cismo em musgo na pele. Possuo carapaça. Desde que olhei no espelho existiu uma cobertura dura que não me enxerga. É você que nunca mais veio.

Umas sementes ressequidas espalham junto com as folhas... Só as folhas correm mais. Já viu que não caem uma em cima da outra? Nunca vi. Não se misturam na solidão do pó cidadão. As sementes não flutuam bailarinas na ventania, só deixam marcas horríveis. Quando pisadas, estateladas...

Fica um choro natural. Esparramado. Silencioso, imundo.

Acho que não tem jeito. Em alguma ordem secreta, foi determinado que as folhas caíssem. Surgissem do nada no desprendimento. Deve ser para ocupar varredeiras como eu, ou terem um motivo para andar pela canção das palhas tocadas no chão. Ou porque nossa rua te espera chegar. Toda torta já... Afundada de tanto passar o peso do dia a dia.

Não sei... Sigo. A sina, a seta, a flecha de varrer aqui... Ou epicentro do que invento. Ou porque esqueci.



[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
22/6/2015 às 15h13

 
Vingança ou a última vela da fé.


Imagem: Photografize


Acordou vingativa. Colocou meiões imensos com a roupa de academia. Aquela calça bem transparente com o nome que deram. "Calça de foda". Selecionou um sertanejo ridículo, dizendo que era você. Propagando em ondas o "ê". Fez tudo que mais detestava.

Desejou em orações que vai se arrepender. Ganhar da vida esse qualquer. Esse viver. Marcou a viagem. Por pura disposição. Um passaporte em outra cidade. Sim! Marcou. Vai cortar de novo o corpo, de tanta raiva. De tanto nada inútil. Ela só esperava o pedaço de carne? No muro acuada. Sem procedência, sem data, sem poder nada.

De vingança desbloqueou a caixa de pandora. Deixou aparecendo todos os venenos. Só assim vem toda a verdade. Tem tudo guardado, arquivado. De vingança. Entendeu? Vingança.

Olhou as malditas fotos. Subiu os meiões, clicou "repeat". Sorriu. Nesse desfile descobriu... Que foi só. Só por vingança. Sua grande ameaça: esconder, duas ou três palavras. Debaixo do choro, do lado das fichas da noite que jogou. Vai sair. Por pura vingança, baby, dormir com quem ela mais detestava: a novidade! Por vingança dessa fraqueza do abandono mortificado.

É a última vela da fé.

[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
12/6/2015 às 12h57

 
Solidão é um pós-ritual africano com uma leoa

Imagem: L'Âme du monde



Dormiu como quem espera passar. A vida ir e dormir.

Disse placas e avessos. Ela não quis conserto, seus gritos por excesso de uso, precisaram ficar em lamentos.

Confundo morte com tristeza. Sei que não sou a mesma. Tem uma velha chamada senhora querendo sentar.

Sobraram uns sonhos avoados batendo na janela da existência. Expectativa é subir escalando montanha de neve sozinha. Gelada, alta e te consumindo pelo medo de falar. Frio é o medo de falar. Medo das avalanches. O que causa avalanche? Um agudo, um grave? A última gota de som? Uma impaciência pousada feito mosca, inquieta.

Venta demais quando a gente espera. Tão as mesmas esperas que quase esqueço o que faço. Um cinza estranho engole a gente.

A solidão é um pós-ritual africano dormindo de mãos dadas com a leoa. Caçadora. Acorda faminta. Todas as feras chegam ao fim, à exaustão. Seus olhos não mentem.

Sabe, eu subi no alto das pedras. Achei-me tão feroz! Desenhei minha vida para você. Entreguei uns bilhetes emaranhados, tal qual fiozinhos de uvas que nascem. Fiz um caminho para percorrer todo seu cabelo, de cajado deitar no seu peito, marquei o peregrinar de desejo. Existe um vazio feliz em nada querer. É tão mínimo te ver. Um pouco nada igual diferente.

