Sobre as Artes, por Mauro Henrique

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Sábado, 23/7/2016
Sobre as Artes, por Mauro Henrique
Mauro Henrique Santos
 
A história da canção: entrevista Paulinho Moska

Estreia hoje nova seção do blog sobre a história por trás das canções

Divulgação

Você já se perguntou qual a origem da música que tanto gosta? Ou mesmo se intrigou com aquela que apesar de apreciar ou do sucesso parece, como boa obra de arte, ter vários significados ou aparentemente nenhum? Pensando nessa questão, o blog iniciará uma seção em que os reais compositores das letras revelam a história por trás da canção. Arte? Acaso? Trabalho incessante? Inspiração? São fatores estudados desde a Antiguidade e que permanecem sem resposta – que não seja questionada - até hoje.

Para iniciar a série de entrevista, conversamos com o músico Paulinho Moska. O músico gentilmente nos contou a história da composição das letras de Saudade e Namora Comigo que de alguma maneira contribuem mais ainda para explicar – ou seria explicar para confundir, como diria Tom Zé – os tópicos interrogativos acima. Mostrou que a música final pode surgir de um passeio, da ‘raiva’, de uma brincadeira e que, acima de tudo, não há regras pré-estabelecidas para concebê-la.

Seja arte, inspiração, técnica, habilidade ou acaso, deixemos as querelas para os estudiosos, da nossa parte espero que todos vocês se deliciem, com muito gosto, com os casos musicais que ‘tocarão’ aqui nesse espaço.



BLOG SOBRE AS ARTES - Poderia narrar, o mais detalhado possível, história que propiciou a gênese da música Saudade, em parceria com Chico César?

PAULINHO MOSKA: Chico sempre me visita quando vem ao Rio. E sempre de bom humor! Um dia ele chegou meio cabisbaixo, não sorriu quando saltou do taxi. Subiu a escada da minha casa e me disse: "Paulinho, no caminho pra cá passei pela Lagoa e vi uma cena linda: o reflexo da lua branca no manto negro das águas. Me deu uma saudade..." e me abraçou. Eu logo correspondi ao abraço e perguntei: "Saudade de quem, do quê, Chico?". E ele me respondeu: "De ninguém, de nada. Só a saudade pura mesmo!". Imediatamente após minha gargalhada de alívio, dei a ideia de fazermos uma canção sobre esse tema, a saudade pura.

BLOG -< A escrita, propriamente dita, foi a quatro mãos?

PAULINHO: Nos sentamos no sofá da sala com um violão, um papel e uma caneta, que iam se revezando nas minhas mãos e nas do Chico. Cada ideia que aparecia ia levando à uma outra.

BLOG -
O processo de composição foi árduo ou foi apenas "botar saudade em tudo"?

PAULINHO MOSKA: Teve uma fruição característica daquelas canções que já nascem prontas, foi muito intuitiva. Mas eu e Chico gostamos da palavra e cuidamos para as rimas enriquecerem o poema. Só de estar na frente dele acho que fico mais exigente comigo mesmo. Maria Bethânia me disse no camarim depois de um show dela em que Saudade estava no seu repertório: "Essa música não é sua nem de Chico, Saudade é do povo brasileiro".

BLOG - Já comentou em diversos momentos – shows, principalmente - que quando não entende alguma coisa ou algo, ela [a coisa] permanece fixa na tua cabeça, e por fim você se propõe a escrever sobre o assunto. Como é isso? Para que compõe ou escreve?

PAULINHO MOSKA: Poesia é tudo aquilo que não tem explicação. Escrever é uma forma de sobrevoar o espírito da poesia tentando criar um jogo onde as palavras liberem novos sentidos. Eu escrevo e componho sem perceber, como se fosse um segundo oxigênio que potencializa. Acho que no fim das contas escrevo e componho para sobreviver.

BLOG - Existe parceiro mais fácil ou mais difícil de compor junto? Prefere o momento da composição ou musicar algo preexistente?

PAULINHO MOSKA: Parceiro bom é aquele que escreve bem. De preferência com rimas e número de sílabas proporcionais. Adoro esse formato, que é o mesmo quando eu escrevo. O momento é muito importante. E quanto mais intimidade pessoal, maior a chance de acontecer. Não consigo compor com alguém que eu não conheça pessoalmente.

BLOG - Apesar da singularidade que a palavra ‘saudade’ possui no nosso idioma o que dizer da versão de Pedro Aznar? Trata-se de um outro tudo - outra saudade, outro sentimento, outra canção?

[Veja logo abaixo um vídeo, de qualidade não muito boa (me desculpem, rs), dos dois cantando a música]



PAULINHO MOSKA: Pedro é apaixonado pelo nosso idioma (português) e pela nossa música (MPB). A versão dele é excelente.



BLOG - Você citou a escadaria quando contou recentemente a não menos deliciosa história da música Namora Comigo. Poderia narrar ela novamente em detalhes?

PAULINHO MOSKA: Mart'nalia sempre gravou canções minhas em seu discos. Grande amiga, de casa. Um dia fui ao cinema e encontrei a empresária dela, que é também uma grande amiga minha. Perguntei sobre a Nega e ela me respondeu que Tinalia estava terminando um disco novo, mas sem música minha??? Como??? Fiquei com um ciúmes mortal e fui pra casa compor correndo uma música pra ela. Mas antes resolvi enviar um e-mail, dando uma bronca nela. Na tela branca escrevi: "POOOOOOORRRRRAA MART'NALIA!" Depois, achando que tinha pegado pesado, escrevi: "Namora comigo também né, Nega!" E a partir dessa frase escrevi a letra, gravei e enviei no mesmo e-mail a canção pronta. Quase um mês depois, no dia dos namorados, quando eu já pensava que ela não tinha gostado da música, recebi um buquê de flores gigante com um envelope (sem cartão) escrito assim: "NAMOOOOOOROOOO!!!

BLOG - Falando novamente do processo de composição da música. Apesar de não ser, me parece que você instaura outro tipo de parceria, por parecer que incorpora a figura, estilo e a voz da Mart'nália ao compô-la. É assim que acontece? Esse é o seu procedimento ao iniciar uma canção endereçada à outra pessoa, seja cantor ou mesmo um anônimo?

PAULINHO MOSKA: Não costumo compor pensando em outra pessoa. Parto do princípio de que sou eu que tenho que gostar. Se a canção ficar boa o suficiente para eu mesmo gravá-la, está pronta para ser enviada para algum (a) intérprete.

