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Domingo,
15/11/2015
Sobre as Artes, por Mauro Henrique
Mauro Henrique Santos
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23º Festival Mix Brasil de Cultura e Diversidade
Para todxs
O Festival Mix Brasil de Cultura e Diversidade, na sua 23ª versão, chega à São Paulo com vasta programação em cinema, shows, teatro e palestras.
O festival, que estreou dia 11 e se estende até 22 de novembro em várias localidades da cidade, tem como foco a cultura LGBTQ e apresenta 139 produções cinematográficas de 28 países, teatro, shows, leituras dramáticas e a sua 1ª Conferência Internacional que conta, entre os setenta palestrantes com a presença de Laerte Coutinho e Jean Wyllys em eventos com entrada franca.
A lista de candidatos ao Coelho de Ouro de melhor filme do circuito nacional tem como destaques Yorimatã, de Rafael Saar grande vencedor do 7º Festival de Documentários Musicais e que já foi objeto de uma postagem aqui neste espaço.
Presentes na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, encerrada no início do mês, Ralé , de Helena Ignez , com Ney Matogrosso, e Califórnia, de Marina Person, que foi contemplado com o Prêmio da Juventude de Melhor Filme Brasileiro, na Mostra.
Outros concorrentes são: "A Paixão de JL", de Carlos Nader, "A Seita", de André Antônio, "Âncora do Marujo", de Victor Nascimento, "O Animal Sonhado", de Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima, Victor Costa Lopes, "Quase Samba", de Ricardo Targino, "TupiniQueens", de João Monteiro, "Vozeria", de Raphaela Comisso.
A competição de filmes internacionais conta com obras premiadas em diversos festivais como Berlinale, Locarno e Toronto. Destaque para "Nasty Baby" (EUA), de Sebastián Silva, ganhador do Teddy Bear de longa-metragem em Berlim; "Como Vencer no Jogo (Sempre)" (Tailândia/EUA/Indonésia), de Josh Kim, postulante a uma vaga ao Oscar de melhor filme estrangeiro pela Tailândia e "Histórias de Nossas Vidas" (Quênia), de Jim Chuchu, que venceu o Teddy de melhor documentário.
O elenco de longa metragens se completa com "Grandma" (EUA), de Paul Weitz, com Lily Tomlin e Laverne Cox; "Amor Eterno" (Espanha) de Marçal Forés, "Margarita com Canudinho" (Índia), de Shonali Bose e "Tab Hunter - Confidencial" (EUA), de Jeffrey Schwarz.
As exibições se concentram nas salas do Centro Cultural São Paulo - preço à 1 real -; Espaço Itaú de Cinema (Sala 3) e no Cinesesc.
Boas sessões!
Mauro Henrique.
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Serviço -
São Paulo - de 11 a 22 de novembro. Mais Informações: www.mixbrasil.org.br
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Postado por Mauro Henrique Santos
15/11/2015 às 20h17
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Filme: Samba, de Eric Toledano e Olivier Nakache
Em recente lançamento do Festival Varilux, no Rio de Janeiro, a dupla de diretores afirmou que gostariam de fazer um filme sobre imigração. O sucesso estrondoso da produção anterior, Os Intocáveis, que levou 20 milhões de franceses - um milhão apenas no Brasil -, possibilitava essa escolha.
A eles foi sugerido Samba pour la France, de Delphine Coulin, livro lançado aqui no país com o nome de Samba, do qual fizeram uma adaptação livre, inserindo ações e personagens ausentes do volume. O tomo serviria principalmente para estruturar uma pesquisa sobre a condição dos imigrantes. No entanto, engana-se quem pensa que este seja o tema principal do longa-metragem.
O filme se inicia em uma luxuosa festa de casamento, representada como um espetáculo mais midiático, com ares de superprodução, e menos uma celebração entre pessoas, cara atual de boa parte destes eventos - uma mostra bem desenvolvida e realizada pode ser encontrada no último episódio do recente Relatos Selvagens, de Damien Szifrón.
Logo após, temos um plano-sequência que seguindo o bolo carregado, no início, em trajeto para a cozinha do buffet, passando pelo chef, cozinheiros, garçons, perambulando até chegar ao final de um dos corredores onde um trabalhador, quase solitário, que contrasta não apenas na cor, mas no lugar imensamente mais silencioso do que no início do plano, lava pratos: Samba.
Samba Cissé (Omar Sy), senegalês, vive na França há dez anos com o tio. Temos a situação clássica do imigrante retratada. Burocracia enorme para conseguir documentos que garantiriam a sua permanência. Samba é um sem papel ou 'sans papiers' como são conhecidos naquele país.
A 'mise in scene' privilegia momentos que ressaltam a conjuntura do imigrante precarizado. Após a festa, fica com restos de comida. Procura incessantemente por qualquer tipo de trabalho, com um grupo que se amontoa, em cenas que o empregador escolhe no olhar os mais 'aptos' ao que precisam. Algumas ocupações são muito insalubres e mal pagas. As fugas das autoridades policiais no chão, casas e no mar são bem conduzidas e verossímeis, chegando a deixar o espectador em estado de tensão. Assim como, os trechos em que o africano, aflito com a sensação de estar sendo observado o tempo todo e que qualquer pessoa é um possível delator, deixa outra sensação de dualidade no ar. Necessita sair à procura de emprego, no entanto, estar fora de casa é estar em constante alerta.
