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Sexta-feira,
24/4/2015
Abre-te Sésamo !
sonia maria de araujo sobrinho
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À medida que se anda, a vida vai abrindo suas portas. Acho até que algumas já estavam abertas quando nascemos (alguém deve ter aberto para nós, como estímulo). As primeiras que abrimos por nossa conta parece que são mais fáceis, aí a gente entusiasma, mas nada de afobamento, elas só serão abertas na época certa. Além daquelas que nos são destinadas, existem outras que são fechadas pelos outros (portas alheias que cruzam nosso caminho). Ouve-se um estrondo, alguém cai no chão, coitado, foi atingido. É difícil retornar e procurar de novo a porta certa. Muitos conseguem, outros não, ficam estirados ali mesmo servindo de exemplo e impaiando a passagem dos que querem (precisam) continuar. O ranger nos ensurdece como alguém agonizando. Algumas são baixinhas, a gente pula com agilidade de criança, que corre quando é apanhada roubando fruta no quintal do vizinho. Outras são fortes na aparência, amedrontam, parecem feitas de madeira de lei. No fundo são só imitação, devem ter arrancado à força, com raiz e tudo, num ritual bárbaro de dominação outras mais viçosas que estavam por perto. Foram entalhadas depois para se ter uma nova roupagem. Transparece assim mesmo a selvageria praticada (aquela mancha escorrida denuncia), árvore pelada, com casca colada, não dura muito tempo não.
Lá pelo meio do caminho, a tontura já nos faz delirar. Uma porta viram várias e não sabemos mais a qual procurar. Paramos em frente e apenas a olhamos, fracos e deprimidos, tão alta, intransponível, acho melhor voltar. Esta dúvida nos assola por horas, dias e até anos, anos e anos à espera. Ela não se abre sozinha só por ouvir nossas preces ou com a palavra mágica; só Ali Babá tinha este poder (gostaria de ser ele agora). Como opção, podemos deixar aquelas portas mais difíceis para depois; abriremos agora só as mais fáceis, para não parar o curso (ele será "só" desvirtuado), segue-se a vida com essa trava. Se a chave original for perdida, outra aparecerá (o segredo para abertura fica gravado na memória), mas isso só descobriremos mais tarde (eu não sei se todos tem essa segunda chance). A gente olha de longe aquelas portas esquecidas, enferrujadas e empenadas, em ruínas de tanta exposição ao sol e chuva anos a fio.
Num dia qualquer aparece em nossas mãos calejadas e trêmulas, uma cópia da chave. Mais por curiosidade do que por desejo, afobados e sem jeito, queremos agora abrir todas elas de uma vez só. Antes recostamos em suas costas procurando conforto (cada uma virada para um lado como que escorando a outra) e pergunto:
- por que tomamos caminhos opostos?
E a porta responde:
- por que você não insistiu na abertura na época certa ? eu teria cooperado...
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Postado por sonia maria de araujo sobrinho
Em
24/4/2015 às 14h53
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