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Quarta-feira,
29/4/2015
Blog de TAIS KERCHE
TAIS KERCHE
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Canção do Exílio Compartilhada
Esta é minha humilde 'canção do exílio', baseada na conhecidíssima "Canção do exílio" de Gonçalves Dias. A escrevi dentro do meu contexto histórico. O eu lírico sente-se exilado neste mundo de valores tão monetários, tão mercantis, em que impera a superficialidade e a frieza e sonha com um mundo (lá) onde o amor não é visto como algo bobo, insano, cego.
Nesta canção, as palmeiras são derrubadas e os sabiás contrabandeados. No final, o eu lírico pede a Deus que não morra em uma fila de qualquer shopping center, nem que termine a vida apenas com amigos virtuais, conectada às tão badaladas redes sociais. Quem quiser que compartilhe!
Canção do exílio compartilhada (2013)
Ah, só sei que esta não é a minha terra
onde derrubam palmeiras e contrabandeiam sabiás
tais criaturas que por aqui passeiam
não viverão por lá
Lá a imaginação não tem limites
Lá a loucura é sã
Lá o amor não é sandice
Lá a caridade não é vã
Realmente esta não é a minha terra
onde impera o desejo mercantil
tais criaturas que por aqui só consomem
lá não terão este comportamento senil
Na minha terra tem verdade
tem valores
tem princípios
tem amores
Certeza que esta não é a minha terra
onde impera a morte por qualquer barril
tais criaturas que por aqui exterminam
lá não guerrearão nem por um centil
Não permita Deus que eu morra
em meio às masmorras comerciais
cheia de amigos virtuais
apenas conectada às redes sociais.
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Postado por TAIS KERCHE
29/4/2015 às 18h11
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Corrupção
É terminantemente proibido vender balas dentro do ônibus, a não ser que o vendedor agracie o motorista e o cobrador com um pouquinho de açúcar e afeto. Para se tirar a carteira de habilitação, o futuro motorista precisa passar por uns testes, a menos que faça feliz a conta bancária dos instrutor e avaliador. Este mesmo instrutor pode se ver livre de multas decorrentes de infrações de trânsito, desde que engorde o cafezinho de um fiscal ou policial qualquer. O fiscal, sabendo que pode pagar metade do valor no cinema, não pensa duas vezes e falsifica a famosa carteirinha de estudante. Já o verdadeiro estudante, sempre que pode, coloca a avó para comprar ingressos na fila preferencial do show mais concorrido da temporada, só pra garantir. A mesma avó que já embolsou uns troquinhos quando ainda trabalhava e pegava um táxi a serviço da empresa e pedia ao gentil taxista para colocar uns reais extras no recibo. Esse tão gentil taxista não hesitou em agilizar o processo de licença na prefeitura, para colocar seu lindo táxi para rodar, colaborando financeiramente com um colega que tem um amigo que trabalha na prefeitura. O amigo, quando chega em casa, assiste aos canais por assinatura que não assinou, mas que puxou de um fio que estava passando por aí. Ele aprendeu com um outro colega, que até assina o pacote básico da TV a cabo, mas tem aquele super aparelhinho que abre todos os canais, até o Telecine e os fechados para adultos. O técnico da TV a cabo, que instalou o serviço, para fazer gentilezas a um outro colega e vice versa, quando precisam, batem o ponto um para o outro no trabalho, são apenas gentilezas. Uma gentileza tão parecida com aquela em que o amigo fica guardando lugar em uma fila qualquer para a chegada de mais uma meia duzia de amigos, isso quando, na mesma fila, não há alguém vendendo seu próprio lugar. Em meio a esse grupo, tem aquele amigo que trabalha naquele departamento de compras de uma empresa qualquer e que vive ganhando aqueles presentinhos especiais daqueles pequenos e grandes fornecedores que procuram sempre só fazer aquele agrado, só para o amigo comprador se lembrar daquele presentinho especial na hora de fechar aquele contratinho de fornecimento bacana ou aquela grande comprinha, nada de mais, só um agradinho. Um agradinho tão parecido quanto a doação de dinheiro para a campanha de um determinado político em algum cargo público estratégico, de preferência aqueles cargos que promulgam leis, que abrem licitações e editais que beneficiam diretamente à empresa que fez a generosa doação. Essa empresa, quando contratada pelo governo para uma obra pública, superfatura materiais, mão de obra, inventa problemas para adiar o término da obra e outras maracutaias, assim consegue levar um dinheiro extra do governo. Tudo com o aval dos camaradas públicos que dependendo do montante depositado em suas contas na Suíça, abrem e fecham portas conforme interesses escusos. São apenas agradinhos, afinal, uma mão lava a outra que costuma lavar o dinheiro em empresas fantasmas ou bem vivas.
