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Sábado,
15/2/2020
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Nas linhas das minhas mãos III
No visitante que em três dias retornou,
reconheci Pedro. Pedro, perfeição imperfeita,
em teu caminho encontrarei
minha pedra de humanidade.
Pedro, o que retornou à minha casa,
no que me deixou de presença e vazio,
amei-lhe o rosto. Daquele que se fez indefinição,
amei-lhe o perfil. Amei-lhe as palavras.
Nele amei a negação, ante o desolado
canto do galo que lhe anunciou a fé.
Amei-lhe a pureza, antes de sabê-la
parte de si. Amei-lhe a dúvida.
Em Pedro, amei a recusa.
Amei o temor.
Amo a contrição.
Do livro Canções de Amor
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Postado por Blog da Mirian
15/2/2020 às 14h49
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psiu!!!
...asportaseabremquandoo(...)seinstala,asportasseabrem,janelasseescancaram,eo(...)semovimenta,o(...)lateja,o(...)nãosecala,o(...)éumtagarela,o(...)nãopara,o(...)semovimentaemmotocontínuo,o(...)nãotemmemória,o(...)nãotemmotivo,o(...)nãosevende,o(...)nãosedá,o(...)sefazpresenteeausente,o(...)dói,o(...)amortece,o(...)nãotemremédio,remediadoestá...
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Postado por Metáforas do Zé
8/2/2020 às 19h55
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Nas linhas das minhas mãos II
Naquele dia ele veio, trazendo
bandeiras de festa. Ele era um. E era muitos.
E sem saber-lhes batismo ou descendência,
à minha mesa sentaram-se.
Nos vários fragmentos deixados por todos,
pressenti contradições. Em irrealizada unidade
imaginei completude. No visitante, vi outros
que, sem procurar, encontrei.
Encontrei aqueles que de mim
se apartaram antes da chegada,
naquelas ruas e horas vazias
onde inda prossigo na busca.
Pelos desenhos indecifráveis
nas linhas das minhas mãos.
Do livro Canções de Amor
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Postado por Blog da Mirian
2/2/2020 às 10h06
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Mão dupla
Tanto na conquista como na desconquista
na palavra e na despalavra
no consumo e no desconsumo
o empenho é o mesmo
Esforços iguais para sentidos diferentes
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Postado por Metáforas do Zé
31/1/2020 às 12h42
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Devida(mente) balizada
A fome se engana pela gula
A necessidade pelo desejo
Mas a sede é única não há como ludibriá-la...
Só mesmo um copo d'água
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Postado por Metáforas do Zé
29/1/2020 às 22h51
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Aos meus doces pesadelos
A noite é uma criança...
refratária à luz da razão
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Postado por Metáforas do Zé
27/1/2020 às 23h24
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Algoritmos
Invadido de coincidências
preso aos bons ventos
febril bonança...
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Postado por Metáforas do Zé
22/1/2020 às 22h33
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Belém, nostalgia e tempos possíveis
Para o Pedro
Foto: Angelo Cavalcante @angelomcavalcante
Tic! Tac! Tec! Tec! É meu sobrinho jogando “beyblade”. O “beyblade” é um brinquedo que imita o antigo pião e que se digladia com outros em uma arena de plástico. O pião moderno, ao contrário do pião de outra infância, não possui prego na ponta. É mais seguro e mais prático. Como a cidade que se quis moderna, o novo brinquedo gira em seu próprio eixo e, para aquela outra infância, apenas suscita nostalgia. Tic! Tac! Tec! Tec! Belém! Belém!
Costuma-se atribuir segurança e praticidade à vida moderna e, em oposição, desafio e rusticidade a uma vida anterior. As cidades são uma expressão privilegiada dessas representações.
Não raramente, tendemos a lembrar de um tempo anterior com um significado de perda irrecuperável, quando vemos imagens de diferentes tempos da cidade. Olhamos ao redor e giramos em busca de um tempo memorável, um eixo a nos guiar e definir.
Em certo sentido, Belém parece estar mergulhada nesse sentimento, agora transportado para outros espaços, para outras mídias.
Dia desses, vi um perfil, em uma rede social, exaltar uma imagem icônica da cidade, um copo de cerveja que se enchia e esvaziava reluzentemente na entrada da cidade.
Eu mesmo quando vi pela primeira vez, aquele néon inesquecível simbolizava uma ideia de tecnologia, modernidade, mas, não podemos esquecer, de magia também.
O mundo das imagens nos levou a essa forma de percepção, na qual tratamos simulacros (Baudrillard) como nossa verdadeira experiência. Não é um lamento, é um sintoma.
É como o novo jogo de meu sobrinho. Esperto, ele sempre lembra das suas vitórias, mas, quando ele perde, ele esquece ou lamenta.