Por conta disso, seu tio, que por sua vez era legalizado, reprova o seu comportamento e o impõe um código de conduta mais severo, roupa menos coloridas, andar em lugares pouco movimentados, com roupa de executivo, não trapacear no metro.
Estas orientações fazem Samba não apenas perder a cor, mais que isso, principalmente, a identidade. Penso ser isso, fundamentalmente, o que o filme tematiza. A perda, no mundo moderno, da nossa individualidade, ou ainda, dos aspectos que nos tornariam únicos, num mundo em que a alteridade, cada vez mais tem pautado as nossas interações sociais.
Este é o tema principal do filme, a sublimação dos traços que nos diferencia de alguma maneira, em que a ausência deles nos deixa cada vez mais homogêneos. Alice, representada por Charlote Guisbourg - em mais uma bela interpretação, é uma executiva que após ter uma crise nervosa, precisou ser internada e medicalizada. Com a bolsa repleta de remédios, o olhar vago, distração, desconexão com tudo em sua volta, parte do seu tratamento é ajudar uma organização não governamental que presta assessoria jurídica aos forasteiros detidos. Não sabemos nada sobre a sua vida em boa parte do filme, a não ser o que Samba arranca da personagem. Não tem nem uma história própria. O trabalho que faz qualquer um faria. Assim como o trabalho realizado por todos os outros imigrantes. De fato, ela nem sabe de início cumprir o seu ofício e, como Samba, comete imperícias.
Seu amigo, Wilson (Tahar Rahim), autoproclamado brasileiro, na verdade, possui outras referencias, comprava vários documentos falsos na tentativa continuar na França. Manu (Izïa Higelin), também funcionária da ONG, que se caracteriza por alertar a colega diversas vezes para não se envolver com os imigrantes, trai sua própria recomendação. O tio dá o seu cartão de identificação ao sobrinho, sintomaticamente como se isto não fizesse diferença. Após a polícia descobrir a falsidade dele e de Lamouna, recomendam que deixem o país imediatamente. Em um apelo tocante, Samba chega a temer que perca a sua identidade. Receia esquecer o próprio nome, de tantos documentos diferentes que usou e comprou neste período.
Mesmo que os personagens estejam perdendo seus caracteres mais marcantes, os personagens não são tratados de maneira unidimensional. O protagonista ainda que tenha salvado o companheiro de prisão Jonas, ao sair relaciona-se com a namorada deste. Alice, comedida no trato com todos, tem alguns rompantes de raiva e revela ter agredido e arrancado cabelos de uma pessoa no trabalho. Outra personagem complexa é Wilson, que a despeito de sabermos a maneira fraudulenta que conduz sua vida, se não compactuamos com a atitude ao menos a compreendemos. Ajuda o amigo e intercede para que ele consiga emprego.
Aliás, o 'brasileiro' desde o início revela índices de que é fake. O cabelo longo, juntamente com a maneira de dançar e o relacionamento com as mulheres são muito mais afeitos ao universo do 'latin lover'. Seu bailado se assemelha muito mais a um traquejo caribenho do que tupiniquim.
Aliás, já percebemos isso na cena hilária em que dança Palco, de Gilberto Gil, do disco Realce.
Álbum curiosamente gravado nos Estados Unidos, em 1979, com maioria de músicos americanos como Steve Lukather, da banda Toto e Jerry Hey do grupo Earth, Wind and Fire. O rumo tomado por Gil neste período não agradou Caetano Veloso, entre outros, por ele, supostamente, se afastar genuinamente da música brasileira. A outra música, de Jorge Ben, Take It Easy, My Brother Charles, tem título em inglês. Estariam os diretores, que declararam no Brasil gostar da música brasileira, aprofundando o debate até nas questões musicais? Por conhecerem a música nacional, podemos afirmar positivamente. Ainda mais com o nome do personagem título. "Nossos ilegais, como ocorre na vida, vivem fugindo da polícia. O samba, na verdade, é esse movimento permanente de dançar conforme o ritmo e escapar quando o cerco se forma". Pela direção; composição dos personagens; exposição dos seus universos e angustias, temperados com a leveza do tratamento do tema, em geral, bem humorado, parecem entender do riscado.
Bom filme!
Mauro Henrique. Email ou Twitter .
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Em cartaz:
Caixa Belas Artes
R. da Consolação, 2.423 - Cerqueira César - Centro. Telefone: 2894-5781.
Cidade Jardim Cinemark
Av. Magalhães de Castro, 12.000 - Cidade Jardim - Oeste. Telefone: 5180-3297.
Cinearte
Av. Paulista, 2.073 - Cerqueira César - Centro. Telefone: 3285-3696.
Cinesala
R. Fradique Coutinho, 361 - Pinheiros - Oeste. Telefone: 5096-0585.
Cinépolis Iguatemi Alphaville
Al. Rio Negro, 111, 4º piso - Alphaville - Barueri. Telefone: 4195-1241.