A realidade é um monstro. Engole às vezes meu abismo interno. Não há de ser nada. Ventava muito ontem e eu pesava a importância das avalanches. Criando definições. Foi um dia lindo.

Fiquei brigando de realidade, cansada, combinei um pacto de dois fatos: um fundamental, outro bem exato. Eu que detesto cálculos, pude ver: borboleta nunca voa em linha reta. Pulei de onde nunca existi. Te espero sempre desse lado, é uma travessia e tanto... vem logo, andar comigo?

[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
9/6/2015 às 05h37

 
Três pétalas, muita poeira, quatro pedras, bilhete

Imagem: Adrian Sommeleng



Era uma vez (a décima terceira vez) uma menina vadia. Passava-se por santa. Envelhecia. Em doses diárias carregava pesos de esperanças. Treinava. Também levantava voos. Escondia. Ninguém percebia.

Enquanto seu corpo flutuava, seus pensamentos mexiam. Não era afeita ao comum. Ao dia a dia. Analisava planilhas. Desencantava-se da secura das linhas. Os números eram formais, em filas, representavam fortunas alheias.

Fim de semana bebia. Bêbada, caía. Em si. Não suportou quase nada. Fugia.

Viajava para um lugar muito, muito, muito distante. Um castelo sem janelas construía. Uma torre suja erguia.

Nessas corridas matinais encontrou o arqueiro. Sem saber como sabia, deu-se de repente sem armas ou fantasia. Perguntou se era a décima terceira vez que se apaixonaria.

Disse sim.

Não foram tantas as vezes. Sua história mentia. Era uma vez só. Era agora.

Futuro de pretérito foi bordado, tatuou um abraço, na cintura, do lado. Tatuou a espera de um menino encantado. Uma borboleta, um caracol, um sonho louco clássico.

Arqueiro carregou nos braços, todas as flores desenhadas. Sorveu o tempo possuído. Tão pouco, mas o melhor tempo já na Terra vivido. Ele não foi mal. Apenas dominado. Pela flecha de seu mestre, destino já lançado.

A menina vadia, sempre bem comportada, vestida de professora, doou-se toda à verdade das loucas transgressoras.

Numa linda noite, ele de vez adoeceu. Lembrou-se de outra moça. Não escutou a voz, simplesmente apagou a única vela da escuridão -dela - distraiu. O mestre veio e levou-o. Exigível objeto ficou. Uma flecha, um arco e a felicidade marcada a ferro e fogo de lua tão nascente no abismo amor, pulso adentro calou. Só teve a visão dos quartos em doces encantos de excessos. Os olhos sempre se fecham por beijos, princípio da loucura.

Logo o tempo não parou. Num dia qualquer, nem lindo, sem datas, a menina doeu-se tanto que apoiando nas pedras agachou. Deu dois passos meio mortos, bem perto do fim para um mergulho, desesperou ao vento: traga os deuses tortos para mim?

Respondeu a divina potência em tempestade, enviou do alto dois raios riscados e fortes. Cortaram seu coração. Foi um corte quente fechando imediatamente - com vida - três pétalas, muita poeira, quatro pedras e a resposta de um Deus, escrita em grego. Tudo cicatrizou. Nunca leu. Nem soube do seu amuleto místico, guardado na trouxinha de crochê, em quarenta e três pontos altos, dentro do peito... Quem mesmo sabe o que guarda nos seus próprios segredos?

É só mais um conto de menina vadia, com coração cheio de pedras, poeira, pétalas e um bilhete em grego num amuleto.

Vadias não estudam grego. Salvam-se do amor, amando. Lobos



[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
2/6/2015 às 07h39

 
Café derramado.


Imagem: Livro & Café


Não tem como te dizer que voltei aqui, na igreja da matriz - enquanto você rezava - fiquei no canto olhando, enquanto o café esfriava. Enquanto você não se movia no nada bem vazio que preenchi de cores num feitiço ao contrário. Agora, tudo que penso tem seu nome. Um silêncio bem calado, interrompido pelo telefone. Um diário "desanotado", apagado pelas interrupções constantes do que tento pedir.