As crianças exaltam e repetem seus momentos/movimentos pela compulsão; mas talvez seja o mesmo sentimento que habita aquele que, agora, na internet, vangloria o passado pela lamentação, como nostalgia.
Fonte: @nostalgiabelem
Temos, nas redes sociais, nostalgias de Belém, memórias de Belém, Belém de antigamente, etc. A cidade se exalta em um tempo que gira sobre si mesmo e, descontente com a arena na qual se digladia, deita-se, quedando-se em torpor.
De certo modo, subvertemos a ideia Benjaminiana de perder-se na cidade como forma de re-conhecê-la. Voltamos a uma eterna repetição do passado e — na verdade Benjamin, estava certo — agora o reproduzimos tecnicamente como imagens de júbilo e eterno descontentamento. É um sintoma.
Nostálgico, irreparável, irremovível, para alguns, compulsivo. O sentimento que perdura é de que a cidade, possivelmente, tenta se lembrar do que “não foi”, e seus habitantes tentam fruir aquele passado que “nunca” tiveram.
Foto: “Cenários em ruínas” (Nelson B. Peixoto), de Enderson Oliveira @o_enderson_
Como nosso tempo contemporâneo é outro, confuso, interseccionado, esse lembrar, que ia em busca de décadas passadas distantes, já se manifesta — o que talvez seja um sintoma ainda mais latente — sobre o que ocorreu há poucos anos, em um passado que, dizemos, “parece que foi ontem”.
Também acendemos luzes coloridas sobre a história como forma de — acreditamos —iluminá-la e reconhecê-la. Mas a cidade, sua história, nem sempre pode ser atravessada por luzes artificiais, resplendores discursivos, lampejos retóricos.
É preciso lembrar que a cidade, hoje, vai além de uma única imagem, de um único monumento, ou de uma resplandecente publicidade. Ela é, fundamentalmente, um espírito que a tudo isso se liga, que emana, salta, entrecruzando-se, do seu sentido anterior e do seu sentido atual.
Múltiplos sentidos, variadas representações, diferentes formas de percepção. Belém precisa lidar com seu passado como forma de tomá-lo, apreendê-lo, no presente; cada tempo com seu espírito, colidindo, renascendo, em tempos possíveis.
Foto:“Pontes limiares”, de Relivaldo Pinho @relivaldopinho
Como uma colisão que nasça de giros que deixem de se movimentar na mesma órbita, para se abrirem em uma nova constelação. Tempos possíveis, representações olvidadas, percepções distendidas. A arena não precisa ser de plástico.
A imagem da tulipa em neon, que secava e enchia permanentemente, precisa ser vista sobre outro movimento. Menos repetitivo, mais denso (Geertz) e, ao mesmo tempo, mais rúptil.
Agora, imagine outra tulipa que começa a encher e a secar. Tec! O pião parou. Precisamos jogar outra vez. Belém! Belém!
Este texto foi publicado em 13/01/2020 no Diário Online
Relivaldo Pinho é autor de, dentre outros livros, Antropologia e filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia, ed.ufpa, 2015.
[email protected]
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Postado por Relivaldo Pinho
22/1/2020 às 19h53
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Em 2020 Combata os Vilões da Vida Real
O ano de 2019 finalmente passou, foi feliz pra umas 3 pessoas e miserável pro resto da humanidade, mas fazer o quê? Já diziam os sábios que o doce só é doce porque o amargo existe! Então, parabéns se você chegou até aqui com o mínimo de equilíbrio. Agora é vida que segue, tempo que rugi e você como instrumento e material do que poderá ser o seu ano.
Pois a maioria das pessoas, talvez pelas datas, astrologia e etc. acreditam que um ano novo seguido de um período de 12 meses podem fazer uma vida mudar pra melhor. Crendo nisso, tenha a certeza de que a resolução mais importante que você poderá tomar esse ano, é ser o herói de si mesmo pra combater os vilões da vida real que o perseguem sem piedade.
Claro, você pode ser o herói de outros, mas quando cuida de si, certamente faz o bem a vários dependentes e pessoas que te amam. Se a vida estiver tão boa assim, que já possa se sentir seguro a ponto de ser o protetor de terceiros, melhor ainda. Dessa forma, pra começar com o pé direito é importante identificar esses facínoras que tanto querem lhe fazer mal.
Portanto, são alguns dos mais cruéis: A ignorância e a mesquinhez, que levam a atos impensados e impulsos descabidos. As dívidas, que hoje em dia são atreladas a serviços e tecnologias rápidas demais pra que se tenha um pensamento coeso em relação a decisões. Bancos e instituições de fácil acesso pra pegar dinheiro e jamais deixar a bola de neve. Responsabilidades que são procrastinadas e poderiam fazer toda a diferença no modo de vida. E finalmente a insegurança, que impede de seguir seus sonhos ligados a beleza, trabalho, relacionamentos, saúde, etc.