Cinépolis JK Iguatemi
Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2.041, piso 4 - Vila Nova Conceição - Sul. Telefone: 3152-6605.
Espaço Itaú de Cinema - Augusta
R. Augusta, 1.470/1.475 - Consolação - Centro. Telefone: 3288-6780
Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca
R. Frei Caneca, 569, 3º piso - Consolação - Centro. Telefone: 3472-2359.
Espaço Itaú de Cinema - Pompeia
R. Turiassu, 2.100, 3º andar - Perdizes - Oeste. Telefone: 3675-0019.
Iguatemi Cinemark
Av. Brig. Faria Lima, 2.232, 8º piso - Jardim Paulistano - Oeste. Telefone: 5180-3413.
Jardim Sul UCI
Av. Giovanni Gronchi, 5.819 - Vila Andrade - Sul. Telefone: 2164-7711.
Kinoplex Itaim
R. Joaquim Floriano, 466 - Itaim Bibi - Oeste. Telefone: 3131-2006.
Pátio Higienópolis Cinemark
Av. Higienópolis, 646 - Higienópolis - Centro. Telefone: 3823-2875.
Reserva Cultural
Av. Paulista, 900, térreo - Bela Vista - Centro. Telefone: 3287-3529.
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Postado por Mauro Henrique Santos
17/7/2015 às 13h14
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Yorimatã é o grande vencedor do 7º In Edit Brasil
O documentário Yorimatã de Rafael Saar foi eleito o melhor documentário do 7º Festival Internacional de Documentários Musicais, do ano de 2015 - In Edit Brasil - no encerramento do evento realizado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, dia 12 de julho.
Foto:Luiz Fernando Borges da Fonseca.
O longa-metragem arrematou as duas premiações oferecidas pela organização. Eleito como o favorito do júri especializado composto pelo músico e Titã Paulo Miklos, o jornalista e produtor cultural Marcus Preto, a cineasta e produtora Paula Cosenza e o diretor Cristiano Burlan. Também venceu a votação popular após as sessões dos filmes nacionais selecionados para a competição. O júri concedeu menção honrosa para o filme Eu Sou Carlos Imperial, de Renato Terra e Ricardo Callil.
A cantora Tetê Espindola, que também participa da obra cinematográfica, recebeu o prêmio das mãos de Marcelo Alice e Leonardo Kehdi, organizadores do festival, pois o diretor Rafael Saar não pôde comparecer por conta de compromissos profissionais. Além do monólito feito em madeira, a película recebeu também a oportunidade de entrar para o circuito In Edit pelo mundo, com exibição garantida na cidade de Barcelona, na Espanha, lugar de origem da mostra em 2003. No país, o primeiro festival de documentário musical acontece desde 2003.
Após assistir todos os filmes da competição e a despeito da qualidade das outras obras, entendo que o júri fez uma escolha certa e muito coerente. Espero agora que o filme tenha outras exibições, se não no circuito comercial, ao menos em outras festivais pelo país. Para acompanhar novidades sobre o filme, acesse aqui.
Mauro Henrique.
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Postado por Mauro Henrique Santos
14/7/2015 às 14h26
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Competição Nacional - 7º Festival In-Edit
A seleção de filmes da Competição Nacional, do 7º Festival Internacional de Documentários Musicais, em cartaz ainda, de 01 a 12 de julho, em São Paulo, mostra-se acertada na medida em que procura dar conta do mais representativo da recente produção do gênero no país. Segundo a organização são "5 filmes que refletem nossas tradições, nossos ídolos, nossos talentos escondidos e nossas razões de ser". Acrescento ainda que revelam diferentes modos de realização, concepção e produção de documentários musicais proporcionando, além de uma reflexão sobre si mesmo, uma análise dos nossos ídolos e tradições não naquilo que possuem de inacessível e inatingível - que nos distanciam desses protagonistas - mas lançam uma tentativa de compreensão na porção humana que os aproximam de todos nós.
Por conseguinte, os selecionados deste ano foram:Eu Sou Carlos Imperial (2014), My Name Is Now, Elza Soares (2014), Preme. Quase Lindo (2015), Samba e Jazz (2014) e Yorimatã (2014).
My Name Is Now, Elza Soares
Primeiro da competição a ser exibido no festival, sexta-feira última My Name Is Now, Elza Soares, se desenvolve como um documentário ensaio entrecortado das performances da cantora sempre fortes, de um improviso característico, impressionante. Revelando a mulher forte, negra, de periferia que enfrentou preconceitos e os superou.
A narrativa privilegiou exclusivamente relatos da própria Elza sobre si mesma a um espelho com intensa sinceridade e opta por deixa-la sempre em primeiro plano. A escolha visava, segundo a diretora Elizabete Martins Campos, em debate após a exibição do filme, apresentar Elza de maneira forte. Também vemos suceder uma profusão de referências que remetem ao universo particular da cantora, ligada ao mundo de alguns orixás como o espelho e a água - chuva, mar.
As escolhas destes elementos demonstram-se acertadas por contextualizar a personagem e, principalmente, por ser diante do espelho que Elza se desnuda de maneira mais lacerante. No entanto, entendo que neste processo poderia ter sido mais flexível no mínimo, para que a feitura do filme tivesse alcançado maior excelência.
