Os fanzines, pequenas publicações artesanais que deram voz a gerações de artistas, ativistas e entusiastas da contracultura, ganham fôlegos no e-book “Fanzine: A Voz do Underground”, do escritor e jornalista Anselmo Dequero. O livro oferece um panorama renovado e detalhado sobre a história, os marcos e a relevância dos fanzines, levando os leitores a refletirem sobre o impacto desses veículos na comunicação alternativa e nos movimentos sociais ao longo dos anos.
Disponível na Amazon KDP em oferta especial (de R$ 49,90 por R$ 29,90), o e-book é uma excelente porta de entrada para quem deseja entender como essas publicações independentes conquistaram seu espaço e continuam inspirando a expressão livre em diversos locais. O e-book traz uma narrativa dinâmica e com referências culturais, das origens dos fanzines, desde sua popularização com o movimento punk, até suas versões atuais, modernas, digitais e sustentáveis.
“Fanzine: A Voz do Underground” aborda momentos marcantes do gênero como o nascimento dos fanzines políticos e sociais, além das criações em torno da música, literatura e quadrinhos — cada um deles um espelho dos anseios e das inquietações de sua época. “Em tempos de mídias digitais e plataformas sociais, o fanzine também se reinventou como um símbolo de resistência contra a opressão e, principalmente, como voz alternativa”, comentou o escritor e jornalista.
Anselmo Dequero explora como, mesmo diante de diversas tecnologias, o formato zine continua sendo um canal para temas pouco envolvidos e para uma produção consciente, com papel reciclado, tinta, cola e recortes, preservando sua essência DIY (Do It Yourself). “Esta obra, resultado de um trabalho de pesquisa, também convida os leitores a conhecerem as feiras e os eventos dedicados para os fanzines, onde fãs e criadores se conectam e trocam ideias”, acrescentou.
Atualizada e Acessível Com um estilo direto e acessível, o autor oferece não apenas um resgate histórico, mas um guia prático para futuros criadores. Desde dicas de layout e técnicas de produção até estratégias de distribuição, o e-book é um verdadeiro manual para quem deseja criar ou apoiar uma cultura independente. “Fanzine: A Voz do Underground” é uma leitura obrigatória aos amantes da cultura underground e a todos que buscam outros meios de expressão no cenário atual.
A obra está disponível em oferta especial de lançamento na Amazon KDP, de R$ 49,90 por R$ 29,90. Essa é uma chance de conhecer o trabalho cuidadoso de Anselmo Dequero, que se dedica a trazer um material rico e atualizado sobre um tema essencial para a diversidade cultural. “Uma obra interessante aos que desejam não só conhecer, mas praticar algo diferente que possa expressar seus anseios ou também todas as suas inquietações”, finalizou o escritor e jornalista.
Sobre o Autor Anselmo Dequero é escritor, jornalista e professor universitário. Em sua trajetória, atuou como repórter da Rádio CBN (Sistema Globo de Rádio), em São Paulo, da Rádio Bandeirantes, em Campinas, e como assessor parlamentar de imprensa na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Também é ator e dramaturgo com espetáculos no Polo Artes Cênicas (PoloAC) de Campinas.
O BravaGente está desbravando os limites do possível ao lançar mais dois e-books que prometem colaborar tanto com as artes cênicas quanto com a educação a partir da Inteligência Artificial (IA). As publicações, do escritor e jornalista Anselmo Dequero, são resultados de pesquisas que resultaram em conteúdos práticos e acessíveis, disponíveis na Amazon a preços populares de lançamento.
Num mundo onde a tecnologia redefine os limites da criatividade, o e-book “Inteligência Artificial nas Artes Cênicas” surge como um guia revolucionário. Esta obra explora como a IA pode potencializar a visão dos artistas em todas as etapas da produção teatral. “Na prática, uma guia para auxiliar artistas e produtores culturais na elaboração de suas atividades diárias”, comentou o autor.
Anselmo Dequero mostra como a Inteligência Artificial pode contribuir desde a criação de roteiros e mapas mentais até a composição de trilhas sonoras e design de cenários. “Para os artistas focados na gestão financeira e no planejamento de carreira, este guia oferece insights valiosos sobre o uso de aplicativos de IA para monitorar orçamentos e traçar as metas profissionais”, declarou.
Na outra ponta do espectro criativo, “Inteligência Artificial no Desenvolvimento Educacional” oferece aos professores um conjunto de recursos tecnológicos para elevar a qualidade da educação. Este guia prático é uma verdadeira caixa de ferramentas digitais que promete contribuir com o conhecimento de professores em sala de aula e com os demais profissionais da educação.
“Os educadores aprenderão a utilizar algoritmos de IA para personalizar o ensino segundo as necessidades individuais dos alunos, otimizar planos de aula e melhorar a gestão do tempo. O e-book oferece ainda estratégias para integrar essas tecnologias de maneira harmoniosa e eficaz no currículo. É importante lembrar que nenhuma ferramenta poderá substituir os professores”, afirmou.
Venda Ambos os e-books da BravaGente são lançamentos imperdíveis para qualquer profissional que deseja se manter relevante e ainda mais inovador no século XXI. Os guias não apenas destacam a importância da Inteligência Artificial nas suas respectivas áreas, mas também mostram como a tecnologia pode ser uma aliada poderosa na amplificação da criatividade e eficiência profissional.
Disponíveis para venda na Amazon, esses e-books refletem o compromisso do BravaGente em democratizar o acesso ao conhecimento e às ferramentas necessárias para prosperar num mundo cada vez mais digital. Os preços populares de lançamento variam entre R$ 24,99 e R$ 29,99 (compre aqui).