Cada dia que passa parece agora uma contagem regressiva. Quanto tempo ainda teremos? Sabemos do fim pouca coisa. Evitamos. Acordo pensando, meio louca por ter separado meu eu duplicado nos devaneios dos sonhos. Sou agora insuportável... Coloquei flores imaginárias, colhidas do nosso jardim na janela, perto da sua xícara. Arrumei a mesa. Espero que venha da cama para cá. Enquanto quase misticamente observo a água fervente.

Passei o café. Sem açúcar. Não há cálculo matemático que decifre a incógnita desproporcional de ter encontrado você. Nosso gato está inquieto hoje.

Eu desvairada no infinito.

Só o seu cigarro tem cheiro doce, misturado ao perfume, lembra o mato cortado meio molhado, num dia rosa. Daquele... Em que fomos namorar de carro, numa tarde de domingo.

É seu cheiro que me aqueceu quando voltei. Deitei no chão por pura piedade.

O tempo determinou a permanência do que sinto.

Quando será que você acorda? O café já passou. Tudo que preciso, quando fecho os olhos, são as coisas diárias... O pão, o barulho dos passos pela casa, a porta que se fecha, o chuveiro que liga, o cheiro do sabonete... As chegadas de todo dia.

Nunca aconteceu o que vivo. Olho minhas mãos que escrevem, as letras do seu nome. Em tudo que derramei.



[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
27/5/2015 às 07h54

 
Afastei duas casas de Marte, meu plano astral


Imagem: Internet


Fico em dúvida das muitas teorias existentes da existência efêmera. Ascendente em Aquário, descendente de todos os signos. Dependente do meu símbolo - fogo - decadente. Cruz de Malta cabalística ou apenas um fóton perdido?

Fiz barganha com Marte. Com meu dedo afastei à direita duas ou três casas. Acho que causei tempestade. Para perdoar de exagerar o Universo, rodeei com três Alfas Centauros. Aproximei-me misticamente das seis estrelas do seu pescoço.

Diz a lenda pessoal que vamos nos casar em Eros. Moraremos num sorriso eterno.

Vou ler para o infinito, frases afirmativas.

O frio será quente, a dúvida razão. Voo de Segredo.

Só. Só para brincar de Deus, vou pedir sua mão. Café com queijo, cigarro, beijo.

Entra pra dentro, amor! Que amar não é ficar de fora, é voltar de longe...



[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
19/5/2015 às 07h40

 
O silêncio do meu quarto grita como uma gaivota


Imagem: Photografize


Hoje de manhã doeu sobremaneira. Coloquei às 4:30 (hora que geralmente acordo impulsionada pelo universo) meus fones de ouvido. Selecionei uma faixa que fala dos sonhos jogados em lugar nenhum, da espera. Chama-se Wait, confesso ser do filme A culpa é das estrelas, ainda confesso ter visto e confesso ter chorado... Confesso até ter gostado da fofice que geralmente - ou sempre condeno.

Lembrei-me da última vez que nos encontramos. Era sempre nesse horário o de aprontar, porque só podíamos nos ver de madrugada, quando ninguém efetivamente ligaria.

Lembrei o corpo no meu rosto, na minha pele. Seus cabelos balançando enquanto nos amamos.

Quase pude tocar um fundo azul de mim. Agora já não sei mais onde está.

Vezes por dia dá desespero. Mas finjo tomar café. Vezes faço o que tem que fazer. Meu estômago desveste minha sanidade.

Ela é tão linda! Que eu abraçaria de levantar e trazer para casa.

Mandou uma mensagem me chamando de pequenina. Que sente muito por ser fraca e ter escolhido não ser feliz. Comigo.

Eu quis rolar um pouco no chão. Mas há sempre um café na minha vida a ser feito. Vesti-me, fui para academia. Gosto de exercitar. O corpo dói mais que meu espírito moído. Ela não vem.