Se a opção de câmera decalca uma pessoa forte, suas declarações também deixam a mostra uma Elza um tanto triste que poucas vezes exalou felicidade ou as mencionou. Este estado atual poderia não ser algo genuinamente anímico, mas sim fruto da sua condição de saúde a época, acometida por um acidente que o impedia por andar e o privaria de muitas coisas e da sua liberdade de maneira momentânea. A predileção pelo primeiro plano, para a diretora ainda, era uma questão de solução para não representa-la nesta condição. Porém, omitir de todo este fato pode causar uma falsa impressão na composição do retratado.
Sobre as imagens externas captadas e relacionados ao mundo religioso da cantora, apesar de importantes no documentário, carecem de um tratamento, no sentido de uma melhor estilização para que o produto final se estabeleça como um todo mais coeso.
Em momentos, a sensação é de episódios soltos, sem muito roteiro e ligação com o resto. O que, por exemplo, como no instante após as imagens de Garrincha, identificado ao Botafogo, temos estádio lotado, com torcida do Flamengo, em êxtase, e Elza cantando "Domingo eu vou ao Maracanã", ficou um tanto desconexo com a passagem anterior. Entendo que talvez uma maior interferência de fatores externos neste círculo interno e intocado - no filme - de Elza, com alguma outra declaração, nos ajudasse mais no processo de compreensão do ser - o que de alguma maneira o filme até consegue fazer. Temos apenas duas notícias externas, esparsas ao longo do filme, como o recorte de jornal que noticia a morte do filho. Essas inserções redimensionam o filme no caminho a que ele se propõe. Afinal, como diria Sartre, somos "aquilo que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós".
Exibição
CCSP, 09/07, 20h
Samba e Jazz
O filme procura o substrato comum que aproxima o samba do Rio de Janeiro ao jazz tradicional de Nova Orleans e vice-versa. Embora o formato do documentário apresente um formato mais tradicional recheado de entrevistas a comparação que temos neste documentário é vigorosa.
O diretor Jefferson Melo apontou, na sessão da Cinemateca, que a escolha da escola de samba Império Serrano aconteceu por esta ser considerada uma das últimas românticas do carnaval carioca, dona de nove títulos. Em tempos de aporte substancial financeiro de empresas, mesmo estando em crise financeira e na divisão de acesso no carnaval do Rio se recusa a distanciar-se da sua tradição.
Nos Estados Unidos o filme adentra no território restrito da YMO - The Young Men Olympians - associação, do século XIX, organizada para dar assistência aos negros locais que, além de não terem direitos, eram marginalizados.
As semelhanças assim se adensam. A exigência de vestimenta impecável era a lei nos dois ambientes. A ligação com os antepassados africanos explica a ligação de ambos com o candomblé e o vodu, ganhando contornos ainda mais robustos com as imagens do cortejo fúnebre do enterro de um membro do Olympians - rito ao som de jazz - e o gurufim ritual semelhante entoado com hinos do samba.
Neste entendimento de aproximações sem hierarquização, de privilegiar as ações no Brasil ou nos Estados Unidos, está a força deste filme, com um apuro visual belíssimo, tanto em cores quanto em preto e branco, que pode num instante nos remeter as fotos dos negros de Pierre Verger e Sebastião Salgado, registro que valoriza os traços dessa população.
O diretor Jefferson Melo, na sessão de abertura do filme no Festival In-Edit, de maneira tímida apresentou sua obra - roteirizada, dirigida, pesquisada e fotografada por ele - como um filme de fotógrafo, sua profissão."Belas imagens e boa música", comenta acanhado.
Se me permitirem uma correção que esta declaração aparentemente restritiva pode realçar, diminuindo suas potenciais qualidades. Corrijo. Estamos diante de um ótimo filme e que vale muito uma [s] conferida[s].
Exibição
CCSP, 09/07, 16h
Premê. Quase Lindo!
O filme percorre a trajetória do grupo paulistano Premeditando o Breque, o Premê. Da sua formação na Escola de Comunicação e Artes, da USP, há quarenta anos, da época do Lira Paulistana até tempos mais recentes.
Repleto de imagens caseira, amadoras e realizada pelos próprios integrantes do grupo, em tela não vemos o recurso da entrevistas de outras pessoas e de membros atuais como é mais comum, mas não há essa omissão. Os membros do grupo são entrevistados e fazem várias declarações ao longo do filme. Eles próprios se explicam e se revelam. "As entrevistas caíram no final", dizem os diretores Alexandre Sorriso e Danilo Moraes, completando que pretendiam deixar o filme mais dinâmico. Conseguiram e com a virtude de adequar o filme com estilo do Premê, bom humor e leveza que em uma hora e dez minutos deixam a sensação de quero mais ou um bis. Como, por exemplo, uma solução para reunir as imagens caseiras e em VHS utilizadas, os diretores preferiam, ao invés, de tentarem artifícios de hardware, que encareceriam a produção, uma imagem da tela, entre as inserções que aparecia B.E.ST PICTURE SISTEM.
