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Segunda-feira,
15/4/2019
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As Expectativas de um Recrutador e um Desempregado
Nem todo mundo tem a oportunidade na vida de conhecer os 2 lados de um processo seletivo à uma vaga de emprego. Geralmente, a maioria fica no lado de entrevistado da mesa, sem perceber antes de criticar, como é difícil também para o recrutador tomar a decisão de contratação.
Pois saiba que essa é uma difícil escolha para qualquer contratante, num país que anseia em se recuperar de uma crise e possui um grande número de mão de obra parada. Atualmente, qualquer anúncio de emprego recebe centenas de currículos com os mais variados perfis que se encaixam bem ou são totalmente alheios a vaga descrita.
Surpreendentemente, esse mercado de trabalho dispõe de perfis óbvios que não são a opção certa, como também de candidatos azarões que são a resposta a suas preces, mas em outra situação, jamais estariam livres ou dispostos a se candidatar ao trabalho anunciado.
Já na seleção, existem muitos candidatos que não sabem se vender, são pessoas sem foco que agem pela compreensiva necessidade do sustento, parecendo seres automáticos que já desistiram de seus objetivos e fazem tudo maquinalmente por obrigação.
A maioria é de jovens recém ingressados no mercado que pulam de emprego rapidamente, fazendo bicos ou como temporários da crise. Há ainda os mais velhos que foram obrigados a contribuir com a renda familiar, mas estão há anos sem trabalhar.
Pelos currículos, pode-se perceber que tratam-se de indivíduos que tem esperanças e expectativas, descendem de boas histórias de vida e que lutam anonimamente para se destacar numa pilha de papel. Assim, os recrutadores têm a função de optar por alguém, meio que decidindo pelo bem-estar daquele que será selecionado.
Mas há também a percepção de que alguns precisam claramente se qualificar, se encontrar num conjunto de vagas que exigem foco e aptidões específicas. Além de enfrentar um grande número de pessoas bem instruídas na expectativa de que seja dessa vez, convivendo diariamente na ansiedade de não saber o que está acontecendo em relação a seu destino profissional.
Um empregador possui a difícil obrigação de acertar na escolha, mesmo percebendo a urgência que muitos candidatos têm de se empregar. Mesmo que doa cerceá-los em detrimento de outros mais preparados, pois ele precisa lembrar que independente de quem contrate, seu ato resultará em menos um profissional nesse mar imenso aí fora.
É preciso lembrar também que nem sempre o mais qualificado fica com a vaga, porque existe o candidato certo para a vaga certa, é preciso olho apurado e feeling. Mas ainda, nem sempre o encaixe perfeito acontece, sendo necessário voltar atrás em uma nova busca. Pois mesmo na crise, há profissionais que são valorizados, ficam entediados ou são seduzidos por outras propostas e metas de vida. Por isso, a contratação é só o começo dessa relação profissional que pode resultar em crescimento e aprendizado para ambas as partes ou tédio e insatisfação.
Buscando uma conclusão, percebemos que o mercado de trabalho atual é um desafio que mistura sorte e competência, cujo foco e preparação diferencia dos demais, mas ao mesmo tempo fecha as portas para determinadas oportunidades menores que poderiam ser brevemente aproveitadas.
Quem atira para todos os lados pode atingir alguma coisa, porém algo que deverá sofrer ajustes enquanto se espera por um futuro melhor. O importante é não ficar parado e esperar acontecer. Outra sábia conclusão fica por conta de que o profissional é seu próprio produto, vivendo no despertar de um tempo que preza por ideias e engrenagens para sobreviver, abolindo cada vez mais a carteira de trabalho e os direitos, em favor do bom e velho “te vira” do empreendedorismo.
E para você que conseguiu a tão sonhada colocação, foi porque alguém o escolheu entre tantos e confiou na sua habilidade e seriedade como profissional. Alguém que precisa tomar uma boa decisão para o andamento de seu sonho e continuidade do negócio.
Então, passado o entusiasmo de estar trabalhando, é claro que ninguém deve bancar o escravo de alguém, mas uma boa relação entre as partes deve ser construída, sem o jeitinho brasileiro nem o sofrimento por desistência ou acomodação. Lembrando que cada caso é um caso, mas preservar o que foi tão difícil de conseguir exige dedicação e sacrifício.
Entretanto, fica o desejo que tanto o profissional quanto o recrutador, nessa época difícil, possam encontrar aquilo que buscam num duradouro relacionamento de trabalho com amizade e respeito.