BLOG - Apesar da beleza, sensualidade e outras sensações positivas que a música suscita, ela surgiu, como aparece em alguns depoimentos seus, de uma espécie de vingança. Claro que num tom irônico. Ao saber que Mart'nália estava finalizando um álbum novo sem composições tuas. Você transforma sentimentos adversos, constantemente em canções belas? Como ocorre esse fenômeno?

PAULINHO MOSKA: Compor uma canção é como armar um jogo de quebra-cabeça, um puzzle. E nesse jogo cada jogador esconde suas intenções nas entrelinhas, nas melodias e no jeito de cantá-las. Tudo parte de um ponto (no caso foi a vingança), mas logo descamba para as outras sensações e sentimentos que afloram em seguida. Pode ser um acorde ou uma frase escrita. Dali tudo toma um novo caminho e pode se agenciar com as mais diferentes imagens.

BLOG - Já havia feito alguma composição por e-mail? Já de início pensou que sairia uma música?

PAULINHO MOSKA: Não, foi a primeira vez. Não tinha a intenção.

BLOG - Como é compor sobre pressão? Como no caso dessa canção, que havia dito para a empresária da Nega, Márcia, que tinha “umas quatro ou cinco músicas boas em casa”. Neste caso ajudou, mas costumeiramente é assim?

PAULINHO MOSKA: Eu menti. Não tinha nenhuma boa. Foi só pra ganhar tempo e me forçar a compor. Às vezes uma pressãozinha cai bem. O Zoombido (minha série de TV) é na pressão o tempo todo.

BLOG - Gostou da gravação da Mart'nália? E, além disso, qual a sua impressão da produção musical e participação, na própria canção, do Djavan?

PAULINHO MOSKA: Achei um luxo total a participação do mestre Djavan. A canção foi feita pra Mart'nalia e é lindo escutar a voz dela cantando os versos que escrevi. Imaginei a situação dela seduzindo alguém na plateia de um show.

Divulgação

Quem estiver com vontade de ouvir estas e outras histórias indico o show que o cantor estará fazendo em São Paulo, neste sábado, 23, no Teatro J. Safra, da turnê Violoz. O músico se apresenta com formato voz e violão, mas não sem novidade. Moska decidiu levar consigo seus violões favoritos para interpretar de outra maneira as canções: violão com cordas de Nylon, outro violão com cordas de aço, um barítono (afinado em Si), um violão híbrido (violão guitarra) e um ukelelê.

Além das canções que foram tema da nossa conversa acima temos também outras que são os sucessos absolutos de sua carreira: A Seta e o Alvo, Pensando em Você, Idade do Céu, Último Dia, Tudo de Novo, Muito Pouco, além de uma versão de Terra de Caetano Veloso assim como Enrosca de Guilherme de Lamounier, ambas gravadas para novelas recentemente.

Acompanhei a estreia da turnê em São Paulo, no Sesc Belenzinho, em agosto passado . Um bom show!

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Postado por Mauro Henrique Santos
23/7/2016 às 18h49

 
Filme: Um dia Perfeito - Fernando Léon Aranoa

Filme estreia nesta quinta, dia 21 de julho em São Paulo e no Rio de Janeiro nos cinemas e, ao mesmo tempo, de maneira inovadora aos assinantes do NET NOW

Com Benicio del Toro e Tim Robbins obra retrata a história de um dia de agentes humanitários em meio a guerra dos Balcãs

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Em plena Guerra dos Balcãs, Mambrú (Benício Del Torro) é encarregado de retirar um cadáver de dentro de um poço que abastece um vilarejo. Mambrú lidera o grupo de agentes humanitários que estão tentando impedir que o corpo contamine a água, o que acontecerá dali a 24 horas.

Próximos de concluir a tarefa, a corda arrebenta e surge uma série de imprevistos que vão permear todo esse período. Pode parecer ironia, mas esse é o dia perfeito que trata o título do longa-metragem. E é usando o discurso irônico que o filme se destaca com momentos de humor negro e situações nonsenses, de muita burocracia que se revelam.

Apesar de ser um filme que se passa em uma zona de conflito em meio à guerra, ele possui uma abordagem completamente diferente da maioria dos filmes deste tipo. Não há foco no campo de batalha, nas mortes ou mesmo em cenas de violência brutal; dada a natureza dos agentes, tampouco eles portam armas. No entanto, a tensão está presente em vários momentos ao longo do dia.

Responsável por esse sentimento Fernando Léon Aranoa (do bom Segunda-feira ao Sol ) faz uma ótima direção ao equilibrar a ironia, humor negro, drama, ação e cotidiano, principalmente utilizando cenas aparentemente prosaicas com outras de se prender a respiração. O plano em que uma senhora tange o gado para voltar para casa é um exemplo desse equilíbrio. A angústia que a direção segura de Aranoa nos proporciona nesta cena de quase total ausência de conflito é exemplar.

O diretor também assina o roteiro, vencedor do Goya, que é baseado no livro Dejarse Llover, de Paula Farias, escritora, médica humanitária e ex-presidente da ONG Médico sem Fronteiras, tem como qualidade captar a imensa complexidade de relações que se estabelecem entre a comunidade local e o entre os próprios agentes.

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Em busca da corda pra retirar o corpo, o personagem B. (Tim Robbins, vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante por Sobre Meninos e Lobos, em mais uma boa atuação) juntamente com o interprete local vão a um empório, nas cercanias, e encontram fardos de corda, mas ao tentarem comprar o dono informa que ‘não tem’ corda para ser vendida. O motivo? Os povos são rivais. Eles tentam insistir, mas a hostilidade no lugar e a pressão de todos em volta fazem perceber que nem mesmo argumentos financeiros seriam suficientes.

Os personagens possuem seus próprios dilemas. Sophie (Mélanie Thierry, de Missão Babilônia) é a nova agente e parece que não vai conseguir suportar o estresse, pois desde o início padece ao ver o cadáver ou uma vaca em decomposição na estrada. Mambrú está em sua última semana de trabalho na guerra e pensando em se aposentar, o que pode significar que ele relativizará as regras do lugar ou não se arriscará para voltar logo para casa, mas o que o perturbará mais ainda é a presença de Katya (Olga Kurylenko, de 007 Quantum of Solace), analista de conflitos, ex-affaire e que mantém, como provocação, contato com a sua mulher.