Sobre o Autor Anselmo Dequero é escritor, jornalista e professor universitário. Em sua trajetória, atuou como repórter da Rádio CBN São Paulo (Sistema Globo de Rádio) e da Rádio Bandeirantes, em Campinas; e como assessor parlamentar de imprensa na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Também é ator e dramaturgo com espetáculos no Polo Artes Cênicas (PoloAC) de Campinas.
O BravaGente Online lançou um e-book para contribuir com as atividades desenvolvidas por artistas e produtores culturais. “Inteligência Artificial nas Artes Cênicas: Ferramentas para Criar, Ensaiar e Prosperar”, do escritor e jornalista Anselmo Dequero, surge num momento onde a tecnologia tem atuado na redefinição dos processos de criatividade e dos padrões de produção cultural.
Esta obra inovadora promete transformar como atores, diretores e produtores culturais abordam suas criações no século XXI. “As artes cênicas agora estão à beira de uma revolução tecnológica. Este guia abrangente explora como a Inteligência Artificial pode ser uma aliada em todas as etapas da produção artística, desde a concepção inicial até a divulgação final”, disse o escritor.
“Este não é apenas um livro sobre tecnologia, mas sobre como amplificar a criatividade humana. A Inteligência Artificial não substitui o artista, mas pode contribuir para potencializar sua visão, sua criação. Na prática, um ‘coprodutor’ no processo de criação, fundamental para garantir a agilidade em todo o processo já desenvolvido por atores, diretores e produtores culturais”, acrescentou.
O e-book aborda diversos temas, como a criação de roteiros assistidos por IA; uso de mapas mentais para organizar ideias; aplicação de IA na composição de trilhas sonoras e design de cenários; além de gestão financeira e planejamento de carreira com IA. “O e-book oferece insights valiosos sobre como utilizar aplicativos para monitorar orçamentos e traçar metas profissionais”, afirmou.
“Esse material é fundamental aos que desejam se manter competitivos em um cenário em evolução, onde a tecnologia desempenha um papel cada vez mais significativo. Assim, ao explorar a interseção entre arte e tecnologia, todos poderão descobrir formas de expressão e inovação, garantindo que suas obras ressoem com um público contemporâneo e engajado”, finalizou Anselmo Dequero.
Venda “Inteligência Artificial nas Artes Cênicas: Ferramentas para Criar, Ensaiar e Prosperar”, do escritor e jornalista Anselmo Dequero, está disponível para a venda no site da Amazon (de 59,99 por R$ 29,99). O conteúdo inédito foi organizado a partir de pesquisas sobre o tema realizadas em parceria com os artistas que compõem o coletivo do Polo Artes Cênicas (PoloAC), de Campinas.
Sobre o Autor Anselmo Dequero é escritor, jornalista e professor universitário. Em sua trajetória, atuou como repórter da Rádio CBN São Paulo (Sistema Globo de Rádio) e da Rádio Bandeirantes, em Campinas; e como assessor parlamentar de imprensa na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Também é ator e dramaturgo com espetáculos no Polo Artes Cênicas (PoloAC) de Campinas.
Num mundo cada vez mais repleto de incertezas e de pressões diárias, o escritor e pesquisador Anselmo Dequero lança o e-book “Vencendo a Ansiedade: Um Guia Prático”, uma obra essencial para todos que buscam entender e gerenciar a ansiedade de maneira eficaz e mais compassiva. O material, inédito em nível nacional, já está disponível para a venda na Amazon (link abaixo).
Dividido em seis capítulos, o e-book oferece uma abordagem acessível e empática, destacando-se como um valioso recurso para milhões de pessoas que enfrentam a ansiedade diariamente. “Desde explicações detalhadas sobre o que é a ansiedade até técnicas simples e práticas de alívio, esse guia cobre os principais aspectos necessários para uma vida mais leve”, comentou o escritor.
“Vivemos em tempos em que a ansiedade, antes uma palavra quase desconhecida para a maioria da população, tornou-se um tema bastante recorrente na vida de milhões de pessoas. Este e-book foi criado justamente com o propósito de abrir espaço para uma conversa mais acessível e informada sobre o tema. Uma forma diferente de ajudar as pessoas a vencer a ansiedade”, destacou.
Anselmo Dequero firma ainda que o material não substitui o acompanhamento médico, mas serve como um “primeiro passo” para que os leitores compreendam melhor seus sentimentos e saibam que não estão sozinhos nessa jornada. “Este material não tem a intenção de substituir o conhecimento técnico ou o trabalho dos profissionais da saúde mental”, disse o pesquisador.
“Cada capítulo foi pensado para ser um ponto de partida, uma forma de encorajar o leitor a buscar mais informações e apoio sobre o tema. A ansiedade é uma experiência comum e, ao entender mais sobre ela, abrimos portas para lidar com esses sentimentos de forma mais cuidadosa. É importante reconhecer seus sinais e perceber que ninguém está sozinho nessa jornada”, garantiu.
Venda Em seus capítulos, os leitores encontrarão técnicas de respiração e relaxamento para momentos de crise; dicas para estabelecer hábitos eficazes que podem ajudar a controlar a ansiedade a longo prazo; a importância da autocompaixão no processo de cura e até orientações sobre quando e como procurar ajuda profissional para resolver esse problema comum a milhares de pessoas.
"Vencendo a Ansiedade: Um Guia Prático" está disponível para a venda no site da Amazon (de 49,90 por R$ 29,90). O conteúdo inédito foi elaborado a partir de pesquisas sobre o tema realizadas em bibliotecas digitais acadêmicas e de entrevistas com profissionais de saúde que atuam nessa área.