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Postado por TAIS KERCHE
26/4/2015 às 12h48
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É inacreditável que tenham dado o Oscar à BIRDMAN
Fui assistir à BIRDMAN OU A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA, filme do incrível Alejandro González Iñarritu, já sabendo que tinha ganhado o Oscar e me surpreendi de diferentes formas.
Primeiramente, por se tratar de um filme que aborda diversos aspectos da indústria do entretenimento. Ele critica os filmes 'arrasa quarteirões', mais conhecidos como 'blockbusters', aborda as crises existenciais de atores e seus egos, escancara o vazio de nossa época em que sucessos relâmpagos acontecem a cada minuto no mundo virtual, denuncia o prazer da crítica, dita 'especializada', em destruir ou não uma obra de arte, explicita o imediatismo do público e o consumo de entretenimento por entretenimento e ainda satiriza a grande máxima "a vida imita a arte".
Tudo isso está em BIRDMAN, que a menos de um mês levou o Oscar de 2015 como melhor filme, diretor e roteiro original. Uma surpresa e tanto o Oscar reconhecer esta obra prima de Iñarritu, que tanto critica a atual indústria cinematográfica de forma tão densa e ousada. É quase inacreditável, diante do histórico do Oscar que sempre premia filmes politicamente corretos.
Michael Keaton é Riggan Thomson, um ator que entrou em decadência após recusar gravar o quarto filme da sequência em que interpreta o super herói que dá nome ao filme, BIRDMAN. Sequência que lhe rendeu muita fama e muito dinheiro, como acontece hoje em dia com O Homem de Ferro, Os vingadores, A mulher maravilha, e claro, o Batman, super herói já interpretado por Michael Keaton no final da década de 80, que lhe rendeu fama e dinheiro por um tempo. A escolha de Keaton para o papel é a grande sátira do filme, pois Thomson agora está em busca da fama por algo mais denso, poético, em busca de uma interpretação reconhecida artisticamente ao montar uma peça adaptada de um conto de Raymond Carver, escritor norte-americano.
Keaton surpreende pela intensa interpretação de um ator inseguro, presunçoso, que está em um grandeconflito, quer deixar de ser reconhecido como o ator que um dia interpretou o super herói e ser um reconhecido ator de teatro que busca a arte pela arte, mas ao mesmo tempo seu ego, simbolizado pela voz do super herói, sente a falta da fama, do dinheiro, de ser especial e reconhecido mundialmente. Todo esse conflito intermeado por outros egos que aparecem nas personagens de Edward Norton, Naomi Watts e Emma Stones, que também já participaram de filmes blockbuster, como Hulk, King Kong e O Homem Aranha, respectivamente.
Iñarritu, para contar essa ousada história, também ousou esteticamente, pois utilizou-se de longos planos sequência que nos dão a impressão de um filme sem cortes, com a passagem de tempo trabalhada de forma criativa e sutil, como a subida da câmera por um prédio durante a noite e que aos poucos vai clareando e amanhecendo e logo a câmera desce para dar continuidade à saga de Riggan Thomson.
O filme ainda traz metáforas, poesias, surrealismos, interessantes diálogos, conflitos, uma trilha sonora entremeada por tons jazzísticos, com uma bateria que aparece de tempos em tempos para dar o tom tenso do mundo do teatro a poucos dias da estreia de uma peça, ou seja, há muita criatividade, muita densidade, assim como toda a obra do diretor mexicano Iñarritu, que já nos deu o prazer de ver a sua arte em filmes como Beautiful, Babel, o incrível Amores Brutos, entre outros.
Há ainda muito a falar sobre BIRDMAN, mas este texto ficaria fora dos padrões de um blog, ou seja, longo. Convido os leitores que ainda não viram a ver e os leitores que já viram a colocarem suas impressões aqui nos comentários. Um ótimo BIRDMAN!
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Postado por TAIS KERCHE
13/3/2015 às 13h29
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Julio Daio Borges
Editor
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