Com foco na dimensão humana dos personagens na abordagem da guerra, sem hierarquizá-los, em que a importância e a busca da corda para capturar o corpo do poço e a bola de uma criança possuem o mesmo valor, o valor da busca ou o que a move.

Voltando ao início do texto o adjetivo não está qualificando aquilo que nos apetece de maneira ideal, mas revelando que um período com todos esses elementos, mesmo que adversos, pode ser sim um dia perfeito.



Cotação: Bom (***¹/²)

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Postado por Mauro Henrique Santos
21/7/2016 às 23h05

 
João Rock: 45 mil celebram o rock em Festival

Evento acontece este final de semana no interior de SP e reúne diversas bandas do Rock Nacional

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Se não conhece é uma boa oportunidade para se informar sobre um dos maiores festivais deste país. Facilito para vocês. Criado em 2002, na cidade de Ribeirão Preto (SP), completa em 2016, a sua 16ª edição, sempre com foco no rock nas suas mais variadas manifestações.

Com cerca de 230 mil metros quadrados, o Parque Permanente de Exposições receberá um evento que pretende refletir o sucesso acumulado ao longo desses quinze anos. Se na primeira edição a escalação de bandas contou com um palco e quatro shows, teremos, no próximo dia 18 de junho, um evento que impressiona pelo tamanho: quatro palcos, 17 bandas, 14 horas ininterruptas de som, área de alimentação, camarotes, área premium, área de esportes radicais, lojas de souvenirs e 45 mil ingressos esgotados desde abril.

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Samuel Rosa, vocalista do Skank, banda participante de cinco edições, raciocina nessa tônica:

"O Skank tocou em algumas edições do João Rock e a cada ano a estrutura, o som e o público melhora. No palco me sinto em um dos maiores festivais do mundo. Atualmente, o João Rock é um dos eventos mais importantes do circuito pop/rock no Brasil”


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Para Marcelo Rocci, um dos organizadores do evento, o seu sucesso provém de uma receita que combina a manutenção de uma essência com doses de inovação.

“"Quando começamos, queríamos trazer para o interior o espírito de festival. Ao longo destes anos, procuramos sempre focar no rock e no pop, sem abrir muito para outros ritmos para não descaracterizar o festival. Além disso, buscamos inovar com a criação de novos palcos, ampliação do espaço e da estrutura, atrações paralelas e o envolvimento com temáticas sociais".


E é realmente no palco que o festival se destaca. Este ano, o João Rock volta a ter o palco principal – que possui o mesmo nome da festa – no sistema non-stop, uma ampla estrutura com dois palcos ladeados, que no momento que se encerra uma apresentação, começa rapidamente outra.

É nesse contexto, sem fôlego e poucas pausas, que lá se apresentarão: Planet Hemp, Criolo e Convidados, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Natiruts, Nação Zumbi, Black Alien e Nando Reis.

Celebrando o crescimento, mas como já dito, sem esquecer sua trajetória, a organização do evento convocou as mesmas quatro bandas do dia de seu nascimento no Palco 2002: Ira!, Titãs, CPM 22 e Cidade Negra.

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Uma boa oportunidade para conhecer novas atrações, em meio a bandas consagradas nacionalmente, está no Palco Fortalecendo a Cena com Marrero, Supercombo – ambas com apresentações no Lollapalooza deste ano -; Dona Cislene, Scalene e Far From Alaska.



Portanto, trata-se de um festival que no 15º aniversário já alcança a maioridade...

Mauro Henrique.

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Postado por Mauro Henrique Santos
14/6/2016 às 09h14

 
Fagner faz show de Dia dos Namorados em São Paulo

Após a turnê do último álbum Pássaros Urbanos, o cantor e compositor Raimundo Fagner faz show, nesse sábado, 11 de Junho, às 22h, no Tom Brasil, em São Paulo.

A apresentação será em homenagem ao Dia dos Namorados, celebrado neste domingo (12). Deste modo não faltarão no repertório músicas para embalar a data, como Borbulhas de Amor, Eternas Ondas, Deslizes, Fanatismo, Mucuripe e Espumas ao Vento. Fagner justifica a escolha:

“Meu público quer ouvir sucessos. Neste dia tão especial, vou fazer o melhor. Isso serve para qualquer artista. Mas, nesse show de São Paulo, por exemplo, eu canto esses sucessos e posso surpreender o público com músicas lado B ou algo inédito em momento de intimidade com a plateia”.


Falando em inéditas, o cantor está elaborando um novo disco em que pretende se reunir com velhos parceiros como Ferreira Gullar, Zeca Baleiro, Chico César entre outros e lançar cada uma dessas faixas com esses músicos e compositores/poetas com um produtor diverso. “Quero fazer um disco com timbres diferentes”, diz.

O artista será acompanhado nesta apresentação por Cristiano Pinho (Guitarra), Robertinho Marçal (bateria), Manassés (viola), André Carneiro (baixo) e Marcus Vinnie (teclados), completando a banda com um trio de metais formados por novos músicos cearenses.

Mauro Henrique.

Fagner

SHOW “Homenagem Dia dos Namorados”
Tom Brasil.
Sábado, 11 de junho de 2016, as 22 horas.


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Postado por Mauro Henrique Santos
11/6/2016 às 20h57

 
Gal Costa em 'curta temporada' no Sesc Pinheiros

Cantora apresenta a turnê Estratosférica de quinta (02) a domingo (05) no SESC Pinheiros

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Gal Costa se mantém nas alturas. Não se pode dizer que este estar acima é qualidade de quem está alheia ou absorta no tempo e espaço. Mas sim de uma artista na acepção da palavra que ao urdir graves e agudos se mantém no alto, planando como se estivesse imune à ação do tempo e dos costumes vigentes e – como no voo de um passado que contemplamos ao elevar à cabeça – nos apontando a direção.

São cinco décadas de uma carreira, que por mais que, por vezes, naturalmente alce voos mais próximos, em alguns poucos momentos ao rés do chão, não há receio de se lançar e aprender novamente a voar, de outra maneira, sem ser repetitiva, para alcançar novamente a sua condição, estratosférica, nome do seu mais recente álbum.