Mas é linda.

Tem a boca de gaivota voando generosamente. Só que as gaivotas gritam. Ouvi muito.

Tem uma mancha na parede do meu quarto. Foi quando veio aqui. Ficamos na parede, a calça era preta e o botão arranhou a pintura. Está perto do meu guarda-roupas. Ali ela pousou numa de minhas pernas quando descansou.

Na minha cama nos amamos nesse mesmo dia, que lembrou uma outra noite em que passou por aqui. Quando pelas vias da loucura veio para meus braços. E pernas. E boca. E língua.

As lembranças estão impregnadas no meu rosto. No silêncio do meu quarto que grita como uma gaivota...

Hoje dói muito. Porque não tem data de nada hoje.

Hoje eu queria arrancar minha roupa e sair gritando.

Mas sempre tem um café para fazer. Uma conta para pagar amanhã. Essas coisas que continuam, e faz o coração tremer de normalidade.

Eu a amo. Mas ela prefere a inércia de não querer.

Eu a amo. Tenho café para fazer. Sei lá, estamos em 2037, tenho sessenta e cinco anos, ela não liga mais para minha casa, nem desliga. Foi ser feliz em Londres, Paris. Nem sabe. Eu ainda tenho fones de ouvidos. Ouço as gaivotas, todos os dias, meu amor. Aqui no lado B.

Só queria te contar querida, entre esses apagões governamentais, compartilhar com você essa confissão. Só de falar parece melhorar minha alma. A partir de hoje eu serei também, borboleta, como você. Quem sabe assim, alguém me notaria? Mesmo que minha vida toda só durasse um dia!



[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
14/5/2015 às 21h58

 
Seu cansaço irritante de cores


Imagem: 1.000.000 Pictures



Como que explico que estava tudo pronto e o café esfriou? Como caber nessa loucura que gira o dia sem falar um sinal? Essa chave que apenas fecha o novo início?

Há sempre quem diga fim. Ela amanhece certa. Veste as roupas corretas. Empenha seus anéis com o malandro cigano. Compra as coisas que nunca fez. Brigas e absurdos.

Em alguns dias dorme surda. Ouviu de novo que não era agora. Errada hora. Seu cansaço irritante de cores. A casa não brilha. Sombras das roupas desvestidas, do encontro que não aconteceu.

Difícil saber por que os meninos vendem picolé. Não faz sentido existir coerência dos fatos. A vida continuar tão segura lá fora. Tão capítulo seguinte logo mais.

Ela veste a roupa errada. Arranca umas partes que sobram do corpo. Fica bom para o trabalho.



[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
10/5/2015 às 21h10

 
As sombras que os leões deixaram

Imagem: São Tomé das Letras - Pousada Arco Iris



Hoje acordei no mesmo horário. Com as mesmas coisas para fazer. Os fantasmas insones, a cabeça vazia, o sangue que não escorreu dessa morte. Fiz meu chá. Por falta de tempo o vidro partiu de tal fervura despejada. Não pensei bem antes. Nunca penso bem. Muito menos antes. A pia da minha pressa para o trabalho ficou verde ralo. Cheiro de mato molhado, com certas queimaduras. Não muito forte.

Pingou no chão, pelo armário. Tão volátil a água se embrenhando nas matas domésticas! Meu rifle de caça na parede foi olhado com tamanha dor que veio um cheiro seu. Caço leões contratados. Pelas sombras que eles deixam.

Ontem chegaram umas contas. Entre elas a do telefone em lista de três páginas gerando seu número obsceno. Ainda veio absurdamente repetida. Imagina se vêem tudo que te escrevo?

Imagino a lentidão dos passos como se fosse música. Não toca mais. A gente dançou no meu quarto, cantando estrelas de um poeta moreno. Um violão de jangada em declive. Seu perfume me faz rodar em volta de mim. Um abraço que não tive. Mais.