Sobre o Autor Anselmo Dequero é escritor, jornalista e professor universitário. Em sua trajetória, atuou como repórter da Rádio CBN São Paulo (Sistema Globo de Rádio) e da Rádio Bandeirantes, em Campinas; e como assessor parlamentar de imprensa na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Também é ator e dramaturgo com espetáculos no Polo Artes Cênicas (PoloAC) de Campinas.
Na era digital, a Inteligência Artificial (IA) está se tornando rapidamente uma peça-chave em diferentes setores sociais — e a educação não é exceção desse processo. Pensando nisso, o e-book “Inteligência Artificial no Desenvolvimento Educacional: Guia para Professores”, do Brava Gente On-Line, apresenta uma abordagem inovadora para educadores do Ensino Fundamental e Médio.
O e-book, do jornalista e professor Anselmo Dequero, aborda o impacto positivo da IA no desenvolvimento educacional e sua aplicação prática em sala de aula. Desenvolvido para orientar professores na utilização de IA de forma simples e eficiente, esse material destaca ferramentas que ajudam a personalizar o aprendizado, a otimizar o tempo e a facilitar a criação de conteúdos interativos.
Desde assistentes virtuais para tirar dúvidas até plataformas de gestão de aprendizado, o guia oferece soluções acessíveis e gratuitas, permitindo que professores, independentemente do nível de familiaridade com tecnologia, transformem suas práticas pedagógicas. “Trata-se de um primeiro passo para que docentes possam conhecer a aplicar as tecnologias em seu cotidiano”, explicou.
“Na prática, o objetivo é que os professores vejam a Inteligência Artificial como importante aliada, que torna possível um ensino mais adaptado e acessível para todos os alunos. O conteúdo também enfatiza a importância necessária do equilíbrio entre tecnologia e interação humana, preservando o papel fundamental do professor como mediador e facilitador do conhecimento”, acrescentou.
Com uma linguagem didática e exemplos muito práticos, “Inteligência Artificial no Desenvolvimento Educacional: Guia para Professores” visa contribuir na formação de educadores para uma outra realidade educacional, onde a tecnologia e o ensino caminham juntos para um futuro mais inclusivo e dinâmico.
Venda O e-book “Inteligência Artificial no Desenvolvimento Educacional: Guia para Professores” já está disponível para a venda na Amazon (de R$ 64,99 por R$ 24,99). O conteúdo inédito em nível nacional foi elaborado a partir de sugestões apresentadas por educadores e demais profissionais de ensino.
Sobre o Autor Anselmo Dequero é escritor, jornalista e professor universitário. Em sua trajetória, atuou como repórter da Rádio CBN São Paulo (Sistema Globo de Rádio) e da Rádio Bandeirantes, em Campinas; e como assessor parlamentar de imprensa na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Também é ator e dramaturgo com espetáculos no Polo Artes Cênicas (PoloAC) de Campinas.
A solidão, considerada um dos grandes males do século XXI, ganhou uma abordagem inovadora com o lançamento do e-book “Estágios da Solidão: Um Guia Prático”, do escritor e jornalista Anselmo Dequero. O material, lançado neste mês em parceria com o blog Brava Gente On-Line, explora os estágios principais dessa experiência emocional tão comum na sociedade contemporânea.
Escrito de forma bastante acessível e direta, o material busca oferecer aos leitores uma compreensão acerca dos motivos pelos quais a solidão surge, como se manifesta em nossas vidas e, acima de tudo, como podemos reconhecê-la para lidarmos com esta situação de maneira saudável. “Este é um material prático pensado e criado para todos os leitores interessados no tema”, disse o autor.
Na prática, o livro é um primeiro passo para quem deseja entender melhor a solidão e suas consequências, sem recorrer a termos técnicos ou médicos. Com linguagem leve e envolvente, Anselmo Dequero apresenta cada estágio da solidão de forma prática, permitindo que qualquer pessoa, independentemente de sua formação ou experiência, identifique ou reflita sobre suas próprias vivências.
“O livro não pretende e tampouco tem por intuito oferecer uma cura à solidão, mas sugerir caminhos para ajudar as pessoas a entender e enfrentar esse sentimento, transformando-o numa oportunidade de crescimento pessoal. O material é um convite à reflexão, sem julgamentos, e proporciona aos leitores uma oportunidade única de enxergar a solidão sob outra perspectiva”, explicou.
Esse material foi desenvolvido para abrir o diálogo sobre a solidão e seus impactos na vida moderna, proporcionando um guia acessível e prático para quem busca se reconectar consigo mesmo e com os outros. “Este é um primeiro passo para todos os que se interessam sobre o tema; a ideia é ampliar cada vez mais as discussões sobre a solidão”, acrescentou. Para comprar, clique aqui.
Venda O e-book “Estágios da Solidão: Um Guia Prático” está disponível na Amazon (R$ 19,90) e promete ser um aliado aos que desejam compreender melhor suas emoções e encontrar formas mais saudáveis de lidar com a solidão.
Sobre o Autor Anselmo Dequero é escritor, jornalista e professor universitário. Em sua trajetória, atuou como repórter da Rádio CBN São Paulo (Sistema Globo de Rádio) e da Rádio Bandeirantes, em Campinas; e como assessor parlamentar de imprensa na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Também é ator e dramaturgo com espetáculos no Polo Artes Cênicas (PoloAC) de Campinas.
“Quer ir à exposição comigo? Todo mundo está comentando, passou na televisão várias vezes. Seria ótimo ir com você. Pode me ajudar a entender um pouco!”
