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Quarta-feira,
17/6/2015
Eterna gratidão a Pixinguinha
Guilherme Carvalhal
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O panorama da música brasileira hoje é bastante vasto. O país conseguiu produzir grandes nomes musicais dos mais variados estilos, constituindo um caldeirão cultural de muitos ingredientes. São nomes como Noel Rosa e Cartola no samba, Tom Jobim na bossa nova, Rita Lee e Herbet Vianna no rock, Luís Gonzaga no baião e uma variedade de nomes que formam uma extensa lista. Os aspectos de hibridismo cultural deram origens a misturas variadas, como a tropicália, o samba rock e o mangue beat, e até o heavy metal pesado do Sepultura incorporou a musicalidade genuinamente nacional em seu álbum Roots.
Um dos principais nomes dentro da musicalidade brasileira e que foi significativo para levar a música do país muitos passos adiantes foi o de Pixinguinha. Ele conseguiu absorver todos os estilos musicais em voga na primeira metade do século XX e deixou um legado de suma importância para a formação de uma identidade cultural para o Brasil.
Compreender seu impacto passa por entender a efervescência do país naqueles tempos. As primeiras décadas do século XX foram de muitos choques pela tentativa de identificar, criar e reproduzir uma identidade artística e cultural para o país. Nesse aspecto, a Semana de Arte Moderna foi singular ao sacudir as bases daquilo que se entende enquanto arte no país. Seu impacto se deu nas artes plásticas e na literatura, atingindo também a música, tendo como seu principal expoente Heitor Villa-Lobos.
A Semana de Artes Modernas tentou trazer o popular para dentro do erudito (como no quadro Abapuru, de Tarsila do Amaral), sendo porta de entrada para tapar o abismo entre os dois mundos. A literatura se valeu cada vez mais dos aspectos populares e do linguajar popular, sendo que na música cada vez mais se absorveu as musicalidade do dia a dia.
Pixinguinha participou de um estilo que não esteve diretamente ligado ao movimento modernista (apesar da amizade com Mário de Andrade e Villa-Lobos), realizando o movimento contrário, de levar o estilo erudito para o popular, sem com isso tornar a música elitista ou distante da população (o sucesso de seu trabalho é prova cabal disso). Porém, nessa época de formação - ou invenção - de uma identidade do país, suas composições participaram da consolidação dos pilares sobre a qual essa se ergueria.
O músico trabalhou durante sua vida com vários estilos musicais e suas composições perpassam variadas influências. Modinhas, samba, choro, maxixe, polca, suas composições passavam por todas elas, mas sempre com seu toque a mais, cheio de contratempos e criações musicais muito à frente de seu tempo, destacando-o como um dos maiores gênios artísticos do país. Músicas imortalizadas no Brasil como Carinhoso, Um a Zero e Descendo a Serra serviram de inspiração para gerações futuras da música brasileira até a consagração da mesma fora do país (como na ida de Carmen Miranda para os Estados Unidos).
Um dos principais aspectos de suas composições são os contratempos e a dualidade sonora utilizando a flauta e o sax tenor, seus dois instrumentos principais. Suas composições são de uma riqueza rara, primando não apenas pela melodia consagrada dos estilos pelos quais passou, como também pela riqueza técnica e harmônica em sua produção. O ouvinte de sua obra absorve desde a beleza musical propriamente dita até um imergir mais profundo em uma estrutura musical muito bem trabalhada em cima de tradições legitimamente nacionais. Pixinguinha ajudou na consolidação musical do país e deu um pontapé para sua multiplicidade de variedades.
A importância de Pixinguinha para o Brasil é inestimável. Ele mostrou a inexistência de barreiras entre erudito e popular e produziu uma das maiores obras musicais individuais do país. A cultura brasileira e nós todos devemos a ele eterna gratidão.
Postado por Guilherme Carvalhal
Em
17/6/2015 às 15h22
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