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Sábado,
24/3/2018
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Da fugacidade do amor
Ora direis da morte do amor?
Por certo não conheceis tal sentimento
porque o amor quando pousa se enraíza
e aquele que o acolhe logo o reconhece
nas batidas da porta
no silvo do vento
no preparo do café.
O amor deixa rastro certo
pra ser seguido aonde quer que vá.
Ora direis da fuga do amor?
Por certo não conheceis tal sentimento.
Por certo quereis do encontro
mais que o instante pode te dar.
Carpe diem.
À hora do amor,
no corpo renasce a própria vida.
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Postado por Blog da Mirian
24/3/2018 às 09h17
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Auto absorvente
O desejo é silêncio
Intacto, é a areia que absorve ondas efervescentes na praia
As palavras são frias
e o silêncio é quente
O sol que arde em silêncio qual semente plantada no peito
Draga que tudo dilacera
O silêncio pulsa e repulsa
O silêncio acenta e sustenta
O silêncio é o veludo da noite
Tenro, nos envolve
O silêncio em silêncio nos resolve
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Postado por Metáforas do Zé
24/3/2018 às 08h44
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Numa garrafa de H2O...
- Ó, que gênio!
O
oxi- gênio
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Postado por Metáforas do Zé
22/3/2018 às 13h08
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Papo de sexagenário... só se pensa naquilo.
Meu pai em seu leito de morte me disse o seguinte: - A vida? são os momentos, José! portanto, filho, trate de aproveitá-los...
Os momentos são como gotas d’água, perfeitos quanto justos; justos, tensos, quanto perfeitos, sob pena de se desperdiçá-los ao ruírem e se desaguarem. O momento é a gota que salva, enquanto se tenta salvá-la...
A gota d’água, o momento: é o espelho do mundo em 360 graus refletido ao redor do próprio corpo, qual a bola de cristal da vidente... A gota d’água é a máscara do universo... O momento é o lapso do qual, depende todo o universo...
Gota a gota é o ritmo do relógio, e uma música em contratempo, ou a destempo... A vida e o tempo, excruciante tortura chinesa...
A gota da memória na ponta da língua prestes a quedar-se abismo abaixo. Estalo iluminador a lembrar que também se morre.
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Postado por Metáforas do Zé
20/3/2018 às 12h00
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O embate e o embuste
O embate tem dia, local e horário certos para acontecer. Todos os domingos pela manhã, quem passa por um dos acessos à feira livre assiste a um conflito que já perdura por meses, é bate-boca pesado, duelo de impropérios, arranca rabo digno das óperas-bufa mais estridentes.
Um dos oponentes tem porte atarracado e é comum ser visto portando um pedaço de pano que não aparenta maior utilidade senão a de um símbolo. O outro nunca está sem seu boné vermelho e maltrapilho, também é atarracado, mesmo tamanho, mesmo peso, não há dúvida de que os dois pertenceriam à mesma categoria de qualquer modalidade de luta. Nunca é possível precisar de quem é a iniciativa do imbróglio, mas a coisa sempre começa mais ou menos assim:
– Você sabe que eu preciso trabalhar, tenho uma família pra sustentar, não sou moleque – ao que o outro retruca:
– Então faz o seu trabalho direito, eu também tô trabalhando.
São palavras ditas em exaltação, em tom suficientemente escandaloso para atrair atenções, e a partir disso uma pequena plateia se junta na expectativa de presenciar as vias de fato, nunca há de morrer em cada um de nós o aluno de ginásio useiro e vezeiro em incitar a briga dos colegas no final da aula.
As pessoas dentro de seus carros também são acometidas pela curiosidade irresistível de querer se atualizar sobre as querelas urbanas, diminuem a marcha, passam devagar quase parando, e é aí que os dois criadores de caso deixam de lado a encrenca e partem para abordar os motoristas, oferecendo-lhes as vagas de estacionamento pertencentes aos respectivos territórios que a cada um deles cabe administrar, pedem contribuições, fazem boa grana, exercitam uma dessas invenções a que se deve homenagens pelo contorcionismo mirabolante, alugar pedaços da rua é um jeito muito nosso de empreender com a coisa pública.
