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Quinta-feira,
21/5/2015
A Mãe - Máximo Gorki I
Expedito Aníbal de Castro
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Os escritores russos, de maneira geral, conseguem transmitir, em suas obras, um ambiente triste, frio, escuro, às vezes, lúgubre. Máximo Gorki, pseudônimo de Alexei Maximovitch Pechkov não é diferente. Todos que nasceram na época do czarismo e participaram, em maior ou menor grau, da revolução operária, sofreram física e psicologicamente a perseguição do sistema.
Gorki nasceu na pequena cidade de Nizhny Novgorod em 1868. Aos dez anos perdeu a mãe e passou a ser criado pelo avô que era tintureiro. Não era exatamente um lar para a criança de uma inteligência incomum que iniciou uma vida nômade, fazendo todo tipo de trabalho. Certa vez, trabalhando num navio, tomou emprestado um livro de um dos colegas, interessando-se, a partir daí, pela literatura. A vida lhe proporcionaria todo tipo de vivência que serviria como base para suas obras. Aliás, o nome Gorki significa o amargo.
Gorki logo se tornou ativista político e iniciou sua produção literária perfilando-se, como muitos outros, na Escola Naturalista, ou seja, transmitia uma realidade crua mostrando que o indivíduo era, tão somente, consequência do ambiente e da hereditariedade. Veremos, na análise da obra, o quanto Gorki se esforçava para mostrar isto ao leitor. Em 1887, aos 19 anos, tenta o suicídio. O tiro não o matou, mas perfurou seu pulmão o que provocou, mais tarde, uma tuberculose. Em 1890 foi preso em virtude de suas atividades políticas.
A Mãe, obra que o tornou conhecido internacionalmente, mostra a vida de uma senhora Pelágia Vlassova , seu filho, Paulo e os jovens revolucionários que rondam em torno dos dois. A vida na Rússia daquela época era bastante sofrida. Trabalhava-se doze horas em uma fábrica qualquer, outras horas eram gastas na bebida que, de alguma maneira, ajudava a suportar o sofrimento. As mulheres, então, eram objetos de uso e de maltrato por parte dos maridos e, às vezes, dos próprios filhos homens. O frio era intenso e as pequenas comunidades viviam de uma maneira que todos sabiam da vida de todos. A neve se tornava lama e o caminhar era difícil, as casas pequenas e as paredes sempre tinham ouvidos.
O marido de Pelágia, que morre logo no início da obra, é assim descrito pelo autor:
Assim era a vida do serralheiro Miguel Vlassov, homem carrancudo, peludo, de olhos desconfiados escondidos sob espessas sobrancelhas, e um sorriso maldoso. Era o melhor serralheiro da fábrica e o hércules do bairro, mas ganhava pouco porque era grosseiro com seus chefes; todos os domingos batia em alguém; toda a gente o detestava e o temia........O rosto coberto dos olhos ao pescoço por uma barba negra e as mãos peludas mantinham o terror geral. Eram sobretudo temíveis os olhos, pequenos e penetrantes, que verrumavam as pessoas como se tivessem uma ponta de aço; quando se lhe encontrava o olhar, sentia-se a presença duma força selvagem, inacessível ao temor, pronta a castigar sem piedade.
Observa-se, aí, a capacidade descritiva do autor, seja do físico, seja da alma de seus personagens. Sobre A Mãe — ele sempre a chama assim — e sobre o filho — Paulo — ele desce a detalhes ainda mais minuciosos, mesmo porque, à medida que a trama se desenvolve, mais se vai conhecendo de cada um. A Mãe observa o filho a iniciar-se no movimento proletário, nas leituras obscuras, para ela que sequer sabia ler; observa com preocupação, pois antevê onde vai terminar essa opção. O filho não é como os outros jovens: não bebe, não namora, não se permite lazeres, não bate nela. Pelo contrário, à medida que flui a narrativa, o filho se mostra atencioso e carinhoso. Isto aproxima a Mãe das reuniões que o filho mantém com um numeroso grupo de jovens que, paulatinamente, vai sendo conhecido por Ela.
Postado por Expedito Aníbal de Castro
Em
21/5/2015 às 17h00
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