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Terça-feira,
24/3/2015
Minha Terra
Expedito Aníbal de Castro
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Devo confessar que amo profundamente minha terra natal e gostaria de ter o dom de poder cantá-la em versos. Por lá passa o Rio Jaguaribe, maior rio seco do mundo — somente fica caudaloso na época das chuvas — e que dá nome ao vale por ele banhado: Vale do Jaguaribe . A cidade que amo, Limoeiro do Norte é uma grande ilha deste vale, pois o rio divide-se em dois quando a encontra. Ela é conhecida como princesa do vale por seus bons colégios e por concentrar várias outras instituições que as demais cidades do vale não possuiam. Isto graças ao seu primeiro bispo, Dom Aureliano Matos que trouxe Hospital Maternidade, Colégio Diocesano, Rádio Educadora Vale do Jaguaribe, Seminário Diocesano e outras.
Foi nessa terra maravilhosa que vivi minha infância e minha adolescência. O Colégio onde estudei, o Diocesano, ficava em frente à minha casa. Quando chegava, após as aulas, fazia os deveres e corria para o sítio que se prolongava por mais de um quilômetro até atingir o rio. Ali eu criava as mais incríveis fantasias, muitas vezes baseadas nos livros e revistas que lia. Ficava ali, meu paraíso, até o sol começar a se por. Era a hora mais triste para mim. Eu devia voltar para casa. Essa hora, até hoje, ainda é triste.
Como disse, não tenho o dom de poeta, mas Limoeiro do Norte produziu muitos, entre eles Napoleão Nunes Maia Filho, Luciano Maia, Virgílio Maia, três irmãos que fazem parte da Academia Cearense de Letras, Irajá Pinheiro e, jamais poderia esquecer, o Padre Francisco de Assis Pitombeira, meu eterno professor e diretor. Portanto, vai aqui um poema de Luciano Maia .
Da Confissão da Terra e da Água
Juro que não queria (não lastimo)
Esta morte, que aos poucos me conforma.
E devo confessar, no meu silêncio
(sem suplicar amparo ou conforto)
Que me seculariza o solo adusto
Um grito (ausente) que não cala a dor
Das noites de paixão sob o Cruzeiro
Buscando inexauríveis mananciais
Na arquitetura hídrica do sonho
E reparti as minhas vãs palavras
Por essas pedras mudas, sob o sol
O peito ardendo em fogo inapagável
Dessangrando artérias sobre o solo
As sílabas do vento emudecendo
À secular sangria das vertentes
Tutelares da Terra Nordestina.
Mas sempre guardo do verdor efêmero
Das bem-vindas visitas das neblinas
O som e o brilho (nuvens sedutoras!)
Da água fascinante, que suspira
Pedindo (a se mirar no espelho mágico
Da terra que lhe abraça o corpo úmido)
Para ficar no leito que ressurge
De carinhoso verde revestido
Dos vales cearenses (seus amantes).
Luciano Maia
Postado por Expedito Aníbal de Castro
Em
24/3/2015 às 15h01
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