Não foi tão surpreendente assim, já havia no ar razões para a suspeita, um trejeito performático aqui, um exagero inverossímil acolá, pois então quem quiser conhecer a verdade é só chegar à feira livre mais cedo do que o de costume, e então, com a rua ainda vazia, lá presenciará o flagrante, os dois flanelinhas estarão absortos numa conversa animada, trocarão gargalhadas desopilantes, coisa de parceiros mesmo, e isso momentos antes de começar a costumeira discussão.
A revolta não é tanto por estar revelado o artifício utilizado para fisgar bisbilhotices. Também não é o caso de se decepcionar com o fogo brando, quase fátuo, que incendeia o circo. O problema é que daqui para diante nem a repugnância, até então essencialmente indisfarçável, está isenta de ser dissimulada.
Texto originalmente publicado no site flaviosanso.com [email protected]
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Postado por Flávio Sanso
19/3/2018 às 09h26
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O maior evento esportivo do país
Neste final de semana, em São Paulo, na casa convencional do basquete paulista e brasileira - o ginásio do Ibirapuera - se celebra o maior evento esportivo do calendário brasileiro: o Jogo das Estrelas.
O adjetivo, no caso, não representa exagero de afirmação ou cunho propagandista dos organizadores do evento, a Liga Nacional de Basquete, sempre se notabilizou de dar um passo de cada vez, num salto pensado e, usando uma palavra da moda, sustentável.
Motivos não faltam para o sucesso do evento e da Liga:
1. A continuidade: Estamos na décima edição do evento, num país que está acostumado a descontinuidade de práticas, políticas e que por vezes, no campo esportivo, dependem cada vez mais de aporte público e da iniciativa privada.
2. Patrocínios e apoios: Caixa, Avianca, Penalty, Açúcar Guarani, Mc Donald's são alguns dos parceiros e patrocinadores, seja do campeonato nacional, o NBB, ou do Jogo das Estrelas propriamente. Além desta penca de patrocinadores, a Liga conta com o apoio da NBA, em acordo que visa não só o fortalecimento da Liga de basquete americana, mas também a troca de informações relacionadas à gestão do esporte e que facilitou também a realização de amistosos entre as equipes daqui e de lá.
3. Organização: O know-how da parceria, possibilitou uma enorme ferramenta na implementação do conceito de esporte-entretenimento. Se algumas equipes durante o campeonato de clubes já avançaram no item entretenimento, o evento de hoje é a culminância dessa mentalidade. Há durante todo final de semana, tendas e espaços em que os patrocinadores podem expor e explorar a relação da marca com o público, dando brindes, fazendo gincanas e etc. Há um ginásio anexo, em que os espectadores podem disputar partidas de um contra um. Em outro espaço se alguém acertar uma cesta de três pontos ganha um sorvete de casquinha.
Mas nada se compara a organização dentro da arena o jogo. No momento em que você entra, além de camisetas e instrumentos que auxiliam a torcida, já tem disponível em todos os lugares uma revista com todas as informações, números e curiosidades do evento. Nada do que se passa na quadra, o público fica de fora. No quesito, entretenimento temos ainda o Jogo das Celebridades em que ex-jogadores de futebol e basquete, Youtubers, Atores e atrizes, modelos e celebridades em geral...
4. Show do Intervalo. Outro conceito importado dos esportes americanos, tem dado muito certo no Jogo das Estrelas. Ano passado com show do Jota Quest em palco montado num anexo bem próximo as arquibancadas funcionou muito bem. O intervalo deste ano tem evento marcado com Thiaguinho, além do ex-companheiro de grupo Péricles cantando o hino nacional.
No âmbito esportivo teremos o torneio de habilidades, de três pontos e o aguardado torneio de enterradas, finalizando com o jogo principal e nome do evento o Jogo das estrelas. Disputado pelas equipes NBB Brasil e o NBB Mundo, equipes escaladas com os melhores jogadores do torneio escolhidas pelo público em votação da internet divididas estre os melhores brasileiros e estrangeiros.