Gabriela, há muitos anos secretária na firma onde eu trabalhava como advogada, sabia que eu fizera uns cursos de história da arte, moderna e contemporânea. Tinha interesse e curiosidade por essas formas de arte, mas a falta de conhecimento deixava-a meio perdida. Aceitei o convite e fomos, sábado pela tarde.
A exposição, organizada em ordem cronológica, começava com modernos. Matisse, Picasso, alguns Cézanne. Nada muito chocante, as pessoas no século XXI já se acostumaram com coisas como o nariz verde da senhora Matisse, o olho torto da modelo de Picasso. Tentei transmitir meu pouco conhecimento, discursando sobre como Cézanne havia reinventado o espaço. Gabriela me olhava com desconfiança.
Continuamos a andar e chegamos à arte contemporânea. Objetos substituíam telas, outras formas de expressão tomavam lugar da pintura. Gabriela entusiasmou-se. Como um urinol poderia estar num museu?
O salão era enorme, ao terminar de percorrê-lo aleguei cansaço. Fomos para a lanchonete tomar café com pão de queijo e trocar impressões. Um rapaz alto e bonito, vestido simplesmente com camiseta de algodão e calças largas, aproximou-se de nossa mesa. Cabelos mais compridos que o usual, penugem de barba cobrindo-lhe o rosto, enfeitado por único brinco de prata na orelha direita. Pediu para sentar-se conosco (não havia mesas disponíveis) e logo entrou na conversa, apresentando-se como Felipe. Ficou claro desde o início que seu nível de conhecimento artístico era muito superior ao meu, o que indicava um profissional. Discorreu com grande erudição sobre as obras que tínhamos visto. Gabriela fitava-o com brilho nos olhos.
“Você é artista ou professor?” perguntou.
“Nem um nem outro. Ou quem sabe as duas coisas?” desconversou com uma risada.
Logo em seguida, porém, sua expressão ficou séria e desanimada.
“Trabalho há muito tempo numa obra. Mas não consigo terminar, falta alguma coisa, uma parte importante, nem eu mesmo sei o que é.”
A conversa continuou entre os dois, que pareciam ignorar minha presença. Finalmente, levantei-me.
“Gente, vamos ver o resto. O museu não demora a fechar.”
Felipe nos acompanhou. Esculturas de luz, móbiles enormes, arte povera, vídeos, fotografia, arte kitsch, ele tinha muito a dizer sobre tudo que víamos. Gabriela olhava-o em êxtase. Minha pessoa esquecida, enquanto os dois caminhavam e conversavam animados em voz baixa, fui ficando para trás.
O museu fechou. Na porta, despedimo-nos os três. Peguei um táxi sozinha, Gabriela e Felipe andaram juntos na calçada. Uma sensação desagradável incomodava-me. O que teria visto em Gabriela um homem culto e bonito como Felipe? Singela e sem requinte, pouco conhecimento das artes plásticas, era estranho que ficasse tão atraído. Logo me censurei por estes pensamentos. Seria inveja, ciúme, preconceito? Bem mais velha que minha amiga, talvez não quisesse enxergar o encanto da juventude.
Passaram-se algumas semanas. Encontrava Gabriela no trabalho, que parecia sempre muito feliz, risonha e cheia de energia. Tinha vontade de perguntar-lhe sobre Felipe, se o tinha visto depois do dia no museu, mas a discrição impedia-me de fazê-lo. Afinal, não éramos tão íntimas.
Um dia, Gabriela não veio trabalhar. Mais outro, e outro ainda. Do escritório, telefonamos para a família, com quem ela morava. Preocupados, haviam procurado em toda parte, notificado a polícia. Nada da moça aparecer.
Passadas duas semanas, resolvi visitar a família. O pai, tenso e a mãe chorosa não tinham ainda nenhuma pista. Conversei demoradamente; perguntei sobre amigos, parentes, nenhum sabia de Gabriela. Estava me despedindo, quando notei sobre o aparador na entrada um cartão com o nome Felipe, seguido de endereço no Horto Florestal.
Dia seguinte, faltei ao trabalho e fui procurar o local anotado. Segui a rua, que se embrenhava na floresta e subia o morro. Finalmente, cheguei ao número do endereço. Atrás do portão e muro, árvores altas e mato espesso impediam a visão do interior. Toquei o botão do interfone. O portão abriu-se e ingressei, deixando o carro estacionado fora.
Ao entrar, assombrei-me com o tamanho do lugar. Jardim enorme, verdadeiro parque, não se podia ver o final. Um caminho de saibro levava para o interior. Em volta, grandes árvores e arbustos cerrados tornavam o ambiente sombrio.
Ao percorrer a estrada, logo percebi tratar-se de local fora do comum. Ao longo do trajeto, no meio a plantas exuberantes, viam-se nichos contendo estranhas intervenções humanas, que se misturavam com a natureza. Esculturas enormes penduradas das árvores, teias de aranha feitas de cordas que se ligavam aos galhos, grandes placas de plástico com múltiplas cores balançando suavemente com a brisa, flores imensas de vidro colorido que formavam canteiros, ossos humanos empilhados. Continuei a andar até avistar casa antiga, um tanto decadente. A porta abriu-se de repente e Felipe apareceu.
“Doutora! Que prazer em vê-la aqui. Veio visitar meu ateliê?”