Lançado ano passado, quando completou 50 anos de carreira, Estratosférica segue a tônica de sua carreira, de se arriscar e se reinventar. Como sintetizam bem os versos da primeira canção do disco “Sem Medo e Nem esperança” escritos pelo poeta Antônio Cícero e que perpassam todo esse trabalho:

“Nada do que fiz, por mais feliz, está à altura do que há por fazer”.


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É com esse espírito destemido que Gal chega para uma curta temporada da turnê que dá nome ao elepê – também lançado neste formato – no Sesc Pinheiros, de 2 a 5 de junho.

No show, dirigido por Marcus Preto que também assina a direção artística do disco, Gal interpreta 15 novas canções de nomes da cena atual da MPB como Marcelo Camelo, Mallu Magalhães, Céu, Criolo, Jonas Sá, Lirinha, Domenico Lancellotti, Moreno e Zeca Veloso, este último nome faz a ligação entre os parceiros da ‘velha guarda’: Caetano, João Donato, Tom Zé e Milton Nascimento.

Nas apresentações que vão desta quinta (02) a domingo (05) a cantora será acompanhada por músicos que participaram da gravação e composição nos estúdios do próprio álbum como Guilherme Monteiro no violão e guitarra, Pupillo (Nação Zumbi) na bateria e um dos compositores da faixa título, Maurício Fleury nos teclados – no disco era André Lima – e Fábio Sá no baixo, que nesse show substitui Kassin, produtor do disco com Moreno Veloso. A eles Gal deu a comanda de chofre:

“Enlouqueçam nos arranjos. Não quero nada careta. Quero um disco arrojado”


Não poderia querer melhor e lá se atirou mais uma vez...

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Veja o videoclipe de “Quando Você Olha pra Ela” (Mallu Magalhães):



Gal Costa

SHOW “ESTRATOSFÉRICA”
SESC PINHEIROS.
Teatro Paulo Autran.
De Quinta (02) a Domingo (05) de 2015.
Ingressos Esgotados.
Duração: 90 minutos.
*Fotos de Bob Wolfenson.

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Postado por Mauro Henrique Santos
2/6/2016 às 14h21

 
Virada Cultural 2016

Ney Matogrosso abre a Virada Cultural, no Palco Júlio Prestes, nas comemorações que este ano ganha mais um dia de festa

A próxima Virada Cultural trará duas novidades. Em primeiro lugar, a duração. Seis horas a mais que as edições anteriores. Isso se deve ao Happy Hour que marcará o início das festividades, das 17h às 23h desta sexta-feira (20); antes a festa acontecia apenas no sábado e domingo. Além disso, pela primeira vez todas as subprefeituras estarão na programação.

A 12ª Virada Cultural será mais descentralizada e terá palcos em lugares que jamais esteve como M’Boi Mirim e Pirituba. Contudo, está edição não contará com palcos na Sé, Luz e Parque Dom Pedro, por exemplo, setores de grande fluxo de pessoas e de complexidade maior em questões ligadas à segurança.

Com um ‘cardápio’ amplo das mais variadas atividades, a Virada Cultural apresentará mais de 700 atrações divididas entre peças teatrais; novamente um palco destinado aos musicais; circo; gastronomia, cinema; literatura e muita música – sem contar com extensa programação infantil.

A edição deste ano receberá também atividades do Austrália Now, festival de cultura deste país que está pela primeira vez na América Latina. Serão exibidas duas instalações: “Everybody” e “Pyrophone Juggernaut”.

Feita pelo coletivo Snuff Puppets, “Everybody”, um boneco, fantoche de 26 metros de altura, que de maneira interativa revela as agruras do corpo humano, do nascimento à morte. “Pyrophone Juggernaut”, descrito como “o maior órgão de fogo multi-oitavado do mundo, além de um barco e um gigantesco instrumento de percussão, com mais de 10 metros de altura”. Como diz o próprio nome, o pirofone, produz sons a partir das chamas no interior dos tubos para produzir músicas.

A programação completa pode ser acessada por este link. Para a programação completa do Sesc acesse aqui. O blog, no entanto, lista alguns destaques e irá cobrir a festa durante o final de semana:

Palco Júlio Prestes
Praça Júlio Prestes, s/n Campos Elísios, Centro

A abertura este ano ficará a cargo de Ney Matogrosso, às 18h. O cantor se apresenta no palco, considerado o principal da Virada.

Alcione – 21h
Baby do Brasil e Armandinho – 23h
OSESP toca Villa-Lobos, Stravinsky e Ravel com regência de Isaac Karabtchevsky – 12h
Criolo – 15h
Nação Zumbi e The Young Gods (Suiça) – 18h

Palco São João

Praça Júlio Mesquita, 1100, Santa Efigênia, Centro

O palco este ano é dedicado às mulheres, dos mais variados estilos e ritmos.

Ellen Oléria, Sandra Belê e Khrystal – 20h
Elza Soares – 00h
Céu – 2h
Elba Ramalho – 11h
Teresa Cristina – 14h
Maria Rita – 17h

Palco Barão de Limeira

Rua Barão de Limeira, próximo à Rua Duque de Caxias Santa Efigência, Centro

Fafá de Belém convida Mestre Solano – 09h

Ocupação Anhangabaú

Além das apresentações ligadas ao Austrália Now, evento de cultura australiana no Brasil, o palco será o lugar dos musicais nesta Virada.

Gilberto Gil – Aquele Abraço, O musical – 18h
Elis, A Musical – 21h30
SamBRA – 01h
Dzi Croquettes – 03h30
Raia 30 – O musical – 13h
Meu Amigo Charlie Brown, Um Musical da Broadway – 17h

Palco República

Praça da República, s/n

Romero Lubambo convida Dianne Reeves (EUA) – 19h
Bixiga 70 – 01h
Mestres da Soul: banda Black Rio, Tony Tornado, Lady Zu, Di Melo e Carlos Dafé – 04h

Palco Rio Branco

Avenida Rio Branco, altura da Rua Aurora Santa Efigênia, Centro

Em um festival que tem histórico de homenagens ao longo dos anos, a Virada terá no Palco Rio Branco celebração ao artista gaúcho Júpiter Maça, morto no final de 2015. Para essa empreitada foram recrutados os impagáveis: Rogério Skylab, Wander Wildner, Plato Divorak, entre outros.

Plebe Rude – 20 h
Tributo a Júpiter Maçã com Rogério Skylab, Wander Wildner, Plato Divorak, entre outros – 00h
Cidadão Instigado – 05h
Matanza - 17h

Palco Princesa Isabel

Praça Princesa Isabel, s/n

Espaço dedicado ao samba que começará na manhã de domingo.