A Festa terá transmissão ao vivo pela TV Globo e SporTV.
Mauro Henrique
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Postado por Sobre as Artes, por Mauro Henrique
18/3/2018 às 10h10
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Ofícios (aos apontadores de lápis)
Já há muito que não enxergo o chão, tantas são as folhas caídas
Cachos de cabelos no piso da barbearia
O chão do marceneiro coberto de serragem
Assim é meu caminho
cujo solo não vejo e nem sequer ressinto,
tamanho o volume de palavras no chão desbastadas
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Postado por Metáforas do Zé
13/3/2018 às 12h54
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De repente, o celular tocou
- Alô?
- Alô, é o senhor André?
- Não, não, aqui é Vladimir de La Mancha.
- Ah...O senhor conhece o André?
- Claro que sim, sou o heterônimo dele.
- Bom, senhor, a preferência sexual de vocês não vem ao caso.
- Oi?
- Então, senhor. preciso que dê um recado para o André.
- Sim, fique tranquila, pode falar, sou o Alter ego dele.
- Pois então, senhor Valter, a Claro está com um excelente plano para internet e celular...
- Ih, acho que ele não vai querer. Já tem tudo isso.
- Mas senhor Valter, pense bem, o novo plano é imperdível.
- Olha, só porque você tem essa voz bonita e estou aqui imaginando que o resto também é muito belo, vou passar para ele o seu pedido.
- Ah, que bom! E o senhor, também não gostaria de fazer um plano?
- Eu?
- Sim, claro.
- Ah, eu sou apenas um pseudônimo.
- Mas os preços desse plano, qualquer dônimo pode pagar...
- Tem certeza?
- Claro, hoje mesmo já fechei o de um porteiro, um pedreiro e até um anônimo.
- Não seria um autônomo?
- Bom, essa coisa de tamanho e altura não dá pra saber pelo telefone, né?
- Moça, vamos fazer o seguinte, vou passar todas as informações para o André. Se ele fizer, é a mesma coisa de eu fazer.
(quase dez minutos depois, ela acabou de falar sobre o plano. Não prestei atenção nem na metade.Mas, de fato, ela tem a voz bonita.)
- Ok, então. Promete passar para ele?
- Prometo. Ele sempre me escuta.
- Ah, então tá. A Claro agradece a sua gentileza.
- Tá bom. Beijos.
- Senhor, não posso dar beijos aqui.
- Boa noite, então.
- Bom dia.
- Já é dia?
- Sim
- Vixe, então tenho que correr, o André já vai acordar...
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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
13/3/2018 às 12h51
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Cenas do supermercado
Olha, eu nunca soube ao certo se o nome da mãe do Gilberto é Doracy ou Norma.
Sei, não tem nada a ver um nome com o outro, mas a confusão existe e não consigo eliminá-la.
O pai, desse eu tenho certeza, se chama Getúlio e foi padre até os vinte e cinco anos.
Formam um casal daqueles clássicos, conservadores, rezam ao acordar, na hora do almoço, nos fins de tarde, antes de dormir.
Rezam, rezam e rezam.
Dos cinco filhos, só me dava bem com o Gilberto, uma criatura extremamente amorosa, dedicada ao trabalho e aos amigos.
Gilberto é gay e para escapar da certeira reação dos pais, foi se meter nos fundos do Canadá e por lá escancarou a porta do armário.
Faz tempos que não nos falamos, mas ainda guardo o livro do Neruda que ele me deu.
Dona Doracy (ou seria Norma?) tinha o costume de fazer arroz carreteiro sempre que eu ia visitá-los.
No começo achei bom; com um ovo frito por cima, sempre caiu bem.
Mas lá pela quinta vez, comecei a achar estranho.
Seu Getúlio comia até quase se enfartar.
Disfarçava o arroto fingindo bocejos.