“Não propriamente”, ia respondendo, interrompida pela fala entusiasmada de meu anfitrião, que me tomou pelo braço e iniciou caminhada por trilhas na mata. A cada obra de arte avistada, parava para dar longas explicações sobre técnicas empregadas e significado do trabalho. Algumas vezes tentei esclarecer o motivo de minha visita, mas Felipe não cessava de falar. Até que bruscamente, ao consultar o relógio, parou e interrompeu o discurso.
“Desculpe, preciso continuar ...”
Olhou-me fixamente:
“Sabe aquela obra que não conseguia acabar? Sua amiga Gabriela me ajudou. Está pronta”.
Correu em direção à casa. Tentei segui-lo, mas quando cheguei já havia entrado e fechado a porta. Bati com força várias vezes, sem resposta. Iniciei o caminho de volta. Desorientada, no entanto, perdi o rumo e embrenhei-me cada vez mais pelas trilhas do bosque. A estranheza das intervenções artísticas aumentava meu desconforto. Uma imensa mão humana com três dedos cortados, de grande realismo, causou-me arrepios. Na mata, cada vez mais espessa, intestinos pendiam das árvores e confundiam-se com cipós. A certa altura, deparei-me com monstro que misturava características de animal quadrúpede com grande bico de pássaro e cabelos humanos. A perfeição técnica desta concepção dava a impressão de um ser vivo. Ao fitá-lo intensamente, pareceu-me que o monstro se movia.
Tomada pelo medo, continuei a andar, à procura da saída. De repente, atrás de um arbusto com folhagem espessa, pareceu-me avistar o rosto de Gabriela. Gritei de surpresa e entusiasmo, mas a imagem desvaneceu-se. Rodei nos calcanhares e percorri o caminho inverso nas trilhas, mas nada vi. Desanimada e exausta, sentei-me sobre um tronco caído e abaixei a cabeça, cobrindo o rosto com as mãos.
Quando olhei novamente em volta, Gabriela estava sentada a meu lado. Parecia satisfeita e fitava-me rindo.
“Gabriela! O que você está fazendo aqui? Venha pra casa, estão todos preocupados.”
Tentei segurar-lhe o braço, mas ela já desaparecera. Continuei a andar, cada vez mais confusa. Entrava por trilha que não dava em lugar nenhum, tentava penetrar no mato, tropeçava. De repente, pareceu-me ver Gabriela no alto de uma colina, coberta por uma túnica verde que brilhava fosforescente. Acenou-me e logo em seguida se dissipou.
Resolvi esquecer minha amiga e concentrar-me em sair daquele lugar. Ao deparar
com uma mangueira enorme, avistei Gabriela de novo, sentada num dos galhos baixos. Desta vez, chamou-me pelo nome. Não dei atenção e continuei a andar, até que uma voz atrás de mim assustou-me. Era Felipe.
“Não é admirável, Doutora? Transformei Gabriela na obra de arte completa. Está em toda parte. Em qualquer tempo. É impossível deixar de vê-la, ou fugir dela. Também é eterna, nada a destrói. Atingi a perfeição artística, ninguém vai poder me superar.”
Olhei-o com espanto e horror.
“Quero ir embora, onde fica o portão de saída?”
Felipe pareceu não me ouvir.
Tentei me afastar, segurou-me pelo braço. Procurei desvencilhar-me, ao mesmo tempo não pude deixar de sentir seu cheiro de homem, misturado com suave e atraente perfume masculino. Aproximou-me dele e roçou meu braço levemente. Um arrepio de prazer percorreu-me o corpo. Apertou meus seios contra seu peito e deslizou a mão pelas minhas costas. Enfraquecida, suspirei, derrotada.
“Tenho um projeto pra você também,” murmurou ao meu ouvido. “Outra obra de arte. Vamos começar?”
Quando o orçamento individual ou familiar, de alguém que tenha mínimo juízo, sinaliza o limite para as despesas, o cartão fica guardado, o "rotativo" nunca é acionado, o "limite especial" nem é considerado. As vontades, desejos, sonhos, consumos de impulso e outros demônios, permanecem imobilizados pelo bom senso.
-Se não tenho ou, não terei em breve (dinheiro, recursos financeiros, renda garantida) não gasto, não compro, não me encalacro! Espero a hora.
Se algum acontecimento ou motivo indiscutível, surge fora do orçamento ( uma doença, um acidente, evento casual) e força as linhas, a primeira medida é CORTAR AS DESPESAS menos importantes: os chocolates, as boas garrafas, a roupa nova ou de moda, os passeios, shows, concertos, viagens, enfim, absolutamente tudo que seja possível cortar.
Os cuidados com despesas do governo, poderiam seguir o mesmo critério. Gastar sem a prodigalidade endêmica e secular que o noticiário registra e mostra em fotos e na tv.
As viagens , as "comitivas" , a turma do abre-portas, carrega- maletas, segura guarda-chuvas, dá noticias favoráveis, tira boas fotos, os áulicos, baba ovos, bajuladores antigos, até alguns "Iscariotes," engordam as contas de gastos inúteis sem qualquer pudor.
Uma importante figura carregou seu guarda costas em viagem internacional, o qual, recebeu pródigas diárias.
A quantidade de viagens internacionais que as inclitas figuras do Areópago caboclo, realizam mensal e anualmente, sob as mais "importantes" justificativas, é espantosa. Acrescente se aí a horda de parlapatões que vão para lá e para cá , representando isso e aquilo, recebendo comendas e badulaques que tais, etc. etc. Bem, aqui estão de fora os penduricalhos espantosos sobre os proventos. É ajuda pra morar, comprar combustível, vestir se , e tome polca...