Eduardo Gudin – 11h
Sampagode convida Leci Brandão – 13h
Arlindo Cruz – 15h
Dona Ivone Lara convida Monarco, Fabiana Cozza, Graça Braga, Tobias da Vai-Vai e Elizeth Rosa – 18h

Theatro Municipal de São Paulo

Praça Ramos de Azevedo, s/n República, Centro

Mais um ano em que nomes marcantes da MPB num misto de celebração e evocação tocam discos chaves de suas carreiras. Neste ano, todos lps são da década de 70.

Hyldon – “Na Rua, na Chuva, na Fazenda” (1975) – 19h
Wanderléa – “Feito Gente” (1975) – 23h
Amelinha – “Frevo Mulher” (1979) – 3h
Erasmo Carlos – “Carlos, Erasmo” (1971) – 15h
Geraldo Azevedo – “Bicho de 7 Cabeças” (1979) – 18h

Programação descentralizada:

Para lugares e horários, consulte a programação.

Nação Zumbi, Reinaldo – Príncipe do Pagode, Emicida, Elba Ramalho, Chico César, Mano Brown, Bebeto, Almir Guineto, Rashid, Luiz Ayrão, Tony Tornado, Beto Lee e Pedro Baby, Paula Lima, Negra Li, Clube do Balanço, Palavra Cantada.

Boa Virada!

Mauro Henrique.



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Postado por Mauro Henrique Santos
18/5/2016 às 19h12

 
Beto Guedes faz show único nesta sexta-feira em SP

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O cantor, compositor e multi-instrumentista Beto Guedes se apresentará em São Paulo, no Teatro J. Safra, nesta sexta-feira, dia 1 de Abril. O Artista natural de Montes Claros, Minas Gerais, fará um única apresentação, após dois anos em que esteve ausente dos palcos da cidade.

Para esta aparição Beto Guedes conta com um time de grandes músicos e parceiros, formado por Claudio Faria nos teclados e que toca com o Beto há mais de uma década; Ian Guedes na guitarra e os integrantes da banda de rock progressivo Sagrado Coração da Terra Adriano Campagnani e Esdra "Neném" Ferreira, baterista por muito tempo de Milton Nascimento e um dos maiores bateras do país.

No repertório estarão vários sucessos de toda a carreira do cantor e nem poderia deixar de ser assim para alguém que marcou diversas gerações com canções como: “Amor de Índio”, "Sol de Primavera", "O Sal da Terra", Feira Moderna" , “Contos da Lua Vaga” e "Vevecos Panelas e Canelas”.

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Quem pensa que a carreira do cantor se resume a esses sucessos engana-se. A sua carreira tem um traço marcante, a vida em comunidade, não apenas em suas composições, mas tendo participado como músico em vários discos de artistas como Milton Nascimento, Chico Buarque, Nelson Ângelo, Simone e Lô Borges.

O mítico elepê Clube da Esquina - para ficarmos com apenas um exemplo - teve participação de Guedes tocando 16 das 21 músicas, tocando de guitarra a carrilhão e, segundo já comentou Milton, fazendo o coro na gravação histórica de "Nada Será Como Antes".

Mauro Henrique Santos.



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Postado por Mauro Henrique Santos
1/4/2016 às 18h46

 
Entrevista com o diretor de cinema Rafael Saar

Campanha de financiamento coletivo tenta viabilizar o lançamento do documentário sobre Luli e Lucina

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Em breve finalmente poderemos apreciar, em circuito comercial, a estreia de um dos documentários mais premiados do último ano, Yorimatã de Rafael Saar , que teve um currículo próspero em festivais - ganhador do prémio do júri e público do In-Edit Brasil - Festival de documentário musicais - e menção honrosa no Mix Brasil.

O filme aborda a história da dupla Luhli e Lucina gravada entre outros por Nara Leão, Nana Caymmi, Zélia Duncan e especialmente Ney Matogrosso intérprete de sucessos como O Vira, Bandoleiro e Fala.

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A relação que era apenas de compositoras frutificou-se em dupla nas apresentações da carreira em que cantaram suas mais de 800 parcerias empunhando os violões e atabaques que aprenderam a manipular e construí-los no contato profundo e fecundo que mantiveram com o candomblé.

O que poderia ser tomado como incomum até agora toma ares ainda mais singulares quando a parceria profissional torna-se vital, no instante em que se transforma no casamento delas com o fotógrafo Luís Fernando Fonseca . Este, além do já dito, é o olho que capta as artistas no passado, quem registra o grande material que é apresentado ao longo do filme realizadas em Super 8, como também é responsável pela concepção visual dos shows da dupla. Neste ponto o talento de Rafael Saar como realizador do projeto se eleva, nos processos de pesquisa de imagens e na maneira de e dispô-las de modo equilibrado, sem que se apresentem repetitivas e cansativas para o público. Tarefa que alcança, apesar de alguns saltos um tanto mais bruscos no início no filme.

Aliás, Rafael foi pesquisador do filme Olho Nu de Joel Pizzini que de alguma maneira foi o precursor desse filme à medida que, a partir desse trabalho, conheceu as protagonistas deste longa-metragem.

Um dos grandes méritos do filme, presente também fortemente no roteiro, é mostrar que a luta travada por elas era apenas de ter o direito a ter uma carreira e um estilo de vida que estivesse de acordo com a música realizada por elas, em grande medida inclassificável. As imagens como não podiam deixar de ser em um bom filme, ressaltam essa música, que tinha total relação com o estilo mais alternativo que possuíam. Sem rótulos, assim como a ligação com a própria vivência estabelecida por elas e desfrutada claramente neste filme. Experiência entremeada de relatos da mistura da cultura e natureza - candomblé, orixás, matas, florestas, cachoeiras, palcos, filhos, perdas, conquistas - e, acima de tudo, vida.

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Para que mais pessoas possam assistir esta produção e embarquem no sonho dessas personagens por liberdade e outros temas atuais até hoje como a diversidade, religião e constituição da família foi criada uma campanha de financiamento coletivo para facilitar a confecção de cópias, distribuição e criação de material gráfico para a divulgação do filme. A ação entrou na reta final e termina no dia 01 de março. Caso queira contribuir e ajudar essa equipe a atingir seu objetivo, clique aqui.