E dessas coisas da vida, nossos caminhos se entortaram e nunca mais nos encontramos, até o sábado último, no corredor de um supermercado.
Os reconheci de imediato, seu Getúlio no mesmo estilo de general, a esposa colada em suas mãos, o olhar um tanto perdido.
Tipo de encontro indesejado, não tinha nada para falar com eles.
Tentei escapar grudando as mãos na primeira prateleira que me surgiu, a cara enfiada entre latas de leite ninho.
Não teve jeito, dona Norma (ou seria Doracy?) cutucou minhas costas com a ponta da unha.
- Oi, você não é aquele amigo do Gilberto?
- Gilberto...?(fechei os olhos quase por inteiro, a testa em risco, extremamente franzida, como quem tenta se lembrar de algo).
- Meu filho Gilberto, vocês trabalharam juntos no jornal.
- O seu nome não é André? - perguntou coronel Getúlio na voz grave de sempre.
- Sim, sim...Mas claro, vocês são os pais do Gilberto.
- Isso mesmo, eu sou a...(ela ia desvendar a tortuosa dúvida, mas o Marechal se intrometeu e não deixou).
- Há quanto tempo, meu rapaz!
E deu-me um abraço de urso.
- Faz tempo, né? E o Gilberto? Não tive mais notícias dele.
- Está bem, mora no Canadá, está casado e tem dois filhos.
- Sei (adoção, com certeza, pensei)...
- Ele vem nos visitar sempre no fim do ano.
- Ah, que legal. Peça para ele me adicionar no whats ou no Face. Sinto saudades dele.
Dona Norma sorriu, se fazendo menininha.
- Ele não tem nada nas redes sociais.
- Não?
- A mulher dele é muito ciumenta... Sabe como é...
- Sim, sei...
De repente, uma estranha luz escapou dos olhos do Sargento:
- Ele manda cartas para nós.
Arregalei os olhos, surpreso:
- Cartas?
- Sim, cartas! Sempre teve ótima letra. Manda junto algumas fotos, dele, da família, precisa ver como a caçula se parece com a (Ia desvendar o tortuoso segredo, mas Norma/Doracy não deixou, se intrometendo, com a voz fina e uma chuva de perdigotos).
- Não, não se parece comigo, parece com ele, com o Gilberto.
- Ah, nossa, como eu gostaria de ver. (sempre tenho esses momentos de bobeira, falo sem pensar e depois arregalo os olhos, arrependido).
- Pois apareça lá em casa um dia desses? - Disse o Capitão, num sorriso de dentes amarelos. A esposa completou numa nova enxurrada de perdigotos:
- E leve sua esposa e o filho. - dei uma piscadela cúmplice e completou - Notei que estava comprando leite ninho.
- Tá bom, vamos sim, qualquer dia desses.
- Ora, deixe disso, vá amanhã! Ordenou o Tenente Coronel - moramos no mesmo endereço de sempre.
- Claro, claro, irei sim, pode contar.
Ela então postou o rosto perto de mim, fez as mãos em segredo e sussurrou:
- Vou fazer aquele arroz carreteiro que você adora...
- Ah, sim, adoro mesmo, vou sim...
O General deu-se por satisfeito, apanhou a mulher por uma das mãos, enquanto com a outra esmagava meus dedos num cumprimento final.
- Vamos Jandira, precisamos comprar a carne seca para o carreteiro. Até amanhã, meu bom rapaz.
E lá se foram, sem olhar para trás.
Para me garantir, levei duas latas de leite ninho, com medo que me vissem no caixa e duvidassem de mim, a cara meio azeda, um tanto marrom, na garganta seca a pergunta em riscos de fogo: o que afinal tem a ver Jandira com Doracy...ou Norma?
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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
13/3/2018 às 12h02
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Verso espanado
Trazer as mãos cheias de óbvios
é deixar os cacoetes em vãos
Amortizar solenes juros inglórios
e encher a boca de nãos
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Postado por Metáforas do Zé
13/3/2018 às 10h44
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Julio Daio Borges
Editor
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