As entrevistas realizadas para o filme, e que serviram de elemento de pesquisa para a sua realização, estarão presentes no lançamento do DVD, em negociação, segundo os autores. Em uma delas, após o final da película entre os créditos, temos Lulu Santos, produtor contratado para um disco do grupo, o primeiro para uma grande gravadora. Contrato rompido pouco depois do lançamento, por sentirem-se castrados e domados naquela estrutura comercial. Esta também é uma das questões do documentário e algo que falta no nosso cenário atual. Sempre bem humorados e muito competentes musicalmente - podemos facilmente relaciona-los ao Mamonas Assassinas. Foram taxados de anticomerciais, porém, acima de tudo, procuraram ser a afirmação de uma autenticidade. Quase não, lindo.
Exibição
CCSP, 11/07, 18h
Eu sou Carlos Imperial
O protagonista desta biografia vive uma espécie de "revival" no país nesses últimos anos. A sua persona aparece como um narrador no espetáculo teatral que retrata a vida de Wilson Simonal, personagem no filme recente sobre o Tim Maia e tema da biografia Dez! Nota, dez! Eu sou Carlos Imperial, de Denilson Monteiro, base para o filme.
Figura onipresente do show bussines brasileiro desde os anos 60, o filme não faz concessões ou se omite em explorar as contradições de um personagem tão complexo quanto humano. Com tirocínio publicitário incomum foi um dos precursores do Rock'n'roll no Brasil, lançando nomes como: Roberto Carlos, Ronnie Von, Elis Regina, Simonal entre outros. Ajudou e amparou nomes como Paulo Silvino e Tony Tornado, a quem até moradia ofereceu. Era fiel aos amigos, mas ostentava o bordão "amigo meu não tem defeito. Inimigo, se não tiver, eu ponho".
Compositor entre outras de Mamãe Passou Açúcar em Mim e Pode Vir Quente que Eu Estou Fervendo era controverso com a divisão dos direitos autorais das músicas, não creditando os amigos nas coproduções. Aliás, um dos momentos mais engraçados do filme e que dá dimensão de onde ia a ganancia de Imperial no filme, é a história contada pelo cantor Fábio revelando como tentou surrupiar a música Azul da Cor do Mar, de Tim Maia.
O filme tem a qualidade também de assumir claramente o tom irreverente do personagem, ostentando essa postura até mesmo na hora de creditar algumas das canções de domínio público que Imperial roubava para si. "Comigo é assim: música e mulher, se não tiverem dono, eu tomo!", bradava.
Apesar de se intitular cafajeste e de estilo boêmio, não bebia nem fumava. Quando descobriu que o filho experimentou, após pedir que o menino aos 12 anos fosse contestar o mundo, o privou de diversas coisas. Mesmo com suas falhas, por se assumir genuinamente, a despeito das mentiras, é um ser que desperta admiração. Mas que pode se tornar facilmente odioso, por exemplo, quando o filho revela que perdeu todas as coisas do pai na ocasião do nascimento da sua primeira filha, porque era contra que tivesse filhos - teve onze no total. Marco revela isso aos prantos, chamando Imperial de papai. O silêncio, neste momento, na plateia foi total. Era proibido por ele de sair mais de três vezes com a mesma mulher.
Faltou, além de qualquer explicação de como Carlos Imperial alçou este espaço e se tornou relevante no início, também alguma menção neste bom filme, para poder jogar alguma luz nesta questão, alguma abordagem relativa ao primeiro casamento de Imperial. Que rendeu seus dois filhos. Portanto, quebrou um dogma seu exposto ao seu filho. Rose Gracie, a ex-esposa, era filha de Carlos Gracie, de família tradicional e considerado fundador do Jiu-Jitsu brasileiro.Mas, de maneira inequívoca, não prejudica o conjunto, deste bom filme.
Exibição
CCSP, 11/07, 20h
Yorimatã
Se em Premê. Quase Lindo a questão que se impunha era pelo direito de se ter uma carreira afastada do mainstream, no filme de Rafael Saar a luta que se estabelece é pelo direito de se ter uma carreira. A dupla Luhli e Lucina gravada por Nara Leão, Ney Matogrosso entre outros, responsáveis por sucessos como O Vira e Bandoleiro, por vezes, teve que abrir mão da atividade, mesmo sendo donas de inquestionável talento.
A parceria que podemos dizer que no início era profissional tornou-se vital, inclusive com o casamento delas com o fotógrafo Luís Fernando Fonseca. Este, aliás, é a fonte do vasto material que é apresentado no filme de ensaios caseiros, apresentações, do contexto familiar realizadas em Super 8 e a concepção visual das apresentações das duas.
Estas imagens tem o poder de mostrar que a música produzida por elas tem total relação com o estilo mais alternativo que possuíam. Música sem rótulos, assim como a ligação com a própria vivência desfrutada claramente neste filme. Experiência entremeada de relatos da mistura da cultura e natureza - candomblé, orixás, matas, florestas, cachoeiras, palcos, filhos, perdas, conquistas e, acima de tudo, vida. Ótimo.
Exibição
CCSP, 11/07, 16h
Salvador, 15/07, 18h
Bons filmes!