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A seguir acompanhe a bate-papo bacana que o diretor teve com o blog.

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Apesar de o filme apresentar vários elementos como a animação e vasto material de pesquisa, a direção me parece inequivocamente segura, mesmo se tratando do seu primeiro longa. Em que medida, realizar os seus curtas anteriores e ser assistente de direção de Olho Nu, do Joel Pizzini, por exemplo, colaborou neste processo?

Rafael Saar: Entendo que seja muito natural que um filme leve ao outro, embora bem distintos todos entre si, seja no processo, ou na ideia em si, todos tem um fio condutor em comum. Meus curtas-metragens foram feitos praticamente todos quando eu ainda estudava Cinema na UFF e são ficcionais ou experimentais, não tendo nenhum aspecto documental. O Joel Pizzini, cujos filmes foram objeto de estudo de meu projeto final, e com quem trabalhei por muitos anos no Olho Nu – entre 2008 e 2012 – foi quem me despertou para as possibilidades que eu poderia encontrar no documentário. E fazer este filme, com o Joel que é um realizador que me instiga demais, e o Ney Matogrosso, foi certamente uma experiência de muito aprendizado e influência em todos os meus trabalhos. O Yorimatã é um “derivado” do Olho Nu, no sentido em que eu mesmo conheci Luhli e Lucina através da pesquisa que fiz para o filme do Pizzini, e muitas das minhas opções estéticas tem relação direta com o que estávamos fazendo com o Ney. Dos curtas pude talvez reunir o que neles eram experiências e trazer para este primeiro filme, como no caso mais óbvio para mim do trabalho de voice over e poemas do Homem-ave que está também em Yorimatã.

Conte como foi a origem deste filme? Como surgiu a idéia? Ele está sendo realizado desde 2009?

Rafael Saar: Durante essa fase de pesquisa para o Olho Nu, onde eu estive como assistente de direção e pesquisador, conheci as músicas de Luhli e Lucina. Eu era o único pesquisador e decupei todo o material de arquivo do Ney, centenas de horas de entrevistas, conheci todas as suas gravações em discos, filmes, TVs, etc.. Elas estavam presentes com força na discografia do Ney Matogrosso e eu me questionava por que eu nunca tinha ouvido falar, assim como as pessoas em geral não conhecem. Até que procuramos Luhli em busca de mais materiais, além de entrevista-la e gravar um show, onde também estava Lucina. Ali comecei a conhecer um pouco da história delas. Em seguida gravei um show de Lucina e ela surgiu com 10 rolos super 8mm filmados pelo Luiz Fernando Borges da Fonseca (companheiro delas), que elas ainda nem tinham assistido e assistimos projetados em minha casa. Eram imagens muito emocionantes e feitas por um fotógrafo incrível que é o Luiz Fernando e decidimos ali, em 2009, começar essa ideia de um filme que surgiria naquelas imagens e na história que eu ainda iria conhecer.

Como foi todo o processo de realização? E esse processo para você?

Rafael Saar:Entre 2009 e 2012, sem uma equipe fixa, eu fui colhendo materiais de arquivo com Luhli e Lucina, e fazendo filmagens pontuais, de apresentações, entrevistas, e em paralelo tentando a captação da verba para viabiliza-lo. Em 2012 tivemos o projeto contemplado no edital Riofilme/Canal Brasil e então pude ter uma equipe e concentrar o trabalho de pesquisa, filmagens, etc. Fiz este roteiro com a colaboração de Luhli e Lucina, e foi um processo intenso, de mergulho e pesquisa. Existe uma obsessão pessoal de ter que ver e conhecer tudo, e isso certamente se reflete no resultado do filme, na duração, na quantidade de informações e propriedade que posso falar sobre os temas.

Como foi a recepção de Luli e Lucina quando propôs o documentário?

Rafael Saar: Foi um processo que surgiu em conjunto entre nós. Apesar de elas estarem a princípio reticentes em relação à abordagem da vida pessoal, aos poucos foram entendendo a proposta e tive total liberdade para colocar no filme minhas escolhas. Eu queria fazer um filme com Luhli, com Lucina e não sobre elas, como em todos estes meus filmes com aspectos biográficos. Me interessava que elas estivessem participando de todo o processo.

E a recepção das outras pessoas que aparecem no filme?

Rafael Saar: Luhli e Lucina vivas, altamente produtivas e podendo contar seu ponto de vista sobre sua própria história me fez optar por um filme sem depoimentos. A trajetória delas como artistas independentes faz com que elas tenham uma rede enorme de parceiros, por isso o Antônio Adolfo diz isso, que é autoprodução o que fazem, porque estas opções deixam os artistas mais dependentes ainda de colaboradores. Desta forma pensamos nestes encontros com artistas que de alguma forma dialogavam com elas.

Queria algum depoimento, pessoa, imagem ou vídeo que se perdeu ou não encontrou?

Rafael Saar: As escolhas por caminhos artísticos alternativos fez com que a pesquisa de registros fosse bem mais difícil. Não havia praticamente imagens delas em acervos institucionais de TVs como a Rede Globo, Record, Band, a maioria estava disponível nas emissoras públicas (TV Brasil e TV Cultura) e muitas vezes com registros errados (Lully e Luciana, Lucinda...) A maior parte das imagens de arquivo do filme vem de registros independentes que conseguimos através delas ou da campanha online que fizemos, em que algumas pessoas enviaram fitas k7, VHS, fotos.

Alguns momentos como o lançamento delas como dupla com o “Flor Lilás” no Festival da Canção de 1972, a Globo não tem, assim como um videoclipe que fizeram com elas. Os registros de Lucina como cantora solo nos Festivais da Canção, suas apresentações nesta época no programa da Jovem Guarda também se perderam na Record, não conseguimos.

Como chegou ao roteiro ou argumento do filme?

Rafael Saar: Costumo trabalhar com roteiros muito abertos à criação nas filmagens. O roteiro de “Yorimatã” foi baseado num argumento que escrevi nesta colaboração com Luhli e Lucina, onde pensamos nas participações, músicas essenciais, temas que seriam abordados, locações, imagens de arquivo, e desta forma fomos adaptando no processo de filmagens até que na montagem o filme foi se mostrando. É um filme em que a montagem foi decisiva também para o roteiro.

Apesar da quantidade de imagens referentes a um passado distante, algumas apresentações recentes, feitas para o filme – presumo – são essenciais, como por exemplo, a bela imagem em que elas cantam acompanhadas do som de cristais. Como foi a concepção, produção e realização das imagens?

