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Terça-feira,
19/5/2015
"Game of Thrones" (quase um "spoiler")
Angélica Amâncio
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Alguns meses atrás, mediando um debate sobre Literatura e outras mídias em um evento acadêmico, acabei me deparando com um trabalho sobre "Game of Thrones". Eu já ouvira falar dessa série em outro momento, mas, pelo mesmo motivo por que me neguei a ler o "Senhor dos Anéis", anos antes, também não levei a sério a tal produção. Contudo, querendo entender do que os participantes falariam, resolvi assistir a um episódio, só para ver do que se tratava. Resultado: o vício, puro e simples. Devorei as quatro primeiras temporadas e agora vivo a ânsia de quem espera, semanalmente, a próxima gota. Para quem não sabe, na série, acontece mais ou menos como fez Hitchcock em "Psicose": assassinou, no comecinho do filme, a personagem Marion Crane, interpretada por Janet Leigh, beldade que atraíra grande parte do público ao cinema. Sorte, porém, de quem ficou na sala para ver a continuidade da história, no lugar de pedir o dinheiro de volta na bilheteria. Porque descobriu que a trama ia muito além do drama da loirinha de caráter duvidoso. "Game of Thrones" também vai muito além dos Stark, por quem nos apaixonamos já no primeiro episódio, enfeitiçados, talvez, pela voz grave do Jon Snow. Mesmo sabendo disso, ainda me surpreendo. Não com o incesto dos irmãos Lannister, nem com as cabeças que rolam, as mãos decepadas — e outros membros também. Não com a magia, os dragões, o temível inverno sempre à espreita. O que me assusta, até hoje, em "Game of Thrones", é a capacidade que temos — nós, espectadores —, de seguirmos adiante, mesmo tendo sido mortos, violentamente, sanguinolentamente, muitos de nossos personagens favoritos. Passado o susto, o olho fechado diante do corte, damos o "play" para o próximo capítulo, acompanhando a saga de outra família, outra fera que luta pelo trono dos tronos. Da mesma forma, surpreende como, na vida, nós também seguimos adiante, esquecendo quase completamente pessoas que nos foram, em certos momentos, tão importantes, tão queridas. Se elas nos esquecem ou, por algum motivo, se afastam, não retornam nossa chamada, nem respondem à mensagem do Whatsapp, nós simplesmente retribuímos a gentileza, com uma convicção por vezes assustadora. Parece frieza, mas é instinto de sobrevivência. O segredo, talvez, esteja no número gitantesco de personagens inseridos na trama, personagens cujos enredos, os enigmas, as segundas intenções nos ludibriam, nos envolvem e nos movem sempre rumo ao episódio seguinte, quase indiferentes aos protagonistas de outrora.
Angélica Amâncio. (17 de maio de 2015)
Postado por Angélica Amâncio
Em
19/5/2015 às 19h04
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