Esses são só alguns dos muitos vilões diários enfrentados pelo herói comum, mas que podem ser decisivos na barreira entre uma condição geral melhor de vida e diversos perrengues inimagináveis.
Por isso, evite dar opiniões, nem se deixe levar pelos julgamentos pré-concebidos e momentâneos dos sentimentos sem raciocínio. Quanto aos gastos, faça uso das facilidades que estão à mão com responsabilidade e não apenas porque você pode, pois existem no mundo infinitas coisas que podemos, mas nem por isso saímos realizando.
Pense e repense em todos os recursos possíveis antes de recorrer aos bancos e empresas de crédito que podem parecer uma solução imediata, contudo se transformarão em problema a longo prazo. Não deixe nada que pode ser feito agora pra depois, pois o acumulo de tarefas torna tudo mais desestimulante e difícil que antes. Sabendo que o tempo faz diferença nas ações, principalmente se tratando de dinheiro, quanto mais cedo melhor. Além de que exercícios, o abandono de um vício ou uma boa alimentação podem ser cruciais entre a saúde e a enfermidade.
Como vilão-mor estão a insegurança e a preguiça que trazem receios e evitam a realização do que já devia estar pronto. Visto isso, quando se tratar de um bom projeto pra vida, a resposta é fazê-lo antes que os pesares e dúvidas tragam uma âncora e impeçam o trabalho.
Quando estiver sem nenhum recurso ou ideia de como sair dessa situação de marasmo, apenas comece e deixe que o resto venha como etapas e recompensas do processo. Inicie por um trabalho que pode estar longe do ideal, mas trará contatos, amizades, relacionamentos, ideias e um dinheiro, que mesmo pouco, já é alguma coisa em vista de nenhum que estaria ganhando se estivesse parado se lamentando.
Também, realizando trabalhos manuais, temporários, renda-extra, que seja, você poderá guardar um dinheiro, de modo que este te traga garantias e independência financeira, tão fundamental atualmente pra se proteger de situações rotineiras que não são nada agradáveis de saúde, nos relacionamentos, dificuldades do emprego, com dívidas inesperadas... Enfim, tudo o que aflige as pessoas desde que a sociedade existe e te transformou num cidadão de bem.
Assim, pra esse ano é necessário planejar as ações, realizar, poupar e principalmente viver. Só dessa maneira você enfrentará os vilões tão amedrontadores do mundo real e sairá vencedor dessa história bem além da HQ. Claro que os problemas da rotina ainda existirão, mas numa escala menor, com maior probabilidade de resolução e capacidade de decisão pelas medidas tomadas e garantias realizadas. Quanto ao resto feliz ano novo!
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Postado por Blog de Camila Oliveira Santos
10/1/2020 às 05h27
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Quando estive em Hollywood
Fiquei puto comigo porque perdi a menina prum amigo. Fiquei puto porque eu tinha que ser como os caras nos filmes. Tinha que fazer que nem o William Holden no Férias de Amor, num feriado, num tempo em que as pessoas faziam piquenique.
Saltando dum trem de carga numa cidade do interior, fazendo bico, limpando quintal, flertou com a Kim Novak na varanda da casa ao lado. De noite, fim de festa, a orquestra tocando Moonglow, os violinos nas notas agudas arrepiando a nuca, marcando a música com o estalar dos dedos, sem ninguém entender nada, roubou a moça do ricaço da cidade.
Num domingo à tarde fui com três amigos conhecer a BR-3. Nunca tinha visto uma rodovia asfaltada, só em filme. A BR-3 era a coisa mais bonita. Viajava de trem, em estradas poeirentas, esburacadas, os ônibus sacolejando o tempo todo.
Do Centro pegamos carona com um cara que tinha um sítio em Água Limpa. Descemos na Lagoa Seca, o paredão da Serra do Curral logo na frente. Bonito ficou quando o sol avermelhou pros lados de Betim.
— A reta da estrada tem que aparecer — eu disse pro vendedor de laranja ao receber a Kodak Caixote do Beto.
Todo mundo fazendo pose, me lembrei duma foto que tinha saído no Cruzeiro, o James Dean num dia chuvoso, encolhido de frio, as mãos enfiadas no bolso do sobretudo, a gola até o queixo, franzindo a sobrancelha como costumava fazer. Apesar do calorão danado, eu levantei a gola da camisa, botei um cigarro na boca, comprimi os olhos como ele e esperei o clique da máquina.
Em casa de noite minha irmã veio: “Andar o dia inteiro, subir e descer morro pra ver uma estrada?”
Eu tinha estado em Hollywood. Ela não entendia. Ela nunca ia entender.
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Postado por Blog de Anchieta Rocha
9/1/2020 às 22h29
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