Um ano sem gastar com a "perfumaria" , ou mesmo com a suspensão das folhas de pagamento, de quem não depende de salário para viver, já seria suficiente pra lembrar que não se deve gastar mais do que se arrecada, se ganha... Aquelas coisas.Sonhar, não custa nada. Economizar, usar a bolsa da Viúva com respeito e consciência de que o que é do Povo, da Pátria, da nação, tem dono: O País! Chega de conversa fiada! Corta a despesa com os Cortesões. Em pouco tempo vai sobrar para os projetos . Um milhão aqui, dez ali, 50 acolá, todo mês e no fim do ano tem churrasco na laje dos palácios.
“Na madrugada de 6 de junho, dezoito mil paraquedistas britânicos e americanos saltavam sobre a Normandia, ocupando pontes importantes e destruindo linhas de comunicação alemãs. Às 6h30, desembarcaram as primeiras tropas – forças americanas, que desceram na praia de Utah com seus tanques anfíbios. Menos de uma hora depois, às 7h25, os primeiros soldados britânicos chegavam às praias Gold e Sword, seguidos, na praia Juno, por 2.400 canadenses apoiados por 76 tanques anfíbios. Às 10h15, a notícia desses desembarques era levada a Rommel, que se encontrava na Alemanha. Rommel voou imediatamente para a França, recebendo instruções de Hitler para, até a meia-noite, ‘devolver ao mar’ os invasores” (Martin Gilbert. “A Segunda Guerra Mundial: os 2.174 dias que mudaram o mundo”).
Winston Churchill não estava convencido do ataque à Normandia. Ele não queria que as perdas sofridas na Primeira Guerra se repetissem diante das casamatas e fortificações alemães nas praias francesas.
Mas esse dia não começou na madrugada de 6 de junho, ele foi meticulosamente preparado e detalhado dentro do teatro de operações da Guerra.
Navios que desembarcaram na praia de Omaha na maré baixa durante os primeiros dias da invasão aliada, em meados de junho de 1944. Fonte: https://pt.wikipedia.org/
Os aliados treinaram as estratégias e possíveis adversidades, empregaram técnicas de despistamento para enganar os alemães sobre a data e o local de desembarque e avaliaram as condições climáticas e das marés periodicamente.
Tudo isso nos é contato pelo próprio Churchill (“Memórias da Segunda Guerra Mundial”), por historiadores, pela literatura e pelo cinema.
O Dia D é objeto não apenas de um decisivo momento da história, mas se tornou uma das representações mais presentes nas imagens do Século XX, e continuará sendo.
O grande monumento cinematográfico desse tema ainda é o filme “O mais longo dos dias”, de 1962 (Dir. Andrew Marton, Bernhard Wicki, Ken Annakin). Uma das produções que mais bem representam os acontecimentos históricos daqueles dias.
Vemos desde o começo da película a preocupação de generais, comandantes e soldados com a data para a invasão e a angústia diante dos adiamentos.
Cena do filme. Fonte: https://www.jestersreviews.com/reviews/3960
É preciso lembrar que naquele período, nos conta o relato histórico, já há muito se falava sobre a necessidade de abrir uma frente de ataque na Europa pelos aliados .
Stalin havia insistido nessa possibilidade e o tema se tornaria parte do acordo da Conferência de Teerã , em 1943, com o governante soviético.
O próprio Stalin enviaria um telegrama, em resposta a uma mensagem de Churchill que dizia que a operação começara bem, elogiando a iniciativa aliada e prometendo lançar as forças russas na parte Oriental da Europa.
Essas correspondências entre os dois líderes revelam um pouco do que representou a operação.
Mas nem Stalin, nem Churchill (a ausência do primeiro primeiro-ministro inglês, que vivia rezando pela entrada dos EUA na Guerra, é incompreensível), surgem no filme.
Na produção norte-americana o foco é muito maior na participação estadunidense, do que nos desdobramentos das negociações políticas dos aliados.
Os soberbos e descrentes oficiais alemães. Fonte: https://www.wearemoviegeeks.com/
Mas o generalato alemão surge. E surge espelhando a história de que no dia da invasão Hitler estava empanturrado de remédios para dormir e de que ninguém deveria incomodá-lo.
Mas também surge na arrogância dos generais que acreditavam, em parte pelo despistamento aliado, que a invasão aconteceria em outro momento e outro lugar.
Para eles, entrar pela Normandia seria não apenas uma insensatez estratégica, mas um risco diante da instabilidade do tempo, com muitas nuvens, chuva e marés variando, naqueles dias.
Mas Eisenhower, o comandante das forças aliadas, bateria o martelo e definia o Dia D e a Hora H.
Um LCVP (Landing Craft, Vehicle, Personnel) do USS Samuel Chase , tripulado pela Guarda Costeira dos EUA , desembarca tropas da Companhia A, 16ª Infantaria , 1ª Divisão de Infantaria (a Big Red One) caminhando para a seção Fox Green da Praia de Omaha. Fonte: https://pt.wikipedia.org/
No filme, os alemães não apenas parecem descrentes com as informações que chegam em mensagens em códigos sobre a invasão, mas fazem troça delas, jogando cartas, bebendo, e, mesmo diante da visão dos navios às portas da Normandia, não parecem dar crédito ao que iria acontecer.
Já durante algum tempo os aliados dispunham da decifração da máquina Enigma alemã (parte de um sistema de deciframento que se chamou Ultra), o que facilitaria muito suas estratégias.
Eles sabiam dos movimentos dos nazistas e sabiam do seu erro tático, erro do próprio Hitler, em acreditar em uma outra invasão.
