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Terça-feira,
3/3/2015
Caminho de pedra
vera schettino
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Muitos eles foram.
E todos eles se foram.
No meio do caminho não tinha pedra nenhuma.
O caminho todo era pedra.
Peço ajuda à Florbela Espanca, in A mensageira das violetas:
"Falo de Ti às pedras das estradas
Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;
Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;
Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!
E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!"
Peço licença a Wislawa Szymborska com o poema "Conversa com a pedra" - "Sou eu, me deixa entrar." A resposta é sempre negativa: "Sou hermeticamente fechada", diz a pedra, num diálogo improvável e perturbador. O poema faz-se numa série de variações que encenam uma mesma procura obsessiva, ou ainda, o desejo permanente de compreender aquilo que desafia os sentidos e a razão. A "pedra" ocupa, portanto, o lugar que cabe a Deus, à morte, ao universo, ao medo, ao desejo, a certas memórias, a tudo que tentamos investigar sem sucesso, a tudo que não sabemos e que, a despeito de nossos esforços, devolve-nos à plena ignorância: "Não tenho porta — diz a pedra." " (Fonte: Piaui)
Postado por vera schettino
Em
3/3/2015 às 15h41
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