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Quinta-feira,
30/7/2015
Agora cava a cova da própria alcova
Aden Leonardo Camargos
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Contei onde morava um sonho. Só porque lá tem nuvens não pude provar. Enrolei tudo pronto, prontinho, prático de fast food, uma ou outra coordenada, nada de tempo perdido, vários "siga" um "pare". Nem precisava exploração ecológica. Nada. Era coisa simples, mas penso: óbito é tão simples. Basta uma declaração profissional, escrito numa folha carimbada. É um passo só para a certidão. Certidão é uma certeza enorme? Aqui jaz a certeza enorme que morreu. Algo. Agora cava a cova da própria alcova.
Eu mostrei um castelo sombrio, ah que Deus me perdoe. Achei ser feito de folhas, de vento com sonhos embrulhados. Até escuto ainda a porta ranger lá no oculto de mim. Mas foi feito de puro poço, forjado na mais vil pura sombra. Sou o avesso de um castelo. Um avesso de contrários. Todo poço reflete nuvens.
Nesses dias vou ficar muito nublada. Faz mau tempo em mim. Daqui a pouco chovo. E vem aquele cheiro de novo de novo. Aquele que eu sei que nunca mais era uma vez para sempre... É um final de esperar, feito rodoviária vazia. Sem luz. A moça diz ladies and gentlemans. Ela sabe que só eu estou esperando. Insiste no mesmo e eterno plural errado. Amanhã vou esperar tudo ir embora, até não ter como voltar. Vou morder meu braço direito como um cão faminto. Assim me alimento de pura palavra bebendo papel escorrido e coado na saliva dos meus dedos.
Postado por Aden Leonardo Camargos
Em
30/7/2015 às 14h19
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