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Domingo,
13/1/2019
Blog da Mirian
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
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Direções da véspera (Introdução)
Às mãos do pai, vinha o endereço da casa
de aluguel, na ruazinha cheirando a peixe.
Enfim, ao meio dia recolhia-se o lixo.
Mas ao giro das chaves nada me respondia.
Do outro lado da fechadura, meu olhar galgando
calçadas. Quarto de todos era a sala de oração.
E, ultrapassando o umbral, as moscas
rememoravam a última praga do Egito.
Porta de entrar e sair, quem te abriu
ou te fechou nas direções da véspera?
(Do livro Travessias)
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13/1/2019 às 10h28
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Canções de amor
Queridos amigos e leitores,
Será uma grande alegria encontrá-los
no lançamento do meu livro
CANÇÕES de AMOR
19 de dezembro
Livraria Prefácio
Rua Voluntários da Pátria, 39, Rio de Janeiro/ RJ
a partir das 19 horas
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17/12/2018 às 21h50
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Casa de couro V
Mala grande? Era a casa imaginada navio.
Em águas do banho, eu imaginava oceanos.
Roteiros de ida-e-volta. Âncoras no quintal.
Na infância, a guerra era clarão. Fortalezas
de pedra (os quartos): minhas portas ao noviciado
das fábulas. Na cama desfeita, ficaram lágrimas
da despedida. No bolso do casaco,
o forro descosturado.
Casa de couro. Casa d’água.
Dentro da mala, eu construía balsas.
Minha morada flutuante.
(Do livro Travessias)
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25/11/2018 às 11h00
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Casa de couro IV
Entre dois mundos espalhei meu oceano.
Entre dois mundos, dormem nossos avós.
Meu pai e minha mãe sabiam das travessias.
Para vencer aquelas águas do quintal, construí
navios de papel. Grande, o convés. Imenso, o mar.
Bem maior o porto, recebendo o estrangeiro
evadido de antigas guerras.
Travessias, tantas.
Barca de brinquedo. Barca de verdade.
Dentro da mala, as crianças
carregavam o horizonte.
(Do livro Travessias)
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11/11/2018 às 13h18
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Casa de couro II
Juntando imaginárias folhas, cobria eu
o telhado da casa, protegendo-a do verão
e do inverno, que num só dia desciam ao chão
do deserto. Minha mãe cuidava da comida.
Costurava nossas roupas. De noite, estava
de volta o pai, recitando orações à hora do jantar.
Pão nosso de cada dia. Sol nosso dos trabalhos diários.
Viagem nossa de todos os dias.
Casa da memória. Mala da espera.
Era, sempre, colheita a terra. E, o rio,
meu túnel dos navios e bandeiras.
(Do livro Travessias)
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27/10/2018 às 09h52
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Casa de couro III
No alçapão, encontramos a mala de viagem.
Sob o forro, descobrimos moedas e cartas.
Imaginamos, então, fortuna e selos. E, diálogos,
com desconhecidos de todas as terras. Brincando
de esconder, o irmão menor deixava de fora os pés.
Seguindo improvisada embarcação,
todos chegávamos à foz das águas.
Naquele cais, ancorei minha alma.
Navio de couro. Navio marrom.
Naquele cais, ancorou minha arca prometida.
Naquele cais, senti febre de terra à vista.
(Do livro Travessias
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14/10/2018 às 09h40
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Casa de couro I
De manhã, fazíamos o pão. Ao fim da tarde,
contemplávamos os séculos da Esfinge,
que guardava entre as patas a alma dos deuses.
Naquele reino eu e meus irmãos plantamos trigo.
Naquele deserto desejávamos escavar nossas
tumbas, ouvindo a canção dos ancestrais.
Pela cidade, nasciam mundos fluindo no rio
as lendas do lugar. Minhas lendas e barcas.
Terra da infância. Terra do desterro.
Ao chão, atei a placenta da espécie.
Da chuva, ouvi canções de ninar.
(Do livro Travessias)
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24/9/2018 às 20h55
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Casa de couro
Quem sou? O estrangeiro? O desterrado?
Antes do nome, ensinaram-me as direções.
E o ermo nos caminhos das cidades.
Ao silêncio de ontem, nada me responderia.
Repetindo a sina dos antepassados,
a memória das raízes emerge nos oceanos.
Viagem, gravou-se este meu nome de batismo.
Dos caminhantes, herdei o Livro do Êxodo.
Barcaça do tédio, quem pelos mares
ora te conduz, tão cega e precisa?
(Do livro Travessias)
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Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
18/8/2018 às 09h07
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PRESSÁGIOS. E CHAVES V
Antes da voz do adivinho, estiraram-se
no porto as horas da espera. Acostumado
ao salto do instante, o rosto do pai anteviu
a partida. E, dias de penitência, a encurralar
pérolas e conchas. Preparando a viagem,
meu útero de couro guardava roupas.
Almejando a cor dos trópicos,
meu ventre guardava a véspera.
Carregando os navios, o habitante do cais.
Na terra natal, ficaram as dores do degredo.
Dentro da mala, as dores do parto.
(Do livro Travessias)
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Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
28/7/2018 às 11h24
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PRESSÁGIOS. E CHAVES IV
Na minha rua morava o adivinho,
contando estórias de oceanos e barcas.
Olhando o céu, ele dizia o futuro.
Leques de palmas. Carruagens de sol.
Sob os astros, era eu personagem das visões.
Sob os astros, meu corpo tornou-se alvo da guerra.
Ante a proa dos couraçados, trancava-se a casa.
Fechava-se o dia. Enclausurava-se a vida.
Dividindo a cena, a esquiva do olhar.
O mago previa a passagem dos cometas.
E as coisas que eu já sabia de mim.
(Do livro Travessias)
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Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
14/7/2018 às 10h02
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Julio Daio Borges
Editor
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