Preciso ir ao banco. Precisava tanto viver! Mas morrer também é preciso. Vou cortar todos os pulsos. Das veias e artérias. Quero a dor quente. Cansei de conter o grito. Vou te chamar na janela esquartejando as palavras do meu corpo. Peço um resgate da aplicação, coisa pouca. Hoje arrumo as unhas. É preciso fingir organização.

Venta em todos os quadrados que risco seu nome. Todos estão dormindo num mundo de opiniões. Eu hachuro uns. Textura. O que fazemos é textura. O que fiz na sua vida foi textura... Buracos entre rabiscos. A lápis. Cinza. Você não viu o desenho e recorte em modo de amostra grátis da gente no jardim? Mas você insiste nos cubos sobrepostos nas dimensões únicas de um ser. Vai ficar com ela, enquanto eu divido formigas em quarks.

Vai perder a identidade. Todo autor tem penalidade a ser cumprida. Eis a minha prisão.

Eu queria só café. Comum mesmo. As evidências do óbvio. Vi você de repente na praça. É engraçado como as aparências têm bom gosto, e converte o mundo nessa cor.

Hoje o universo deu para testes. Derrubou-me, quebrou. Queimei as mãos em Andrômeda. Coloquei o pano no tanque. Sabão. Não sobrevivo nesse mundo de paz. Vendo murmúrios. Fiquei presa um ano e tanto. É uma pretensão racional pagar as contas e morrer à noite.

Tudo vai ser filme. Com a música que dançamos.

[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
7/5/2015 às 11h48

 
Demoras astrais, esperas



Nas paredes amarelas ficaram lembranças inaudíveis de nós. O lugar que segurei suas mãos, pintadas no vermelho casual, há de lembrar a cada chegada sua, minha presença.

Seu cigarro no jardim não contará fluidos meus. As nuvens de desenhos não farão sentido sem minha incessante explicação de tudo. Universo paralelo, fótons, demoras astrais, esperas.

Esse barulho penetrante de espada no peito. O grito que não posso falar. O nome de esconder todo segredo.

Aqui no lado de mim, por ódio, por dor marquei meu quarto. Um fado impresso nos acordes invertidos de nós. Seu corpo que segurei com meu sonho. Tão intensamente firme, tão morosamente denso que você não suportou.

Não suporta a escolha. Não viu que era um pedido. De morrer comigo? Essas mensagens auto destruidoras de auto ajuda alheia, não servem para nenhuma situação emergente.

Na verdade aqui dentro é muito frio. Calor é roupa de existir um pouco. Viver que é vestir... O que parece melhor. .

No final do ano vestido chique branco, brindes clicados... Acho que estou sobrando. Soprando. Uma nuvem qualquer. Tomara que não chova. O som. De nunca mais te ver.



[Comente este Post]

Postado por Aden Leonardo Camargos
3/5/2015 às 20h41

Mais Posts >>>

Julio Daio Borges
Editor

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




O Cavalo De Lata
Janice Steinberg
Rocco
(2014)



Agora Eu Era o Herói Estudo dos Arquétipos Junguianos no Discurso Simbólico de Chico Buarque
Fernanda Luiza Villas Bôas
Achiamé
(2010)



Nasci Pra Dar Certo!
Adriano Gonçalves
Canção Nova
(2011)



Livro Administração Redes de Cooperação Produtiva e Clusters Regionais Oportunidades Para as Pequenas e Médias Empresas
João Amato Neto
Atlas
(2000)



Como Não Aprender Inglês: Erros Comuns do Aluno Brasileiro
Michael Anthony Jacobs
do autor
(1999)



a batalha de pirgus malvae
Herbie Brennan
Record
(2004)



Introdução ao Estudo do Direito- Plt 168
Paulo Dourado de Gusmão
Forense
(2008)



Chico e Emmanuel
Chico Xavier
Feb
(2010)



Volume 3 as Melhores Piadas do Planeta e da Casseta Também!
Casseta e Planeta Foto Original
Objetiva
(2001)