Rafael Saar: Eu conheci Luhli e Lucina de hoje, fazendo a música de hoje, cada uma com sua carreira, e foi a partir delas que fui conhecer o passado. O filme foi feito nesse caminho, das personagens hoje como referência, e isso foi um processo fundamental não só de valorização da arte que elas fazem, mas de entendimento do passado a que referimos. Esta cena, por exemplo, delas cantando “Ponto de Oxum”, com Décio Gioielli nas taças de cristal, atravessa os vários eixos do filme. É uma saudação a Oxum, a imagem é feita em cima de um cenário e fotos concebidos pelo Luiz Fernando, e que reproduzimos; o som foi pensado e mixado como na gravação original desta música no LP Yorimatã/Amor de Mulher, e trouxemos um parceiro de uma fase inteira da carreira da dupla que é o Décio.

Como foi assistir as gravações do Luiz Fernando? Assistiu com Luli e Lucina? Como foi esse processo para elas?

Rafael Saar : A primeira vez que assisti foi com Lucina em minha casa, projetamos na parede os super 8mm. Foi muito emocionante e logo ela deu de presente para a Luhli um DVD com a digitalização que fizemos. Uma das vezes Lucina disse que assisti-la a fazia lembrar de uma pessoa diferente que ela tinha sido, e como isso era forte.

Mesmo Luiz Fernando estando morto qual é o papel ou participação dele no seu filme? Em relação aos registros realizados por ele...

Rafael Saar: O filme surge das imagens, do olhar do Luiz. Perseguimos esse olhar, nas fotos, super 8mm, 16mm, nos sons que ele gravava nos rolos magnéticos. Quando eu pensava nas cenas, eu pensava naquele olhar do Luiz, em como ele faria aquilo, e refilmamos muitas coisas reproduzindo exatamente os enquadramentos, texturas e cores que ele trazia. Por isso acho que as pessoas que o conheciam o sentem tão forte no filme, mesmo ele aparecendo pontualmente numa cena, que foi a única que encontramos.

Deixou alguma dessas imagens fora do filme? Algo que para você tinha qualidade, mas não tinha muita relação com o filme?

Rafael Saar: Nos caminhos da pesquisa encontramos muito material incrível, seja nas mais de 800 composições de Luhli e Lucina – no filme temos 75 músicas - ou nas dezenas de horas de vídeos e filmes. Shows inteiros que espero que estejam disponíveis de alguma forma. Fizemos um site para a dupla onde é possível escutar toda a discografia e com muitas músicas raras, e um canal no Youtube onde postamos vídeos do acervo. Também ficou de fora a maior parte dos encontros musicais que filmamos, com Ney Matogrosso, Joyce, Gilberto Gil, Tetê e Alzira, Décio Gioielli, Luiz Carlos Sá, isso esperamos disponibilizar em DVD.

Sobre as animações... Elas sempre fizeram parte do processo ou estavam na sua mente desde o início?

Rafael Saar: As animações vieram a princípio quando não tínhamos nenhuma imagem física do Luiz Fernando, e tendo um acervo enorme e maravilhoso, como forma de trazê-lo mais presente no filme. Assim pensamos nas sequências fotográficas que fizemos a partir de seus materiais, negativos, contatos e ampliações. O Daniel Sake fez esse trabalho lindo com diferentes técnicas, e uma das imagens mais fortes do filme, na minha opinião, é a animação que fizemos da primeira capa de disco da dupla a partir das fotos do Luiz Fernando com elas em silhueta nas dunas de Arraial do Cabo.

Qual a importância deste prêmio e do Festival In Edit Brasil para você?

Rafael Saar : Recebemos os prêmios de Melhor Filme pelo público e pelo júri. São muito especiais por serem os primeiros prêmios do filme e virem de um festival tão importante como o In-Edit, estando concorrendo com filmes tão incríveis. Claro que é um impulso importante para que o filme circule mais e para que eu continue fazendo cinema.

Tem alguma proposta para o filme sair em circuito comercial ou DVD?

Rafael Saar: Eu gostaria muito que o filme circulasse em circuito comercial. Infelizmente ainda não conseguimos nenhuma distribuidora que se interessasse pelo filme. Conseguir o financiamento para produção de um filme como este é uma guerra, a distribuição/exibição de filmes documentários não faz parte de das políticas públicas nacionais que curiosamente protegem e financiam o cinema de mercado. Em DVD temos expectativa de fazê-lo em parceria com nosso coprodutor, Canal Brasil.

Assisti duas exibições do seu filme no In Edit Brasil. Em ambas foi muito bem recebido por parte do público, inclusive com aplausos demorados. Causou uma espécie de comoção no público, assim como em parte do júri que estava presente na primeira sessão que acompanhei. Como sente essa reação do público – e crítica - ao seu filme?

Rafael Saar: A sessão que pude acompanhar no In-Edit, na Cinemateca, foi surpreendente, pois foi uma das poucas em que parecia que o som estava perfeito, como foi pensado, e isso é fundamental para entrar no filme. As reações são muito lindas e emocionantes, a fala principal é “Como eu não as conhecia?” Pessoas que nunca ouviram falar e saem completamente envolvidas com a emoção, e isso é a maior resposta que eu poderia ter. Acredito também que o momento político em que estamos vivendo, de retrocessos gravíssimos e das pessoas em geral estarem muito mais caretas, um filme que mostra estas mulheres fazendo o que querem, livres... A instigação final de Lucina “Quero ver quem tem coragem...” Isso é forte.

Finalizando, fale-me sobre os seus projetos futuros. Sei que está fazendo um documentário sobre a Baby do Brasil. Pode nos falar sobre?

Rafael Saar: Atualmente estou me dedicando a alguns projetos também ligados a músicos e cinema. Acabei de filmar o Peixe, um filme híbrido documentário e ficção a partir da obra do Luís Capucho, um artista maravilhoso que vive Niterói. Este filme está bem diferente do que tenho feito, pois parece que neste momento espera-se um filme musical, e o Peixe apesar de também ser musical, é um filme que dialoga profundamente com o trabalho de autobiografia ficcional do Capucho. Continuo com o Apopcalipse segundo Baby, filme que comecei há tanto tempo, em 2008, mas que estou fazendo com a Baby do Brasil sem pressa e por enquanto sem nenhum financiamento, o que acabou travando um pouco o processo. Sendo a Baby uma grande popstar (e popstora) o projeto torna-se muito caro se tomarmos como princípio somente os direitos para uso das músicas e imagens de arquivo. Acredito que o fato de Baby ser evangélica dificulte um pouco o processo de conseguir o financiamento, pois existe uma questão de preconceito muito forte que envolve talvez o medo de ser um filme panfletário sobre alguma religião, o que obviamente não será. Continuarei tentando. E também começando um projeto novo sobre a cantora Maria Alcina, mas ainda estamos muito no princípio...