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Postado por Blog de Camila Oliveira Santos
15/4/2019 às 14h35
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A Independência Angolana além de Pepetela
No mês de março o Grupo Ria apresentou uma série de peças adaptadas de obras literárias presentes na lista da FUVEST. Entre elas está Mayombe, que fechou mostra. A partir do livro de Pepetela, nove atores sobem ao palco para encenar a luta angolana em busca da liberdade. Isso me lembrou de um documentário que produzido entre 2014 e 2015. Angola nos Trilhos da Independência, produzido por Lucio Lara (da Fundação Tchiweca de Documentação) e pela Geração 80 (Mário Bastos, Jorge Cohen, Tchiloia Lara e Kamy Lara), mostra os resquícios da revolução angolana nas pessoas e lugares quase 4 décadas depois. Foram 57 meses de pesquisa e gravações, resultando em 900 horas gravadas, com 700 depoimentos.
Mayombe foi publicado pela primeira vez em 1980. Mas o livro foi ganhando seus parágrafos quando o próprio Artur Carlos Pestana dos Santos, vulgo Pepetela, participou da libertação. Narrando o cotidiano de alguns guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação da Angola (MPLA), o autor montar um misto de conflitos internos e externos, recheado por uma tensão física e ideológica. Daí vem a importância do trabalho do Grupo Ria. Li Mayombe há alguns anos, mas assim que tive oportunidade, comecei a ler o livro novamente. Depois de ver um ótima encenação dos atores (Eudes Nascimento, Flávio Oliveira, Daniel Lima, Fabrizio Nasscioli, Gustavo Gaspar, João Angello, Jhon Honz, Vânia Bawe e Wagner Nunes) a leitura foi completamente diferente. A intenção do grupo teatral é apresentar suas peças para alunos do ensino médio, para motivar e facilitar a leitura dos livros (muitos irão agradecer essa ajuda com Iracema), com isso não utilizam cenário. Ainda assim, a tensão na apresentação é tão intensa que o cenário não faz falta.
Na tela a história é outra. Angola nos Trilhos da Independência traz um pós guerra. O documentário mostra a importância de se aprender com a história. Diante dos depoimentos de pessoas que estiveram envolvidas, direta ou indiretamente, com a libertação angolana dos colonialistas portugueses, vemos que as atrocidades que podem ser causadas por conflitos armados nunca são esquecidas. Em meio a vilarejos destruídos e pessoas que trazem marcas dos confrontos até os dias de hoje. A luta anticolonial é narrada por quem traz essas marcas dentro de si, é difícil imaginar a realidade de tudo aquilo, mas quando a câmera anda pelas vilas destruídas e abandonadas chegamos perto da destruição que tomou conta da Angola nos anos 1970. Um depoimento, um dos primeiros no documentário, conta a fuga de um jovem e sua família. É comovente ouvir a história de um ser humano que passou por aquilo e chegar a impressionar a coragem desse povo, lembrando de Sem Medo, personagem de Pepetela.
O que todas as obras trazem em comum é algo atual. As divergências de um povo, que fazem parte de tribos diferentes. Embora a luta seja a mesma, a libertação colonialista, as diferenças entre uma tribo e outra não é deixada de lado, tornando o conflito ainda mais difícil. Isso nos leva a um conceito geopolítico mais atual, sobre as guerras que deixaram de ser externas (com um país atacando o outro) e passaram a ser internas (com conflitos entre os povos). Para não fugir tanto do assunto, podemos ver em Angola nos Trilhos da Independência e em Mayombe a importância de aprender com o passado. Ambos ficam para que historiadores possam trabalhar com um material mais autêntico e expressivo.
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Postado por A Lanterna Mágica
8/4/2019 às 17h34
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Direções da véspera IV
Fora-se o brilho dos tempos dourados.
Em esquiva das penas, o viajante sorvia
insânia. E se alimentava da própria carne.
Naqueles lugares de angústia, – entre mortos
e feridos – salvou-se a Arca de Noé.
Os homens? Se salvariam?
Alguns perderam a memória. Outros,
na pele gravaram lembranças.
No calendário, mudaram-se as datas.
Mas, que vestígios são esses
no miolo do pão, esfriando sempre?
(Do livro Travessias
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Postado por Blog da Mirian
6/4/2019 às 09h12
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Direções da véspera IV
Fora-se o brilho dos tempos dourados.
Em esquiva das penas, o viajante sorvia
insânia. E se alimentava da própria carne.
Naqueles lugares de angústia, – entre mortos
e feridos – salvou-se a Arca de Noé.BR>
Os homens? Se salvariam?
Alguns perderam a memória. Outros,
na pele gravaram lembranças.
No calendário, mudaram-se as datas.
Mas, que vestígios são esses
no miolo do pão, esfriando sempre?
