Existem
diversos bons compositores ou arranjadores para cinema. Desde muito
cedo percebeu-se a necessidade de despertar ou intensificar a emoção
dos espectadores. Considero Chaplin o primeiro grande compositor de
cinema da história.
Até
1926, as músicas que acompanhavam as produções
cinematográficas eram tocadas ao vivo, geralmente, por um
pianista. Em algumas ocasiões até por orquestras, uma
vez que a a base destas trilhas era a música clássica.
Aliás, até hoje reconhecemos arranjos clássicos
nas composições modernas.
As
primeiras experiências de sonorização foram
feitas por Thomas Edison em 1889. Havia, no entanto, uma certa
dificuldade em sincronizar a imagem com o som. Em 1926, a Warner
Brothers adquiriu um aparelho, desenvolvido pelo americano Lee de
Forest que, utilizando-se de um sistema de gravação
magnética em película, permitia a reprodução
simultânea do som e da imagem.
O
filme "O Garoto", por exemplo, produzido em 1921, teve sua trilha
composta pelo próprio Chaplin e inserida numa nova edição
do filme somente em 1971.
De
lá prá cá o mercado cresceu e a profissão
de compositor de trilhas para cinema adquiriu seu mais
que merecido reconhecimento.
Temos
alguns temas famosos como o de "Psicose" composto por Bernard
Hermann, "Star Trek" de Jerry Goldsmith e ainda "Guerra nas
Estrelas", "Indiana Jones" e "Tubarão" do John
Willians.
Isso
sem falar do compositor grego Vangelis que criou obras maravilhosas
para os filmes "Carruagens de Fogo", "Blade Runner" e
"1492, a conquista do Paraíso".
Mas
falando em gregos, gosto mesmo dos italianos Nino Rota e Ennio
Morricone.
O
que mais me encanta no trabalho deles é a capacidade de
fazerem dobradinhas perfeitas com alguns diretores.
Nino
Rota ficou famoso por seu trabalho em "O Poderoso Chefão"
, dirigido pelo Coppola e também pela trilha de "Romeu e
Julieta", do Zeffirelli. Eu mesma, adolescente, quis aprender a
tocar piano só por causa da música tema do filme. Meu
futuro como pianista não decolou, faltou talento.
Particularmente,
considero seus melhores trabalhos, aqueles que ele compôs para
os filmes do Fellini como: "Noites de Cabíria", com a
Giulietta Masina e aqueles seus olhos que alternam- se constantemente
entre a tristeza e a ilusão, "O Ensaio da orquestra", "8
e ½", "Julieta dos Espíritos", "La Strada"
(que é sensacional), "A Doce Vida" (que tem aquela cena
memorável da Anita Ekberg e o Marcello Mastroianni na fonte),
e o meu favorito, "Amarcord", uma história aparentemente
simples, que nos presenteia com formas, cores, sons e uma profusão
de personagens inesquecíveis.
Mas
meu compositor e arranjador favorito é Ennio Morricone.Ele
que começou seu sucesso com trilhas de western, como "Três
Homens em Conflito" do Sergio Leone, que nem é meu gênero
de filme favorito.
Aí
ele fez a trilha de "Era uma vez na America" (84), também
do Sergio Leone e em seguida "A missão" (86), do Roland
Joffé. Não teve jeito, tive que me apaixonar pelo seu
trabalho.
Trabalhou
também com Brian de Palma em "Os Intocáveis" (87).
Em
1988, ao lado do diretor Giuseppe Tornatore, cria a sensacional
trilha de "Cinema Paradiso".Daí em diante o sucesso da
dupla não parou mais. Morricone concorreu ao Oscar de melhor
trilha sonora original por "Malena", mas não ganhou,
posteriormente recebeu um prêmio honorário pelo conjunto
da obra.
Minha
trilha favorita? "A lenda do pianista do mar"...o filme é
do Tornatore, possui a estética própria dele, mas
percebemos um tom do Sergio Leone em relação aos sons
ambientes amplificados. Talvez seja a influência do próprio
Morricone, depois de anos de trabalho com o Leone.Vejo isso
claramente na cena em que o pianista que dá nome ao título
e o trompetista tocam piano durante uma tempestade. Morricone contou
ainda com a participação de Roger Waters e Amedeo
Tommasi no desenvolvimento da trilha.A música desta cena, de
autoria de Amedeo
Tommasi, é
entremeada pelos sons da tempestade e do salão. Facilmente
percebemos como a música embala os personagens.