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Quinta-feira,
28/5/2015
O pangaré branco
Flávio Sanso
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Ao longo do caminho há um terreno baldio. O chão é revestido de mato rasteiro, circunstância em que não é de se espantar a visão, através da tela vazada, de um pangaré branco. Mas ele está indisposto. É velho. Senta-se com enfado e talvez tenha percebido que alguém o observa. Seu rosto pontudo vagueia antes de tombar no chão. Morreu? Imediatamente examino a barriga volumosa. Ela vai e vem; sobe e desce com pressa. Sinto um alívio inocente antes de seguir para o trabalho.
É outro dia e eu já nem me lembro do pangaré branco, pelo menos até olhar novamente para o terreno baldio. Lá está ele. As patas se equilibram no solo desnivelado, o rabo balança espanando o chão, as ferraduras cavoucam o barro, os beiços proeminentes flertam com o capim. Que a ressurreição dure o quanto puder.
Texto originalmente publicado no site reticencia.com
Postado por Flávio Sanso
Em
28/5/2015 às 15h56
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