(Do livro Travessias
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Postado por Blog da Mirian
6/4/2019 às 09h12
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Dispendioso
Os ventos varreram tudo e todos
chegando exaurir-se em si mesmo e ainda assim permanecem intactos...
Ante blocos de concreto os ventos se eternizam e pedras viram areia
Alísios alisam ou nos despenteiam...
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Postado por Metáforas do Zé
5/4/2019 às 09h47
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O mês do Cinemão
Março foi um mês diferente. Fui pouco ao cinema e algumas dessas sessões foram no que chamamos de Cinemão. Blockbusters que são exibidos nos cinemas convencionais. Foi uma experiência que não tinha havia meses, pouco me lembrava de como era, mas logo lembrei porque tinha deixado isso de lado.
Os filmes que assisti foram
Sai de Baixo (dirigido por Cris D’Amato e roteiro de Miguel Falabella), Escape Room (de Adam Robitel) e Nós (de Jordan Peele, mesmo diretor de Corra!). Todos esses me agradaram, embora seja uma sequência de clichês e cenas previsíveis, são bons filmes. Sai de Baixo continua com aquela comédia dos anos 1990, que ainda nos dias de hoje foi recebida com muitas risadas do espectador. Já Escape Room é um filme que traz alguma coisa de Jogos Mortais, e foi isso que vi muita gente comentando. Mas se afasta dos filmes de James Wan quando notamos que sobreviver as salas não é uma questão de aprendizado e superação, mas uma coisa impossível, pois você será morto pelos criadores do jogo de qualquer maneira. Nós foi o que mais gostei. Assisti Corra! na TV e achei que valeria a pena ver esse novo filme de Peele no cinema, não me arrependi, gostei de todo aquele suspense e tensão. Talvez seja a tela grande, mas no fim achei melhor que Corra!.
Mas como eu disse, logo lembrei porque fazia tanto tempo que não ia nesses cinemas. Para começar, eles ficam em shopping, um espaço pequeno para a quantidade de pessoas que vão lá ao mesmo tempo. Depois de uma fila de 20 minutos para conseguir comprar o ingresso, você assiste mais 15 de trailers e propagandas (trailer é uma coisa que evito o máximo que posso, prefiro correr o risco de ver o filme completo no cinema). Não gosto de ficar reclamando das coisas, mas isso acaba em pequenos ataques de ansiedade e algumas vezes já desisti de ver o filme, mesmo com o ingresso em mãos.
Mas no fim foi uma experiência boa, que devo repetir uma vez ou outra. Nas três ocasiões as salas estavam cheias e isso me deixou bem feliz, é bom ver que muita gente ainda vai ao cinema. A sensação de estar diante da tela grande é maior do que qualquer conforto de assistir um filme em casa. Espero que esse mês consiga ir ao cinema mais vezes, qualquer um deles, e voltar a escrever com mais frequência. Acho que esse conjunto (cinema e escrever) é o melhor remédio para os longos dias de trabalho.
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Postado por A Lanterna Mágica
2/4/2019 às 08h42
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O NAVEGANTE DO TEMPO
Tomou o bonde circular e embarcou para o século passado. O condutor com a destreza de um malabarista aproximou-se, equilibrando-se no estribo como se já tivesse nascido ali. Balançou para ele a mão direita onde as antigas moedas de níquel chacoalhavam unidas umas às outras, feito soldados numa parada militar, cobrando a passagem.
O passageiro enfiou os dedos no bolso da calça, onde só havia moedas atuais, mas o condutor que o conhecia de há muito disse não haver problema algum. Amanhã o senhor acerta tudo, doutor. E levou a mão direita à pala do quepe de seu uniforme azul-marinho num gesto de deferência.
Está tudo muito estranho neste trajeto, pensou o passageiro, vários são meus contemporâneos, mas voltaram todos ao tempo de criança e nem sequer me reconhecem...
São fantasmas do passado ou estou delirando? Não sabia responder à própria pergunta nem como embarcara naquele veículo elétrico anacrônico, cujos trilhos tinham sido removidos da cidade fazia mais de meio século.
Deteve-se então no exame minucioso do interior do coletivo, onde os longos bancos de ripas de madeira envernizada causaram-lhe a sensação de familiaridade de quem neles se sentara incontáveis vezes. No teto do veículo, os mesmos reclames de antigamente propalavam a excelência dos produtos anunciados, inclusive a propaganda de um famoso elixir cujo nome ele guardara na memória: Rum Creosotado.