Sugiro fortemente uma ida ao festival. Confira a programação aqui.
Bons filmes!
Mauro Henrique.
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Postado por Mauro Henrique Santos
10/7/2015 às 17h41
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Mateo, ou Quero Ser Buena Vista Social Club
Seria completamente improvável associar Mattew Stoneman, norte-americano, branco, cabelos ruivos, óculos de aros arredondados, estilo geek e de dono de startup no vale do silício a música cubana e mexicana. singelo documentário trata dessa inadequação e de seu sonho de sucesso junto aquele público.
Desde o início do filme acompanhamos Mattew, o Gringo Machiachi, ou simplesmente Mateo neste embate que não é apenas gravar o álbum, mas também o de se situar, de encontrar o seu lugar no mundo e si próprio.
Mateo mora em um cubículo em que a bagunça e instrumentos musicais não deixam espaço nem para dormir ou relaxar. O espaço é dele, pois reside lá. No entanto, parece que são os objetos que detém a posse do lugar. Precisou afastar objetos, roupas, lixo e instrumentos para ter seu cantinho, naquele ambiente improvisado e precário. Não há lugar nem para o seu descanso. De fato, quase não há este instante no filme, mas sim a sua incessante força de tocar em diversos lugares, muitas vezes no mesmo dia, e conseguir dinheiro para gravar o disco.
Ali nem estão os seus artigos de maior importância como recortes de jornais em que era notícia, seus discos anteriores, suas letras de músicas e anotações das próximas gravações que iria fazer. Precisou alugar um quartinho para despejar parte de sua história lá - outra completa bagunça - impossível até de entrar.
Improvisados também são os lugares que se apresenta: restaurantes, festas, aniversário e em casas de repouso, onde não prestam atenção na sua música, mais preocupados em comer, beber, conversar e se divertir# No lar da terceira idade, nem aplauso sequer, mesmo que tímido irrompe do local.
O gringo sabe ser necessário àqueles dissabores, para reunir o dinheiro que custeará não apenas a gravação, mas acima de tudo, a estadia naquele que é seu lugar no mundo: Cuba.
Era ciente de que para gravar música cubana seria preciso ir até o país de origem daqueles músicos. E mais. Gravar no mítico EGREM. Este famoso nome é a sigla para Empresa de Gravações e Edições Musicais, em português. Fundado pelo governo cubano, em 1964, após a revolução, possui cinco estúdios, entre eles o 101, onde foram as sessões de gravação do Buena Vista Social Club de 1996.
Neste instante o documentário, que se não apresentava estilo truncado e lento, revela momentos de maior leveza. Se nas primeiras viagens de Mateo, cada uma das idas e vindas, entre a ilha e os Estados Unidos, é pontuada por imagens que ressaltam todo o esforço que desempenhou para alcançar sua meta. No desenrolar da narrativa a tela divida ou as imagens simultâneas, do país caribenho nos estúdios e no seu país natal trabalhando, posteriormente, demonstrou ser uma solução acertada e trouxe mais dinamismo à história.
É neste instante que as feições de Matthew, por vezes impregnadas de desalento, assumem contornos de felicidade. Está em êxtase. Grava com músicos excelentes no estúdio que, para ele, emana magia. Participa de festas e principalmente, envolve-se com mulheres. 'Belas e de pernas grossas. Não existem mulheres assim nos Estados Unidos', diz. Mateo precisa dos cubanos. Tanto para o amor-música quanto para a associação vida-feliz. Contudo é dessa constatação que podemos perceber que este amor, por vezes, acrítico pode revelar também ares de ilusão.
Mateo quer ter uma casa também em Cuba. Sonha com uma vida como a de Hemingway. 'Morou vinte anos aqui', diz para Yoanasis, um de seus relacionamentos na ilha que tem uma criança. A família que o hospeda suspeita ser dele este filho. Yoanasis também é o mesmo nome de outro affair seu. Ela o acompanha no EGREM, enquanto ele a casa dela, que é lá o primeiro momento do filme que alguma plateia o tem como centro de atenções, por instantes, porém tempos depois ligam o rádio.
Os nomes iguais sugerem que os relacionamentos fluem e se desenvolvem da mesma maneira que ele vai e volta do país. Sem momentos marcantes, como aleatoriamente contratar, sem culpa, uma acompanhante, como assim o faz. Elas, a sua maneira, não exigem nada dele além do que ele já trás consigo. Como se querendo apertar mais o laço. O seu viés, mulherengo é realçado pela sua família do caribe, que informa que um dos seus problemas é o relacionamento com mulheres. Gasta o que não estava previsto com elas e precisa retornar ao seu país de origem para conseguir mais. Estima-se que Mateo tenha gasto 350 mil dólares em todo o processo de gravação - e em tudo que o envolve.
A música é o seu foco. Está acima até mesmo da relação com os pais, que não veem por décadas, justamente pelo pai ter se recusado a pegar uma gravação de Mateo com alguém, no período em que esteve preso. Compulsivo para gravar, praticou furtos e foi encarcerado. Frequenta a cidade onde nasceu, no entanto, não a casa paterna. No final do filme os vê de longe, mas é incapaz de se manifestar ou ao menos se aproximar.
