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Sexta-feira,
31/7/2015
A vitória da pochete
Luís Fernando Amâncio
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Fonte da imagem: http://www.tiarabolsas.com.br/
Eu tento, com alguma periodicidade, sentar na frente do computador e escrever um bom texto para o blog. Penso num tema interessante e, partindo dele, procuro estabelecer uma narrativa agradável e, dentro dos meus limites, inteligente. Não sei se consigo, mas a intenção é boa.
A realidade, porém, é cruel. Por mais feliz que eu possa ser na elaboração do texto, ele será só um barquinho de papel à deriva nesse oceano profundo e revolto que é a internet. De blogueiros bem (e mesmo mal) intencionados, a web está cheia. O Digestivo Cultural, inclusive. Nós, blogueiros, somos iguais ao demônio naquela célebre passagem da Bíblia e à banda do Renato Russo: formamos uma legião.
Mas não é aí que a realidade dói, amigos. É na seguinte constatação: por melhor que meu texto possa ser (e mesmo que eu fosse o Hemingway aqui), uma foto de um animal com um chapéu sempre será MUITO mais compartilhada do que ele. Se o animal for um filhote, então, vai ser uma goleada em acessos. Maior do que Brasil x Alemanha. Não é um lamento, amigos, é uma constatação.
A internet tem muitas distrações mais agradáveis do que ler um texto do blogueiro Zé Ninguém (vídeos, charges, jogos, tirinhas, redes virtuais...). Escrever é ser antiquado. Pré-histórico. Ficamos nessa de "ui ui, sou antenado, não preciso publicar em papel e posso ser lido no Japão, ui ui" e não percebemos que somos obsoletas peças de museu. Ninguém quer ler textos com mais de 140 caracteres.
E por que não estou lambuzando as teclas do meu computador com o sangue dos meus pulsos enquanto escrevo este texto? Por causa das pochetes. Quer coisa mais esculhambada do que uma pochete? Há décadas são malditas, taxadas de brega. Acho que elas devem ter sido tendência durante dois meses nos anos 1980 e, a partir de então, foram condenadas a uma eternidade de restrições.
De fato, são feias as coitadas. Os homens (público que geralmente se sujeita a esse acessório) já têm uma tendência de abrigar uma pochete natural - a barriga. Com a artificial fica ainda mais estranho. Pochetes até teriam a defesa de serem funcionais, não houvessem inventado antes um outro acessório, os bolsos das calças. Já se imaginou usando uma pochete num encontro com os amigos sem ser festa à fantasia?
Não consigo pensar num acessório ou peça de vestuário mais depreciado do que a pochete. Mas, por acaso, numa rápida passagem pelo centro de BH (rápida mesmo, cerca de 05 minutos num ônibus) pude contar 04 pessoas usando pochete. QUASE UMA POR MINUTO. Amigos, amigas, apesar dos esquadrões de moda na internet (outra coisa que dá mais audiência do que textos, a lista é longa) e na tv, com seus jargões fashionistas tipo "esse modelo está um arraso", "essa combinação é super tendência" e "eu adoro", que naturalmente condenam a pochete, ela SOBREVIVE. E talvez num armário mais perto de você do que imagina.
Nós, blogueiros e escritores em geral, somos as pochetes. Antiquados, pré-históricos, de gosto duvidoso. Mas, sobretudo, resistentes. O mundo zomba de nossa impopularidade, mas nós continuamos aqui, postando contos, crônicas e poemas. Mesmo que ver um vídeo do Porta dos Fundos seja muito mais divertido - já viram o da "Santa Ceia"?
Eis a nossa virtude: sobreviver. Não ache que é pouco, os dinossauros não conseguiram. Somos mais fortes, os blogueiros e as pochetes.
E você, sobreviveu ao meu blá blá blá? Então, segue uma recompensa - quem sabe assim você anima de indicar esse texto entre seus amigos, nem que seja pela simpatia do coelho? .
Fonte da imagem: http://hellogiggles.com/animals-wearing-tiny-hats-officially-lifes-greatest-joy/2/
Postado por Luís Fernando Amâncio
Em
31/7/2015 às 09h31
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