A esses erros táticos se somam, como o filme rapidamente demonstra, a insistência de Hitler em manter dispersas suas forças e a exigência da permanência do exército até o último homem – decisões com as quais parte de seus generais, incluindo Rommel, não concordava -, posições que aumentaram as desvantagens do Reich.
O historiador Martin Gilbert narra que os alemães, ainda no dia nove de junho, acreditavam que a invasão se daria em Pas de Calais e de que isso seria confirmado pela lenta progressão das tropas aliadas.
“Essa mensagem foi decifrada na Grã-Bretanha em 10 de junho. As falsas operações não apenas forneciam um escudo protetor aos exércitos aliados como seus responsáveis sabiam que as farsas tinham bons resultados”. Diz ele.
O jogo de táticas de decifração, escutas e espiões, tão importante para as estratégias de ambos os lados, surge mais do lado nazista que tateia no filme em busca da decodificação das mensagens do ataque.
Mas, do lado francês, em determinado momento, um modesto senhor se prepara para tomar sua sopa trazida por sua esposa e ouve em um rádio uma mensagem codificada, ele larga a colher e pula de alegria.
Francês celebra ao ouvir a mensagem codificada sobre a invasão aliada. Fonte: youtube.com
Em outro lugar, a resistência francesa reconhece seu código e sai para realizar o descarrilamento de um trem alemão, em uma tática de guerrilha.
Essa caracterização dos franceses não se repete com os protagonistas, o que alguns criticam como uma falha do filme. Teria faltado uma representação mais profunda dos personagens interpretados por ícones, como John Wayne , Robert Mitchum , Henry Fonda e Richard Burton .
Talvez não fosse esse o objetivo, como o é de alguns filmes mais contemporâneos sobre guerra.
Mas a progressão das ações da guerra, a representação das batalhas são seu grande objetivo e seu ponto forte.
Talvez os diretores acreditassem que não coubesse, para um momento tão importante e para um esforço coletivo inédito de nações, primar pelas histórias de cada um dos protagonistas.
A sequência fílmica feita da batalha no vilarejo de Ouistreham, sem dúvida, está na história da filmografia de guerra.
Ela é realizada do alto (parece ser de um balão), mas é lenta e acompanha o movimento de ataque e contra-ataque dos soldados correndo pelas ruas, atirando e buscando proteção, e dá ao espectador uma visão subjetiva inesquecível dos acontecimentos.
Não há como não lembrar, pelo caos ali instalado, da famosa sequência de “Nascido para matar”, de Stanley Kubrick (1987), na qual os soldados tentam avançar em um pequeno espaço de uma cidade, mas são continuamente alvejados por um único atirador que derruba, em câmera lenta, cada um dos que tentam atravessar aquelas ruínas.
Temos também as sequências da praia de Omaha, onde a batalha foi mais dura, na qual a câmera faz um traveling lateral do alto durante o movimento do desembarque e avanço dos soldados e, depois, dois aviões alemães são mostrados, em tomadas aéreas de dentro das aeronaves, atingindo as linhas militares que tentavam correr pela areia.
Essas técnicas que se tornariam comuns em filmes mais recentes, não eram tão comuns ainda naquela época, especialmente porque não se tratam apenas de trucagens com cromaqui, ou, como depois se convencionou fazer, por trucagens do computador.
A excelência dessas imagens está em mostrar esse realismo que não quer ser apenas sentimental, às vezes piegas em filmes de guerra, mas um realismo que busca até mesmo uma certa reconstituição dos fatos em sua representação.
Nesse comparação sempre insuficiente entre história e cinema, porque tratam-se de duas realidades diferentes, de formas de contar a história diferente, a não referência da importante batalha da cidade de Caen também é um “esquecimento” do filme.
Caen era estratégica para o avanço da infraestrutura dos aliados e para pôr fim às conexões de transporte dos alemães.
Não dá para mostrar tudo, e nem se pode. O cinema tem seu papel no imaginário, mas ele não é a história tal como de fato ocorreu. Nem a histografia é.
Para alguns, o filme pode parecer ufanista demais, mas o que ele e a história demonstraram é que o terror nazista não podia se enfrentado nem pelo exército de um homem só, nem pela figura de um tolo herói que por acaso estava ali.
Sgt./Lt. John H. Fuller (Jeffrey Hunter) tenta ajudar um amigo desfalecido. Fonte: https://wp.jeffreyhunter.net/films/the-longest-day/
Não havia espaços para tergiversar.
Em outro contexto de suas “Memórias”, Churchill, na Normandia, após o Dia D, escreve para o presidente Roosevelt elogiando o poderio das forças aliadas.
Diz ele: “O senhor usou a palavra ‘estupendo’ num dos primeiros telegramas que me enviou. Devo admitir que o que vi só pode ser descrito por essa palavra, e penso que seus oficiais também concordariam ”.
É evidente que Churchill queria dar alguma boa-nova para seu aliado, mas ele sabia, como cunhou em uma de suas famosas frases, que “os problemas da vitória são mais agradáveis que os problemas da derrota, mas não menos difíceis”.
David Campbell (Richard Burton). Fonte: https://www.warhistoryonline.com/featured/56-movie-mistakes-the-longest-day.html
Na penúltima sequência de “O mais longo dos dias”, o aviador David Campbell (Richard Burton) está gravemente ferido encostado em uma casa, depois de um matar um combatente alemão, cujo corpo está à sua frente.
Um soldado norte-americano o encontra, lhe dá um cigarro e senta ao seu lado. Campbell diz a ele, “engraçado, não? Ele está morto; eu, aleijado; você, perdido. É sempre assim. Digo, a guerra”.