Acompanhem o primeiro teaser do filme:



Aqui o outro teaser:



Mauro Henrique Santos.



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Postado por Mauro Henrique Santos
28/2/2016 às 19h39

 
O autor do maior clássico do The Doors

Oito de Janeiro é uma data que pode ser celebrada no mundo do rock ou especificamente da música como o aniversário de David Bowie , que completa 69 anos hoje. O que muitos não sabem é que, exatamente um ano antes, nascia o compositor da música de maior sucesso do The Doors - Light My Fire . E enganou-se quem pensa que me refiro a Jim Morrison .

Apesar do líder e poeta da banda se encarregar de compor a maior parte do repertório da banda foi a falta de uma composição que resultou na criação de uma música por parte do guitarrista Robby Krieger , até então, um tanto avesso as composições.

Robby Krieger foi o último a se juntar à banda. A origem do grupo remonta a um encontro casual entre dois estudantes de cinema da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a UCLA : Jim Morrison e o tecladista Ray Manzarek . Numa conversa que poderia parecer completamente normal, numa praia em Vehice, Califórnia, os dois falavam sobre o que pensavam em fazer após a formatura. Jim disse que não pensava em voltar para Nova Iorque e que estava escrevendo algumas canções. Ray curioso pediu ao seu companheiro surpreendentemente tímido e com vergonha uma amostra do que tinha feito.

Jim, de olhos fechados, cantou para espanto do seu colega a letra de Moonlight Drive : "Let's swim to the moon, let's climb through the tide, penetrate the evening that the city sleeps to hide." Impactado com o que ouviu propôs que formassem uma banda e trabalhou para isso. Ray tocava com o seu irmão Rick, naquela época, no Rick And The Ravens . Por sua vez, John Densmore e Robby Krieger, estavam juntos no The Psychedelic Rangers , convidou primeiramente o baterista para entrar na nova banda, pois o conhecia das aulas de ioga e meditação. Gravaram uma demo com seis canções, em setembro de 1965, que não fez muito sucesso com as gravadoras. Após o irmão de Manzarek sair da banda por achar que não chegariam a lugar algum, Ray recrutou Robby para o seu lugar na guitarra e assim a formação clássica da banda estava formada.

O nome The Doors, Jim retirou do título de um livro de Aldous Huxley , The Doors of Perception , que também emprestou do poeta William Blake , do século XIV, que escreveu os versos "If the doors of perception were cleansed, every thing would appear to man as it is: infinite" ou traduzido livremente "Se as portas da percepção estivessem abertas, tudo apareceria como realmente é: infinito".

Voltando ao nosso personagem. Pouco antes do início das gravações do primeiro álbum dos Doors lançado em janeiro de 1967, Jimi disse: "Não temos canções suficientes. Porque não compõem vocês também?". Esse foi o chamado para aventura que Robby resolveu transpor.

A primeira versão, com Robby ao violão, surgia como um clássico folk . Em seguida, a colaboração fundamental de toda a banda deixou a música próxima do que conhecemos hoje. John Densmore sugeriu inserir um ritmo latino e daí surgiu a base rítmica na bateria da canção. Manzarek procurava algo parecido com os 'riffs' de teclado e Fender Rhodes Bass Keyboard que tocava simultaneamente e compunham a base da obra até que, segundo ele, 'baixaram os melhores anjos no seu inconsciente e a introdução clássica saiu.

Jim contribuiu com a segunda estrofe da letra, mas não sem um questionamento por parte do até então seu único autor, da sua predileção em sempre falar da morte. Morrison rebateu dizendo que a primeira parte falava de amor, posto que a segunda do fim, e que as estrofes combinavam. Justificando com maestria a sua parte que sintetiza as duas imagens díspares harmonizando-as no verso "e nosso amor se tornar uma pira funerária".

A despeito da versão do álbum de estreia ter mais de sete minutos a versão de lançamento do single tinha três minutos e sete segundos, fruto da pressão da gravadora para que a canção entrar mais fácil na programação das rádios. Os Doors relutaram inicialmente, mas acabaram cedendo.

O auge deste período parece ter sido a perfoRmance do grupo no Ed Sullivan Show , em 17 de setembro de 1967, transmitido pela emissora CBS e exibido aos domingos para um público essencialmente da família americana típica. Dificilmente hoje podemos ter a real dimensão do impacto que a apresentação de um hipnótico e visceral Jim Morrison causou ao aparecer na TV cantando 'Venha, garota, acenda o meu fogo' - canção que tinha alcançado o primeiro lugar no final de julho. O que sabemos é que a banda foi banida do programa, por não aceitar uma sugestão de trocar 'higher' - que faria menção a estar sob efeito de drogas - na letra, mas a impressão que o grupo do Rei Lagarto imprimiu não dava para ser corrigida.

Deixarei aqui a apresentação do The Doors no programa, cantando Light My Fire .



Parabéns Robby Krieger!

E Feliz 2016 à todos!

Mauro Henrique Santos.



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Postado por Mauro Henrique Santos
8/1/2016 às 23h10

 
Feliz 2016 e que venham as novidades!

Sou grato e feliz por estar neste espaço, numa boa iniciativa do Digestivo Cultural e que tem dado muito certo...

Parabéns, Julio , editor e idealizador disso tudo!

Quanto ao blog, pretendo participar de maneira mais ativa e dividir com os demais colegas, que também merecem as felicitações pelas boas intervenções, os feitos dessa empreitada...

Prometo trazer postagens mais frequentes e diversas novidades do mundo da música, cinema, literatura, e outras artes mais. Já tenho novas entrevistas, ideias e matérias na mente e outras em curso.

Em breve nos veremos e que tudo isso não seja apenas breve, mas vigoroso...



Abraços,

Mauro.

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Postado por Mauro Henrique Santos
8/1/2016 às 20h00

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