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Quarta-feira,
27/5/2015
Café derramado.
Aden Leonardo Camargos
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Imagem: Livro & Café
Não tem como te dizer que voltei aqui, na igreja da matriz - enquanto você rezava - fiquei no canto olhando, enquanto o café esfriava. Enquanto você não se movia no nada bem vazio que preenchi de cores num feitiço ao contrário. Agora, tudo que penso tem seu nome. Um silêncio bem calado, interrompido pelo telefone. Um diário "desanotado", apagado pelas interrupções constantes do que tento pedir.
Cada dia que passa parece agora uma contagem regressiva. Quanto tempo ainda teremos? Sabemos do fim pouca coisa. Evitamos. Acordo pensando, meio louca por ter separado meu eu duplicado nos devaneios dos sonhos. Sou agora insuportável... Coloquei flores imaginárias, colhidas do nosso jardim na janela, perto da sua xícara. Arrumei a mesa. Espero que venha da cama para cá. Enquanto quase misticamente observo a água fervente.
Passei o café. Sem açúcar. Não há cálculo matemático que decifre a incógnita desproporcional de ter encontrado você. Nosso gato está inquieto hoje.
Eu desvairada no infinito.
Só o seu cigarro tem cheiro doce, misturado ao perfume, lembra o mato cortado meio molhado, num dia rosa. Daquele... Em que fomos namorar de carro, numa tarde de domingo.
É seu cheiro que me aqueceu quando voltei. Deitei no chão por pura piedade.
O tempo determinou a permanência do que sinto.
Quando será que você acorda? O café já passou. Tudo que preciso, quando fecho os olhos, são as coisas diárias... O pão, o barulho dos passos pela casa, a porta que se fecha, o chuveiro que liga, o cheiro do sabonete... As chegadas de todo dia.
Nunca aconteceu o que vivo. Olho minhas mãos que escrevem, as letras do seu nome. Em tudo que derramei.
Postado por Aden Leonardo Camargos
Em
27/5/2015 às 07h54
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