Uma História da Tecnologia da Informação- Parte 5 | Blog de Claudio Spiguel

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Segunda-feira, 22/6/2015
Uma História da Tecnologia da Informação- Parte 5
Claudio Spiguel
+ de 3800 Acessos

Parte 5: Lembro aos leitores e leitoras que não leram Partes 1 - 4, que vocês podem acessá-las "clicando" no Mais Claudio Spiguel aí embaixo no rodapé do texto.

Naquela primeira visita à Universidade de Michigan em Ann Arbor, estado de Michigan, nos Estados Unidos em 1976, conheci detalhadamente o programa do Prof. George Estabrook, o qual havia conhecido na reunião da NSF - National Science Foundation (Parte 4). O programa se chamava TAXIR ("TAXonomic Information Retrieval" - Recuperação de Informação TAXonômica). Esse programa era exatamente o que precisávamos para o banco de dados de recursos naturais brasileiros. O Prof. Estabrook (amigo até hoje...) o havia desenvolvido juntamente com um programador profissional, por nome Robert Brill (outro amigo...), que também estava se transferindo para Ann Arbor para trabalhar no Centro de Computação da Universidade de Michigan, tudo por conta do inovador programa TAXIR que ambos haviam recentemente construído e publicado. TAXIR codificava a informação no processo de entrada dos dados (daí o requerimento de coleções estáticas, que não mudam com frequência uma vez estabelecidas) possibilitando um processo de saída, recuperação da informação, eficientíssimo! Era exatamente o que queríamos para computarizar a informação taxonômica descrevendo os recursos naturais brasileiros.

A decisão de obter o programa TAXIR foi imediata, mas êle acabou se tornando apenas uma porta de entrada, um veículo para algo MUITO maior, o passo seguinte na evolução da tecnologia de computação no Brasil, com a introdução do conceito de "time-sharing", ou seja, compartilhamento do tempo de uso do computador entre vários usuários, conforme necessidade evidenciada no artigo anterior desta série (ver Parte 4). Começava a engatinhar a POPULARIZAÇÃO, em paralelo com a PERSONALIZAÇÃO, do uso do computador.

O que eu vi em Ann Arbor ia muito além do motivo que havia me levado lá. Visitando o Centro de Computação da Universidade vi pessoas usando o computador através de dispositivos chamados terminais (figura abaixo), onde a comunicação entre o homem e a máquina se dava através de um teclado similar ao teclado de uma máquina de escrever (entrada) e uma tela de um tubo de raios catódicos, como uma tela de uma televisão, monocromática (caracteres de cor verde), que servia um objetivo duplo: 1) confirmava o que havia sido teclado pelo usuário repetindo a sequência de caracteres na tela antes dessa sequência ser enviada ao computador, com possibilidade de edição imediata; e 2) exibia a resposta do computador, quase que imediatamente! Além disso, vários usuários podiam fazer uso do computador através de vários desses terminais simultaneamente.



Comparem isso ao uso do computador até então no Brasil, descrito nos artigos anteriores desta série, um usuário por vez, entrada por cartões perfurados, resposta alguns DIAS mais tarde, em papel, e possibilidade de edição somente após essa resposta. Era uma revolução!

Michael T. Alexander, o pesquisador da IBM cedido à Universidade de Michigan havia usado sua experiência desenvolvendo o programa operacional VM ("Virtual Machine" - Máquina Virtual - ver Parte 4) para orientar o desenvolvimento do sistema operacional MTS - "Michigan Terminal System" - Sistema para Terminais de Michigan, que possibilitava o uso do computador através dos tais terminais descritos acima e por vários usuários simultaneamente, ao invés do esquema de uso tradicional ainda vigente, e único disponível no Brasil.



Não que tal uso fosse exclusividade brasileira, mas sim porque se prestava muito bem ao uso do computador como aquela calculadora gigante (ver Partes 2 e 3) em processamento de dados comerciais e financeiros, principalmente por bancos que eram os usuários principais naquela época. Esse tipo de processamento de dados se chamava de processamento em "batch" - conjunto, referindo-se ao conjunto de programas e dados representados em cartões perfurados que era carregado de uma vez para processamento do conjunto pelos computadores.

Os bancos, com seus processos em "batch", representavam o grosso da receita auferida pelos fabricantes de computadores como a IBM, e portanto a inovação do uso por terminais encontrava, como toda inovação, uma resistência pelo status-quo. Dentro da própria IBM, o engenheiro-chefe da arquitetura dos computadores 360 e os sucessores 370, Gene Amdahl, um visionário inovador, teve de sair da IBM para implementar suas idéias, fundando a "Amdahl Computers". Ele aparece abaixo, em Maio de 2010.



Sob sua orientação, a Amdahl fabricava computadores praticamente idênticos aos 370, mas com sistemas operacionais que viabilizavam o uso por terminais. O primeiro computador Amdahl (número de série 0001) foi instalado na Universidade de Michigan, e era operacionalizado através do sistema operacional MTS.

Imediatamente propus à Universidade de Michigan que juntamente com o TAXIR, trouxéssemos também ao Brasil o MTS, e foi assim, através desse projeto, que o conceito de "time-sharing" chegou pela primeira vez ao Brasil, em 1977. Os sistemas foram trazidos para o Brasil em fitas magnéticas transportadas por uma equipe sob minha coordenação, que levei a Ann Arbor para ser treinada na sua operação pelo Centro de Computação da Universidade. Duas curiosidades sobre esse transporte de sistemas merecem fazer parte desta nossa viagem:
1) Nos anos 70 a Guerra Fria entre Estados Unidos e Rússia estava no auge, e durante a reunião com o Presidente e a Diretoria da Universidade de Michigan na qual eu defendi o projeto que transferiu os sistemas para o Brasil, eu tive de assumir responsabilidade pessoal garantindo que o Brasil nunca deixaria os sistemas caírem nas mãos dos Russos. A questão e a exigência foram colocadas pelo Diretor Bernard Galler, cientista famosíssimo na área de Ciência de Computação, o qual anos mais tarde viria a fazer parte do meu comitê de Doutoramento. O nosso trem parará nessa estação alguns artigos à frente.
2) Quando nossa equipe chegou com as fitas no Aeroporto do Galeão, e depois no voo doméstico para Brasília, membros da Polícia Militar vieram nos receber e juntaram-se a nós para evitar que passássemos pelas rotas normais de segurança, desde que na época a SEI - Secretaria Especial de Informática proibia qualquer importação de tecnologia de informação, e as rotas normais forçariam que passássemos com as fitas pelos detectores de metais que apagariam seu conteúdo, inutilizando-as para os fins do projeto.

Mais sobre a SEI na Parte 6, onde exploraremos um pouco do impacto desse passo gigantesco na história da tecnologia de informação no Brasil, e onde começará a entrar na história a MINIATURIZAÇÃO, já em marcha nos Estados Unidos. Um prazer enorme seguir nessa viagem fantástica com vocês...


Postado por Claudio Spiguel
Em 22/6/2015 às 17h18

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