O Cão dos Baskreville
Conan Doyle
Atica
(2012)




>>> Abrindo a Lata por Helena Seger
>>> A Lanterna Mágica
>>> Blog belohorizontina
>>> Blog da Mirian
>>> Blog da Monipin
>>> Blog de Aden Leonardo Camargos
>>> Blog de Alex Caldas
>>> Blog de Ana Lucia Vasconcelos
>>> Blog de Anchieta Rocha
>>> Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
>>> Blog de Angélica Amâncio
>>> Blog de Antonio Carlos de A. Bueno
>>> Blog de Arislane Straioto
>>> Blog de CaKo Machini
>>> Blog de Camila Oliveira Santos
>>> Blog de Carla Lopes
>>> Blog de Carlos Armando Benedusi Luca
>>> Blog de Cassionei Niches Petry
>>> Blog de Cind Mendes Canuto da Silva
>>> Blog de Cláudia Aparecida Franco de Oliveira
>>> Blog de Claudio Spiguel
>>> Blog de Diana Guenzburger
>>> Blog de Dinah dos Santos Monteiro
>>> Blog de Eduardo Pereira
>>> Blog de Ely Lopes Fernandes
>>> Blog de Expedito Aníbal de Castro
>>> Blog de Fabiano Leal
>>> Blog de Fernanda Barbosa
>>> Blog de Geraldo Generoso
>>> Blog de Gilberto Antunes Godoi
>>> Blog de Hector Angelo - Arte Virtual
>>> Blog de Humberto Alitto
>>> Blog de João Luiz Peçanha Couto
>>> Blog de JOÃO MONTEIRO NETO
>>> Blog de João Werner
>>> Blog de Joaquim Pontes Brito
>>> Blog de José Carlos Camargo
>>> Blog de José Carlos Moutinho
>>> Blog de Kamilla Correa Barcelos
>>> Blog de Lúcia Maria Ribeiro Alves
>>> Blog de Luís Fernando Amâncio
>>> Blog de Marcio Acselrad
>>> Blog de Marco Garcia
>>> Blog de Maria da Graça Almeida
>>> Blog de Nathalie Bernardo da Câmara
>>> Blog de onivaldo carlos de paiva
>>> Blog de Paulo de Tarso Cheida Sans
>>> Blog de Raimundo Santos de Castro
>>> Blog de Renato Alessandro dos Santos
>>> Blog de Rita de Cássia Oliveira
>>> Blog de Rodolfo Felipe Neder
>>> Blog de Sonia Regina Rocha Rodrigues
>>> Blog de Sophia Parente
>>> Blog de suzana lucia andres caram
>>> Blog de TAIS KERCHE
>>> Blog de Thereza Simoes
>>> Blog de Valdeck Almeida de Jesus
>>> Blog de Vera Carvalho Assumpção
>>> Blog de vera schettino
>>> Blog de Vinícius Ferreira de Oliveira
>>> Blog de Vininha F. Carvalho
>>> Blog de Wilson Giglio
>>> Blog do Carvalhal
>>> BLOG DO EZEQUIEL SENA
>>> Blog Ophicina de Arte & Prosa
>>> Cinema Independente na Estrada
>>> Consultório Poético
>>> Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
>>> Cultura Transversal em Tempo de Mutação, blog de Edvaldo Pereira Lima
>>> Escrita & Escritos
>>> Eugênio Christi Celebrante de Casamentos
>>> Flávio Sanso
>>> Fotografia e afins por Everton Onofre
>>> Githo Martim
>>> Impressões Digitais
>>> Me avise quando for a hora...
>>> Metáforas do Zé
>>> O Blog do Pait
>>> O Equilibrista
>>> Relivaldo Pinho
>>> Ricardo Gessner
>>> Sobre as Artes, por Mauro Henrique
>>> Voz de Leigo

busca | avançada
62484 visitas/dia
1,9 milhão/mês