Após essa inspeção interna, lançou o olhar para a paisagem urbana que se desenrolava ao longo do percurso como num filme antigo que resgatasse a arquitetura das desaparecidas casas de centro de terreno, com árvores frondosas e flores nos jardins, enquanto o velho bonde sacolejava e rangia na bitola estreita dos trilhos. Comparando-o a uma caravela em mar revolto, chegou a esboçar um arremedo de sorriso ao se considerar uma espécie de navegante do tempo. Nisso, um insólito lampejo de consciência, como se, de repente, emergisse de um sonho, sacudiu-o de cabeça aos pés -- diabos, como vim parar aqui?
Jamais deixamos de fazer este trajeto, doutor, mas só os escolhidos se apercebem disso, pareceu-lhe escutar a voz do motorneiro que, bem distante dele, movia a manivela de direção, concentrado no comando do bonde.
Daqui a duas paradas, vai subir no bonde aquele viúvo, que levava sempre consigo o seu violino para tocar no túmulo da esposa a mesma música, ele se surpreendeu pensando, com uma certeza premonitória, e, ao mesmo tempo, recriminando-se por ter, quando menino, seguido secretamente aquele homem até o cemitério, junto com uma malta de colegas do ginásio, para depois imitarem, entre risos e zombarias, numa mímica grotesca, um recital de violino.
Estava ainda às voltas com esses pensamentos terríveis quando o bonde parou para que o violinista subisse no estribo e se acomodasse no mesmo banco onde se encontrava o passageiro idoso, que, olhando-o de soslaio, surpreendeu-se ao ver que o viúvo não envelhecera como ele, era, sim, o menino de outrora, carregando o estojo do violino para aula de música. É preciso ter calma e ponderação: na verdade esse garoto que vejo é muito mais velho que eu, e pelos meus cálculos o garoto e futuro viúvo já deveria estar debaixo da terra. E esses outros passageiros também permanecem imunes à passagem das décadas, inclusive o condutor e o motorneiro, enquanto ele já velho a tudo assistia através das grossas lentes dos óculos de grau que agora usava como um apêndice indispensável. Engoliu a custo um silêncio amargo - o que fizera outrora, quando adolescente, tinha requintes de uma crueldade inominável. Sentiu-se tremendamente envergonhado. Sim, estava pagando por isso um alto preço. Teve que fazer um esforço sobre-humano para não confidenciar ao menino e futuro viúvo que não se casasse com a mulher que morreria na flor da idade. Não queria passar por maluco e nem poderia imaginar como seria a reação do estudante de violino, agora apenas uma criança. Seria certamente internado num hospício como um louco perigoso e de lá só sairia morto.
Esse dilema trágico aumentou ainda mais seu sentimento de culpa, quando voltou à realidade absurda do retrocesso no tempo, quem sabe por escapismo ou talvez por um gesto desesperado de autodefesa, como algo que ficaria dentro de si sem resposta alguma, sob a forma de uma eterna interrogação. Matar-se, cometer suicídio? Era covarde demais para isso.
Buscava febrilmente outra solução, algo pragmático, que não iria decerto aplacar suas insônias que viraram uma constante em suas noites, e quando cochilava de pura exaustão era pior ainda, acordava berrando em agonia por causa dos pesadelos persecutórios.
Preciso encontrar, preciso encontrar, está aqui dentro de minha cabeça. Dizem que quem procura, acha, embora haja controvérsias.
Mas ele achou, pois essas coisas acontecem no universo ficcional, se o personagem conseguir impressionar o autor que o criou...
E foi isso que se deu, precedido dos toques de trombetas bíblicas que só o idoso escutou.
Vou consultar urgentemente o oculista, pois essas lentes estão fracas demais. Em seguida, retirou os óculos para limpar as lentes com o lenço, pensando que, além de fracas, estavam completamente embaçadas...
Ayrton Pereira da Silva
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Postado por Impressões Digitais
1/4/2019 às 16h38
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Siameses
Ramos & Raízes
Uns exploram os sais da terra
Outros, o canto dos pássaros
Irmandados, Benditos sejam os frutos
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Postado por Metáforas do Zé
31/3/2019 às 22h30
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Esponjas
De dia absorvo
De noite sou absorvido
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Postado por Metáforas do Zé
30/3/2019 às 12h30
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Atlas atlético
Pesar é querer trazer para si o peso do mundo
Dimensionar é se deparar com tal
Avaliar é dar-lhe a devida importância
Lidar é relacionar-se com tamanha figura
Tudo com as mãos
eterna balança
Do que é capaz a palavra em sua plasticidade verbal
Conceitos & Posturas
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Postado por Metáforas do Zé
30/3/2019 às 12h21
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Julio Daio Borges
Editor
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