Os seus pais são outros: os cubanos. Tem uma família que o recebeu em Cuba e musicalmente o Buena Vista. Podemos traçar um paralelo particular com o filme de Wim Wenders, de 1999.
Naquele filme, o produtor musical Ry Cooder viaja ao país para reunir artistas locais que naquele momento enfrentavam verdadeiro esquecimento. Seu intuito era mudar esta condição. Conseguiu mais, alçou nomes como Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Rubén Gonzalez, Omara Portuondo, Eliades Ochoa e Barbarito Torres ao patamar de estrelas internacionais.
No filme de Aarron Naar são os músicos do país de Fidel que dão a possibilidade de Mateo tornar-se conhecido. Se não ao estrelato, ao menos atingiu certa dignidade na carreira e a destacada turnê japonesa. Contudo, vemos novamente um Mateo acanhado, menor, sem a presença dos músicos e o ambiente dos estúdios cubanos. Apenas pagara as sessões de gravação. Ainda hoje é complicado, em Cuba, conseguir autorizações de trabalho fora daquela localidade. Portanto, sempre se apresenta sozinho: voz e violão. Nos shows, deslocamentos pelo metrô nipônico e camarins. Momentos que não são acompanhados por sorrisos ou do seu semblante cubano. Percebemos certo nervosismo nesses instantes, sempre acompanhado de cenas em que a garrafinha de água e os goles constantes são frequentes.
Não se trata de um road-movie como no filme do diretor alemão. Nem temos vários planos da ilha como o gênero neste caso possibilita. Contudo, neste também, temos belas imagens que simbolizam aquela localidade, como a panorâmica de um dos seus cartões-postais: o Malecón. Precisamente em um local de socialização para aqueles habitantes o protagonista está só. Iludidamente, inadequado.
A mimetização de Mateo aparenta se restringir ao estilo boêmio dos músicos cubanos, em especial aos do Buena Vista Social Club, mas indicia até nas capas dos discos.
Capa do disco Buena Vista Social Club, de 96
Similar disco de Mateo
Mas não podemos limitar um filme ao que ele aparenta ter de semelhante com outro. O principal é tentar compreender em imagens o que sinaliza. Se em um vemos diante de nós a busca de veteranos que estavam em ostracismo involuntário. Neste temos um pessoa em busca dos seus anseios e de si. Como todos nós...
Bom filme!
Mauro Henrique.
Confira a próxima exibição:
Cinemateca Sala BNDES, 10/07, 16h
Mateo
Diretor:Aaron I. Naar
Ano:2014
País:Cuba, Japan, United States
Duração:90 min.
Idioma original:English, Spanish
Prêmios:
Grand Jury Award Nomination (SXSW 2014), IFP Documentary Film Lab (2013), FIND Documentary Film Lab (2013), Pacific Pioneer Fund (2011)
Participações em festivais:
SXSW 2014, HotDocs 2014, Lincoln Center Sound+Vision 2014, Camden International 2014
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Postado por Mauro Henrique Santos
8/7/2015 às 12h59
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7º Festival Internacional do Documentário Musical.
Teve inicio na última quarta-feira, 01 de julho e com término no próximo dia 12, na sua edição paulista, o 7º In-Edit - Festival Internacional do Documentário Musical.
Trata-se de um dos festivais cinematográficos mais interessantes do país, exibindo 59 produções, nacionais e internacionais, em seis espaços da cidade, divididos ao longo de 12 dias.
Desta inúmera quantidade de filmes, todos com no mínimo duas exibições cada, consta no programa 18 sessões ou apresentadas pelos próprios diretores e/ou com debate após a sessão e uma feira de vinis, marcada para a próxima quinta-feira, dia 9, e de fanzines, 11/07.
A programação está excelente. Não apenas ao que tange a qualidade dos títulos, mas também pela variedade de obras apresentadas, que dificilmente teriam exibição comercial nas salas deste tipo, repletas cada vez mais de blockbusters.
A edição deste ano homenageará o cineasta norte-americano Murray Lerner, diretor vencedor do Oscar de Melhor Documentário e que presenciou momentos marcantes da história musical das últimas décadas.
Acompanhou a carreira de Bob Dylan, entre 1963 e 1965, época em que o cantor alcançava status cada vez maior, passando por polêmicas, caracterizado como um cantor de um tipo singular de canções foi hostilizado, posteriormente, após usar guitarras elétricas. Gravou no Festival da Ilha de Wight, em 1970, show poderoso do The Who e, no mesmo festival, o último show - antológico! - de Jimmi Hendrix, no dia 31 de agosto, duas semanas antes da morte do guitarrista.
Em From Mao to Mozart, acompanhou o violonista americano Isaac Stern, convidado para tocar com a Orquestra Sinfônica Nacional da China, acompanhando o músico em várias situações, na obra que lhe rendeu a estatueta no ano de 1981.
Estarão em cartaz no festival documentários sobre Paco de Lucía, James Brown, Elza Soares, Rock da Groenlândia, Jaco Pastorius, Racionais MC'S, Pop Cambojano, funk, Araci de Almeida , a construção de um trompete pelos índios Ticuna, tratamento de Alzheimer com musica personalizada, Johnny Moped, Spandau Ballet, Slint, Joe Strummer, Clark Terry, NAS, Punk, Alice Cooper, a cena de música improvisada na Inglaterra. A lista completa pode ser consultada clicando aqui.
