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Terça-feira,
26/5/2015
Cultura - uma ponte entre gerações
Sonia Regina Rocha Rodrigues
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O fazer e o admirar a arte, utilizando-a como fator de integração social e formador de identidade, é comportamento transmitido de pai para filho, e começa no berço, ao som das primeiras cantigas de ninar e das primeiras histórias de fadas.
Muito há que se falar sobre as histórias de fadas, a linguagem que os adultos incontram para penetrar no universo infantil.
As histórias de fadas oferecem muito mais do que magia e encantamento à mente de crianças de todas as idades.
Os contos de fadas, trabalhados há séculos por gerações e gerações de crianças, têm uma sabedoria própria e são o veículo ideal para introduzar a criança em seu contexto cultural.
As histórias infantis refletem-se no psiquismo infantil em vários níveis, conscientes e inconscientes. A utilização destas histórias permite uma ampla abordagem da problemática infantil por várias razões:
a - a mais óbvia é a razão estética: sendo agradável, capta a atenção da criança.
b- é uma atividade lúdica que permite o desdobramento do tema utilizando a criatividade e a participação ativa ca criança, podendo ser transformada em dramatização simples, peça teatral elaborada, pintura, letra de música e brincadeira de faz-de-conta.
c- contar uma história estabelece e/ou fortalece os vínculos afetivos entre quem conte e quem ouve. Através das interações não verbais que se estabelecem entre o narrador e o ouvinte, cria-se uma cumplicidade, uma empatia que fortalece a sensação de segurança e compreensão do outro por parte do narrrador quanto do ouvinte.
d- ouvir histórias auxilia a criança a sentir-se incluída no mundo e integrada à realidade. Como os pais contam para ela que na sua idade ouviam histórias contadas pelos avós, e que ela poderá, por sua vez, contar a seus filhos, a criança pode identificar-se com os pais, projetar-se no futuro, modelar seus comportamentos e perceber-se como um elo vivo na cadeias de gerações.
e- as histórias ampliam o vocabulário infantil e transmitem por estímulos subliminares todo tipo de informação cultural e conhecimentos teóricos sobre a história, a geografia, a religião e os costumes dos povos.
A criança, ao aprender algo com o avô ou outro idoso, adquire respeito pela sabedoria adquirida, admira o outro, valoriza a tradição e deseja para si esta sabedoria enriquecida pelos anos. O ancião, por sua vez, ao ensinar, renova seu conhecimento , ao percebê-lo através dos olhos infantis; revive as boas lembranças, consolida sua auto-estima. No contato entre velhos e jovens verifica-se um enriquecimento mútuo: os velhos melhoram a atenção, a memória, a saúde e o humor; os jovens ganham em paciência e em humildade. Através da cultura, o conflito pode transformar-se em parceria, a tolerência dar lugar à integração dos novos passos no mesmo caminho antigo.
Uma cumplicidade estabelece-se entre pessoas de todas as idades e de todos os extratos sociais frente a uma manifestação cultural. Por meio de um elo invisível, já não se trata mais de ser rico ou pobre, branco, negro ou mestiço, rural ou urbano — trata-se de SER brasileiro, e neste termo 'brasileiro', ao som do Hino Nacional, todos sentem-se iguais.
A identificação dos diferentes segmentos da coletividade frente a uma equipe esportiva, defendendo o nome do país nos Jogos Olímpicos, em um campeonato mundial, ou frente a um filme que concorra a uma premiação internacional, cria um forte vínculo ante o qual desaparecem as diferenças menos significativas. Em torno do ideal cultural é possível unificar toda uma nação e motivá-la para um importante trabalho de desenvolvimento social — lembremos o que ocorreu em diversos países após a Segunda Grande Guerra.
No Brasil existem atualmente diversos grupos isolados trabalhando a cultura com a intenção de integrar à sociedade segmentos marginalizados — menores, doentes e idosos. No caso do idoso, os cursos e clubes de lazer para a Terceira Idade são um importante fator de melhora de qualidade de vida.
A solução cultural é a melhor arma de que dispomos para combater os graves problemas socioeconômicos de nosso país, pois a cultura interfere na autoestima de maneira surpreendente, atribuindo valor, identidade, disciplina e motivação para mudar. A cultura proporciona prazer em SER, FAZER e PERTENCER, sendo este o prazer sadio do bem viver, força capaz de contrapor-se ao medonho prazer das drogas e da tendência autodestruição para que se dirigem os excluídos sociais.
Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
Em
26/5/2015 às 16h59
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