Nas “Obras Reunidas” (2000), de João de Jesus Paes Loureiro , o livro “O ser aberto” (1990) abre com uma citação de John Keats. “Foi só uma visão ou um sonho acordado?”, é a frase retirada de “Ode a um rouxinol”, poema de 1819, dois anos antes do romântico e lendário poeta inglês morrer, aos 25 anos.
Paes Loureiro sabe o valor de uma epígrafe. Seus trabalhos são repletos delas. Ele sabe seu papel de chave de leitura e compreensão de um texto, sua função de abertura e, ao mesmo tempo, de síntese.
Pode não parecer (nada é o que parece nessa poesia, mas tudo se revela exatamente com as aparências) mas os versos que compõem o “Ser aberto” e que são reapresentados agora em “Barcarolas: uma arte poética” estão muito próximos dessa faceta da epígrafe.
Não porque são poemas curtos ou poucos (10 poemas com 16 versos cada), mas porque são densos, guardam enigmas e, ao mesmo tempo, revelam um mundo.
O mundo nesse “Barcarolas” é da criação. Da criação do mundo pelo ser amazônico e da criação da poesia pelo artista.
O mundo é da canoa que dá significação ao homem e do homem, quem sem ele, ela, a barcarola, não existira.
”Barcarolas”, de Paes Loureiro e Nina Matos. Imagem: Ed. Paka-Tatu
O mundo do caboclo que se limita em sua barca, mas que é com ela que o horizonte se infinita.
O mundo do leme que conjuga com a mão e da mão que guia a escrita.
O mundo das águas sobre as quais a canoa se deita e do poeta que nela se estira.
É esse um dos mundos que há décadas o poeta dedica sua obra literária e teórica. Realidade aparente que guarda o mergulho infindável da fantasia.
Aqui, os objetos sempre, como em grande parte da poesia do autor, são mais do que eles mesmos, a canoa é templo e expiação , é caminho e destino, é lida e libido.
Esse é o elemento que atravessa o modo pelo qual o poeta vê a realidade, ele a vê sempre como uma dimensão de um mundo a ser exibido no que ele tem de mais perceptível e mais oculto. O fundamento per si do poético.
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Na barcarola simples, repousa uma ode e uma elegia do ser e da escrita. Na navegação do poeta, nenhum verso é suficientemente grandiloquente que possa sintetizar tamanha poesia.
A poesia de um mundo que Paes Loureiro ainda vê com os olhos esperançosos de um romântico insuficiente, como sempre insuficiente é a palavra que o poeta esgrima.
Quando, em 2003, pude publicar o primeiro livro sobre sua obra, esse mundo já há muito estava instaurado em sua arte poética.
Livro sobre a poesia de Paes Loureiro. Foto: Relivaldo Pinho
Depois, no decorrer de outros trabalhos em que sua poesia ou seu trabalho ensaístico me acompanhavam, pude perceber o quanto a percepção desse mundo para Loureiro não era apenas uma escrita.
Mas era, em grande parte, uma forma de olhar e tentar domar a transitoriedade de um mundo que parece não ter um tempo, um lugar, em uma “terra sem males”.
Pode-se pensar muita coisa sobre essa poesia, menos que ela não esteja atrelada a essa visão do Ser que está aí, mas que não vemos.
Quando uma canoa que passa em frente à Estação das Docas e achamos bonito, “compondo a paisagem” dizemos, fotografamos.
A imagem da poesia é de outra percepção e significação. É a busca pelo ethos (sentido) de um mundo naquele objeto movediço e da constatação da poesia como sublime e agônica “Tarefa” (1964).
Diz-se que John Keats, citado por Loureiro, escreveu “Ode a um rouxinol” quando ele absorto se separou de um grupo de pessoas ao contemplar o pássaro cantando.
Mas o texto de Keats não é apenas um elogio ao canto da ave, ele possui uma dimensão forte sobre a fragilidade da existência, sobre a impossibilidade de um paraíso permanente.
Vejamos esses versos de Loureiro em “Barcarola V”:
“A minha canoa vive
além de mim e da morte.
A forma é sua eternidade.
Língua e linguagem. A sorte.
Eu sou, enquanto navego,
de seu ego nave, templo.
A sua razão de ser.
Metáfora do momento.
Oh! Geometria com alma!
Assim é minha canoa...
Boiúna boiando. Vago
lume vago que flutua.
O que ficará de nós,
além do nada que é nosso:
madeira, quilhas e ossos
cabelo, poeira e verso?”
Como se vê, esses versos estão longe de uma visão inocente sobre a existência. Não estou comparando literaturas e motivos diferentes, estou exibindo o que é próprio da poesia, estou, para lembrar Mário Faustino , exibindo “madeira, quilhas e ossos”.
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Essa revisitação à sua obra nesse “Barcarolas” tem uma contribuição que em nada é um complemento, mas se transforma em sua verdadeira substância, são os trabalhos da artista visual Nina Matos.
Se você, caro leitor, tiver a oportunidade de ler esse livro, tenha a oportunidade de vê-lo. É esse seu sentido.
Os trabalhos de Nina Matos atravessam esses poemas, condensam horizontes, expandem a poesia, fazem uma bricolagem da percepção.
São cartografias da percepção, cartografias para se perder.
São também epígrafes, como essa poesia de Loureiro, na qual o mundo está sintetizado na imagem e aberto para sua compreensão.
Ao ler esses poemas, como Keats, talvez você possa se perguntar “foi só uma visão ou um sonho acordado?”
Não é esse um dos sentidos da poesia? Para trazer um dos versos desse livro, poesia é quando a linguagem sonha.