Um dos destaques da mostra, a Competição Nacional, exibirá cinco filmes. O escolhido pelo júri especializado participará do circuito In-Edit de Festivais, em outros países como Espanha e Alemanha.
Os cinco selecionados deste ano são: Eu Sou Carlos Imperial, da dupla Renato Terra e Ricardo Calil; My Name Is Now, Elza Soares, Elizabete Martins Campos; Preme. Quase Lindo, de Alexandre Sorriso e Danilo Moraes, Samba e Jazz, de Jefferson Mello e Yorimatã, de Rafael Saar.
Irei, nos próximos dias, a medida que for apreciando os filmes do Festival, comenta-los neste espaço - o qual agradeço ao Digestivo Cultural pela iniciativa.
Analisarei não apenas as produções da competição - o festival na sua programação possui o Panorama Nacional e Internacional, Brasil.doc e Curta um Som -, que revelam experiências, culturas, modos de filmar dos mais diversos matizes, representativos do país e do mundo.
Esperamos contribuir de alguma forma.
Até a próxima postagem, boa leitura e fiquem à vontade!
Mauro Henrique.
Contato:email.
Clique aqui
para ler a apresentação do blog.
Minha entrevista para o Digestivo Cultural,aqui.
SERVIÇO:
CINESESC - R. Augusta, 2.075.
Inteira R$ 12,00 - 250 lugares.
Site: sescsp.org.br
CINEMATECA BRASILEIRA - Largo Senador Raul Cardoso, 207.
Grátis - Sala BNDES 210 lugares.
Sala Petrobras 110 lugares.
Site: cinemateca.gov.br
CINE OLIDO - Av. São João, 473.
Inteira R$ 1,00 - 236 lugares.
Site galeriaolido.sp.gov.br
Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1.000.
Inteira R$ 1,00 - Sala Paulo Emílio 99 lugares.
Site: centrocultural.sp.gov.br
MATILHA CULTURAL - Rua Rego Freitas, 542.
Grátis - 70 lugares.
Site: matilhacultural.com.br
SESC - Campo Limpo - Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, 120.
Grátis - Ao ar Livre.
Site: sescsp.org.br
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Postado por Mauro Henrique Santos
7/7/2015 às 15h57
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À Guisa de Manifesto
Sejam todos bem-vindos ao blog "das artes" ou como mais especificamente sugere o nome "Acerca das 7 artes" que foi o modo como ficaram conhecidas "As Artes Liberais" - sistema educativo que remonta à Antiguidade Clássica grega[1]. Chamam-se "liberais" pois são dignas de um homem livre e que "não servem para ganhar dinheiro[2]", portanto, e mesmo que, em nossa sociedade moderna este quesito adquira várias nuances, qualquer atitude comercial[esca] vinculada à arte não será tratada aqui.
As Artes Liberais, no final da Idade Média, foram fixadas em sete:Gramática, Dialética, Retórica, Música, Aritmética, Geometria e Astronomia. Excluindo-se assim, a Pintura e a Escultura -artes mechanicae - atividades lucrativas.
Diferentemente das anteriores figurarão aqui as sete artes consideradas modernas, como consta no Manifesto das Sete Artes, de Ricciotto Canudo, de 1911, que elencou baseando-se em elementos que definem as linguagens próprias à cada "arte", as seguintes: Música, Dança, Pintura, Escultura, Teatro, Literatura e Cinema[3]. Incluindo-se além destas, qualquer manifestação artística que oriente seres de espírito livre, ou seja, emancipadoras, como a Filosofia, ou até mesmo a fruição do ócio [criativo], ou coisas correlatas.
Como já cantou Milton Nascimento[4]"todo artísta tem de ir aonde o povo está", o que não quer dizer, por outro lado, que esse artísta tenha que oferecer aquilo que o povo/público quer. O novo, qualquer inovação que configure ou demande de um projeto, e a referência à uma tradição, desde que criativa e renovadora, representa a consciência de sua condição como artista e a sua participação neste humilde espaço.
A maior intenção aqui é - junta com a de debater a arte - estabelecer a Paideuma que para Ezra Pound [5] é "a ordenação do conhecimento de modo que o próximo homem (ou geração) possa achar, o mais rápido possível, a parte viva dele e gastar um mínimo de tempo com itens obsoletos".
Espero atingir, com a ajuda de todos, o esperado.
Boa Leitura e fiquem à vontade!!
Mauro Henrique.
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1. Ernest Curtius. Literatura Européia e Idade Média Latina. pág, 38.
2. Idem. pág, 39.
3. Já foram adicionadas outras como a Fotografia, Arte Sequêncial (quadrinhos), Videogames e a Arte Digital.
4. Nos Bailes da Vida. Letra de Milton Nascimento e Fernando Brant.
5. Ezra Pound. ABC da Literatura.
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Postado por Mauro Henrique Santos
10/4/2015 às 20h09
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Julio Daio Borges
Editor
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